Algumas das páginas orquestrais de Francisco Mignone comunicam as mais fortes impressões proporcionadas pela música brasileira.
Francisco Mignone nasceu em São Paulo SP, em 3 de setembro de 1889. Diplomou-se em flauta, piano e composição em 1917. No ano seguinte, já viu serem executadas suas primeiras obras instrumentais: o poema sinfônico Caramuru e a Suíte campestre. Em 1920 ganhou uma bolsa de estudos e viajou para Milão a fim de aperfeiçoar-se com Vicenzo Ferroni. Escreveu a ópera O contratador de diamantes (1921), da qual ficaria famosa a "Congada", página sinfônica que se tornou peça constante do programa de regentes estrangeiros. Seguiu-se uma fase de forte influência italiana, quando escreveu poemas sinfônicos e uma ópera.
De volta ao Brasil em 1929, Mignone foi atraído pelo movimento nacionalista. Sua produção de inspiração brasileira inclui Fantasias brasileiras e Festa das igrejas (1940), além de Quadros amazônicos (1942), em que recorre a ousadas soluções técnicas. Compôs também bailados inspirados no maracatu e em outros motivos folclóricos. Ainda dessa fase destacam-se Iara (1942), com cenários e figurinos de Portinari, e as 12 Valsas de esquina, para piano.
A partir de 1959, Mignone libertou-se das influências nacionalistas. Seu trabalho experimentou uma renovação imprevista quando optou por aceitar qualquer sistema ou processo de composição que lhe garantisse total liberdade de expressão. Sua ópera O sargento de milícias estreou no Rio de Janeiro em 1978. Escreveu também partituras para filmes brasileiros e deixou um livro de autocrítica (A parte do anjo). Francisco Mignone morreu no Rio de Janeiro RJ, em 19 de fevereiro de 1986.
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