| Maltratada pela crítica e sem reconhecimento popular, a obra de Bizet foi posteriormente considerada como a mais importante de todo o teatro lírico moderno da França.
Alexandre-César-Léopold Bizet, conhecido como Georges Bizet, nasceu em Paris, em 25 de outubro de 1838. Filho de um professor de canto e de uma pianista, estudou no Conservatório de Paris, sob a direção de Charles Gounod e Fromental Halévy. Após obter o primeiro lugar em piano e órgão e ganhar o Prêmio Offenbach, seus dotes musicais lhe valeram o Prêmio de Roma de 1857, por sua cantata Clovis et Clotilde. No mesmo ano estreou em Paris a opereta Le Docteur Miracle, também premiada.
Depois de uma estada de três anos na Itália, Bizet retornou a Paris em 1860, decidido a dar novo rumo a sua carreira musical, eliminando a falsidade que imperava no panorama operístico da época. A criação de um ambiente exótico, tipicamente romântico, e uma linguagem musical fluida, em harmonia com o sentimento dramático de suas obras, foram as mais notáveis qualidades das composições de Bizet, que o fizeram o criador da nova ópera francesa.
Com a estréia de Les Pêcheurs de perles (1865; Os pescadores de pérolas), que, embora prejudicada pela mediocridade do libreto, representou um progresso na caracterização dramática e na orquestração, começou para Bizet uma época amarga, cheia de fracassos e críticas adversas que, em mais de uma ocasião, provocaram no autor profundas depressões. Em 1855 compôs a sinfonia em dó maior. Após a estréia da ópera Djamileh (1872), que por sua originalidade e exotismo foi comparada às obras de Richard Wagner, e de L'Arlésienne (1872), ambas recebidas com frieza por crítica e público, Bizet realizou sua última obra, a ópera Carmen, que acabou representanto a culminância de sua arte.
Baseada no romance de Prosper Mérimée, a obra estreou na Ópera Cômica de Paris em 3 de março de 1875 e foi recebida com indiferença. Entretanto, a variedade e espontaneidade de suas melodias, acrescidas do vivo sentimento das personagens, renovaram a ópera francesa. Envolve Carmen uma impressionante dramaticidade e uma surpreendente reconstituição de ambiente, embora seu espanholismo seja negado pelos críticos espanhóis. A obra foi transformada em peça fundamental no repertório de todos os teatros de ópera. Esse novo fracasso provocou outra depressão em Bizet, o que agravou a doença cardíaca de que padecia há anos. Recolhido em sua casa de Bougival, nos arredores de Paris, morreu em 3 de junho de 1875. Seis meses depois, Carmen obteve o êxito que lhe havia sido negado em vida do autor.
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