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Sinfonia

 
       Peça musical dividida em várias partes, ou movimentos, de andamentos diferentes e cujo primeiro movimento se estrutura segundo a forma sonata. Gênero dominante no século XIX.

       Concebida de início como peça instrumental que servia de introdução ou interlúdio às obras de canto, a sinfonia converteu-se, a partir de Beethoven, no gênero dominante da música dos períodos clássico e romântico, quando se tornou a expressão mais elevada da obra de um compositor.

       Sinfonia é uma peça orquestral dividida em várias partes (movimentos), de andamento diferente, e das quais pelo menos uma, em geral a primeira, é estruturada conforme as regras da forma sonata. Antes de 1750, o termo sinfonia aplicava-se a diversas formas da música instrumental, como as introduções e interlúdios da ópera italiana do século XVII, que, divididos comumente em três seções, chegaram a ser interpretados em concertos de modo independente. Nesse sentido, são sinfonias os prelúdios das cantatas de Bach, mas também as aberturas da ópera francesa criada por Lully.

       Entre 1700 e 1740, Georg Monn e Georg Wagenseil, de Viena, acrescentaram à sinfonia um quarto movimento em minueto, inserido após a segunda seção. Simultaneamente a forma sonata evoluiu e se tornou a estrutura tradicional do primeiro movimento. Giovanni Battista Sammartini e Johann Stamitz, da escola de Mannheim, colaboraram para o estabelecimento das regras sinfônicas que seriam empregadas durante muitos anos. A sinfonia passou a se caracterizar pela autonomia, deixou de ser prelúdio ou introdução e tornou-se obra independente, executada por uma orquestra de cordas e de instrumentos de sopro.

       No período clássico, Haydn, o mais prolífico dos sinfonistas, e Mozart instituíram os cânones da sinfonia germânico-vienense em obras de grande elegância e refinamento de estilo: o primeiro movimento em tempo allegro adaptado à forma sonata, com exposição, desenvolvimento e reexposição temática; o segundo em tempo adagio ou lento; o terceiro, em forma de minueto; e o movimento final, de ritmo vivo e expressão conclusiva.

       A obra de Beethoven, um elo entre o classicismo e o romantismo, dotou a sinfonia de dimensão poética e grandiosidade inéditas. Enquanto Haydn escreveu 104 sinfonias e Mozart 41, Beethoven compôs apenas nove e, desde então, raros compositores excederam esse número. Tal fato não implica que as sinfonias de Haydn e Mozart sejam mais ligeiras. Apenas o gênero mudou de significação. Para Haydn e Mozart, essas obras eram peças orquestrais como quaisquer outras. Já no século XIX, as sinfonias de números 3 (Eroica), 5, 7 e 9 de Beethoven, são grandes documentos filosóficos e humanos. Ao mesmo tempo, introduziram inovações harmônicas (referentes ao encadeamento dos acordes) e substituíram o minueto do terceiro movimento por um scherzo, de andamento mais rápido.

       A sinfonia foi o gênero dominante na música do século XIX. Schubert aprofundou-lhe o caráter romântico. Seu modo de compor, radicalmente diferente do de Beethoven, já que baseado no fluxo espontâneo e inconsciente de melodias em torno das quais construía a estrutura da obra, resultou em nove sinfonias, escritas entre 1815 e 1828.

       Revolucionária foi a Symphonie fantastique (1830), de Hector Berlioz, formada por cinco movimentos com freqüentes mudanças de andamento, executada por um corpo orquestral de grande envergadura que confere especial atenção aos efeitos tímbricos. Berlioz substituiu os esquemas da abertura italiana e da forma sonata por um programa literário. Embora não tenha sido o primeiro compositor a utilizar a música instrumental para representar idéias extra musicais, suas obras marcaram época e influenciaram outros compositores, o que inaugurou um novo gênero que se tornou conhecido como sinfonia programática, espécie de ópera sem canto ou de drama sem palavras, cultivado por Liszt, Smetana, Tchaikovski, Strauss, Respighi, Dukas e muitos outros.

       Mendelssohn escreveu 17 sinfonias, das quais destacam-se as conhecidas como Italiana (1833) e Escocesa (1842), compostas em estilo clássico, embora com certa liberdade. Schumann compôs quatro sinfonias, originalmente concebidas com orquestração pesada e pouco eficaz. Regentes como Gustav Mahler e Felix Weingartner viram nelas suficiente qualidade musical para justificar o trabalho de alterar a distribuição dos instrumentos. As quatro grandes sinfonias de Brahms, embora inspiradas por ideais neoclassicistas, retêm as inovações harmônicas do romantismo. César Franck compôs uma única sinfonia, de características muito pessoais e grande expressividade. Influências exóticas, nacionais, modificaram o gênero, como nas duas sinfonias de Borodin, as seis de Tchaikovski e as cinco de Dvorák.

       Um novo estilo sinfônico, oposto ao de Brahms, foi introduzido por Bruckner em obras profundamente religiosas, espécie de missas sem canto, onde o rigoroso desenvolvimento temático é substituído pela justaposição de blocos sonoros. Bruckner não teve sucessores, mas seu discípulo Mahler deu um passo lógico mais adiante, quando reintroduziu o canto na sinfonia.

       A sinfonia clássico-romântica tradicional teve, porém, em nosso tempo, alguns representantes episódicos, como o dinamarquês Carl Nielsen e o finlandês Jean Sibelius, exaltado (ou desprezado) como o "último sinfonista". A música moderna parecia disposta a abandonar a forma sinfônica, mas o gênero ressuscitou na sinfonia em mi bemol maior (1940) de Paul Hindemith, na Sinfonia em três movimentos (1945) de Stravinski, nas de Chostakovitch, que conquistaram o público dentro e fora da Rússia, e sobretudo na Sinfonia litúrgica (1946) e na Sinfonia di tre re (1950) de Arthur Honegger.

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