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Polifonia

 
       Estrutura musical em que duas ou mais partes melódicas evoluem de forma relativamente autônoma. Retomada no Ocidente no final do século XIX pelo atonalismo e o dodecafonismo.

       A organização predominante da música ocidental a partir do século XVII é a harmônica, que privilegia o aspecto vertical da composição, referente aos acordes (grupos de sons simultâneos). A polifonia caracteriza as obras musicais anteriores e foi retomada, a partir do final do século XIX, pelos compositores do atonalismo e do dodecafonismo.

       Polifonia é a estrutura musical em que duas ou mais partes melódicas (chamadas vozes, embora possam ser entregues a instrumentos) evoluem de forma relativamente autônoma. A análise puramente harmônica de uma obra polifônica desconsidera aspectos fundamentais da composição, gerados pelo desenvolvimento horizontal das melodias. É freqüente a associação do termo polifonia especificamente à música vocal dos séculos XIII a XVI.

       História. A polifonia surgiu na maioria das culturas musicais como enriquecimento do canto, em que se superpuseram diversas vozes. Embora pareça originária do Oriente Médio, sua transmissão ao ocidente da Europa, por meio dos modelos bizantinos e hebreus, fez surgir novas concepções técnicas e estilísticas.

       Ars antiqua. A passagem do século XII ao XIII constituiu o período áureo da polifonia na França. As escolas surgidas em torno das grandes catedrais, como a Notre-Dame de Paris, criaram e difundiram as primeiras formas polifônicas, que se estenderam por toda a Europa. A ars antiqua teve no motete a três vozes -- em que várias melodias simultâneas apresentavam cada qual um texto próprio -- sua primeira grande construção musical. O motete foi um exemplo de liberdade rítmica, melódica e verbal, e sua secularização caracterizou a polifonia profana, cada vez mais dirigida para a organização harmônica.

       Ars nova. O surgimento das línguas nacionais, com sua poesia própria, e as relações da arte profana com a sacra resultaram na ars nova. A liberdade concedida aos compositores de descantos -- contrapontos a duas ou mais vozes, tendo como voz principal a entoada em uníssono pelos fiéis -- criou a necessidade de fazer coincidir o texto eclesiástico com as melodias secundárias. A música medida ou proporcional do início do século XIII convencionou para cada um dos sons do gregoriano uma duração preestabelecida e elaborou um sistema de notação semelhante ao atual.

       Escola flamenga ou borgonhesa. John Dunstable, com o incipiente emprego da variação, traçou a linha-mestra da arte dos mestres franco-flamengos, entre os quais se distinguiu Guillaume Dufay. Embora polifônicos, o madrigal italiano e o antigo Lied alemão já prenunciavam a melodia acompanhada. A percepção harmônica, ou seja, da verticalidade sonora, começava a despertar. A polifonia instrumental renascentista seguiu, de início, a estrutura das formas vocais anteriores, e os textos passaram do motete ao concerto eclesiástico e do madrigal à cantata, novas formas para voz solo.

       Barroco e tonalismo. A afirmação da música harmônica caracterizou o barroco. Os instrumentos, embora procedessem contrapontisticamente, despertavam a sensibilidade do ouvinte para a coluna sonora que se erguia verticalmente. A fuga adaptou as técnicas imitativas do motete à lógica funcional do tonalismo e se tornou a forma mais complexa e importante do período. Entre seus criadores estão Andrea e Giovanni Gabrieli, Frescobaldi, Buxtehude e, sobretudo, Bach e Haendel. O advento do tonalismo e da harmonia, no entanto, alterou as maneiras de compor, e as formas polifônicas foram gradativamente passando a segundo plano.

       Ressurgimento da polifonia. No final do século XIX -- curiosamente, num processo análogo ao que resultou no enfraquecimento da polifonia, que declinou após ser levada a extremos -- o intenso cromatismo wagneriano abriu a possibilidade de se ultrapassar os limites do sistema tonal, a que o próprio Wagner se filiava. No início do século XX, as regras harmônicas foram frontalmente postas em questão por movimentos como o atonalismo e o dodecafonismo.

       A revalorização das técnicas polifônicas foi uma das numerosas conseqüências da transformação do pensamento musical a partir de então, a qual também se expressou no interesse crescente pela música etnográfica de muitas partes do mundo, em que a polifonia vocal desempenha papel preponderante.

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