| Composição polifônica vocal, com ou sem acompanhamento de instrumentos, sobre texto religioso ou profano. Cantada em latim e em línguas vernáculas.
Nascido para a liturgia, já no primeiro de seus sete séculos de existência o motete passou por profundas modificações e iniciou o caminho da dessacralização.
Motete, ou moteto, é uma composição polifônica vocal, executada a capela ou acompanhada de instrumentos, em que cada voz ou grupo de vozes canta textos diferentes -- e até em línguas diferentes. A origem da palavra remonta ao século XIII, quando foram acrescentadas palavras (mots, em francês) a fragmentos vocalizados de canto gregoriano.
Na primeira metade do século XIII, motetes a três vozes foram compostos para coro a capela, e cantados em latim nas missas e datas festivas religiosas. Textos profanos em línguas nacionais foram superpostos aos religiosos e ao contraste de significado somou-se o efeito contrapontístico. Uma variante, o motete para voz solo, surgiu da substituição das vozes graves por instrumentos.
No século XIV, motetes seculares eram usados em ocasiões cerimoniais e os textos se referiam a fatos históricos. Grande parte da música da época que se conservou foi composta por Guillaume de Machaut, em cuja obra predomina o tema amoroso. No século seguinte, o uso de um texto único se tornou freqüente e a técnica polifônica da entrada imitativa das vozes foi utilizada na fuga instrumental. Nesse período destacaram-se compositores como o belga Guillaume Dufay e o inglês John Dunstable.
O motete do século XVI atingiu o equilíbrio perfeito entre a sintaxe verbal e a trama contrapontística. Foram grandes mestres da época o inglês William Byrd, o italiano Andrea Gabrieli e o espanhol Tomás Luis de Victoria.
Bach compôs apenas sete motetes, de temas religiosos cantados em alemão, entre os quais Jesu, meine Freude (Jesus, minha alegria), para cinco vozes e baixo contínuo, uma das mais sublimes peças do gênero. A forma declinou juntamente com a música religiosa alemã e francesa e, desde o final do século XVIII, não surgiram mais composições à altura de sua importância histórica.
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