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Escala Musical

 
       Sucessão de sons ascendentes ou descendentes, dispostos por ordem de altura, que configuram a base de um sistema musical.

       Na criação musical do mundo inteiro, sobretudo na música oriental e no folclore europeu, as escalas pentatônicas (de cinco notas) são as mais usadas. Na verdade, a música culta ocidental é uma das poucas em que essa escala não predomina, mas sim uma outra, de sete sons, conhecida como diatônica e derivada dos antigos modos gregos.

       Escala é a sucessão de sons, dispostos ascendente ou descendentemente por ordem de altura, na qual se baseia a composição musical.

       Escala diatônica. O semitom é o menor intervalo entre duas notas analisado pela teoria clássica e equivale a 1/12 da oitava. O intervalo de um tom é equivalente a dois semitons. Na escala diatônica, que corresponde às teclas brancas do piano, as notas (ou graus) estão separadas uma da outra por intervalos de tom e semitom. O sistema tonal ou tonalismo, que predominou no Ocidente a partir do século XVIII, utiliza basicamente dois modos da escala diatônica, ditos maior e menor. O maior corresponde às teclas brancas do piano tocadas em seqüência ascendente a partir da nota dó. A escala diatônica no modo maior segue, portanto, a seqüência intervalar tom-tom-semitom-tom-tom-tom-semitom. O modo menor toma como ponto de partida a nota lá e, nesse caso, a seqüência é tom-semitom-tom-tom-semitom-tom-tom. Embora a escala diatônica seja mais conhecida pelos nomes medievais das notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si), é importante ressaltar que são as relações intervalares que definem o perfil de uma escala, a qual pode ser construída a partir de qualquer nota. Assim, por exemplo, o modo maior da escala diatônica no tom de ré compreende as notas ré, mi, fá sustenido, sol, lá, si e dó sustenido. Essas transposições da escala são conhecidas como tonalidades ou tons, embora o termo tom deva ser empregado com cautela, já que se aplica também ao intervalo equivalente a dois semitons.

       Afinação e temperamento. Quando duas notas soam simultaneamente, a sensação subjetiva pode variar da perfeita consonância à dissonância mais extrema. Do ponto de vista acústico, esta última se define pela presença de batimentos (interferência audível entre as pulsações das ondas sonoras) e atinge o máximo quando o número de batimentos chega a 33 por segundo. A consonância resulta da ausência de batimentos, que ocorre apenas quando as freqüências das duas notas estão em proporção numérica simples.

       Para as melodias não harmonizadas, a consonância desempenha pequeno papel no estabelecimento das alturas (localização exata das notas em um contínuo que vai do grave ao agudo) em uma escala. Muitas das escalas primitivas são cantadas, e não tocadas, e a necessidade de precisar as alturas surge a partir da feitura de instrumentos. O ponto de partida costuma ser o intervalo de oitava, já que suas duas notas são percebidas de alguma forma indefinível como sendo a mesma -- o que leva naturalmente vozes graves e agudas a cantar a mesma melodia em oitavas diferentes -- embora sem dúvida se reconheça que uma é mais aguda que a outra. Em praticamente todas as culturas musicais, as escalas são construídas pela subdivisão da oitava.

       No caso específico da escala diatônica, além da oitava, existem apenas três intervalos cuja consonância é verdadeiramente importante: a quinta justa (em que a proporção numérica entre as freqüências das duas notas é de 3:2), a terça maior (5:4) e a sexta maior (5:3). Existem seis possibilidades de ocorrência de quintas justas (fá-dó, dó-sol, sol-ré, ré-lá, lá-mi, mi-si), três de terças maiores (fá-lá, dó-mi, sol-si) e quatro de sextas maiores (fá-ré, dó-lá, sol-mi, ré-si). É impossível afinar as sete notas da escala de forma a atribuir a cada um desses 13 intervalos a máxima consonância, o que impossibilita sua perfeita afinação.

       Os gregos possuíam dois sistemas de afinação diferentes, o pitagórico e o ptolomaico, que foram usados na Idade Média. Ambos apresentavam problemas de consonância para sons simultâneos. No século XV surgiram os primeiros sistemas temperados, que consistem em distribuir balanceadamente as inevitáveis imperfeições de afinação pelos 13 intervalos, de modo que nenhuma delas chame a atenção isoladamente e que o todo soe integrado. Ao longo da história, isso foi feito de várias maneiras, até que se impôs no Ocidente, por volta do século XVII, o chamado sistema de temperamento igual, que estabelece 12 notas rigorosamente eqüidistantes dentro de uma oitava. Por um lado, isso permite o livre trânsito de um tom para outro e a possibilidade de se fazer música em grande extensão sem que as dissonâncias se acentuem incontrolavelmente conforme as notas se aproximam dos extremos graves ou agudos. Mas significa também o total desaparecimento da consonância perfeita em qualquer intervalo a não ser a oitava.

       Na prática, os afinadores de pianos, por exemplo, estabelecem sutis modificações na igualdade do temperamento, que variam segundo o gosto de cada profissional ou segundo a demanda do cliente. Os intérpretes dos instrumentos que não possuem afinação fixa -- ou seja, cujo ajuste fino quanto à afinação é dado durante a própria execução, caso da voz, dos sopros e das cordas da família do violino -- têm a liberdade de fugir ao temperamento igual para, por meio de variações muito sutis de afinação, produzir efeitos de grande força interpretativa.

       Escala geral. O ouvido humano pode perceber e analisar, sem auxílio de aparelhos acústicos, os sons entre 15 e 18.000 ciclos por segundo. Nessa faixa se define a chamada escala geral, que compreende 97 notas. Cada uma é resultante de um movimento vibratório cujo número de oscilações varia, por segundo, de 16 (som mais grave) a 4.096 (mais agudo). A escala geral é dividida em oito oitavas e confere-se a cada uma um número de ordem, extensível às notas. Exemplo: o lá da oitava 3 é chamado lá 3.

       Cinco regiões -- gravíssima, grave, média, aguda e agudíssima -- reúnem as oitavas da escala geral. O dó 3 é chamado dó central, pois encontra-se exatamente no centro da escala geral. As regiões grave, média e aguda constituem juntas a grande região central, na qual se enquadram a extensão de todas as vozes e a dos principais instrumentos de corda. O único instrumento que emite com clareza todos os sons da escala geral é o grande órgão.

       Escala cromática e outras escalas. Constituída por todos os 12 sons que fazem parte do sistema temperado, a escala cromática é uma sucessão homogênea de semitons. Nas obras tonais, é usada para modulação, pois inclui notas alteradas, que não fazem parte da tonalidade original da peça. A partir da segunda metade do século XIX, os compositores se afastaram das normas clássicas e passaram a usar escalas diferentes da diatônica. Entre as inúmeras escalas exóticas, as mais conhecidas são a cigana e a árabe, que apresentam em sua composição dois intervalos de um tom e meio. A de tons inteiros, que apresenta a oitava dividida em seis tons, sem intervalos de semitom, é também chamada escala impressionista, por ter sido usada por Debussy e outros compositores do fim do século XIX e início do XX. Outros sistemas composicionais abandonaram completamente a escala enquanto princípio básico, como a música concreta, que pode utilizar qualquer material sonoro gravado e posteriormente montá-lo num processo de colagem, e o dodecafonismo, que, embora utilize os mesmos 12 sons da escala cromática, tem como estrutura primária uma série cuja seqüência interna não segue a ordenação gradativa do grave para o agudo.

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