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Concerto

 
       Gênero musical que destaca um ou mais solistas, acompanhados por uma orquestra. Termo usado pela primeira vez no final do século XVI pelo compositor veneziano Andrea Gabrieli.

       A alternância entre partes executadas por um conjunto orquestral e partes interpretadas por um ou mais instrumentos solistas começou a ser empregada no século XVI e deu origem ao concerto, que desde então se desenvolveu a ponto de constituir, no século seguinte, um dos gêneros mais importantes da criação musical.

       Concerto é um gênero de composição musical em que um ou mais instrumentos solistas são postos em relevo na relação com um acompanhamento de orquestra. É no destaque de seus solos, portanto, que o concerto difere da sinfonia, assim como, do ponto de vista estrutural, pouco se distingue da sonata. O intérprete-solista, desse modo, é levado a salientar ao máximo a técnica de seu instrumento e as qualidades de seu virtuosismo, ainda mais que tais obras, em geral, apresentam grande dificuldade de execução e notável complexidade harmônica.

       Na história do desenvolvimento do concerto, nenhum estudo estará completo se não incluir numerosas obras anteriores classificadas com outros títulos, como muitas das composições conhecidas como sonatas. O concerto instrumental-vocal, primeiro tipo de música com características concertantes, prosperou principalmente nas capelas italianas e alemãs, particularmente na capela da corte, por sua superioridade de recursos. O modelo ramificou-se em dois tipos distintos, um para muitas e o outro para poucas vozes, ambos provenientes do madrigal polifônico e do moteto do fim do Renascimento.

       Em 1587 empregou-se pela primeira vez a palavra concerto para designar composições musicais, em Concerti... a 6-16 voci (Concertos... em 6 a 16 partes), coletânea de peças vocais e instrumentais do compositor veneziano Andrea Gabrieli. No início do século XVII, sucederam-se composições que antecipavam o concerto grosso, como a Sinfonia a 8 (isto é, em oito partes), de 1618, de Francesco Usper, que exceto no título apresenta características de um pequeno concerto.

       Como as designações de sonata e sinfonia, a de concerto só passou a corresponder a um gênero específico de composição na fase do barroco (aproximadamente de 1580 a 1750). No início desse processo, o termo ainda foi aplicado a motetos e madrigais, mas em meados do século XVII, na música de Arcangelo Corelli (concerti grossi) e dos compositores da chamada escola de Veneza (Vivaldi, Benedetto Marcello, Baldassare Gallupi, Albinoni e outros), a forma se firmou como tal e desfrutou de grande prestígio. As obras dessa fase eram puramente instrumentais, a maior parte em três movimentos (vivo, lento e vivo), para um a quatro solistas e acompanhamento de um pequeno conjunto orquestral.

       O concerto grosso era concebido como uma oposição entre dois grupos de instrumentos, o maior dos quais também se chamava concerto grosso ou orquestra completa, tutti e ripieno. O grupo menor era chamado concertino, soli ou principale.

       Até meados do século XVIII, a norma era a oposição do concertino ou soli ao concerto grosso, ou tutti. Mais tarde, o habitual passou a ser um solista em oposição a uma orquestra. O uso de dois ou mais solistas passou a ser exceção. No princípio do século, o barroco chegou ao auge com os seis Concertos de Brandenburgo e muitos outros de Bach.

       Da década de 1780 em diante, com Haydn e sobretudo com Mozart, o concerto ganhou outros marcos fundamentais: o concerto para piano e orquestra, criação mozartiana, e várias outras modalidades conquistaram os teatros, passaram a constar do ensino da música e a ter movimentos eventualmente executados nos intervalos de espetáculos teatrais.

       As cordas continuaram a constituir o núcleo do tutti, embora já fosse menos freqüente um tutti só de cordas. A polaridade entre o baixo contínuo e a melodia contraposta dera lugar à crescente proeminência do solo, enriquecido por novas técnicas de execução. Na transição do barroco para o clássico, tanto o piano como o violino (e também o violoncelo, a flauta, o oboé, o fagote, a clarineta, o trompete e outros instrumentos) atingiram um virtuosismo de imensos avanços em suas respectivas técnicas.

       Entre os românticos, a estrutura do concerto adquiriu novas dimensões e o piano tornou-se o instrumento ideal do solo. O concerto só não superou então a sinfonia, como peça prestigiosa para o compositor, o executante e o público das salas de recital. Contribuiu para isso o desenvolvimento da orquestra, que se ampliou e se fez mais variada, e o aperfeiçoamento do piano, que em meados do século XIX já se aproximava do moderno piano de concerto. Há obras-primas no período, tanto para piano como para violino, de Beethoven, Schubert (só piano), Schumann, Brahms, Mendelssohn, Liszt e Chopin.

       Nas últimas décadas do século XIX foram poucas as novas tendências observáveis no concerto, mas acrescentaram-se ao repertório romântico algumas peças que celebrizaram os nomes de Tchaikovski, Grieg e outros compositores. No século XX a tendência ao entrelaçamento de motivos melódicos polifonicamente organizados foi retomada por vários autores que, ao mesmo tempo, abandonaram as grandes orquestras do romantismo e o excesso de exigências técnicas impostas aos solistas, enquanto também o piano deixou de predominar na preferência.

       O desenvolvimento do concerto moderno deu-se em muitos países, o que contribuiu para uma produção extensa. Inovadoras foram especialmente as obras de Prokofiev e Ravel, depois as do americano George Gershwin, do mexicano Carlos Chávez, dos brasileiros Villa-Lobos, Cláudio Santoro e Camargo Guarnieri, mas sobretudo as do húngaro Béla Bartók que, além de seus concertos para piano, violino e viola, deu ao gênero um título que soa como limite técnico e histórico, ao eliminar os solistas ou transformar o solo em coletividade no concerto para orquestra.

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