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Canto

 
       Designação genérica para qualquer manifestação musical da voz humana, segundo os princípios de ritmo, melodia e harmonia.

       Para expressar o assombro e o respeito diante do universo e das forças cósmicas, para abolir a solidão, para ser veículo de alegria e de dor, o canto é a mais antiga manifestação musical do homem.

       O termo canto designa toda música executada pela voz. Regulado pelos princípios musicais básicos -- ritmo, melodia e harmonia --, o canto se converteu numa disciplina que, em certos períodos, veio a ser a mais valorizada de todas as expressões artísticas.

       Histórico. Na antiguidade clássica, gregos e romanos utilizaram o canto como parte dos festejos consagrados a certas divindades, e nestes a execução de cânticos era complementada por danças e representações teatrais. Essa tradição se manteve através dos séculos e o canto integrou os ritos da igreja cristã desde seus primórdios.

       Com a definição das normas do ritual litúrgico, o canto tornou-se um elemento essencial do culto, recebendo o nome de canto ambrosiano, em honra de seu criador, santo Ambrósio, bispo de Milão, que se baseou no sistema musical grego.
No fim do século VI fixaram-se novos princípios para estruturar o canto litúrgico, atribuídos a são Gregório Magno. A reforma originou o que se conhece pelo nome de cantochão ou canto gregoriano. Essa modalidade combinava cantos a uma só voz com ritmo livre e incluía a alternância de vozes no conjunto coral. As manifestações litúrgicas medievais ampliaram suas formas e propiciaram estilos variados. Assim, o canto ilustrado corresponde à estrutura do gregoriano com intercalações melódicas, os chamados tropos. Outra variedade era o canto sobre o livro -- harmonia improvisada por quatro cantores sobre um trecho de cantochão --, que data do século XIV. Nesse tipo de execução coral, os cantores improvisavam fragmentos em contraponto.

       Os primeiros registros conhecidos sobre a música profana datam da baixa Idade Média e se referem aos trovadores, cuja atividade floresceu rapidamente em alguns países, sobretudo na Itália. A partir do século XV fundaram-se nas principais cidades italianas escolas de canto para formação de artistas no estilo do chamado bel canto. As obras e ensinamentos de personalidades como Giulio Caccini ou Pier Francesco Tosi serviriam de base para a difusão do modelo italiano de música vocal pelo mundo inteiro.

       Entre os teóricos da técnica do canto no século XVIII difundiu-se o princípio de que o controle sobre o diafragma, músculo de função inspiratória, era indispensável para o balanceamento da pressão aérea, pré-requisito da boa emissão vocal. O tenor espanhol Manuel García abraçou essa teoria alguns anos depois e aplicou-a não somente em seus concertos, mas também na escola que fundou, onde o ensino do canto tinha um cunho científico. Entre suas diversas obras sobre o canto se destaca o Traité complet de l'art du chant (1847).

       Ao longo do século XIX, a evolução artística e técnica da composição promoveu o surgimento de novas formas musicais. O bel canto do século XVIII não atendia as exigências das novas criações. Mestres como Wagner, Verdi e Berlioz deram grande importância à participação da orquestra no desenvolvimento da peça musical e os cantores precisaram recorrer a novos recursos de interpretação, para adaptar-se a uma atmosfera sonora adensada pela opulência instrumental.

       Já no século XX introduziram-se novas técnicas. Assim, o rigoroso controle dos meios fisiológicos deu lugar ao canto por ressonância. Um dos primeiros a desenvolvê-lo foi o tenor polonês Jean de Reszke, que concentrou o controle do som no nariz, no céu da boca e na garganta para, sem grande esforço, conseguir grande volume e brilho. Essa técnica permite ao intérprete cantar sobre a orquestra que, em certas ocasiões, ganha um relevo fora do comum e exige que os cantores empreguem todos os seus esforços, conhecimentos e técnicas para não serem ofuscados pelos instrumentos.
Arnold Schoenberg, criador do dodecafonismo, empregou em suas obras o chamado canto parlando, fusão de elementos falados e cantados, que produz efeito estético muito diverso do canto operístico e demanda menor controle técnico.

       A grande variedade de técnicas e estilos que influíram na evolução do canto e em suas muitas modalidades constitui agora um poderoso acervo de recursos que constantemente servem de base para a criação de novas formas. Essas manifestações afetam não apenas a arte do solista vocal mas também a dos grandes conjuntos corais.

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