Diário de São Paulo - 28/06/2002
A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. Esse é o texto que compõe o artigo 205 da Constituição
Federal. Lembrá-lo, divulgá-lo e incentivar sua aplicação prática é
sempre necessário e essa necessidade torna-se ainda mais pertinente no
mês em que se comemora o Dia do Trabalho.
Hoje, ser considerado um bom
profissional requer habilidades múltiplas que, até pouco tempo atrás,
eram vistas como secundárias para os milhões de candidatos que, ano
após ano, se aventuram em busca de uma vaga no competitivo e seleto
mercado de trabalho. A excelência na comunicação, a capacidade de
adaptar-se rapidamente às mudanças e de tomar decisões sob pressão, a
agilidade para absorver novas informações, a criatividade e a fluência
em idiomas são apenas alguns dos requisitos básicos para quem sonha
ingressar e, de preferência, deslanchar em uma carreira de sucesso.
Vários mitos caíram por terra nas
últimas décadas. Entre eles, a antiga estabilidade almejada e cultuada
pelas gerações que nos antecederam. Ela cedeu espaço à intensa
rotatividade proveniente, em grande parte, das inovações praticamente
diárias do século XXI. Terceirizações, informalidade, o boom do
setor de serviços, as novas profissões surgidas após a explosão da
informatização dos processos e da Internet e as novas tendências da
economia e dos negócios.
Muitas profissões foram devidamente
valorizadas em detrimento de outras praticamente extintas. As mudanças
atingiram também os patamares salariais e a disposição inversa entre
níveis hierárquicos/faixa etária. Em muitas empresas, jovens com menos
de 30 anos ocupam posições de destaque nos mais variados ramos de
atividades. São novos tempos.
Com tudo isso, é preciso
questionarmos e repensarmos a forma como a escola vem atuando na
formação de cidadãos que enfrentarão a dura realidade imposta pelo
mercado. Como é possível preparar os educandos para essa sociedade
mutante e para a Era da Informação e do Conhecimento?
O Governo do Estado de São Paulo
acredita ser a educação de qualidade o caminho mais seguro e mais
eficaz para formar cidadãos capacitados e preparados para enfrentar os
desafios da vida pessoal e profissional. Estamos atentos no sentido de
criar e desenvolver projetos e ações que ultrapassem as fronteiras da
educação regulamentada. Queremos ir além.
Educar para o trabalho é fomentar
em cada aluno o desenvolvimento da visão crítica, da ética, do gosto
pela discussão, pelo debate, pela reflexão, pela arte, pela cultura e
sua propagação. É fornecer-lhe uma percepção ampla do mundo, com suas
realidades diversas, enriquecedoras e complementares. Educar para o
trabalho também é abrir as portas para crescimento intelectual e para
ascensão social.
A Secretaria de Educação do Estado
de São Paulo acredita na viabilidade de políticas direcionadas à
inserção do jovem no mercado de trabalho. Prova disso é o sucesso do
Programa Profissão, que teve início em 2001, e hoje é
realizado em parceria com as melhores instituições de ensino
profissionalizante da América Latina: Senac – Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial, Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Centro de Educação Tecnológica Paula Souza e Escola
Técnica Federal.
Ao todo, são 94 cursos
profissionalizantes disponibilizando 40 mil vagas em 212 cidades de
todo o Estado. O objetivo do programa é proporcionar aos jovens
formados pelo Ensino Médio da rede estadual melhores condições de
acesso ao primeiro emprego. É o que o governador Geraldo Alckmin tem
salientado: educação para o trabalho.
Em Presidente Prudente,
por exemplo, cerca de 80 alunos de seis cursos do Programa Profissão
decidiram fundar a Cooperativa Ricosul – Rede de Cooperação Técnica do
Mercosul – distribuídos em 15 cidades da Região Oeste do Estado. Os
alunos do curso de informática dedicaram-se à criação de softwares
para a área rural; já o grupo do curso de Monitor de Lazer e
Recreação desenvolveu atividades de recreação e lazer para as
cooperativas agropecuárias; os alunos do curso de Teatro realizaram a
montagem de peças para serem apresentadas nas empresas da região
abordando temas como Aids e amamentação. Como vimos, é uma experiência
bem-sucedida que demonstra ser viável transformar a realidade que nos
cerca por meio da união de esforços e do trabalho sério.
Esses são os princípios norteadores
desse Governo. Cremos ser possível educar partindo do particular para
o universal, do individual para o coletivo. Sabemos que educar para o
trabalho também é qualificar para a aventura da vida.