GABRIEL  CHALITA

Professor e secretário de Estado da Educação


Educação para o trabalho 

   


Diário de São Paulo - 28/06/2002

 

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Esse é o texto que compõe o artigo 205 da Constituição Federal. Lembrá-lo, divulgá-lo e incentivar sua aplicação prática é sempre necessário e essa necessidade torna-se ainda mais pertinente no mês  em que se comemora o Dia do Trabalho.

Hoje, ser considerado um bom profissional requer habilidades múltiplas que, até pouco tempo atrás, eram vistas como secundárias para os milhões de candidatos que, ano após ano, se aventuram em busca de uma vaga no competitivo e seleto mercado de trabalho. A excelência na comunicação, a capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças e de tomar decisões sob pressão, a agilidade para absorver novas informações, a criatividade e a fluência em idiomas são apenas alguns dos requisitos básicos para quem sonha ingressar e, de preferência, deslanchar em uma carreira de sucesso.

Vários mitos caíram por terra nas últimas décadas. Entre eles, a antiga estabilidade almejada e cultuada pelas gerações que nos antecederam. Ela cedeu espaço à intensa rotatividade proveniente, em grande parte, das inovações praticamente diárias do século XXI. Terceirizações, informalidade, o boom do setor de serviços, as novas profissões surgidas após a explosão da informatização dos processos e da Internet e as novas tendências da economia e dos negócios.

Muitas profissões foram devidamente valorizadas em detrimento de outras praticamente extintas. As mudanças atingiram também os patamares salariais e a disposição inversa entre níveis hierárquicos/faixa etária. Em muitas empresas, jovens com menos de 30 anos ocupam  posições de destaque nos mais variados ramos de atividades. São novos tempos.

Com tudo isso, é preciso questionarmos e repensarmos a forma como a escola vem atuando na formação de cidadãos que enfrentarão a dura realidade imposta pelo mercado. Como é possível preparar os educandos para essa sociedade mutante e para a Era da Informação e do Conhecimento?

O Governo do Estado de São Paulo acredita ser a educação de qualidade o caminho mais seguro e mais eficaz para formar cidadãos capacitados e preparados para enfrentar os desafios da vida pessoal e profissional. Estamos atentos no sentido de criar e desenvolver projetos e ações  que ultrapassem as fronteiras da educação regulamentada. Queremos ir além.

Educar para o trabalho é fomentar em cada aluno o desenvolvimento da visão crítica, da ética, do gosto pela discussão, pelo debate, pela reflexão, pela arte, pela cultura e sua propagação. É fornecer-lhe uma percepção ampla do mundo, com suas realidades diversas, enriquecedoras e complementares. Educar para o trabalho também é abrir as portas para crescimento intelectual e para ascensão social. 

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo acredita na viabilidade de políticas direcionadas à inserção do jovem no mercado de trabalho. Prova disso é o sucesso do  Programa Profissão, que teve início em 2001, e hoje é realizado em parceria com as melhores instituições de ensino profissionalizante da América Latina: Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Centro de Educação Tecnológica Paula Souza e Escola Técnica Federal.

Ao todo, são 94 cursos profissionalizantes disponibilizando 40 mil vagas em 212 cidades de todo o Estado. O objetivo do programa é proporcionar aos jovens formados pelo Ensino Médio da rede estadual melhores condições de acesso ao primeiro emprego. É o que o governador Geraldo Alckmin tem salientado: educação para o trabalho.

Em Presidente Prudente, por exemplo, cerca de 80 alunos de seis cursos do Programa Profissão decidiram fundar a Cooperativa Ricosul – Rede de Cooperação Técnica do Mercosul – distribuídos em 15 cidades da Região Oeste do Estado. Os alunos do curso de informática dedicaram-se à criação de softwares para a área rural;  já o grupo do curso de Monitor de Lazer e  Recreação desenvolveu atividades de recreação e lazer para as cooperativas agropecuárias; os alunos do curso de Teatro realizaram a montagem  de peças para serem apresentadas nas empresas da região abordando temas como Aids e amamentação. Como vimos, é uma experiência bem-sucedida que demonstra ser viável transformar a realidade que nos cerca por meio da união de esforços e do trabalho sério.

Esses são os princípios norteadores desse Governo. Cremos ser possível educar partindo do particular para o universal, do individual para o coletivo. Sabemos que educar para o trabalho também é qualificar para a aventura da vida.

 

Gabriel Chalita, 33, professor e secretário de Estado da Educação.

 

 

Home     Nossa Escola     Projetos Telecolaborativos     Planos de Aula     Poetas da Escola   Galeria de Fotos

 

Hosted by www.Geocities.ws

1