Esta ficha técnica aborda um dos mais famosos caças do mundo, o F-4 Phantom. A sua excepcional polivalência é ainda hoje reconhecida após 40 anos decorridos desde a sua entrada ao serviço. 

O seu desenvolvimento começou logo na década de 50, quando a McDonnell Douglas decidiu projectar um caça que correspondesse aos requisitos da marinha para substituir os F-3H. Inicialmente projectado como uma caça de ataque, as suas características foram modificadas de modo a incluir capacidade para combate ar-ar all weather e para intercepções com mísseis.

A sua entrada ao serviço da US Navy, deu-se em 1960. No ano seguinte após estudos efectuados, a USAF verificou a existência de uma lacuna nos seus caças no campo de mísseis e radar, o que levou à encomenda do F-4C. Este modelo é basicamente um F-4B com motores J79-GE-15 e com aviónicos e sensores melhorados.

A prova de fogo dos F-4 deu-se no Vietname, onde se destacou no ataque ao solo, a missão para que inicialmente foram projectados, e no combate aéreo. Quer sob as insígnias da US Navy, quer ao serviço da USAF, os Phantom obtiveram inúmeras vitórias. Neste conflito, os modelos F-4G destacaram-se pela sua incrível actuação nas missões de supressão das baterias SAM dos vietcoms, missão para a qual foram especialmente desenvolvidos. Entre algumas melhorias receberam capacidade para lançar os mísseis anti-radiação AGM-45 Shrike e os pods Westinghouse ECM.

A doutrina de guerra aérea dos Estados Unidos teve também que ser modificada com as lições tiradas da guerra no Vietname. Inicialmente o F-4 tinha sido projectado como uma aeronave de primeira linha destinada a missões de combate aéreo a médias e longas distâncias, contando-se que poderiam interceptar o inimigo com o uso de mísseis de longo alcance. Contudo os caças vietcom tinham tendência para usar o dogfight (combate a curta distância), em que estavam em vantagem devido ao pequeno tamanho dos Mig-21 e Mig-15. Tal resultou numa alteração no Phantom, sendo já as versões posteriores equipadas com canhões apropriados para o combate ar-ar.

Derivado das necessidades de uma versão do Phantom destinada ao reconhecimento aéreo, surgiu o RF-4B, que na realidade era um F-4 com o nariz modificado tendo 3 estações separadas para câmaras, com capacidade para transportar uma câmara KS-87, uma KA-87, ou os modelos KA-55A e KA-91 com diferentes aplicações. O radar foi substituído pelo modelo AN/APQ-99, bastante menor. Posteriormente desenvolveu-se o RF-4C, uma modernização da electrónica da versão B, foi ainda produzida uma versão para exportação, o modelo E, que equipou 6 forças aéreas. Estes modelos não transportavam armamento ofensivo, embora tenham mantido a capacidade para lançar os mísseis AIM-9 Sidewinder.

Seguiram-se outras versões, o F-4D, que era uma melhoria da versão C com um radar APQ-109; o F-4 E igualmente uma melhoria posterior da versão D e finalmente o F-4F desenvolvido para a Alemanha Ocidental. Este avião, ainda ao serviço, recebeu um radar APQ-100 e tem como principal função defesa aérea e intercepção.

A última versão foi o F-4S, produzido nos finais da década de 70 equipou as unidades dos US Marines nas missões de apoio às tropas e ataque ao solo, tendo sido posteriormente substituído pelos F-18 Hornet. O avião  recebeu motores J79-GE-10, posteriormente incorporados também na versão J ao serviço da marinha. 

Com o fim da década de 70 os F-4 Phantom começaram a ser gradualmente substituídos pelos modernos F-14 Tomcat, mas alguns porta-aviões operaram os F-4S ainda na década de 80. Após 1986 todos os F-4 foram retirados das operações nos porta-aviões, servindo exclusivamente como unidades de reserva baseadas em terra e como unidades operacionais dos US Marines. A saída definitiva de operação dos F-4 Phantom no inventário naval dos Estados Unidos deu-se em 1992. E os últimos F-4G ao serviço da Guarda Nacional apenas foram retirados em 1995.

Antes do abate do F-4, este foi chamado a cumprir a sua missão uma última vez durante a Guerra do Golfo em 1991. A versão F-4G foi usada na supressão das defesas anti-aéreas iraquianas, tendo sido abatidos apenas 2 aparelhos.

O Japão, à semelhança do que aconteceu mais recentemente com o F-15, produziu igualmente a sua versão do Phantom, o F-4EJ. O primeiro exemplar desta versão foi construído pela McDonnell Douglas, sendo  posteriormente os restantes produzidos pela Mitsubishi, e a última entrega foi feita em 1981 (tendo sido  igualmente o último Phantom a ser construído). No total o Japão produziu cerca de 140 aeronaves.

A versão japonesa possui um radar AN/APQ-172, e tem capacidade para disparar os mísseis BVR AIM-7 Sparrow e os AIM-9 Sidwinder de curto-alcance, possuindo ainda um canhão M-16 A1 de 20mm. Foi também produzida uma versão de reconhecimento para o Japão, o RF-4EJ.

Israel foi o segundo maior operador do F-4, com um total de mais de 240 F-4 nas versões E e RF-4E. O início da sua operação deu-se em 1969, e estas aeronaves equiparam cerca de 5 esquadras, mesmo com a operação do F-15 e do F-16, os F-4E israelitas ainda executam missões ar-solo e de treino de combate. Ao longo dos anos a força aérea israelita modernizou as aeronaves incorporando melhorias técnicas, destacando-se a sonda para REVO, capacidade para transportar os mísseis Shafrir, Gabriel e Python de fabrico israelita e a substituição do canhão M-16 A1 por um canhão rotativo DEFA de 30mm. No armamento ar-solo, além do Gabriel os Phantom receberam capacidade para operar o Luz 1, o Harpoon, o AGM-45 Shrike, o AGM-62 Walleye e os mísseis Maverick. Na década de 80 as aeronaves foram sujeitas a uma modernização nos motores, células e aviónicos que deram aos F-4E um prolongamento da sua vida operacional, transformando os F-4 para o padrão 'Super Phantom'.

Um dos mais recentes debates, reside no facto da Marinha Brasileira vir a precisar a médio prazo de uma esquadra de interceptores navais para complementar os AF-1 (A-4) de ataque. Das muitas opções disponíveis, o F-4 Phantom é visto como um possível candidato, embora seja já um caça com uma vida operacional bastante longa. É de referir que ainda existem muitas células de F-4 em condições de operarem a partir do porta-aviões "São Paulo" por um longo período de tempo, sem esquecer que numa fase inicial, o Phantom serviria bem para atender aos requisitos necessários às missões de intercepção naval, se equipado com modernos sensores e armados com mísseis BVR.

A versão naval da US Navy é posta de parte pois as células que existem possuem um uso operacional bastante intenso e por isso a sua regeneração sairia muito dispendiosa. Assim, a versão projectada para a Royal Navy é tida como a mais indicada para a Marinha Brasileira. O F-4K é a melhor versão do Phantom para a marinha brasileira, quer pela vida útil que as células ainda possuem, quer pelo facto deste modelo estar adaptado para o uso em porta-aviões do porte do "São Paulo". A indústria israelita e a turca desenvolveram os seus próprios pacotes de modernização dos F-4, pelo que alternativas para uma eventual modernização dos F-4K não faltariam...

 

Nome F-4 Phantom II
Tipo Caça-bombardeiro polivalente
Fabricante Mc Donnel Douglas
Autonomia 3.700 km
Velocidade Máx. 2.414 km/h
Altitude Operac. 30.000m
Motor(es) 2 J79-GE-10 com 8.120 kg de empuxo cada
Envergadura 11,70m
Altura 4,96m
Comprimento 17,76m
Peso Máx. 25.000 kg
Armamento Mísseis ar-ar AIM-7 Sparrow (4) e AIM-9 Sidewinder (4), mísseis ar-solo AGM-65 Marverick e AGM-85 HARM ou até 5.625 kg de carga bélica
Operadores Alemanha, Israel, Grécia, Japão, Turquia, Irão, Espanha, Coreia do Sul e Egipto

*Dados técnicos correspondentes à versão F-4S

 

Texto de:

Pedro Monteiro

 

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