Por
Pedro Duarte Catarino da Silva*
Introdução
O dia 1 de Janeiro de 1994 marca o início da existência de uma nova Brigada no Exército Português, a Brigada Aerotransportada Independente (BAI).
Esta
unidade foi constituída na sua essência a partir das infra-estruturas, meios e
militares do Corpo de Tropas Pára-quedistas e ainda algum pessoal e meios do
Regimento de Comandos, que para o efeito foram extintos precisamente no dia
anterior (31 Dezembro de 1993).
A nova unidade foi criada com o intuito de responder aos compromissos internacionais assumidos por Portugal, tanto na NATO como nas Nações Unidas. Assim, logo após a sua criação a BAI foi atribuída à Forca de Reacção Rápida da NATO.
A BAI trata-se da única grande unidade de Tropas de Elite do Exército, passando no momento da sua criação a ser a prioridade nº1 do Exército. Por tudo isso, passou também a estar na primeira linha das missões no exterior, como nos casos:
Bósnia (2 Batalhões da BAI estiveram presentes nos primeiros 12 meses da missão)
Kosovo
(Agrupamento BRAVO/BAI, constituído pelo ERec/BAI e por 1 Es. de Lanceiros e 1
Es. de Comando e Serviços presentes nos primeiros 6 meses da missão)
Timor
(2 Batalhões da BAI reforçados com 1 Companhia de Fuzileiros presentes nos
primeiros 12 meses da missão)
Pode dizer-se que no Exército Português a BAI “LEAD THE WAY”
(lema dos Rangers Americanos, que lhes advém de no dia D terem sido os primeiros
a desembarcar nas praias da Normândia).
Todo este historial que a BAI já possui desde a seu nascimento não decorreu, no entanto, sem gerar diversas polémicas, começando logo pelo seu processo de criação. Este levou os ex-militares e militares no activo do Corpo de Tropas Pára-quedistas (CTA) e do Regimento de Comandos a manifestarem-se contra a sua extinção, pois tratavam-se de duas das unidades com mais prestígio, tradições e espírito de corpo de entre todas as que fazem parte das Forças Armadas. Após a sua criação passou a haver fricções entre a BAI e as restantes unidades do Exército, devido ao facto da nova unidade ser a primeira prioridade do Exército e de possuir melhores equipamentos. No entanto, isso aconteceu, não por o Exército a ter equipado, mas por estes equipamentos terem sido herdados do extinto Corpo de Tropas Pára-quedistas (CTA), casos das espingardas automáticas “GALIL”, dos equipamentos rádio mais avançados, os próprios camuflados e mochilas passaram a ser objecto de “ciúmes” por parte das restantes unidades e dos seus militares.
Comando das Tropas Aerotransportadas
A BAI tem um comando de origem territorial, o Comando das Tropas Aerotransportadas (CTAT) do qual dependem um conjunto de unidades territoriais (quartéis):
Unidade |
Localização |
CTAT |
Territorial (ex-BA3) |
ETAT |
Escola de Tropas Aerotransportadas (ex-BETP) |
AMSJ |
Área Militar de S. Jacinto (ex-BOTP2) |
RI 15 |
Regimento de Infantaria N15 (Tomar) |
Estrutura Operacional do CTAT
O
CTAT territorial está instalado na ex-Base Aérea N3 em Tancos. Possui as
seguintes unidades: CTAT,
Comando da BAI, Companhia de Comando e Serviços (CCS/BAI), Companhia de
Transmissões (CTm/BAI) e Centro de Selecção de Tropas Aerotransportadas.
A
ETAT está aquartelada na antiga Base Escola de Tropas Pára-quedistas (BETP) e
possui neste momento 3 Batalhões: o Batalhão
de Instrução (BI),
Batalhão de Apoio Aero-Terrestre
(BAAT) e o
Batalhão de
Comando e Serviços (BCS).
O Batalhão de Instrução (BI/ETAT) é responsável pela Recruta e Curso de Páraquedismo aos candidatos a militares aerotransportados. Após a conclusão do Curso de Páraquedismo é imposta a tão ambicionada Boina Verde, mas o treino destes, agora, Páraquedistas ainda não está completo pois falta efectuar a Especialidade que tanto pode ser efectuada dentro da BAI (Atirador) como em outras unidades do Exército, voltando depois novamente à ETAT afim de lhes ser atribuída a nova sub-unidade da BAI. O BI é também responsável pelo Curso de Instrutores Pára-quedistas e por vezes é chamado a dar formação a militares de outras unidades do Exército quando estes têm de prestar serviço e missões no exterior com equipamentos que só existem na BAI, como é o caso do canhão “Carl Gustav" (que também equipa os Fuzileiros).
O Batalhão de Apoio Aero-Terrestre (BAAT/ETAT) é a casa dos famosos PRECs ou Precursores Aeroterrestres, que são considerados, a par dos Rangers e dos DAEs como uma das unidades de Forças Especiais das nossas Forças Armadas. Para o Curso de Precursores são admitidos apenas Oficiais e Sargentos com o Curso de Instrutores de Pára-quedismo, enquanto que o Curso de Auxiliares Precursores e destinado a praças com o Curso de Pára-quedismo.
A missão dos Precursores e dos Auxiliares Precursores é a de serem infiltrados por meios terrestres, navais ou aéreos (por vezes a grande altitude). Outra especialização dentro dos PRECs são os SOGAS (Saltadores Operacionais de Grande Altitude) e que vão efectuar reconhecimentos atrás das linhas inimigas a fim de prepararem Zonas de Lançamento (ZL) para os Batalhões de Infantaria Pára-quedista e restantes unidades da BAI.
A AMSJ é a antiga Base Operacional de Tropas Pára-quedistas N2 (BOTP2) e a grande unidade da BAI, devido à sua grande área de instrução (Área de Combate em Áreas Urbanizadas, Montanhismo, Sobrevivência e Nautismo) que tem servido para preparar as varias unidades que partem em missão para o exterior e a que possui mais unidades:
1 Batalhão de Infantaria Pára-quedista (2 BIPara/BAI)
Companhia Anti-Carro (CACar/BAI)
Companhia de Comando e Serviços (CCS/AMSJ)
Centro
de Instrução de Condução Auto (CICA/AMSJ)
O RI15 é a mais recente unidade a passar para o controlo do CTAT é a casa das seguintes unidades:
1 Batalhão de Infantaria Pára-quedista (1BIPara/BAI)
Batalhão de Apoio e Serviços (BAS/BAI)
Companhia
de Comando e Serviços (CCS/RI15)
Existem também várias unidades da BAI que se encontram instaladas em Quartéis pertencentes as Regiões Militares e não ao CTAT:
Grupo
de Artilharia de Campanha (GAC) – RA
4 (LEIRIA) da RMN
Bateria
de Artilharia Anti-Aérea (BAAA) – RA
4 (LEIRIA) da RMN
Esquadrão
de Reconhecimento (EREC) – RC
3 (ESTREMOZ) da RMS
Companhia
de Engenharia (CENG) – EPE
(TANCOS) da RMS
Estrutura Operacional e Equipamentos
A BAI é a estrutura operacional do CTAT e deveria ter, se os seus quadros orgânicos de pessoal estivessem completos (incluindo o 3 BIPara), cerca de 4000 efectivos. No entanto, a realidade actual e de cerca de 3000 (com ou sem o Curso de Pára-quedismo). A sua constituição é a seguinte:
Com
a designação de 1ºBatalhão de Infantaria Aerotransportado (1BIAT), foi
constituído durante o ano de 1994, em Tancos, com militares oriundos dos
extintos Regimento de Comandos e Corpo de Tropas Pára-quedistas. Inicialmente
aquartelado no CTAT/BAI, em 1997 é transferido para o Regimento
de Infantaria 15
em Tomar. O quadro orgânico total dos BIParas ronda os 600 efectivos e a sua
orgânica e armamento são os seguintes:
Estado
Maior do Batalhão (EM 1BIPara) |
|
3 Companhias de Atiradores (Cat 11, 12, 13) |
O seu armamento principal é constituído por Esp. aut. Galil, MG3, Morteiros 60mm (3 por companhia) e Canhões Carl Gustav (3 por companhia) |
1 Companhia de Apoio de Combate (CAC) |
Browning 12,7mm; Lança-Granadas Santa Barbara; 6 Morteiros 81 mm; 6 Postos de Tiro Milan (Possuem Câmaras Térmicas MIRA) |
1
Companhia de Comando e Serviços (CCS) |
|
Inicialmente
com a designação de 2º Batalhão de Infantaria Aerotransportado, foi constituído
em Janeiro de 1994 na AMSJ,
com os militares e equipamentos dos Batalhões de Pára-quedistas Nº11 e Nº21
da extinta Base Operacional de Tropas Pára-quedistas Nº 2, em S. Jacinto. Tal
como no 1BIPara, o quadro orgânico de pessoal contempla um efectivo de cerca de
600 homens e a sua orgânica e armamento são os seguintes:
Estado
Maior do Batalhão (EM 2 BIPara) |
|
3 Companhias de Atiradores (Cat 21, 22, 23) |
O seu armamento principal é constituído por espingarda- automática Galil, metralhadora MG-3, morteiros 60mm (3 por companhia), Canhões Carl Gustav (3 por companhia) |
1 Companhia de Apoio de Combate (CAC) |
Browning 12,7mm; Lança-Granadas Santa Barbara; 6 Morteiros 81mm, 6 Postos de Tiro Milan (Possuem Câmaras Térmicas MIRA) |
1 Companhia de comando e Serviços (CCS) |
|
3ºBatalhão
de Infantaria Pára-quedista
Com a designação de 3ºBatalhão de Infantaria Aerotransportado (3BIAT) foi constituído em Janeiro de 1994 na ETAT, com militares do Batalhão de Pára-quedistas 31 da Base Escola de Tropas Pára-quedistas em Tancos, tendo sido desactivado em 1998. Está prevista a sua reactivação futuramente e localização em Beja onde poderá usufruir das infra-estruturas da Base Aérea nº11 para embarque de tropas em aeronaves de transporte.
O
seu pessoal e equipamento foi distribuído pela restante Brigada, colmatando
assim algumas faltas que havia nas outras sub-unidades, mas haverá possivelmente
algum material excedentário, que deverá ter sido colocado em paiol.
Criado em 1994 com efectivos e meios do Grupo Operacional de Apoio de Serviços (GOAS) do extinto CTP. Ainda em 1994 foi transferido para Tancos, para o aquartelamento da ex-Base Aérea 3 que passa a constituir o CTAT/BAI.
Em 1999, dada a necessidade de libertar infra-estruturas no CTAT para a instalação
do GALE, o BAS/BAI muda-se para o RI
15 em Tomar.
A
1ª Bateria de Bocas de Fogo (1ªBBF) é levantada em 1994, em S. Jacinto, com
efectivos da Companhia de Morteiros Pesados do extinto CTP. Em 1997 é
definitivamente extinta a CMP e a 1ª BBF transfere-se para o Regimento
de Artilharia Nº 4
em Leiria, constituindo o núcleo inicial do GAC.
Durante o processo de reequipamento desta unidade foram adquiridos pelo ramo novos obuses. O modelo escolhido foi o britânico L-119 Light Gun. Este obus tem um calibre de 105mm e um alcance máximo de mais de 11 km. A sua escolha para equipar o GAC foi acertada, pois pelas suas características tem capacidade para ser aerotransportado, e se necessário lançado de um avião de carga, dando, assim, maior flexibilidade ao emprego pelos pára-quedistas deste armamento. O exército adquiriu um total de cerca de 21 peças em 1998, tendo sido incorporadas ao Grupo de Artilharia de Campanha da BAI (Reg. de Artilharia nº4) onde foram colocadas 18 peças (para as 3 Bocas de Fogo) . A primeira sessão de fogo real do GAC com estes novos obuses deu-se logo em Fevereiro de 1999, no Campo Militar de St Margarida.
1 Esquadrão de Reconhecimento (EREC)
Ao
ERec da BAI estão atribuídos os meios blindados da BAI, aquartelado no Regimento
de Cavalaria Nº3
em Estremoz. Esta unidade tem um vasto historial operacional, com a sua
participação na Guerra Colonial. Aquando da reestruturação do exército e
criação da BAI, coube a esta unidade formar o ERec dos pára-quedistas,
contando para isso com 3 pelotões operacionais.
No
cenários dos Balcãs as viaturas blindadas eram um meio imprescindível para
garantir a protecção individual e colectiva dos militares portugueses
envolvidos nas operações de manutenção de paz. Neste âmbito coube ao ERec
da BAI fornecer as viaturas blindadas necessárias às operações no território,
que foram posteriormente reforçadas com mais viaturas do ERec da BLI (Brigada
Ligeira de Intervenção) e blindados de transporte de lagartas M-113
pertencentes à BMI (Brigada Mecanizada Independente).
Segundo
dados de 1998 ao ERec da BAI estariam atribuídos os seguintes blindados (todos
de rodas):
-
VBL M-11, com 4 viaturas por pelotão (total de 12 viaturas)
-
APC Chaimite V-200, com 3 viaturas por pelotão (total de 9 viaturas)
-
VBL V-150, com 3 viaturas por pelotão (total de 9 viaturas)
Curiosamente
o ERec era previsto apenas operar um único blindado, contudo vários motivos
levaram a que esta unidade opere não um, mas três viaturas blindadas.
Estes acontecimentos tiveram origem no período logo após a formação da BAI, quando foram iniciados os processos de novos blindados para o ERec. Um dos requisitos era que os veículos pudessem ser aerotransportáveis, tal como deve ser todo o equipamento que equipa a BAI, excepto as viaturas de Engenharia, pois estas só virão numa segunda vaga já com a testa de ponte bem defendida.
A
este concurso concorriam o M-11 da Panhard, um blindado 4x4 da Fiat e o blindado
de lagartas Wiesel, sendo que este último equipa os pára-quedistas alemães.
Finalmente e depois de muita controvérsia o Ministro da Defesa, Dr. Jaime
Gama, decidiu pelo ajuste directo com os Franceses pois estes ofereceram um
upgrade nas viaturas que o exército já possuía (foi
adquirido um primeiro lote de 18 viaturas no início da década de 90).
A
utilização de outras viaturas pelo ERec surge inicialmente a título
temporário, e sendo assim, foram fornecidas algumas viaturas blindadas Chaimite. Estas
operavam em conjunto com os M-11, também estes cedidos provisoriamente pelo
Regimento de Cavalaria de Braga. Ou seja, o que deveria ser um esquadrão equipado com um
só tipo de viaturas acabou ainda por passar a estar equipado também com blindados V-150, com
canhão de 90mm.
Curioso
é também o facto da utilização dos Chaimites ser um pouco diferente da das
outras viaturas, pois são mais usados para o transporte dos militares das
companhias de atiradores, estando mesmo a maior parte atribuída a estas em missões no exterior. Os M-11 e V-150 são apenas operados por elementos do ERec.
Fundada
em 2 de Junho de 1982 na extinta Base Operacional de Tropas Pára-quedistas Nº
1 em Monsanto, foi a primeira unidade das Forças Armadas Portuguesas equipada
com mísseis anti-carro MILAN.
Em
1991, em virtude de uma reorganização do dispositivo territorial do CTP, a
BOTP1 é extinta e a CACar transferida para a BOTP2 em S. Jacinto. A 11 de Abril
de 1991 é oficialmente integrada na BOTP2
Em
1994, após a extinção das Tropas Pára-quedistas e criação das Tropas
Aerotransportadas do Exército Português, a CACar continua aquartelada em S.
Jacinto na AMSJ e passa
a integrar a BAI.
O quadro orgânico de pessoal contempla cerca de 100 efectivos quando completo distribuídos pelos 3 Pelotões Anti-Carro, estando cada um equipado com 6 Postos de Tiro Milan. Algumas Câmaras Térmicas MIRA foram atribuídas.
1 Companhia de Engenharia (CEng)
Aquartelado
na Escola Pratica de Engenharia (EPE)
em Tancos.
A
actual Companhia de Transmissões (CTm) foi criada em 1994 em S. Jacinto, com
base nos efectivos e meios da Companhia de Comunicações do extinto CTP. A
Companhia de Comunicações tinha sido criada a 1 de Dezembro de 1981 na BOTP1,
em Monsanto. Com a extinção da BOTP1 a CCom foi transferida em Maio de 1991
para a BOTP2, em S. Jacinto.
Em 1994 com a criação das Tropas Aerotransportadas no Exército, a CCom deu
origem à CTm, dois anos depois a CTm é transferida da AMSJ para o CTAT/BAI
em Tancos onde permanece.
Criada em 1994, com a criação da BAI, foi inicialmente constituída com pessoal do Comando do Corpo de Tropas Pára-quedistas então extinto. Aquartelada no Quartel do CTAT/BAI em Tancos (ex-Base Aérea Nº 3)
A
CCS inclui um Pelotão de Polícia do Exército (PelPE) qualificado em Pára-quedismo.
Em Julho de 2001, este pelotão, após ter recebido instrução específica de
controlo de tumultos civis, dada pela GNR, participa na missão na Bósnia,
integrado no 1ºBIPara.
1 Bateria de Artilharia Anti-Aérea (BAAA)
Criada em Janeiro de 1994 com a criação da BAI é oficialmente activada a 14 de Fevereiro de 1995 no aquartelamento do CTAT/BAI em Tancos. Em 1998 é transferida para o Regimento de Artilharia Nº 4 em Leiria (RA 4). O seu armamento principal são os Mísseis Anti-Aéreos de curto-alcance ”Stinger”.
Problemas Actuais da BAI
A BAI tem como qualquer unidade, em qualquer Exército do mundo, uma série de problemas.
Podemos começar pelo problema psicológico, da não aceitação, ainda hoje, da ideia que a criação da BAI terá sido feita à custa da extinção do CTA e dos Comandos, tanto mais que ao que parece estamos a reverter nessa decisão uma vez que vamos voltar a ter um Batalhão de Comandos no Regimento de Infantaria N1 (Carregueira) e os Batalhões da BAI passaram, a partir de 1999, a ter a designação de Batalhões de Infantaria Pára-quedista. Portanto eu diria que se andou a descaracterizar todo o Corpo de Tropas Pára-quedistas e agora não se sabe muito bem o que se pretende que seja.
Outro
problema é o da dispersão, pois apesar de beneficiar no capítulo da incorporação,
ao estar espalhado por todo o país, é preciso não esquecer que se trata de uma unidade
Aerotransportável, ou seja, que tem na sua maior parte militares com o Curso
de Páraquedismo que precisa manter um número mínimo de Saltos por Semestre.
Isto obriga-os por vezes a efectuarem 20 e mais viagens de por exemplo S.Jacinto ou
Estremoz para Tancos para efectuarem 4 Saltos. Isto tem custos financeiros
astronómicos, sem contar com o desgaste de viaturas e dos próprios
militares Por isso é preciso que ao lado das unidades de Pára-quedistas seja
mantido um aeródromo em condições de receber aeronaves da FAP e uma Zona de
Lançamento (ZL) próxima da Unidade, ou como alternativa pelo menos 2 Saltos por
semestre serem efectuados a partir de um balão próprio, como o fazem há muito os
Pára-quedistas Ingleses e Belgas entre muitos outros países.
As
instalações devem ser provavelmente as melhores de todas as Forças Armadas, o CTAT, ETAT e AMSJ estavam em estado aceitável e após a integração
têm
recebido obras de melhoramento. Os bares da ETAT estão a ser pioneiros
num estudo para a exploração destes e no futuro das próprias messes (refeitórios) por empresas civis.
Em termos de pessoal e apesar da BAI ser a que mais voluntários consegue, ainda assim há faltas em várias sub-unidades da BAI. É preciso também perceber que os custos de formação e de manutenção de um Pára-quedistas são muito mais elevados do que as restantes especialidades do Exército e como o dinheiro não é muito, algumas unidades têm visto o seu quadro orgânico de pessoal preenchido com militares sem o Curso de Pára-quedismo.
O Exército através da Direcção de Instrução tem tirado muitos dos cursos que eram ministrados nas instalações da BAI, nomeadamente, Curso de Montanhismo, Curso de Sobrevivência, Curso de Combate em Áreas Urbanizadas e tem atribuído a outras unidades fora da BAI (EPI e Oes) limitando assim o número de militares da BAI que os podem frequentar, diminuindo assim as qualificações dos militares e desaproveita-se ao mesmo tempo as excelentes instalações e condições existentes na AMSJ para os cursos atrás referidos.
Foram anunciados pelo CEME há muito pouco tempo um conjunto de alterações a ser efectuadas em breve no Exército e nomeadamente na estrutura da BAI. Assim sabe-se que o CTAT unidade territorial vai sair da ex-BA3 para local a definir (fala-se em Coimbra (BLI), Porto (RA5) ou Évora (Cmd RMS), devido ao facto de o GALE ir ocupar essas instalações. Reactivação do 3 BIPara no Regimento de Infantaria de Beja e a BAAA/BAI deverá ser transferida novamente, desta vez para o RI1 na Carregueira.
Espera-se
que em breve recebam as tão necessárias novas viaturas ligeiras que vão
permitir uma standardização e consequente melhoria da capacidade de manutenção.
Fala-se
também de melhorias em termos de capacidades anti-carro desconhecendo-se no
entanto se se trata da aquisição de um novo sistema de armas para substituir
os MILAN.
Porém,
do que a BAI mais necessita, não são nem homens, nem quartéis ou equipamento,
mas sim que lhe seja devolvida a mística de uma Tropa de Elite que já o foi
(quando ainda pertencia à Força Aérea) e que na realidade se tem tentado
banalizar, o que não deveria acontecer pois o salto em pára-quedas e o tipo de
missões que estes executam exige uma preparação diferente das tropas
regulares do Exército. Para isso, era preciso que para além da Recruta, Curso
de Páraquedismo e Especialidade que o "Curso de Combate" (Curso de
Atirador) fizesse parte da preparação de todos os Pára-quedistas, mesmo
daqueles que vêm do Exército Regular incluindo Oficiais, Sargentos e Praças.
E em termos de símbolos para além do Brevet e da Boina Verde (tom mais escuro
do que os OEs) os Páraquedistas deviam também ter o seu próprio símbolo na
Boina como o têm os Operações Especiais e os Comandos.
Só
assim se pode ter um verdadeiro "Espírito de Corpo" ou neste caso
"Espírito Pára-quedista" nesta ainda nova Brigada Aerotransportada
Independente.
"QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM"
* Pedro Silva, Ex-TEN/RC/PQ