"(...) o site "Military Zone" tem uma história completa dos "Aviocar" portugueses, da autoria de Carlos Brazão. O texto conta-nos a história a história do avião desde a sua concepção (...) até à informação dos modelos reduzidos existentes no mercado, passando pelos esquemas de pintura, etc..." |
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Mais Alto, Revista da Força Aérea Portuguesa, Março/Abril de 2005 |
Carlos Brazão*
A
CASA - Construcciones Aeronauticas, S.A., apresentou o 1º protótipo em 1971
baptizado de XT.12.1 no Salão Internacional da Aeronautica e do Espaço em Le
Bourget, Paris.
Em 1973 no mesmo salão foi apresentado já com a designação de C-212 Aviocar,
com várias alterações ao protótipo inicial, mormente a substituição das hélices
de três pás por outras de quatro pás.
Entretanto, no decorrer desse ano de 1973 a FAP, estudava a substituição dos já
velhinhos Nord Noratlas por um outro avião de transporte.
Com a maioria do mercado internacional fechado, pelo quantidade necessária a
adquirir e pelo orçamento disponível, Portugal encomendou a Espanha 20 unidades
do modelo C-212-100 em finais desse mesmo ano, inaugurando assim uma extensa
carteira de encomendas junto desse construtor espanhol.
Por essa altura a Indonésia obteve a licença de construir este avião na fábrica
de Nurtanio.
As primeiras unidades foram recebidas em finais de 1974 e princípios de 1975,
tendo sido colocados na Base Aérea Nº3, em Tancos, a serie atribuída foi a 6501.
Os quatro primeiros exemplares eram iguais aos do Exercito do Ar espanhol, ou
seja tinham a porta lateral a abrir para a frente, uma bolha transparente ou
vigia por colocada no tecto da cabine de pilotagem, para observação e também
como saída de emergência. A sua designação era de C-212-100-A1 Aviocar.
Os restantes 16, designados por C-212-100-A-2P receberam alterações
especificas da FAP, tais como o suprimento da vigia superior, substituída por um
painel amovível , onde foi aplicado o suporte para instalação do periscópio do
sextante de navegação e a abertura da porta lateral que passou a abrir para
baixo, funcionando também como escada de acesso.
Passaram a ser conhecidos na CASA por os "Portugueses" ou simplesmente
por "P".
Colocados na Esquadra 32, que ainda operava os Noratlas, no principio não foram
lá muito bem recebidos pelos nossos pilotos, eram os primeiros aviões a turbo-hélice a serem operados pela FAP e ficaram conhecidos por "tupperwares",
devido aos inúmeros componentes em fibra de vidro, outra alcunha era a de "Avioas".
Nos primeiros anos, tiveram muitos problemas de motores, rolamentos que
gripavam, sistemas de controle de combustível que se descontrolavam, motores com
temperaturas excessivas e sobretudo a entrada de agua das chuvas no seu interior
que afectava todos os componentes electrónicos.
A FAP em parceria com a CASA, elaborou um extenso programa de manutenção que
reparou todos as anomalias na fábrica de Sevilha. Cremos que todas essas
anomalias não passavam de problemas de juventude da aeronave, ainda não bem
testada.
Entretanto a partir do momento que as OGMA poderam passar a tratar destes aviões,
a maioria dos problemas foi resolvido, nomeadamente o reforço da célula.
Cinco Aviocar foram colocados na BA 1, em Sintra, na Esquadra de Reconhecimento
Fotográfico, tendo sido adaptados e equipados com um sistema de navegação de
grande precisão e piloto automático
Também nas Lajes, a Esquadra 41 recebeu Aviocar para missões de Busca e
Salvamento e Transporte entre ilhas e Evacuações Sanitárias.
Quatro C-212-100-B-2, foram comprados pela FAP em 1977 para o projecto APRT
(Aeronave de Pesquisa de Recursos Terrestres) e como tal foram equipadas com o
material necessário ao fim que se destinavam. Foram colocadas em Sintra, na
Esquadra Fotográfica.
Os primeiros Aviocar a serem equipados com contramedidas electrónicas - ECM -
foram os 6501 e 6502, precisamente os dois primeiros recebidos em fins de 1974
Estrutura Operacional
A partir de 1978, a FAP sofreu uma remodelação na sua estrutura operacional e
assim os "nossos" Aviocar foram distribuídos pelas seguintes bases:
BA 1- Sintra
Nesta Base constituiu-se o Grupo Operacional 12, ao qual foi atribuída a
Esquadra 401, competindo a esta, as missões de reconhecimento fotográfico,
vigilância marítima, guerra electrónica e pesquisa de recursos naturais.
Contributos importantes foram dados no sector das pescas e estudos geológicos e
levantamento de cartas geográficas.
BA 3 - Tancos
Nesta base instalou-se o Grupo Operacional 31, com duas Esquadras a 111 e a 502,
a primeira com fim de dar instrução a pilotos, navegação e curso pilotagem
em pluri-motores.
A segunda, com fins operacionais de transporte táctico, missões de busca e
salvamento, lançamento de tropas pára-quedistas e evacuação sanitária.
BA 4 - Lajes
Foi criado o Grupo Operacional 41, com a Esquadra 503, as suas missões são idênticas
as da Esquadra 502.
Novas Alterações
Em 1993, nova remodelação na FAP, leva à extinção da Base Aérea nº 3, em
Tancos que foi entregue ao Exercito.
Na Base Aérea Nº 1, é extinta a Esquadra 111 e no seu lugar passa a existir a
Esq. 502, oriunda de Tancos.
Assim, todas os vários tipos de Aviocar passam a operar a partir desta Base,
como assim todas as missões e a formação de pilotos e navegadores.
Esta Esquadra, a 502 teve e mantém destacamentos no Porto Santo e S. Tomé.
Como nota, saliente-se que durante algum tempo o destacamento de Porto Santo,
foi assegurado pela Esquadra 503, das Lajes.
Entretanto, dá-se a extinção da Esq. 503 nas Lajes e o seu dispositivo é
integrado na Esquadra 711, que opera os helis SA-330 Puma.
Tem como principal missão a Busca e Salvamento, Evacuação Sanitária e apoio
às populações do arquipélago dos Açores.
Nesta nova disposição operacional também ocorreu a alteração da serie de
identificação dos Aviocar, deixaram de ser 6501 para passarem a ostentar a
serie 16501.
Novas Aquisições
Em 1994 a FAP recebeu dois CASA C-212-300 Aviocar, estes aparelhos destinam-se a
missões de Fiscalização e Controle das Actividades de Pesca (SIFICAP).
Com equipamentos sofisticados, permitem no âmbito da vigilância marítima,
controlar navios, detectar e analisar acções de poluição marítima e outras
actividades ilícitas e estudos das temperaturas do oceano para fins científicos.
CASA C-212-300
Este Aviocar é bastante diferente do seu irmão mais velho C-212-100, mais
comprido e com um radar de nariz de maiores dimensões, possui tanques
suplementares de combustível sob as asas (drop-tank) e dois tubos laterais entre
o radar e os trem principal designado de SLAR ( SIDE LOOKING AIRBORNE RADAR).
O estabilizador de cauda é de maiores dimensões, assim com a envergadura,
tendo a ponta das asas viradas para cima. Tem os números 17201 e 17202, o 17201 foi o primeiro avião militar português a estar no Salão de Le Bourget
de 1995, a convite da própria CASA.
Acidentes
No dia 19 de Novembro de 1976, deu-se o primeiro acidente com o Aviocar 6516 da
BA 3, deste resultou a morte da tripulação e a perda total do avião.
No dia 5 Julho de 1978, deu-se o segundo acidente, com o 6518 da BA 4, também não
houve sobreviventes entre a tripulação e a aeronave ficou completamente destruída.
Estes foram os acidentes graves ocorridos com Aviocar.
Galeria Fotográfica
(clique nas fotos para aumentar)
Esquemas de Pintura
O esquema inicial adoptado para o AVIOCAR foi o verde-azeitona anti-radiação
FS 34088, em toda a superfície da aeronave.
Convém citar que os primeiros quatro exemplares recebidos, ostentavam as cores
espanholas ou seja um camuflado em tons de areia, cinzento e verde azeitona, com
as superfícies inferiores em azul claro.
Como nota curiosa, o primeiro Aviocar, ostentava o número de matricula na asa e
a Cruz de Cristo em posição oposta à norma.
Posteriormente foram pintados de verde-azeitona.
A partir de 1981, com a nova regulamentação de cores da FAP, os C-212, foram
pintados em camuflado em castanho FS 30219, e dois tons de verde FS 34079 e FS
34102. As superfícies inferiores são em cinza FS 36622.
A separação das cores superiores com o cinza inferior é em forma ondulada.
No capitulo das Cruzes de Cristo e números respeitam as normas das outras
aeronaves da FAP.
Modelismo
Infelizmente, o panorama modelístico não é famoso, não existe nenhum kit em
plástico injectado, há modelos em vac-form de fraca qualidade que requerem
muito trabalho e de maneira nenhuma destinados a modelistas pouco experientes.
Conclusão
Este avião de fabrico espanhol continua a prestar excelentes serviços
na FAP, sendo ou sido utilizado pelos seguintes países:
Espanha, Portugal, Abu Dhabi, Angola, Chade, Chile, Colômbia, Indonésia,
Jordânia,
México, Moçambique, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Somália, Sudão, Tailândia,
Uruguai, Venezuela e Zimbabué.
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