Numa época de modernização das forças armadas, as atenções viram-se para a revisão da Lei de Programação Militar (LPM). Esta definirá as prioridades no que toca às aquisições de armamento ou programas de modernização para às forças armadas. O Ministro da Defesa, Dr. Paulo Portas, mostrou já considerar prioritários os programas de substituição da arma automática G-3, submarinos e da frota de blindados do exército. 

    O parque blindado português é hoje dominado por dois modelos principais: o M-113 de lagartas e a Chaimite de rodas. A mobilidade e protecção são características imprescindíveis para os sucessores destes e dos restantes modelos de blindados que equipam os vários ramos. Mobilidade para intervir rapidamente em vários níveis de ameaças, os meios deverão ter dimensões reduzidas para facilitar o seu transporte e permitir uma maior número de unidades deslocadas, sem no entanto se prejudicar a capacidade de combate destes. A protecção é imprescindível para garantir a protecção das tripulações e tropas que operam os veículos, é necessária uma boa protecção balística, cada vez mais necessária em conflitos urbanos onde o maior perigo provém de armas ligeiras, mas também contra ameaças NBQ (Nuclear, Biológica e Química). 

    O exército será o principal receptor dos novos veículos, que se destinam (numa primeira fase) a substituir as Chaimites V-200 e V-600 em serviço, e que rondam os 70 veículos, ainda que muitos já não operacionais. Perto de três dezenas estão atribuídas às forças portuguesas nos Balcãs, para apoio à missão de manutenção de paz, onde se têm mostrado inadaptadas ao clima frio. A prioridade no ramo terrestre irá portanto para a substituição das viaturas estacionadas no exterior.

    Os fuzileiros operaram até ao final da década de 90 um número reduzido de blindados Chaimite. A retirada de serviço foi permatura, ainda que justificável pela grande limitação da Chaimite no que toca a prestações anfíbias e comportamento todo-o-terreno (muito a ver com o facto de ter uma tracção 4x4). As ameaças e necessidades mudaram e a Armada considera que a sua infantaria necessita de voltar a operar tais veículos, em número de 20 a 30, para garantirem uma maior protecção aos fuzileiros e uma superior capacidade de resposta, ao mesmo tempo que se garante a independência face ao exército no que toca ao transporte blindado.

 

    O porquê de blindado de rodas constituírem uma prioridade ao invés dos de lagartas, que sofrem igualmente de uma elevada idade, deve-se ao seu recente, mas intenso uso em missões no exterior e a sua crescente importância a nível internacional (inclusive no US Army, onde são defendidos, como a melhor solução, por uma nova geração de oficiais).

    De facto um blindado de lagartas pode ser muito útil para grandes invasões e para operações com mar turbolento, mas o facto é que numa operação como a da Guiné (1998) foram usados botes Zebro pelos Fuzileiros, ou seja, o Piranha III teria servido perfeitamente e não estaria limitado, além de que teria garantido uma maior protecção das tropas e refugiados e uma maior capacidade de fogo. No Kosovo um blindado de rodas pode ser embarcado num C-130H - ainda que o número a transportar dependa da versão em questão e o número de aeronaves disponíveis para vôo - e rapidamente colocado em acção, enquanto alguns blindados de lagartas, pelo seu peso ou dimensões provocariam uma diminuição da quantidade a transportar e limitariam os meios que o conseguiriam fazer. Embora deva-se notar que os actuais blindados de rodas são muito mais vulneráveis, em especial no combate urbano, pelo que a sua vantagem está pendente das ameaças e cenários na zona a intervir, tal leva a que, as forças armadas não devam abandonar totalmente o uso de meios de lagartas que deram já prova de serem totalmente capazes contra estas ameaças.

    As rodas são por estes motivos importantes, porém não funcionarão numa guerra mais ampla, senão forem apoiadas por blindados de lagartas e carros de combates. A preferência vai para veículos que suportem várias versões específicas no mesmo chassis, com motor potente e de baixo consumo, blindagem modular, tracção 8x8 pelas suas prestações no terreno, capacidade de protecção NBQ, visão nocturna, capacidade anfíbia e aptos a serem transportados por via aérea. O mercado oferece várias opções, entre elas o Pandur II, Piranha III e IV, MRAV, AMV e VBCI.

    A MOWAG aceitou a proposta da marinha e exército e trouxe a Portugal um veículo Piranha IIIC que, em Setembro de 2002, realizou uma demonstração para o exército e fuzileiros. A esta demonstração, estão previstas seguir-se uma do Pandur II e outra envolvendo o AMV.

    As fotos apresentadas de seguida, inédita e exclusivamente, constituem uma pequena, mas espera-se que elucidativa, amostra da demonstração realizada pela MOWAG.

 

   

   

 

 

Piranha III  (8x8)

Velocidade Máxima

100 km/h (estrada)

10 km/h (água)

Autonomia

800 km

Tripulação

16

Peso Máximo

18.500 kg

Comprimento

6,96m

Altura

1,85m

Largura

2,5m

Blindagem

10mm

Aerotransportável

Sim 

Anfíbio

Sim (opcional)

Protecção NBQ

Sim (opcional)

País de Origem

Suíça

 

O site "Military Zone" agradece à MOWAG, pela sua pronta colaboração, pela pessoa do 

seu representante em Portugal,  sem a qual este artigo seria impossível. 

 

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