A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

Observatório da Imprensa


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A ferramenta e o ofício

Jornais e revistas continuaram fixados durante o fim de semana no papel desempenhado pela mídia digital na convocação dos protestos populares contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã.

A insistência em designar a inédita mobilização contra os aiatolás como "jornalismo participativo" ou "jornalismo-cidadão" soa exagerada. Há nestas designações uma velada insinuação de que o jornalismo do futuro prescindirá de jornalistas e que, portanto, a extinção da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo decidida pelo Supremo Tribunal Federal em 17 de junho foi acertada e premonitória.

O povo de Teerã está sendo convocado para divulgar os protestos através dos seus celulares e laptops e, quando acontecem, registrar a violenta repressão. A imprensa está censurada, rádios e TVs são estatais, a comunicação faz-se através dos recursos disponíveis – poderiam ser volantes distribuídos manualmente, por telefone convencional ou no grito.

A busca do sentido
Uma coisa é convocar a sociedade e divulgar palavras de ordem – neste ponto a mídia digital é imbatível –, outra coisa é reportar, narrar acontecimentos, fornecer os dados complementares, dar sentido às diferentes ocorrências e, sobretudo, checar as informações. Isto só pode ser feito por profissionais da informação, devidamente motivados e treinados não apenas para atender às premências do tempo como também aos princípios éticos que regem uma atividade crucial.

Mais uma vez confunde-se a ferramenta com o ofício. Os novos recursos tecnológicos isoladamente não constituem uma nova atividade, devem servir ao velho jornalismo que além de profissão é também missão, serviço público. E missões precisam ser devidamente explicadas, sistematizadas e reguladas para evitar abusos e distorções.

Com um celular na mão é possível flagrar um episódio. Para que este episódio seja somado a outros e faça algum sentido é preciso muito mais. O diploma não garante a qualidade da informação obtida pelo jornalista, mas o ajuda a aferrar-se a ela.


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