ECLIPSE LUNAR TOTAL DE 27-28 DE OUTUBRO
DE 2004
Projeto de Observação para Iniciantes
Fundamentos
Eclipses
lunares ocorrem somente na Lua Cheia. Eles resultam de um alinhamento do Sol,
da Terra e da Lua, durante o qual a sombra projetada por nosso planeta cobre
parcial ou totalmente o nosso satélite natural. Como a órbita lunar é inclinada
aproximadamente 5o em relação à da Terra, na maioria das vezes a Lua
passa ao Norte ou ao Sul do cone de sombra da Terra. Isso explica porque não acontece
um eclipse lunar a cada Lua Cheia.
Um
outro fato curioso é que a Lua permanece visível, mesmo quando se encontra
totalmente imersa na sombra da Terra. Isso somente acontece porque a luz solar
que consegue atravessar a atmosfera terrestre, muito atenuada, é desviada para
o interior do cone de sombra. Além disso, sabe-se que a coloração
predominantemente avermelhada que a Lua exibe quando está totalmente eclipsada
se deve à maior facilidade que a luz vermelha encontra para atravessar a nossa
atmosfera e sofrer um desvio maior do que a luz azul. Em virtude desse
fenômeno, se estivéssemos na Lua no meio de um eclipse lunar total, veríamos a
Terra como um fino anel avermelhado, correspondente à parte mais densa da
atmosfera terrestre, a iluminar fracamente a superfície ao nosso redor.
Descrição
Na
noite de 27 para 28 de outubro, ocorrerá um interessante eclipse lunar total
que poderá ser observado das Américas, Europa e Oeste da África. Os brasileiros
poderão acompanhar todas as fases do fenômeno, com a Lua situada na Constelação
de Áries, a uma confortável distância acima do horizonte norte durante todo o
evento.
A
tabela abaixo mostra o horário previsto para as diferentes fases do eclipse,
expresso em hora legal de Brasília. Os instantes independem da posição do
observador, devendo-se somente atentar para alguma possível diferença entre
fusos horários. Um leve escurecimento da borda lunar, que deverá ser percebido
pouco antes das 22 horas, dependendo da sensibilidade visual do observador,
constituirá o primeiro sinal de que a fase parcial do eclipse se aproxima. A
parte menos escura da sombra da Terra, denominada penumbra, já terá então
coberto 85% da superfície observável da Lua. Um observador hipotético que
estivesse no interior da penumbra veria o disco da Terra ocultando uma parte do
disco do Sol. (Veja aqui). Ele estaria, portanto contemplando um eclipse parcial do Sol pela
Terra. Já, a parte mais escura da sombra, denominada umbra, corresponde à
região de eclipse total do Sol.
Previsão de Eventos
(27-28 Out. 2004)
Evento |
Horário Previsto (hh:mm) |
Primeira Percepção do Escurecimento |
≈21:55 |
Início da Fase Parcial |
22:14 |
Início da Fase Total |
23:23 |
Meio do Eclipse |
00:04 |
Fim da Fase Total |
00:44 |
Fim da Fase Parcial |
01:53 |
Última percepção do Escurecimento |
≈02:08 |
A
figura seguinte fornece as circunstâncias do eclipse e ilustra a trajetória da
Lua na sombra da Terra.
O escurecimento
da borda lunar Leste deverá se intensificar gradualmente até que, às 22:14, a
umbra a toque, dando início à primeira fase parcial do eclipse. A umbra seguirá
avançando até cobrir totalmente a superfície lunar às 23:23, iniciando à fase
total, que durará 1 hora e 21 minutos. No começo da totalidade, as regiões da
Lua mais a Oeste, estarão bem mais brilhantes que àquelas a Leste, exibindo
leves tons de azul, cinza claro, âmbar, verde ou amarelo, em contraste com as
demais, onde predominarão tonalidades mais escuras de cinza, laranja e/ou
vermelho. No meio do eclipse, à 00:04 deverá predominar a coloração
avermelhada, com variações mais claras (amarelo, laranja, salmão e/ou cinza
claro) a Noroeste, em contraste com as áreas a Sudeste, que exibirão tons de
(vermelho sangue ou cinza escuro). O brilho total da Lua deverá então atingir o
seu valor mínimo, aproximando-se daquele geralmente exibido pelo planeta
Júpiter.
À
00:44, começará a segunda fase parcial, a qual terminará à 01:53. Mesmo depois disso,
o escurecimento penumbral da borda sudoeste da Lua poderá ser notado,
gradualmente desaparecendo cerca de 15 minutos depois.
Valor Científico
A observação de eclipses
lunares totais ainda gera controvérsias. Enquanto alguns cientistas, menos informados,
não vêm neles nada mais de que um fenômeno natural de rara beleza estética,
perfeitamente previsível em todos os seus detalhes e, portanto totalmente
desprovido de importância científica. Outros sabem que a Lua totalmente
eclipsada constitui uma tela extremamente sensível que reflete um grande número
de complexos padrões luminosos e buscam neles valiosas informações sobre a
atmosfera do nosso próprio planeta.
A atmosfera terrestre
responde por cerca de 2% do raio da sombra da Terra projetada sobre a Lua.
Contudo, esse valor médio parece variar um pouco de um eclipse para outro, de
forma ainda imprevisível. Além disso, o brilho mínimo da Lua totalmente
eclipsada, o qual pode variar muito de um eclipse para outro, está sendo usado
como um indicador da concentração de cinzas lançadas na estratosfera por
grandes erupções vulcânicas.
Quinze anos de
monitoração e análise de eclipses da Lua têm fornecido às dezenas de membros da
Rede de Astronomia Observacional (REA/Brasil) interessantes informações sobre
as características globais da camada opticamente ativa da Terra, além de outros
possíveis fatores que concorrem para modificar as dimensões da sombra da Terra
e as distribuições de brilho e cor da Lua a cada eclipse. Verificamos, por
exemplo, que a violenta explosão do Monte Pinatubo em Junho de 1991 ocasionou
uma grande redução no brilho da Lua no meio do eclipse de Dezembro de 1992.
Mesmo observadores desprovidos de
instrumentos poderão contribuir com informações que poderão nos ajudar a
compreender melhor a complexa dinâmica desse interessante fenômeno e
aperfeiçoar nossas previsões.
Horários
dos Contatos Primários
1. Cronometragens
Tendo previamente acertado o seu relógio, usando uma fonte
horária precisa, anote em seu relatório de observação os horários
correspondentes aos seguintes eventos no formato (hh:mm:ss), observados a olho
nu, indicando também o seu fuso horário. Primeira percepção da penumbra a olho
nu (leve escurecimento da borda lunar); início da fase parcial; início da fase
total, fim da fase total, fim da fase parcial e última percepção da penumbra.
As cronometragens permitirão determinar a contribuição da nossa atmosfera nas
dimensões da sombra.
Aspecto da Lua na Totalidade
Durante a totalidade, faça alguns
esboços das configurações de cores e brilho exibidos pela Lua, anotando também
os horários correspondentes.
Aqueles que dispuserem de uma câmera num tripé poderão
fotografar a Lua durante as várias fases do fenômeno. Faça testes nas noites
anteriores à do eclipse, de forma a evitar surpresas na hora do eclipse. Para
obter informações detalhadas de como fazê-lo, consulte: http://astrosurf.com/diniz/artigos.html.
Nos esboços mencionados no item 1, informe também sobre a
visibilidade da borda e dos mares lunares durante a totalidade, inclusive no
meio do eclipse. Esses dados podem ajudar a estimar a luminosidade do eclipse.
O brilho da Lua varia enormemente durante um eclipse total.
Além disso, o brilho mínimo também se altera significativamente de um eclipse
para outro. A distribuição de cores exibidas pela Lua no meio de um eclipse
total pode ser usada para se obter um valor aproximado do brilho da Lua. A
escala de Danjon foi criada com esse objetivo: estimar a luminosidade de um
eclipse a partir de suas cores. O número de Danjon varia de L=0, para eclipses
em que a Lua praticamente desaparece no céu, até L=4, quando a borda lunar mostra-se
muito brilhante e azulada. Os eclipses mais escuros são observados quando a Lua
cruza o centro da sombra terrestre, e, em especial, quando ocorrem apenas
alguns meses após uma grande erupção vulcânica, como aconteceu em dezembro de
1992, 18 meses após a explosão do Monte Pinatubo nas Filipinas. Por outro lado,
os eclipses mais claros são observados quando a borda mais externa da Lua
permanece muito próxima da fronteira da sombra e quando não existem registros,
nos 2 anos anteriores, de explosões vulcânicas capazes de lançar grandes
quantidades de cinzas na estratosfera.
Escala de Danjon
Número de Danjon |
Características da Lua Totalmente Eclipsada |
L = 0 |
Eclipse
extremamente escuro: Lua, incolor, quase invisível no meio do eclipse |
L = 1 |
Eclipse
muito escuro: Lua cor cinzenta ou marrom e detalhes somente percebidos com
dificuldade |
L = 2 |
Eclipse
de luminosidade intermediária: Lua vermelha escura ou cor de ferrugem e umbra
interna muito escura e a externa relativamente clara |
L = 3 |
Eclipse
relativamente claro: Lua cor de tijolo e umbra com periferia brilhante ou
amarelada |
L = 4 |
Eclipse
muito claro: Lua cor de cobre ou alaranjada e umbra com periferia bem
brilhante e azulada |
Relatório
de Observação do
Eclipse Lunar Total de 27-28 de Outubro de
2004
Dados do Observador
Nome: _______________________________________________
Instrumento: __________________________________________
Cidade: ______________________________________________
E-mail: _______________________________________________
Cronometragem dos Contatos
Evento |
Horário Observado (hh:mm:ss) |
Primeira Percepção do Escurecimento |
|
Início da Fase Parcial |
|
Início da Fase Total |
|
Fim da Fase Total |
|
Fim da Fase Parcial |
|
Última percepção do Escurecimento |
|
Esboços das Distribuições de Cor na Totalidade
Luminosidade
do Eclipse
Veja a Redução de Brilho Ocasionada pelo Vulcão Reventador nos Eclipses Lunares de 2003
Páginas de Eclipses da REA/BRASIL