O Furacão Daniela Mercury


"Eu me inspirei na música eletrônica, mas "Sol da Liberdade", é um disco de música popular brasileira".

Existe um furacão dentro de Daniela Mercury. Não há como ficar perto da cantora e escapar ileso. Língua e mente estão sempre a todo o vapor. Aí, tudo se mistura na retórica baiana: música, política, sexo, fama, intimidades. Aliás, o namoro com Marcelo Porciúncula, segundo ela, vai muito bem, obrigado.
Dona de um sucesso incrível, tanto que o sexto CD, O Sol da Liberdade, acaba de ir para as lojas com 500 mil cópias vendidas, a cantora tornou-se um nome de prestígio internacional, a ponto de sentar-se com a primeira-dama americana, Hillary Clinton, para pedir ajuda às crianças brasileiras.
Nas nada disso compensa a saudade arretada que Daniela vem sentindo do filhos Gabriel, 14 anos, e Giovana, 13.
Em entrevista a Chiques e Famosos a musa do axé admite que sua carreira a impede de acompanhar de perto o crascimento dos meninos.

C e F: Por conta de todo esse sucesso, o que faz com que sua agenda sempre esteja superlotada de compromissos dentro e fora do Brasil, você tem conseguido levar bem o seu lado mãe?
Daniela: Não. Olhe, eu digo que sou uma mãe vitual. Qualquer emergência que aconteça com meus filhos peço que liguem para tal telefone, acessem a Internet, me assistam em tal programa e dêem um beijinho na tela. Sou uma mãe tão jovem, tentando enfrentar todo esse processo da adolescência.
C e F: E isso dói em você?
Daniela: Claro... Sinto uma saudade louca dos meus filhos.
C e F: Por causa disso, a relação com eles está sendo difícil?
Daniela: Não. Eles são muito carinhosos. Giovana se formou em balé clássico e está fazendo teatro infantil. Gabriel está na seleção brasileira de hipismo. Fico tentando acompanhá-los, saber dos namoros... Na adolescência a gente quer mais é um colo quando a coisa aperta.
C e F: E o convívio no dia-a-dia, como fica?
Daniela: O pouco que consigo é perguntar se eles fizeram a lição de casa. Mas nas reuniões da escola dos meninos quem vai é minha tia Silvia.
C e F: Seus filhos não reclamam por não ter a mãe por perto, sendo que essa mãe é nada mais nada menos que Daniela Mercury?
Daniela:  Eles não gostam da exposição da mídia. Ao dar uma entrevista sobre hipismo, perguntaram ao Gabriel se ele era filho da Daniela Mercury. Ele disse: “Se você quer falar com a minha mãe, prucure ela. Aqui com esportista, sou Gabriel”. Acredito que por essa atitudes eles já estão com a personalidade formada
C e F: Você se lembra de alguma situação difícil que teve de enfrentar ao sair em companhia dos seus filhos?
Daniela: Sim, foi em Belo Horizonte, na vesperá do Dia das mães. Saí para comprar um presente para minha mãe em um shopping. Não consegui comprar o presente porque o shopping parou. Contei isso ao Gabriel e ele disse: “Viu mãe, por que não posso sair junto com você? “ (sem disfarçar, se emociona).
C eF: Você dá mesada para eles?
Daniela: Dou mesada. Boto R$ 100 no banco por mês e digo a eles que é uma mesada alta. Quando eles querem comprar uma coisa mais cara, fora o Natal ou o aniversário, têm de juntar o dinheiro.
C e F: Essa regra tem exceção
Daniela: Sim. Por exemplo, o Gabriel me pediu um videogame e disse que ia pagar. Fiquei com pena e dei de presente.
C e F: Essa falta de tempo também afeta seu relacionamento com a família, com os amigos?
Daniela: Claro que sim. Ainda não consegui entregar os presentes de Natal do meu médico nem das minhas avós (ao falar das avós seus olhos se enchem de lágrimas). Ver os amigos, então... Ah, isso, nem se fala...
C e F: Como seus filhos receberam o seu namorado, Marcelo Porciúncula?
Daniela: Os meninos sacam tudo antes da gente. Quando fui contar, escutei: “Já sei, minha mãe. Seus olhos estão brilhando!”. Os três se dão muito bem.
C e F: É verdade que Caetano Veloso foi cupido do namoro?
Daniela: Fomos apresentados na casa dele. Isso faz três anos
C e F: Como é o seu namoro?
Daniela: Estamos vivendo juntos, quase como casados. Ele me fez ver muitas coisas que eu não conseguia enxergar. As minhas músicas são verdadeiras declarações desse amor.
C e F: A diferença de idade entre vocês atrapalha?
Daniela: Tenho 34 anos e ela, 28. Por causa disso, ele construiu um cominho junto ao meu. Acho maravilhoso. Por que um marido não pode conciliar sua vida profissional com a da mulher? Sozinha, não ia agüentar meus desafios.
Que sentido tem a vida se a gente está só?
C e F: Quem ciuda da sua casa?
Daniela: Tenho três empregadas, meus anjos da guarda. Minha tia Silvia também me ajuda com os pagamentos.
C e F: Quais são suas manias?
Daniela: Comprar roupa e sapato. Passei dos 100 pares. Faço um brechó para amigos e parentes. Eles pegam as minhas coisas e nunca me pagam. Como em toda família tem sempre aqueles duros. Mas é uma curtição.
C e F: É você que administra seu dinheiro?
Daniela: Não suporto lidar com dinheiro. Mal sei preencher um cheque. A única coisa que decido comprar são roupas ou algo relacionado ao trabalho.
C e F: De que você sente falta?
Daniela: Adoro arrumar a casa. Eu me dou o direito de fazer o que quero. Um dia, saí do médico e fui a pé para casa. As pessoas me paravam: “Você é Daniela?”. Eu dizia que era minha irmã.
C e F: Você está rica?
Daniela: Tenho um patrimônio, mas não dá para viver sem trabalhar. Sustento minha família. Não tenho apego a coisas materiais e detesto ostentação. Agora, estou sem carro. Dei meu Audi de presente de Natal para o meu pai a pedido dele.
C e F: Você tem algum sonho?
Daniela: Quero montar um estúdio. Já tenho o Canto da Cidade, onde gravei meus discos, mas pretendo construir um bem maior. No futuro, quero trabalhar como produtora de outros artistas.
C e F: A crítica aponta o novo cd, O Sol da Liberdade, como um trabalho de tecnoaxé. Qual a sua opinião sobre isso?
Daniela: Eu me inspirei na música eletrônica, mas é um disco de música popular brasileira.
C e F: E sobre as vaias para seu trio elétrico tecno no carnaval?
Daniela: Esperava reações piores. Em cinco horas de percurso tive dois momentos de adversidade. Reverti as vaias em palmos. Acho que o baiano anda fechado para o novo.
C e F: O que você pensa a respeito do É o Tchan!?
Daniela: Els fazem uma versão pop do samba-de-roda que eu dançava quando menina com a qual não me identifico. Não gosto de estimular crianças a fazer aqueles gestos eróticos. Sem moralismo, é exagerado. Não tenho a menor paciência para “a mão na cabecinha”, “a mão não sei onde”.
C e F:Você se considera politicamente engajada?
Daniela: Nas minhas músicas questiono “por que o povo brasileiro está tão órfão?”.
C e F: Por que você acha que a classe artística baiana venera o senador Antônio Carlos Magalhães?
Daniela: Nunca fui eleitora de ACM. Não faço campanhas nem para ele nem para ninguém. Não preciso ser puxa-saco de político para fazer sucesso. ACM faz o papel de protetor do povo, talvez por isso a classe artística o reverencie.
C e F: Você foi nomeada embaixadora da Unicef. Na prática o que significa isso?
Daniela: Sou representante da Unicef há quatro anos. Participo de campanhas para divulgar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso inclui visitas a várias escolas  e empresas. Também converso com políticos
Brasileiros para saber o que eles estão fazendo pelas crianças. Po essa causa já fui conversar até com a primeira-dama americana, Hillary Clinton.
C e F: Um dos problema a que você constantemente se refere é o racismo. O brasileiro é racista?
Daniela: É, sem dúvida. Não só o negro sofre, mas o pobre.
C e F: O Brasil todo é assim?
Daniela: O sul do país é extremamente racista. Sabe como é aquela história: “para ser amigo tudo bem, mas não marido de minha filha?” Ave Maria, isso acontece demais!
C e F: Você já namorou um negro?
Daniela: Só paqueras. Tenho vontade de adotar crianças negras. Não sou considerada a branquinha mais negra da Bahia? Salvador é um dos poucos lugares do Brasil onde os brancos gostariam de ser pretos.
C e F: Quais são as coisas que mais te angustiam?
Daniela:  Lamento não saber quanto tempo ainda terei junto a minhas avos, Olga e Josefina. Mesmo sendo alegre, a miséria me deprime. Mas, quando vou para fora, minto para não falar mal do meu país.
C e F: De que forma você encara a velhice?
Daniela: Falo que quero ficar velha e cantar bossa nova num banquinho. Também pensei em comprar uma Harley-Davidson e sair como uma louca por aí. Antes, a velhice me angustiava. Talvez porque meus avós sentiram falta da juventude. Agora, não tento reger o tempo. Na vida, tudo passa, menos o amor.

                                                                                              Nuria Uliana
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