AKJ: Almeida-1753 compatibilizada com a KJB-1611, com grafia e
gramática inspiradas na ACF-1995
LIVRO DE JÓ
Capítulos 32-42
Capítulo 32
1 Então
aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque ele era
justo aos seus próprios olhos.
2 E acendeu-se
a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de
Rão; contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava
a si mesmo, mais do que a Deus.
3 Também
a sua ira se acendeu contra os seus três amigos, porque, não
achando que responder, todavia condenavam a Jó.
4 Eliú,
porém, tinha esperado o final das palavras de Jó, porquanto
eles tinham mais idade
do que ele.
5 Vendo, pois,
Eliú que já não havia resposta na boca daqueles três
homens, a sua ira se acendeu.
6 E respondeu
Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo: Eu sou de menos idade,
e vós sois idosos; receei-me e temi de vos declarar a minha opinião.
7 Dizia eu:
Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
8 Na verdade,
há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso
o faz entendido.
9 Os grandes homens não são
sempre sábios, nem os velhos entendem o que é
direito.
10 Assim digo:
Dai-me ouvidos, e também eu declararei a minha opinião.
11 Eis que
aguardei as vossas palavras, e dei ouvidos aos
vossos entendimentos,
até que buscásseis o que dizer.
12 Atentando,
pois, para vós, eis que nenhum de vós há que possa
convencer a Jó, nem que responda às suas palavras;
13 Para que
não digais: Achamos a sabedoria; Deus o derrubou, e não homem
algum.
14 Ora ele
não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as
vossas palavras.
15 Estão
pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.
16 Esperei,
pois, mas não falam; porque já pararam, e não respondem
mais.
17 Também
eu responderei pela minha parte; também eu declararei a minha opinião.
18 Porque
estou cheio de palavras; o espírito dentro de mim
me constrange.
19 Eis que
o meu ventre é como o mosto, sem respiradouro, prestes a arrebentar,
como odres novos.
20 Falarei,
para que eu ache alívio; abrirei os meus lábios, e responderei.
21 Que não
faça eu acepção do rosto de nenhum homem, nem use de palavras lisonjeiras
com o homem!
22 Porque
não sei usar de lisonjas; se assim fizesse, em breve me levaria o meu Criador.
Capítulo 33
1 Assim, na
verdade, ó Jó, ouve as minhas falas, e dá ouvidos
a todas as minhas palavras.
2 Eis que
já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo
do meu palato.
3 As minhas
razões sairão da sinceridade do meu coração, e os meus
lábios proferem o saber claramente.
4 O Espírito
de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso me deu vida.
5 Se podes, responde-me, diante de mim dispõe em
ordenada linha de batalha as tuas, e
levanta-te.
6 Eis-me aqui em lugar de Deus, segundo disse a
tua boca; do barro também fui eu formado.
7 Eis que
não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre
ti a minha mão.
8 Na verdade
tu falaste aos meus ouvidos; e eu ouvi a voz das tuas palavras. Dizias:
9 Limpo estou,
sem transgressão; inocente sou, e não tenho iniqüidade.
10 Eis que Ele
detecta impeditivas faltas em mim, e me considera como Seu inimigo.
11 Põe
no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.
12 Eis que
nisso não foste justo; eu te respondo; porque maior é Deus
do que o homem.
13 Por que
razão contendes com Ele? Porque Ele não dá contas de
nenhum dos Seus feitos.
14 Antes Deus
fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso.
15 Em sonho
ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens,
ou dormitam sobre a cama.
16 Então
o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução,
17 Para apartar
o homem daquilo que faz, e esconder do homem a soberba.
18 Para desviar
a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.
19 Também
na sua cama é castigado com dores; e com incessante contenda nos
seus ossos;
20 De modo
que a sua vida abomina até o pão, e a sua alma a comida apetecível.
21 A sua carne desaparece
de vista, e os seus ossos, que não se viam, agora
estão salientes.
22 E a sua
alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte.
23 Se com
ele, pois, houver um mensageiro, um intérprete, um entre milhares,
para declarar ao homem a sua retidão,
24 Então
terá misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, para
que não desça à cova; já achei resgate.
25 Sua carne
se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará aos
dias da sua juventude.
26 Deveras
orará a Deus, o Qual se agradará dele, e verá a Sua
face com júbilo, e Ele restituirá ao homem a sua justiça.
27 Olhará
para os homens, e dirá: Pequei, e perverti o direito, o que de nada
me aproveitou.
28 Porém
Deus livrou a sua alma de ir para a cova, e a
sua vida verá
a luz.
29 Eis que todas estas coisas opera Deus, duas e três vezes para com o homem,
30 Para trazer de volta
a sua alma da cova, e o iluminar com a luz dos viventes.
31 Atende,
pois, ó Jó, dá-me ouvidos; cala-te, e eu falarei.
32 Se tens
alguma coisa que dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.
33 Se não,
dá-me ouvidos tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.
Capítulo 34
1 Respondeu
mais Eliú, dizendo:
2 Ouvi, vós,
sábios, as minhas palavras; e vós, entendidos, inclinai
os ouvidos para mim.
3 Porque o
ouvido prova as palavras, como o palato experimenta a comida.
4 O que é
direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós
o que é bom.
5 Porque Jó
disse: Sou justo, e Deus tirou o meu julgamento.
6 Mentiria eu contra o meu direito? A minha ferida é incurável,
embora eu esteja sem transgressão.
7 Que homem
há como Jó, que bebe a zombaria como água?
8 E caminha
em companhia dos que praticam a iniqüidade, e anda com homens ímpios?
9 Porque disse:
De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.
10 Portanto,
vós, homens de entendimento, escutai-me: Longe de Deus esteja o
praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer a perversidade!
11 Porque,
segundo a obra do homem, Ele lhe paga; e faz a cada homem segundo o seu caminho.
12 Também,
na verdade, Deus não procede impiamente; nem o Todo-Poderoso perverte
o juízo.
13 Quem lhe
entregou o governo da terra? E quem fez o mundo
inteiro?
14 Se Ele
pusesse o Seu coração contra o homem, e recolhesse para Si
o Seu espírito e o Seu fôlego,
15 Toda a
carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.
16 Se, pois,
há em ti entendimento, ouve isto; inclina os ouvidos ao som da minha
palavra.
17 Porventura
o que odiasse o direito governaria? E tu condenarias aquele que é
justo e poderoso?
18 Ou dir-se-á
a um rei: "Oh! Vil"? Ou aos príncipes: "Oh! Ímpios"?
19 Quanto
menos Àquele, que não faz acepção das pessoas, de
príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre? Porque todos são
obras de Suas mãos.
20 Eles num
momento morrem; e até à meia noite os povos são perturbados,
e passam, e os poderosos serão removidos não por mão
humana.
21 Porque
os Seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e Ele vê todos
os seus passos.
22 Não
há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam
a iniqüidade.
23 Porque
Ele não
põe sobre o homem mais do que é justo, para o fazer
ir a juízo diante
de Deus.
24 Quebranta
aos fortes sem número, e põe outros em lugar
deles.
25 Ele conhece,
pois, as suas obras; de noite os transtorna, de modo que
são moídos.
26 Ele os
fere como ímpios que são, à vista dos
outros,
27 Porquanto
se desviaram dEle, e não compreenderam nenhum dos caminhos
dEle;
28 Para fazer com
que o clamor do pobre venha até Ele, e
Ele ouça o clamor dos
aflitos.
29 Se Ele
aquietar, quem então inquietará? Se encobrir o rosto, quem
então O poderá contemplar? Seja isto para com um povo, seja
para com um homem só,
30 Para que
o homem hipócrita nunca mais reine, e o povo
não caia em laço.
31 Na verdade, é certo ser dito a Deus:
"Suportei castigo, não ofenderei mais.
32 O que não
vejo, ensina-me Tu; se fiz alguma iniqüidade, nunca mais a
hei de fazer."
33 Será isto segundo tua mente? Ele recompensará esta coisa,
quer tu a rejeites, quer tu (e não eu) a escolhas. Portanto, fala
logo o que sabes.
34 Digam-me os homens de entendimento, e o homem sábio
ouça-me:
35 Jó
falou sem conhecimento; e às suas palavras falta prudência.
36 Meu desejo
é que Jó seja provado até ao fim, pelas
suas respostas
a homens
de iniqüidade.
37 Porque
ao seu pecado acrescenta a rebelião; entre nós bate
suas palmas
(em desagrado),
e multiplica contra Deus as suas palavras.
Capítulo 35
1 Respondeu
mais Eliú, dizendo:
2 Tens por
direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?
3 Porque disseste:
De que Te serviria? Que proveito
eu tiraria mais se eu
fosse alimpado do meu pecado?
4 Eu te darei
resposta, a ti e aos teus amigos contigo.
5 Atenta para
os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, que são
mais altas do que tu.
6 Se pecares,
que efetuarás contra Ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem,
que Lhe farás?
7 Se fores
justo, que Lhe darás, ou que receberá Ele da tua mão?
8 A tua impiedade
faria mal a outro homem como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho
do homem.
9 Por causa
das muitas opressões os homens fazem o oprimido
clamar por causa do braço dos
grandes.
10 Porém
ninguém diz: Onde está Deus que me criou, que dá salmos
durante a noite;
11 Que nos
ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do
que as aves do ar?
12 Clamam,
mas ninguém responde, por causa da arrogância dos
maus.
13 Certo é
que Deus não ouvirá a vanidade, nem atentará para ela
o Todo-Poderoso.
14 E quanto
ao que disseste, que O não verás, juízo há perante
Ele; por isso espera nEle.
15 Mas agora, porque Ele não tem visitado (para
trazer punição) em Sua ira, nem se conhece em grande rigor,
16 Por isso, Jó
em vão abre a sua boca, e sem ciência multiplica palavras.
Capítulo 36
1 Prosseguiu
ainda Eliú, e disse:
2 Espera-me
um pouco, e mostrar-te-ei que ainda tenho
palavras a favor de Deus.
3 De longe
trarei o meu conhecimento; e ao meu Criador atribuirei a justiça.
4 Porque na
verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está
um que tem perfeito conhecimento.
5 Eis que
Deus é mui grande, contudo a ninguém despreza; grande é
em força e sabedoria.
6 Ele não
preserva a vida do ímpio, e faz justiça aos aflitos.
7 Do justo
não tira os Seus olhos; antes estão com os reis sobre o trono; ali
os assenta para sempre, e assim são exaltados.
8 E se estão
presos em grilhões, amarrados com cordas de aflição,
9 Então
lhes declara a obra deles, e as suas transgressões, porquanto prevaleceram
nelas.
10 Abre-lhes
também os seus ouvidos, para Seu castigo-
instrutivo, e ordena-lhes que voltem atrás da iniqüidade.
11 Se Lhe derem ouvidos,
e O servirem, acabarão seus dias em bem, e os seus anos em delícias.
12 Porém
se não Lhe derem ouvidos, à espada serão passados, e expirarão
sem conhecimento.
13 E os hipócritas
de coração amontoam para si a ira; e amarrando-os Ele, não
clamam por socorro.
14 A sua alma
morre na mocidade, e a sua vida está entre os impuros.
15 Ao aflito
livra da sua aflição e, na opressão,
lhes abre os
ouvidos.
16 Assim também
te desviará da boca da angústia para um lugar espaçoso,
em que não há aperto, e aquilo que é colocado na tua mesa
será
cheio de gordura.
17 Mas tu
estás cheio do juízo do ímpio; o juízo e a
justiça te sustentam.
18 Porquanto há furor, guarda-te de que
porventura Ele (Deus)
não te remova com Seu golpe: Então nem mesmo
um grande resgate poderá te livrar.
19 Estimaria
Ele tanto tuas riquezas? Não, nem ouro, nem todas as forças
do poder.
20 Não
suspires pela noite, em que os povos sejam tomados do seu lugar.
21 Guarda-te,
e não te voltes para a iniqüidade; porquanto isso escolheste
ao invés da aflição.
22 Eis que
Deus é excelso em Seu poder; quem ensina como Ele?
23 Quem Lhe
prescreveu o Seu caminho? Ou, quem Lhe dirá: "Tu cometeste maldade."?
24 Lembra-te
de engrandecer a Sua obra, que os homens contemplam.
25 Todos os
homens a vêem, e o homem a contempla de longe.
26 Eis que
Deus é grande, e nós não O compreendemos, e o número
dos Seus anos não se pode esquadrinhar.
27 Porque
faz miúdas as gotas das águas que, do seu vapor, derramam
a chuva,
28 A qual
as nuvens destilam e gotejam sobre o homem abundantemente.
29 Porventura
pode alguém entender o estender-se das nuvens, e os estalos
da Sua tenda?
30 Eis que
estende sobre elas a Sua luz, e encobre as profundezas do mar.
31 Porque
por meio destas coisas julga os povos; e lhes dá mantimento em abundância.
32 Com as
nuvens encobre a luz, e ordena não brilhar, interpondo a nuvem.
33 O trovão
dEle declara acerca disso,
e
também o gado declara acerca
do temporal que sobe.
Capítulo 37
1 Sobre isto
também treme o meu coração, e é movido para fora do seu lugar.
2 Atentamente
ouvi a indignação da Sua voz, e o sonido que sai da Sua boca.
3 Ele o envia por debaixo de todo o céU, e a Sua luz até aos confins
da terra.
4 Depois disto
ruge uma grande voz; Ele troveja com a voz
da Sua majestade; e Ele não os detém
quando a Sua voz é ouvida.
5 Com a Sua
voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não
podemos compreender.
6 Porque à
neve diz: Cai tu sobre a terra; como também à
pequena chuva e à
Sua grande chuva do Seu poder.
7 Ele sela
as mãos de todo o homem, para que conheçam todos os homens
a Sua obra.
8 E as feras
entram nos seus esconderijos e ficam nas suas cavernas.
9 Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio.
10 Pelo sopro
de Deus se dá a geada, e as largas águas se congelam.
11 Também
de umidade carrega as grossas nuvens, e
dispersa as nuvens com a Sua luz.
12 Então
elas, segundo o Seu prudente conselho, se espalham em redor, para que façam
tudo quanto lhes ordena sobre a face do mundo na terra.
13 Seja que
por vara (de correção), ou para a Sua terra, ou por misericórdia,
Ele as faz vir.
14 A isto,
ó Jó, inclina os teus ouvidos; posta-te em pé, e considera as maravilhas
de Deus.
15 Porventura
sabes tu como Deus as opera, e faz resplandecer a luz da Sua nuvem?
16 Tens tu
notícia do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas
dAquele que é perfeito em conhecimento?
17 Ou de como
as tuas roupas aquecem, quando Ele faz ser aquietada a
terra pelo (mormaço do) vento sul?
18 Ou estendeste
com Ele o firmamentO, que está firme como espelho fundido?
19 Ensina-nos
o que Lhe diremos: porque não poderemos pôr em boa ordem
as nossas palavras,
por causa das trevas.
20 Contar-Lhe-ia
alguém o que tenho falado? Se um homem falar, seguramente
será engolido.
21 E agora
não se pode olhar para a
resplendente luz que está nas nuvens;
mas o vento passa, e as limpa.
22 O áureo esplendor
(do bom tempo) vem do norte; pois, em Deus há uma tremenda majestade.
23 Ao Todo-Poderoso
não podemos alcançar; grande é em poder; porém
não oprime (a ninguém) em juízo e
em grandeza de justiça.
24 Por isso
O temem os homens; Ele não respeita os que se julgam sábios
de coração.
Capítulo 38
1 Depois disto
o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
2 Quem é
este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?
3 Agora cinge
os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu Me ensinarás.
4 Onde estavas
tu, quando Eu fundava a terra? Faze-Mo saber, se tens
entendimento.
5 Quem lhe
pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre
ela o cordel -de- medir?
6 Sobre que
estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina,
7 Quando as
estrelas do amanhecer juntas
cantavam- retumbando- de- júbilo, e todos os filhos de Deus
bradavam (de alegria triunfal)?
8 Ou quem
encerrou o mar com portas, quando este rompeu como se
tivesse saído da madre,
9 Quando Eu
pus as nuvens por sua vestidura, e a densa escuridão por faixa
umbilical,
10 E prescrevi para ele Meu decreto, e lhe pus
ferrolhos e portas,
11 E disse:
Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará
o orgulho das tuas ondas?
12 Ou desde
os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste
ao alvorecer
o seu lugar;
13 Para que
pegasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos
dela;
14 E se transformasse
como o barro sob o selo, e se pusessem como vestidos;
15 E dos ímpios
é retida a sua luz, e o braço altivo
seja quebrantado;
16 Ou entraste
tu até às fontes do mar, ou passeaste
em investigação do
abismo?
17 Ou descobriram-se-te
as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?
18 Ou tens percebido a largura da terra? Faze-Mo saber,
se sabes tudo isto.
19 Onde está
o caminho onde mora a luz? E, quanto às trevas, onde está
o seu lugar;
20 Para que
as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas
para a sua casa?
21 De certo
tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande
o número dos teus dias!
22 Ou entraste
tu até aos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva,
23 Que Eu
tenho reservado até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja
e da guerra?
24 Onde está
o caminho em que se reparte a luz,
a qual espalha o vento oriental sobre
a terra?
25 Quem abriu
para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos dos trovões,
26 Para chover
sobre a terra, onde não há nenhum
homem, e no deserto, em
que não há homem;
27 Para fartar
a terra deserta e assolada, e para fazer crescer os renovos da
tenra grama?
28 A chuva
porventura tem pai? Ou quem gerou as gotas do orvalho?
29 De que
ventre procedeu o gelo? E quem gerou a geada do céu?
30 Como as águas são escondidas como que debaixo
de pedra, e a superfície do abismo
se congela.
31 Ou poderás
tu atar as amarrações do Sete-estrelo ou soltar os cordéis
do Orion?
32 Ou fazer aparecer as constelações a seus
devidos tempos (no ano), e guiar a Ursa
(Maior) com seus filhos?
33 Sabes tu
as ordenanças do céU, ou podes estabelecer o domínio
deles sobre a terra?
34 Ou podes
levantar a tua voz até às nuvens, para que a abundância das águas te cubra?
35 Ou mandarás
aos relâmpagos para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?
36 Quem pôs
a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?
37 Quem numerará
as nuvens com sabedoria? Ou os odres do céU, quem os
porá abaixo,
38 Quando
se funde o pó numa massa sólida, e se achegam- e- aderem os torrões uns aos outros?
39 Porventura
caçarás tu presa para a leoa, ou saciarás a fome dos
filhos dos leões,
40 Quando
se agacham nos covis, e permanecem no mato fechado espreitando de emboscada?
41 Quem prepara
aos corvos o seu alimento, quando os seus filhotes gritam a Deus e andam
vagueando, por não terem o que comer?
Capítulo 39
1 Sabes tu
o tempo em que as cabras montesas têm filhos, ou
marcastes quando as cervas
dão suas crias?
2 Contarás
os meses que cumprem, ou sabes o tempo do seu parto?
3 Quando se
encurvam, produzem seus filhos, e lançam de si as suas dores.
4 Seus filhos
enrijam, crescem com o trigo; saem, e nunca mais tornam para elas.
5 Quem despediu
livre o jumento montês, e quem soltou as ataduras ao jumento
bravo,
6 Ao qual
dei o ermo por casa, e a terra salgada por morada?
7 Ri-se do
ruído do tumulto da cidade; não
atende aos muitos gritos do condutor.
8 A cadeia de montanhas é o seu pasto, e anda buscando
atrás de tudo que está verde.
9 Ou, querer-te-á
servir o unicórnio
{*}? Ou pernoitará próximo de tua cocheira? {* Nota
Nu 23:22}
10 Ou com
corda amarrarás o
unicórnio {*} no
(trabalho de abrir o) sulco de arado? Ou escavará ele
os vales após ti? {* Nota Nu 23:22}
11 Ou confiarás
nele, por ser grande a sua força, ou deixarás a seu cargo
o teu trabalho?
12 Ou fiarás
dele que te torne o que semeaste e o recolha na tua eira?
13 A avestruz
bate alegremente as suas asas, porém, são benignas as suas
asas e penas?
14 Ela deixa
os seus ovos na terra, e os aquenta no pó,
15 E se esquece
de que algum pé os pode pisar, ou que os animais do campo os podem
calcar.
16 Endurece-se
para com seus filhos, como se não fossem seus; debalde é seu
trabalho, mas ela está sem temor,
17 Porque
Deus a privou de sabedoria, e não lhe deu entendimento.
18 A seu tempo
se levanta ao alto; ri-se do cavalo, e de quem vai montado nele.
19 Ou darás
tu força ao cavalo, ou revestirás o seu pescoço com
crinas?
20 Ou o farás pular de medo,
como ao gafanhoto? Terrível é o fogoso respirar das suas
ventas.
21 Escarva no vale, e
regozija na sua força, e sai ao encontro dos armados.
22 Ri-se do
temor, e não se quebranta, e não torna atrás por causa da
espada.
23 Contra
ele rangem a aljava, o ferro flamejante da lança e do dardo.
24 Ele engole o chão com tremente ferocidade e trepidante violência, e não
confia ele que este é o som da
trombeta.
25 Em cada sonido
da trombeta, diz: Avante! E de longe sente o cheiro da guerra, e o trovão dos capitães,
e o alarido.
26 Ou voa
o gavião pela tua inteligência, e estende as suas asas para
o sul?
27 Ou bem alto se eleva a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho?
28 Nas penhas
mora e habita; no cume das penhas, e nos lugares seguros.
29 Dali descobre
a presa; seus olhos a contemplam de longe.
30 E seus
filhos chupam o sangue, e onde há mortos, ali está ela.
Capítulo 40
1 Respondeu
mais o SENHOR a Jó, dizendo:
2 Porventura
o contender contra o Todo-Poderoso te faz
um repreendedor? Quem decide
repreendendo
assim a Deus, responda por isso.
3 Então
Jó respondeu ao SENHOR, dizendo:
4 Eis que
sou vil; que Te responderia eu? Ponho a mão na
minha boca.
5 Uma vez
tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém
não prosseguirei.
6 Então
o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
7 Cinge agora
os teus lombos como homem; Eu te perguntarei, e tu Me explicarás.
8 Porventura
também tornarás tu sem efeito o Meu juízo, ou tu Me
condenarás, para te justificares?
9 Ou tens
um braço como o de
Deus, ou podes trovejar com voz como a dEle?
10 Orna-te,
pois, de excelência e alteza; e veste-te de majestade e de glória.
11 Espalha tu longe os furores da tua ira, e atenta para todo o soberbo, e abate-o.
12 Olha para
todo o soberbo, e humilha-o, e calca aos pés os ímpios no seu lugar.
13 Esconde-os
juntamente no pó; ata-lhes os rostos em oculto.
14 Então
também Eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá
salvar.
15 Contempla tu,
agora, o beemote, que Eu fiz contigo, que come
capim como o boi.
16 Eis que
a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos
do seu ventre.
17 Quando quer, move a sua cauda como
uma árvore de cedro; os
tendões das suas coxas estão
entretecidos.
18 Os seus
ossos são tão fortes como tubos de bronze;
os seus ossos são como barras
de ferro.
19 Ele é
obra-prima dos caminhos de Deus; (somente) Aquele que o fez
pode fazer a Sua espada se aproximar dele.
20 Em verdade
os montes lhe produzem pastos, onde todos os animais do campo brincam.
21 Deita-se
debaixo das árvores sombreadoras, no esconderijo das canas e
dos pântanos.
22 As árvores
sombreadoras o cobrem com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.
23 Eis um rio transbordando, e ele não se apressa, confiando que
possa sugar o Jordão
para dentro de sua boca.
24 Podê-lo-iam
porventura caçar à vista de seus olhos, ou com laços
lhe perfurar através do nariz?
Capítulo 41
1 Poderás
tirar com anzol o leviatã, ou farás assentar a sua língua com
uma corda?
2 Podes pôr um gancho (de fibras de junco)
para dentro do seu nariz, ou com um
espinho furar através da sua queixada?
3 Porventura
multiplicará as súplicas para contigo, ou brandamente
te falará?
4 Fará
ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?
5 Brincarás
com ele, como se fora um passarinho, ou o prenderás para tuas
jovens donzelas?
6 Os teus
companheiros farão dele um banquete, ou o repartirão entre os
negociantes?
7 Encherás
a sua pele de farpas de ferro, ou a sua cabeça com arpões de pescadores?
8 Põe
a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.
9 Eis que é provada ser mentirosa a esperança
de apanhá-lo; pois não
será o homem derrubado só
pela visão dele?
10 Ninguém
há tão atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem,
pois, é aquele que ousa se pôr de pé diante de
Mim?
11 Quem chegou antes- e- diante de Mim, para que
Eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo
do inteiro céU é Meu.
12 Não
me calarei a respeito dos seus membros, nem da sua grande força,
nem da graça da sua compostura.
13 Quem descobrirá
a face da sua roupa? Quem entrará a ele com suas
rédeas duplas?
14 Quem abrirá
as portas do seu rosto? Pois ao redor dos seus dentes está o terror.
15 As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como com selo apertado.
16 Uma à
outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas.
17 Umas às
outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar.
18 Cada um
dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como
as pálpebras do amanhecer.
19 Da sua
boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
20 Das suas
narinas procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma
grande caldeira.
21 A sua respiração
faz acender os carvões; e da sua boca sai chama.
22 No seu
pescoço reside a força; diante dele até a tristeza
salta de
regozijo.
23 As lâminas (de músculo)
da sua carne estão pegadas entre si; cada uma está firme nele,
e nenhuma pode ser movida.
24 O seu coração
é tão firme como uma pedra,
tão firme como a mó de baixo.
25 Levantando-se
ele, tremem os valentes; em razão dos seus abalos
eles são purificados.
26 A espada de quem o alcançar não terá efeito, nem lança,
dardo ou flecha.
27 Ele considera
o ferro como palha, e o bronze como pau podre.
28 A seta
o não fará fugir; as pedras das fundas se lhe tornam em restolho {*}.
{* "Restolho" é cada tufo seco das folhas das plantas de trigo, que restou no campo depois das espigas serem cortados e colhidas, e da palha ser guardada em abrigo}
29
Dardos
atirados são para ele como palha, e ri-se do brandir da lança;
30 Debaixo
de si tem pedras pontiagudas; estende-se sobre coisas pontiagudas
como
na lama.
31 As profundezas
faz ferver, como uma panela; torna o mar como uma vasilha de ungüento.
32 Após
si deixa uma vereda luminosa; pensar-se-ia que o abismo
foi tornado em brancura de cãs.
33 Na terra
não há coisa que se lhe possa comparar, pois foi feito para
estar sem pavor.
34 Ele vê
tudo que é alto; é rei sobre todos os filhos de
animais altivos.
Capítulo 42
1 Então
respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
2 Bem sei
eu que tudo podes, e que nenhum dos Teus propósitos pode ser impedido.
3 Quem é
este, dizes Tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não
entendia; coisas que para mim eram maravilhosas
demais, e que eu não
entendia.
4 Escuta-me,
pois, e eu falarei; eu Te perguntarei, e Tu me ensinarás.
5 Com o ouvir
dos meus ouvidos Te ouvi, mas agora Te vêem os meus olhos.
6 Por isso
me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
7 Sucedeu
que, depois
do SENHOR ter falado aquelas palavras a Jó,
então o SENHOR
disse a Elifaz, o temanita: A Minha ira se acendeu contra ti, e contra
os teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como
o fez Meu servo Jó.
8 Tomai, pois,
sete novilhos e sete carneiros, e ide ao Meu servo Jó, e oferecei
holocaustos por vós, e o Meu servo Jó orará por vós;
porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme
a vossa vil- loucura; porque vós não falastes de Mim o que era reto
como o Meu servo Jó.
9 Então
foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita,
e fizeram como o SENHOR lhes dissera; e o SENHOR também aceitou a face de Jó.
10 E o SENHOR
voltou atrás o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o SENHOR
acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.
11 Então
vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos
quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e
se condoeram dele, e o consolaram acerca de todo o mal que o SENHOR lhe
havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e uma
argola de ouro.
12 E assim
abençoou o SENHOR o último estado de Jó, mais do que
o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas
de bois, e mil jumentas.
13 Também
teve sete filhos e três filhas.
14 E chamou
o nome da primeira Jemima, e o nome da segunda Quezia, e o nome da terceira
Quéren-Hapuque.
15 E em toda
a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de
Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos.
16 E depois
disto viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos
filhos de seus filhos, até à quarta geração.
17 Então
morreu Jó, velho e pleno- satisfeito de dias.