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Prefácio e Sinopses dos livros de Emmanuel, psicografados por Chico Xavier.

 

 5    Emmanuel
 8    Caminho da Luz, A 
10   Há Dois Mil Anos 
11   Cinqüenta Anos Depois 
13   Consolador, O 
15   Paulo e Estevão

 

 

5
Emmanuel
Filosofia     FEB     1938

Livro constituído por diversas dissertações importantes sobre Ciência, Religião e Filosofia, que preocupam a Humanidade. Veicula mensagens evangélicas sobre as questões sociológicas da atualidade. Objetiva apontar "às criaturas o corpo de leis pelas quais devem nortear suas vidas no planeta".

Apresenta 36 capítulos divididos em duas partes: a primeira, abordando as tradições religiosas e a evolução da fé no contexto histórico; a segunda parte, versando sobre temas científicos à luz do Espiritismo. Destaca a colaboração dos amigos espirituais, traçando códigos de justiça e amor, testemunhando a imortalidade da alma. Discorre acerca da pluralidade dos mundos habitados, livre-arbítrio e determinismo e sobre a lei de progresso. Enfatiza que a Terra é componente da sociedade dos mundos, regida pela lei do amor e que cabe a cada um o dever de aperfeiçoar-se.

Chico escreve no prefácio de "Emmanuel": "Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando, sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros."

* * *

Explicando . . .
Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reuniões habituais, vi a meu lado, pela primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel.
Eu psicografava, naquela época, as produções do primeiro livro mediúnico, recebido através de minhas humildes faculdades e experimentava os sintomas de grave moléstia dos olhos.
Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: - “Descansa! Quando te sentires mais fortes, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impede para o teu coração têm suas raízes na noite profunda dos séculos . . .”
Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa época, sinto constantemente a presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor, no caminho da existência terrestre. A sua promessa de colaborar na difusão da consoladora Doutrina dos Espíritos tem sido cumprida integralmente. Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros. Convidado a identificar-se, várias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razões particulares e respeitáveis , afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo planeta, padre católico, desencarnado no Brasil.
Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afirma ter vivido ao tempo de Jesus, quando então se chamou Público Lêntulos.
E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram os testemunhos de grande experiência e de grande cultura.
Para mim, tem sido ele de incansável dedicação. Junto do Espírito bondoso daquela que foi minha mãe na Terra, sua assistência tem sido um apoio para meu coração nas lutas penosas de cada dia.
Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lembranças de minhas vidas passadas e quando sensações angustiosas me prendem o coração, sinto-lhe a palavra amiga e confortadora. Emmanuel leva-me, então, às eras mortas e explica-me o grande e pequeno porquê das atribulações de cada instante. Recebo invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos.
Alguns amigos, considerando o caractere de simplicidade dos trabalhos de Emmanuel, esforçaram-se para que este volume despretensioso surgisse no campo da publicidade.
Emmanuel

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8
Caminho da Luz, A
Filosofia    FEB    1939
Narra a História da Civilização à luz do Espiritismo, mostrando a verdadeira posição do Evangelho do Cristo em face das religiões e das filosofias terrenas. Enfoca, sinteticamente, desde a gênese planetária até as perspectivas para o futuro da humanidade, abordando temas como os primeiros habitantes da Terra; povos e religiões do passado; Império Romano e Revolução Francesa. Esclarece que os Espíritos superiores sempre zelaram pelo desenvolvimento humano e o orientaram, de acordo com os desígnios da divina misericórdia. (Tiragem de 263.000 exemplares)
 
Veja o índice deste livro para ter idéia do seu conteúdo.

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* * *

Prefácio:

Antelóquio:
Meus amigos, que Deus vos conceda paz.
É-me grata a vossa palestra a respeito dos nossos trabalhos. Esperamos e supliquemos a bênção do Alto para o nosso esforço. Dando seguimento aos nossos estudos, procuremos esforçar-nos por mostrar a verdadeira posição do Evangelho do Cristo, tanta vez incompreendida aí no mundo, em face das religiões e das filosofias terrenas.
Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres. O livro do irmão Humberto foi à revelação da missão coletiva de um país; nosso esforço consistirá, tão somente, em apontamentos à margem da tarefa de grandes missionários do mundo e de povos que já desapareceram, esclarecendo a grandeza e a misericórdia do Divino Mestre. Vamos esperar os dias próximos, quando tentaremos realizar nossos planos humildes de trabalho. Que Deus vos conceda a toda tranqüilidade e saúde, e a nós as possibilidades necessárias. Muito vos agradeço o concurso de cada um no esforço geral. Trabalhemos na grande colméia da evolução, sem outra preocupação que não seja a de bem servir. Àquele que, das Alturas, sabe de todas as nossas lutas e lágrimas. Confiemos nEle. Do seu coração augusto e misericordiosa parte a fonte da luz e da vida, da harmonia e da paz para todos os corações. Que Ele vos abençoe.
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 17 de julho de 1938

 

I - A GÊNESE PLANETÁRIA
A Comunidade dos Espíritos Puros. - A Ciência de todos os tempos. - Os primeiros tempos do orbe terrestre. - A criação da Lua. - A solidificação da Matéria. - O Divino Escultor. - O verbo na criação terrestre.
II - A VIDA ORGANIZADA
As construções celulares. - Os primeiros habitantes da Terra. - A elaboração paciente das formas. - As formas intermediárias da Natureza. - Os ensaios assombrosos. - Os antepassados do homem. - A grande transição.
III - AS RAÇAS ADÂMICAS
O Sistema de Capela. - Um mundo em transições. - Espíritos exilados na Terra. - Fixação dos caracteres raciais. - Origgem as raças brancas. - Quatro grandes povos. - As promessas do Cristo.
IV - A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
Os egípcios. - A ciência secreta - O Politeísmo simbólico. - O culto da morte e a metempsicose. - Os egípcios e as ciências psíquicas. - As Pirâmides - Redenção.
V - A ÍNDIA
A organização hindu. - Os arianos puros. - O expansionismo dos Árias. - Os Mahatmas. - As castas. - Os rajás e os párias. - Em face de Jesus.
VI - A FAMÍLIA INDO-EUROPÉIA
As migrações sucessivas. - A ausência de notícias históricas. - A grande virtude dos Árias europeus. - O Mediterrâneo e o Mar do Norte. - Os nórdicos e os mediterrânicos. - Origem do racionalismo. - As advertências do Cristo.
VII - O POVO DE ISRAEL
Israel. - Moisés. - O Judaísmo e o Cristianismo. - O Monoteísmo. - A escolha de Israel. - A incompreensão do Judaísmo. - No porvir.
VIII - A CHINA MILENÁRIA
A China. - A cristalização das idéias chinesas. - Fo-Hi. - Confúcio e Lao-Tsé. - O Nirvana. - A China atual. - A edificação do Evangelho.
IX - AS GRANDES RELIGIÕES DO PASSADO
As primeiras organizações religiosas. - Ainda as raças adâmicas. - A gênese das crenças religiosas. - A unidade substancial das religiões. - As revelações gradativas. - Preparação do Cristianismo. - O Cristo inconfundível.
X - A GRÉCIA E A MISSÃO DE SÓCRATES
Nas vésperas da maioridade terrestre. - Atenas e Esparta. -
Experiências necessárias. - A Grécia. - Sócrates. - Os
discípulos. - Provação coletiva da Grécia.
XI - ROMA
O povo etrusco. - Primórdios de Roma.- Influências decisivas. - Os patrícios e os plebeus. - A família romana. - As guerras e a maioridade terrestre. - Nas vésperas do Senhor.
XII - A VINDA DE JESUS
A manjedoura. - O Cristo e os essênios. - Cumprimento das profecias de Israel. - A grande lição. - A palavra divina. - Crepúsculo de uma civilização. - O exemplo do Cristo.
XIII - O IMPÉRIO ROMANO E SEUS DESVIOS
Os desvios romanos. - Os abusos da autoridade e do poder. - Os chefes de Roma. - O século de Augusto. - Transição de uma época. - Provações coletivas dos judeus e dos romanos. - Fim da vaidade humana.
XIV - A EDIFICAÇÃO CRISTÃ
Os primeiros cristãos. - A propagação do Cristianismo. - A redação dos textos definitivos. - A missão de Paulo. - O Apocalipse de João. - Identificação da besta apocalíptica. - O roteiro de luz e de amor.
XV - A EVOLUÇÃO DO CRISTIANISMO
Penosos compromissos romanos. - Culpas e resgates dolorosos do homem espiritual. - Os mártires. - Os apologistas. - O jejjum e a oração. - Constantino. - O Papado.
XVI - A IGREJA E A INVASÃO DOS BÁRBAROS
Vitórias do Cristianismo. - Primórdios do Catolicismo. - A Igreja de Roma. - A destruição do Império. - A invasão dos bárbaros. - Razões da Idade Média. - Mestres do amor e da
virtude.
XVII - A IDADE MEDIEVAL
Os mensageiros de Jesus. - O Império Bizantino. - O Islamismo. - As guerras do Islã. - Carlos Magno. - O Feudalismo. - Razões do Feudalismo.
XVIII - OS ABUSOS DO PODER RELIGIOSO
Fases da Igreja Católica. - Gregório VII. - As advertências de Jesus. - Francisco de Assis. - Os Franciscanos. - A Inquisição. - A obra do Papado.
XIX - AS CRUZADAS E O FIM DA IDADE MÉDIA
As primeiras Cruzadas. - Fim das Cruzadas. - O esforço dos emissários do Cristo. - Pobreza intelectual. - Renascimento. - Transmigrações de povos. - Fim da idade medieval.
XX - RENASCENÇA DO MUNDO
Movimentos regeneradores. - Missão da América. - O Plano Invisível e a colonização do Novo Mundo. - Apogeu da Renascença. - Renascença religiosa. - A Companhia de Jesus. - Ação do Jesuitismo.
XXI - ÉPOCA DE TRANSIÇÃO
As lutas da Reforma. - A Invencível Armada. - Guerras religiosas. - A França e a Inglaterra. - Refúgio da América. - Os Enciclopedistas. - A Independência americana.
XXII - A REVOLUÇÃO FRANCESA
A França no século XVIII. - Época de sombras. - Contra os excessos da revolução. - O período do Terror. - A Constituição. - Napoleão Bonaparte. - Allan Kardec.
XXIII - O SÉCULO XIX
Depois da Revolução. - Independência política da América. - Allan Kardec e os seus colaboradores. - As ciências sociais. - A tarefa do missionário. - Provações coletivas na França. - Provações da Igreja.
XXIV - O ESPIRITISMO E AS GRANDES TRANSIÇÕES
A extinção do cativeiro. - O Socialismo. - Restabelecendo a verdade. - Defecção da Igreja Católica. - Lutas renovadoras. - A América e o futuro. - Jesus.
XXV - O EVANGELHO E O FUTURO 211
Conclusão 217

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10
Há Dois Mil Anos
Romance FEB    1939

Destaca episódios da História do Cristianismo no século I através da narrativa das experiências de um senador romano - Publius Lentulus - encarnação do autor espiritual. Em forma de romance, mostra o cotidiano das famílias patrícias e dos primeiros seguidores de Jesus, suas alegrias e dores. Propicia a meditação sobre a evolução espiritual pela reencarnação, acentuando a urgência da renúncia às facilidades da vida mundana com o auxílio dos ensinamentos cristãos. (Tiragem de 435.000 exemplares)

Veja resumo da obra em http://www.terravista.pt/bilene/1382/index.html

Livro de pesquisador italiano confirma o capítulo "Nos Derradeiros Minutos de Pompéia". Veja em http://www.emgoiania.com/luzes/pg07a.htm

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* * *

Na Intimidade de Emmanuel
Ao Leitor:
Leitor, antes de penetrares o limiar desta história, é justo apresentemos à tua curiosidade algumas observações de Emmanuel, o ex-senador Públio Lentulus, descendente da orgulhosa “gens Cornelia”, recebidas desse generoso Espírito, na intimidade do grupo de estudos espiritualistas de Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais.
Através destas observações ficarás conhecendo as primeiras palavras do Autor, a respeito desta obra, e suas impressões mais profundas, no curso do trabalho, que foi levado a efeito de 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, segundo as possibilidades de tempo do seu médium e sem perturbar outras atividades do próprio Emmanuel, junto aos sofredores que freqüentemente o procuram, e junto ao esforço de propaganda do Espiritismo cristão na Pátria do Cruzeiro.
Em 7 de setembro de 1938, afirmava ele em pequena mensagem endereçada aos seus amigos encarnados:
“Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso patrício Públio Lentulus, a fim de algo aprenderdes nas dolorosas experiências de uma alma indiferente e ingrata.
Esperemos o tempo e a permissão de Jesus.”
Emmanuel não esqueceu a promessa. Com efeito, em 21 de outubro do mesmo ano, voltava a recordar, noutro comunicado familiar:
“Se a bondade de Jesus nos permitir, iniciaremos o nosso esforço, dentro de alguns dias, esperando eu a possibilidade de grafarmos as nossas lembranças do tempo em que se verificou a passagem do Divino Mestre sobre a face da Terra.”
Não sei se conseguiremos realizar tão bem, quanto desejamos, semelhante intento. De antemão , todavia, quero assinalar minha confiança na misericórdia do Nosso Pai de Infinita Bondade” .
De fato, em 24 de Outubro referido, recebida o médium Xavier a primeira página deste livro e, no dia seguinte, Emmanuel voltava a dizer:
“Iniciamos, com o amparo de Jesus, mais um despretensioso trabalho. Permita Deus que possamos levá-lo a bom termo.
Agora verificareis a extensão de minhas fraquezas no passado, sentindo-me, porém, confortado em aparecer com toda a sinceridade do meu coração, ante o plenário de vossas consciências. Orai comigo, pedindo a Jesus para que eu possa completar esse esforço, de modo que o plenário se dilate, além do vosso meio, a fim de que a minha confissão seja um roteiro para todos.”
Durante todo o esforço de psicografia, o Autor deste livro não perdeu ensejo de ensinar a humildade e a fé a quantos o acompanham. Em 30 de dezembro de 1938, comentava, em nova mensagem afetuosa:
“Agradeço, meus filhos, o precioso concurso que me vindes prestando. Tenho-me esforçado, quanto possível, para adaptar uma história tão antiga ao sabor das expressões do mundo moderno, mas, em relatando a verdade, somos levados a penetrar, antes de tudo, na essência das coisas, dos fatos e dos ensinamentos.
Para mim essas recordações têm sido muito suaves, mas tam bem muito amargas. Suaves pela rememoração das lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da minha vida de Espírito, há dois mil anos.
Permita Jesus que eu possa atingir os fins a que me propus, apresentando, nesse trabalho, não uma lembrança interessante acerca de minha pobre personalidade, mas, tão somente, uma experiência para os que hoje trabalham na semeadura e na seara do Nosso Divino Mestre.”
De outras vezes, Emmanuel ensinava aos seus companheiros encarnados a necessidade de nossa ligação espiritual com Jesus, no desempenho de todos os trabalhos. No dia 4 de Janeiro de 1939, grafava ele esta prece, ainda com respeito às suas memórias do passado remoto:
“Jesus, Cordeiro Misericordioso do Pai de todas as graças, são passados dois mil anos e minha pobre alma ainda revive os seus dias amargurados e tristes!...
Que são dois milênios, Senhor, no relógio da Eternidade?
Sinto que a tua misericórdia nos responde em suas ignota profundezas... Sim, o tempo é o grande tesouro do homem e vinte séculos, como vinte existências diversas, podem ser vinte dias de pro-vas, de experiências e de lutas redentoras.
Só a tua bondade é infinita! Somente tua misericórdia pode abranger todos os séculos e todos os seres, porque em Ti vive a gloriosa síntese de toda a evolução terrestre, fermento divino de todas as culturas, alma sublime de todos os pensamentos.
Diante de meus pobres, olhos, desenha-se a velha Roma dos meus pesares e das minhas quedas dolorosas... Sinto-me ainda envolto na miséria de minhas fraquezas e contemplo os monumentos das vaidades humanas... Expressões políticas, variando nas suas características de liberdade e de força, detentores da autoridade e do poder, senhores da fortuna e da inteligência, grandezas efêmeras que perduram apenas por um dia fugaz!... Tronos e púrpuras, mantos preciosos das honrarias terrestres, togas da falha justiça humana, parlamentos e decretos supostos irrevogáveis!... Em silêncio, Senhor, viste a confusão que se estabelecera entre os homens inquietos e, com o mesmo desvelado amor, salvaste sempre as criaturas no instante doloroso das ruínas supremas... Deste a mão misericordiosa e imaculada aos povos mais humildes e mais frágeis, confundiste a ciência mentirosa de todos os tempos, humilhaste os que se consideravam grandes e poderosos!...
Sob o teu olhar compassivo, a morte abriu suas portas de sombra e as falsas glórias do mundo foram derruídas no torvelinho das ambições, reduzindo-se todas as vaidades a um acervo de cinzas!...
Ante minhalma surgem as reminiscências das construções elegantes das colinas célebres; vejo o Tibre que passa, recolhendo os detritos da grande Babilônia imperial, os aquedutos, os mármores preciosos, as termas que pareciam indestrutíveis... Vejo ainda as ruas movimentadas, onde uma plebe miserável espera as graças dos grandes senhores, as esmolas de trigo, os fragmentos de pano para resguardarem do frio a nudez da carne.
Regurgitam os circos... Há uma aristocracia do patriciado observando as provas elegantes do Campo de Marte e, e tudo, das vias mais humildes até os palácios mais suntuosos, fala-se de César, o Augusto!...
Dentro dessas recordações, eu passo, Senhor, entre farraparias e esplendores, com o meu orgulho miserável! Dos véus espessos de minhas sombras, também eu não te podia ver, no Alto, onde guardas o teu sólido de graças inesgotáveis .
Enquanto o grande Império se desfazia em suas lutas inquietantes, trazias o teu coração no silêncio e, como os outros, eu não percebia que vigiavas!
Permitiste que a Babel romana se levantasse muito alto, mas, quando viste que se ameaçava a própria estabilidade da vida no planeta, disseste: - “Basta! São vindos os tempos de operar-se na seara da Verdade!” E os grandes monumentos, com as estátuas dos deuses antigos, rolaram de seus pedestais maravilhosos! Um sopro de morte varreu as regiões infestadas pelo vírus da ambição e do egoísmo desenfreado, despovoando-se, então, a grande metrópole do pecado. Ruíram os circos formidandos, caíram os palácios, enegreceram-se os mármores luxuosos...
Bastou uma palavra tua, Senhor, para que os grandes senhores voltassem às margens do Tibre, como escravos misérrimos!... Perambulamos, assim, dentro da nossa noite, até o dia em que nova luz brotara em nossa consciência. Foi preciso que os séculos passassem, para aprendermos as primeiras letras de tua ciência infinita, de perdão e de amor!
E aqui estamos, Jesus, para louvar-te a grandeza! Dá que possamos recordar-te em cada passo, ouvir-te a voz em cada som distraído do caminho, para fugirmos da sombra dolorosa!... Estende-nos tuas mãos e fala-nos ainda do teu Reino!... Temos sede imensa daquela água eterna da vida, que figuraste no ensinamento à Samaritana . . .
Exército de operários do teu Evangelho, nós nos movemos sob as tuas determinações suaves e sacrossantas! Ampara-nos, Senhor, e não nos retires dos ombros a cruz luminosa e redentora, mas ajuda-nos a sentir, nos trabalhos de cada dia, a luz eterna e imensa do teu Reino de paz, de concórdia e de sabedoria, em nossa estrada de luta, de solidariedade e de esperança!...
Em 8 de fevereiro último, véspera do término da recepção deste livro, agradecia Emmanuel o concurso de seus companheiros encarnados, em comunicado familiar, do qual destacamos algumas frases:
“Meus amigos, Deus vos auxilie e recompense. Nosso modesto trabalho está a terminar. Poucas páginas lhe restam e eu vos agradeço de coração.
- Reencontrando os Espíritos amigos das épocas mortas, sinto o coração satisfeito e confortado ao verificar a dedicação de todos ao firme pensamento de evolução, para a frente e para o alto, pois não é sem razão de ser que hoje laboramos na mesma oficina de esforço e boa vontade.
Jesus há-de recompensar a cota de esforço amigo e sincero que me prestastes e que a sua infinita misericórdia vos abençoe é a minha oração de sempre.”
Aqui ficam algumas das anotações íntimas de Emmanuel, fornecidas na recepção deste livro. A humildade desse generoso Espírito vem demonstrar que no plano invisível há, também, necessidade de esforço próprio, de paciência e de fé para as realizações.
As notas familiares do Autor são um convite para que todos nós saibamos orar, trabalhar e esperar em Jesus-Cristo, sem desfalecimentos na luta que a bondade divina nos oferece para o nosso resgate, no caminho da redenção.
Pedro Leopoldo, 2 de março de 1939
 
 

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11
Cinqüenta Anos Depois
Romance FEB    1940
Este livro narra a reencarnação do senador Públio Lentulus de "Há dois mil anos". Cinquenta anos depois das ruínas de Pompéia, vamos encontrar o senador Públio Lentulus sob a veste humilde de um escravo, Nestório. Era a oportunidade que o antigo Senador recebia para o resgate de suas faltas buscando a evolução. Foi na personalidade de Nestório, o judeu grego da Ásia Menor e cristão humilde das catacumbas de Roma, que Emmanuel iniciou sua tarefa de Obreiro do Evangelho. (Tiragem de 317.000 exemplares)
 

* * *

Carta ao Leitor:
Meu amigo, Deus te conceda paz.
Se leste as páginas singelas do “Há Dois Mil Anos...”, é possível que procures aqui a continuação das lutas intensas, vividas pelas suas personagens reais, na arena de lutas redentoras da Terra. É por esse motivo que me sinto obrigado a explicar-te alguma coisa, com respeito ao desdobramento desta nova história.
Cinqüenta anos depois das ruínas fumegantes de Pompéia, nas quais o impiedoso senador Públio Lentulus se desprendia novamente do mundo, para aferir o valor de suas dolorosas experiências terrestres, vamos encontrá-lo, nestas páginas, sob a veste humilde dos escravos, que o seu orgulhoso coração havia espezinhado outrora. A misericórdia do Senhor permitia-lhe reparar, na personalidade de Nestório, os desmandos e arbitrariedades cometidos no pretérito, quando, como homem público, supunha guardar nas mãos vaidosas, por injustificável direito divino, todos os poderes. Observando um homem cativo, reconhecerás, em cada traço de seus sofrimentos, o venturoso resgate de um passado de faltas clamorosas.
Todavia, sinto-me no dever de esclarecer-te a curiosidade, com referência aos seus companheiros mais diretos, na nova romagem terrena, de que este livro é um testemunho real.
Não obstante estarem na Terra, pela mesma época, os membros da família Severos, Flávia e Marcus Lentulus, Saul e André de Gioras, Aurélia, Supício, Flávia e demais comparsas do mesmo drama, devo esclarecer-te que todos esses companheiros de luta mourejavam, na ocasião, em outros setores de sofrimentos abençoados, não comparecendo aqui, onde o senador Públio Lentulus aparece, aos teus olhos, na indumenta de escravo, já na idade madura, como elemento integrante de um quadro novo.
De todas as personagens do “Há Dois Mil Anos...’’, um contudo aqui se encontra, junto de outras figuras do mesmo tempo, como Policarpo, embora não relacionado nominalmente no livro anterior, companheiro esse que, pelos laços afetivos, se lhe tornara um irmão devotado e carinhoso, pelas mesmas lutas políticas e sociais na Roma de Nero e de Vespasiano. Quero referir-me a Pompílio Crasso, aquele mesmo irmão de destino na destruição de Jerusalém, cujo coração palpitante lhe fora retirado do peito por Nicandro, às ordens severas de um chefe cruel e vingativo.
Pompílio Crasso é o mesmo Helvídio Lucius destas páginas, ressurgindo no mundo para o trabalho renovador e, aludindo a um amigo dedicado e generoso, quero dizer-te que este livro não foi escrito de nós e por nós, no pressuposto de descrever as nossas lutas transitórias no mundo terrestre. Este livro é o repositório da verdade sobre um coração sublime de mulher, transformada em santa, cujo heroísmo divino foi uma luz acesa na estrada de numerosos Espíritos amargurados e sofredores.
No “Há Dois Mil Anos...” buscávamos encarecer uma época de luzes e sombras, onde a materialidade romana e o Cristianismo disputavam a posse das almas, num cenário de misérias e esplendores, entre as extremas exaltações de César e as maravilhosas edificações em Jesus-Cristo. Ali, Públio Lentulus se movimenta num acervo de farraparias morais e deslumbramentos transitórios; aqui, entretanto, como o escravo Nestório, observa ele uma alma. Refiro-me a Célia, figura central das páginas desta história, cujo coração, amoroso e sábio, entendeu e aplicou todas as lições do Divino Mestre, no transcurso doloroso de sua vida. Na seqüência dos fatos, dentro da narrativa, seguirás os seus passos de menina e de moça, como se observasses um anjo pairando acima de todas as contingências da Terra. Santa pelas virtudes e pelos atos de sua existência edificante, seu Espírito era bem o lírio nascido do lado das paixões do mundo, para perfumar a noite da vida terrestre, com os odores suaves das mais divinas esperanças do Céu.
Podemos afirmar, portanto, leitor amigo, que este volume não relaciona, de modo integral, a continuação das experiências purificadoras do antigo senador Lentulus, nos círculos de resgate dos trabalhos terrestres. É a história de um sublime coração feminino que se divinizou no sacrifício e na abnegação, confiando em Jesus, nas lágrimas da sua noite de dor e de trabalho, de reparação e de esperança. A Igreja Romana lhe guarda, até hoje, as generosas tradições, nos seus arquivos envelhecidos, se bem que as datas e as denominações, as descrições e apontamentos se encontrem confusos e obscuros pelo dedo viciado dos narradores humanos.
Mas, meu irmão e meu amigo, abre estas páginas refletindo no turbilhão de lágrimas que se represa no coração humano e pensa no quinhão de experiência amargas que os dias transitórios da vida te trouxerem. E’ possível que também tenhas amado e sofrido muito. Algumas vezes experimentaste o sopro frio da adversidade enregelando o teu coração. De outras, feriram-te a alma bem intencionada e sensível a calúnia ou o desengano. Em certas circunstância, olhaste também o céu e perguntaste, em silêncio, onde se encontrariam a Verdade e a Justiça, invocando a misericórdia de Deus, em preces dolorosas. Conhecendo, porém, que todas as dores têm uma finalidade gloriosa na redenção do teu Espírito, lê esta história real e medita. Os exemplos de uma alma santificada no sofrimento e na humildade, ensinar-te-ão a amar o trabalho e as penas de cada dia; observando-lhe os martírios morais e sentindo, de perto, a sua profunda fé, experimentarás um consolo brando, renovando as tuas esperanças em Jesus-Cristo.
Busca entender a essência deste repositório de verdades confortadoras e, do plano espiritual, o Espírito purificado de nossa heroína derramará em teu coração o bálsamo consolador das esperanças sublimes.
Que aproveites do exemplo, como nós outros, nos tempos recuados das lutas e das experiências que passaram, é o que te deseja um irmão e servo humilde.

Emmanuel
Pedro Leopoldo, 19 de dezembro de 1939

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13
Consolador, O
Filosofia     FEB     1941
Através de perguntas e respostas reúne tópicos relevantes e atuais sobre Ciência, Filosofia e Religião, tais como: radioatividade; gravitação; genética; determinismo e livre-arbítrio; sociologia; educação sexual; arte; trabalho; fé e perdão. Enfoca esse tríplice aspecto da Doutrina Espírita, propiciando maior esclarecimento aos que buscam se aprofundar nesses estudos. Oferece excelente material para pesquisa e meditação, tanto no campo doutrinário quanto na vida em geral. (Tiragem de 218.000 exemplares)
 

* * *

Na reunião de 31 de Outubro de 1939, no Grupo Espírita “Luís Gonzaga”, de Pedro Leopoldo, um amigo do plano espiritual lembrou aos seus componentes a discussão de temas doutrinários, por meio de perguntas nossas à entidade de Emmanuel, a fim de ampliar-se a esfera dos nossos conhecimentos.
Consultado sobre o assunto, o Espírito Emmanuel estabeleceu um programa de trabalhos a ser executado pelo nosso esforço, que foi iniciado pelas duas questões seguintes:
Apresentando o Espiritismo, na sua feição de Consolador prometido pelo Cristo, três aspectos diferentes: científico, filosófico, religioso, qual desses aspectos é o maior?
“Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de forças espirituais.
“A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao Céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus-Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”
A fim de intensificar os nossos conhecimentos, relativamente ao tríplice aspecto do Espiritismo, poderemos continuar com as nossas indagações?
“Podereis perguntar, sem que possamos nutrir a pretensão de vos responder com as soluções definitivas, embora cooperemos convosco da melhor vontade.
“Aliás, é pelo amparo recíproco que alcançaremos as expressões mais altas dos valores intelectivos e sentimentais.
“Além do túmulo, o Espírito desencarnado não encontra os milagres da sabedoria, e as novas realidades do plano imortalista transcendem aos quadros do conhecimento contemporâneo, conservando-se numa esfera quase inacessível às cogitações humanas, escapando, pois, às nossas possibilidades de exposição, em face da ausência de comparações analógicas, único meio de impressão na tábua de valores restritos da mente humana.
Além do mais, ainda nos encontramos num plano evolutivo, sem que possamos trazer ao vosso círculo de aprendizado as últimas equações, nesse ou naquele setor de investigação e de análise. É por essa razão que somente poderemos cooperar convosco sem a presunção da palavra derradeira. Considerada a nossa contribuição nesse conceito indispensável de relatividade, buscaremos concorrer com a nossa modesta parcela de experiência, sem nos determos no exame técnico das questões científicas, ou no objeto das polêmicas da Filosofia e das religiões, sobejamente movimentados nos bastidores da opinião, para consideramos tão-somente a luz espiritual que se irradia de todas as coisas e o ascendente místico de todas as atividade do espírito humano dentro de sua abençoada escola terrestre, sob a proteção misericordiosa de Deus.”
As questões apresentadas foram as mais diversas e numerosas. Todos os componentes do Grupo, bem como outros amigos espiritistas de diferentes pontos, cooperaram no acervo das perguntas, ora manifestando as suas necessidades de esclarecimento íntimo, no estudo do Evangelho, ora interessados em assuntos novos que as respostas de Emmanuel suscitavam.
Em seguida, o autor espiritual selecionou as questões, deu-lhes uma ordem, catalogou-as em cada assunto particularizado, e eis ai o novo livro.
Que as palavras sábias e consoladoras de Emmanuel proporcionem a todos os companheiros de doutrina o mesmo bem espiritual que nos fizeram, são os votos dos modestos trabalhadores do Grupo Espírita “Luís Gonzaga”, de Pedro Leopoldo, Minas Gerais.
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 8 de março de 1940

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Paulo e Estevão
Romance    FEB     1941
Romance histórico. Narra a vida do Apóstolo Paulo de Tarso, que se transformou de perseguidor de cristãos em um dos mais importantes trabalhadores do Cristianismo dos primeiros tempos. Descreve inclusive o apedrejamento de Estêvão ­ considerado o primeiro mártir do Cristianismo. desenvolve, em 20 capítulos, assuntos como: conversão de Paulo; Estevão e sua relação com o Apóstolo; fé cristã; perseguição aos cristãos; primeiras igrejas cristãs e trabalho dos apóstolos. Recorda as lutas e ásperos testemunhos por que passou Paulo de Tarso até o fim de suas tarefas materiais, mostrando a todo aquele que abraça a Doutrina Cristã "o quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo".(Tiragem de 420.000 exemplares)
 
Saiba mais sobre Paulo e Estevão

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Breve Notícia
Não são poucos os trabalhos que correm mundo, relativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: - Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida? Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos propomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do plano espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios. Nosso escopo essencial não poderia ser apenas rememorar passagens sublimes dos tempos dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legítima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educativas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante. As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções. Em toda parte há tendências à ociosidade do espírito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material. Observando esse panorama sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso. Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no com um fanático de coração ressequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e ríspido, inclinado a combater os companheiros, com vaidade quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome. Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministério divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pessoal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma sutil, inesperadamente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarceramentos, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.
O Mestre chama-o, da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: - Senhor, que queres que eu faça? Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e constante. Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalho próprio, a fim de ir ao encontro de Jesus, é nosso objetivo. Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo. Sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso. O grande mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que poderíamos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estêvão e de outras personagens desta história real vem confirmar a
necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo. Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo. Desde já, veio os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um
Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedantismos dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.
Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos corações, à fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo.
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941



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Veja prefácios de Emmanuel da coleção de livros de André Luiz psicografados por Chico Xavier
http://www.planeta.terra.com.br/relacionamento/renovar
Veja prefácios de todas as obras psicografadas por Chico Xavier em
    http://www.universoespirita.org.br/chicoxavier/livros/indice_livros.html 
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