"O BRASIL ESTÁ MORTO E NÃO SABE"

 
 
 
PAULINO ROLIM DE MOURA
Editor de "O Trombone" 1969/2000
São Paulo
 
 
        Em janeiro de 1991, portanto, há mais de dez anos,, lançamos a idéia da divisão do Brasil em seis grandes Nações, porque, já naquela época, não víamos outra solução para nosso País, senão dividindo-o em Nações menores, onde a gestão dos negócios públicos seria mais fácil, mais ágil,  mais econômica, e, por consequência, a sociedade viveria melhor.
 
        A idéia parecia algo perigosa, porque haveria necessidade de se mexer na constituição política do País, mas, nós, então perguntávamos: "a continuar as coisas assim, também não será perigoso a Nação explodir fragorosamente no fundo do abismo? Não foi assim que, com soluções indefinidamente proteladas, os franceses fizeram sua revolução e os russos montaram a sua bomba?"
 
        Nestes anos todos vimos discutindo o problema com escritores, políticos, jornalistas, e, até agora, não encontramos uma só opinião discordante. Qualquer raciocínio leva-nos à divisão do território nacional em várias nações.
 
        Quais são os países melhores administrados do mundo? Não é a Suíça e outros pequeninos?
 
        Se a idéia da divisão dos oito milhões de quilômetros de terras já era aceitável há uma década, confronte-se com a situação atual, quando até senadores da República, a fim de escaparem dos problemas "proibidos", chamam-se mutuamente de ladrões em rede nacional de televisão, com o objetivo de criar clima para a "fuga", numa confissão clara de que o Brasil não tem conserto. Nenhum senador, por mais patriota, tem coragem de falar do secular estrangulamento do País, ou de nossa astronômica dívida externa, motivos da permanente chacota internacional.
 
        O abandono dos campos para as metrópoles transformaram São Paulo, Rio, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e outras capitais em autênticos campos de concentração, onde a guerrilha urbana e a falta de autoridade fazem do povo uma presa dos crimes hediondos e do desassossego geral.
 
        Não faz muito tempo, nós podíamos, à noite, ir a um teatro, cinema ou baile, ir a um restaurante com a família. Hoje permanecemos escondidos em nossa casa, na expectativa de um assalto ou sequestro.
 
        Em comparação com a vizinha Argentina, que tem as dimensões populacionais e econômicas do Estado de São Paulo, e vida social semelhante, o índice de violência de lá é vinte vezes menor do que o nosso, e, no Japão, o índice é ainda muito menor.  Em reunião da ONU, realizada em Viena em 1997, o Brasil aparece como campeão mundial em criminalidade, com índice de 26,97% de assassinatos por 100.000 habitantes, levando-nos à execrável posição de meros guerrilheiros do asfalto.
 
  A PROVA de que chegou a hora de se dividir o Brasil em vários países encontra-se nos mercadores de capitais dos precatórios; nos défits da balança comercial; na violência urbana generalizada; nos camelôs que atravancam as metrópoles; na desmoralização dos políticos; na guerra das polícias; na grve dos funcionários públicos; nas gangs dos departamentos oficiais; no livre comércio de drogas; no desmatamento da Amazônia; no tráfico de armamento; na proteção à indústria  estrangeira de automóveis; na importação de futilidades domésticas; nos coronéis marajás que ganham milhões e nos soldados que recebem Cem Reais por mês; na pirataria dos portos e aeroportos clandestinos; no desemprego dos chefes de família; no ócio dos encarcerados; na falta de atenção aos idosos; na superlotação dos hospitais; no permanente tiroteio das favelas; na anarquia geral; na pusilânime autoridade do Estado; no esboroamento da Justiça Criminal; na falência da polícia carcerária; na sucessiva fuga dos presídios; enfim, nos problemas que o Brasil nunca teve tantos e com tamanha intensidade, - simultaneamente.
 
        Se você deseja conhecer a opinião de insignes e ilustrados brasileiros que propõe a divisão do Brasil como forma de vida melhor para os habitantes deste gigantescos e complicado território, leia a Edição Suplementar de "O TROMBONE" de janeiro/91, que traz, também, a palavra de advogados, juristas e escritores de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como J. Nascimento Franco, Sérgio Alves de Oliveira, J. O. de Meira Penna, Adilcio Cadorin, Edgar Granata e Janer Cristaldo.

 

 

 

                 

 

 

 




Hosted by www.Geocities.ws

1