Valença de Ontem e de Hoje

CAPÍTULO 7

ASPECTOS SOCIAIS 

 EDUCAÇÃO, ARTE E DIVERSÕES

PARTE 2

Clicar sobre os títulos a seguir para ir direto ao assunto:

O Ensino Primário

Transferência do Colégio Pedro II Para Valença

O Ensino Secundário e Normal

Curso Comercial

Bibliotecas

Jornais de Valença

Rádio-Difusão e Rádio-Amador

Academia Valenciana de Letras

Escoteirismo

O  ENSINO PRIMÁRIO

O comendador José Silveira Vargas, primeiro presidente da Câmara Municipal, foi, incontestàvelmente, o pioneiro do ensino em Valença, executando um programa oficial de primeiras letras. Na sessão de 28 de janeiro de 1829, por sua proposta, a Câmara deliberou se fizesse fervoroso apêlo ao govêrno, fazendo-lhe ver a necessidade urgente da instalação, na Vila, de uma escola primária.

Graças aos esforços do padre João Batista Soares de Meireles, o ensino primário particular teve, na antiga Vila, em 1831, o seu início.

Não obstante as constantes lutas em prol da instrução, sòmente em 7 de setembro de 1832 é que se verificou a inauguração da primeira escola primária, regida pelo professor nomeado Antônio José Osório de Pina Leitão. Nessa ocasião, a Câmara fez afixar editais, convidando os pais a mandarem seus filhos à matricula na escola.

No primeiro jornal, “O Valenciano”, fundado em 1832, encontram-se preciosas informações sobre Valença daquela época, informações que, com outras, como crônicas, arquivos da Câmara, etc., se completam. E’ com êsses elementos que chegamos à seguinte conclusão sôbre o “Colégio de Educação de Valença”.

 

A idéia do primeiro colégio particular em Valença foi lançada em 1830; no ano seguinte, iniciou-se sua construção numa das faldas da serra dos Mascates, próximo à “Cova da Onça com o auxilio de vários fazendeiros, uns dando o terreno, outros a madeira, a telha e a mão de obra. Em 1832, estava em pleno funcionamento, sob os auspícios da “Sociedade Defensora da Liberdade e Independência da Vila de Valença”.

 

Do referido “O Valenciano”. número 10, de 25 de agôsto de 1832, constam as bases dos estatutos, cujo artigo 2o merece transcrição: “art. 2o Nêste Colégio serão admitidos quantos pensionistas permitir a capacidade do mesmo colégio, pagando anualmente a quantia de duzentos mil réis, satisfeitos em quartéis; e tantos jovens pobres quanto for o quociente de rendimento do Colégio, pagos os empregados, dividido por cento e sessenta mil réis, em que é orçada a despesa de um colegial, sendo incluídos nêste número ao menos três índios, (ou seja, se cada aluno paga duzentos mil réis e a despesa do colégio para cada um é estimada em cento e sessenta, temos que cada quatro alunos pagantes sobra verba para um gratuito)

Na descrição que o cientista francês Charles Ribeyrolles faz sôbre Valença, lemos o seguinte trecho: O Colégio de Valença, dirigido pelo dr. Nogueira de Barros, está admiràvelmente situado numa elevação que feche a cidade a léste. E’ arejado, com vastas salas e belas paisagens. O programa anuncia sérios estudos preparatórios. Por que não tem concorrência? Por que tantos espaços vazios? Ah! vós que queimais as terras para desembaraçá-las, não deixeis que a sarça atinja os muros de vossa casa”.

 

                   

       Antigo edifício onde funcionou o “Colégio de Educação de Valença”, em 1832.

 

Os principais colégios particulares existentes em Valença, no período de 1855 a 1885, foram os seguintes: “Colégio de Valença” (1855): “Colégio São Pedro” (1858): “Colégio N. S. da Glória” (1864); “Colégio Ilustração” (1865); “Colégio São Pedro e São Paulo” (1867); “Colégio de Valença’ (1870) “Colégio Valenciano” (1875); “Colégio Matos” (1875) ; “Liceu Valenciano” (1875); “Colégio Santíssimo Coração de Maria” (1875): “Colégio N. S. do Amparo” (1875) ; “Colégio Sá Menezes” (1876) “Colégio Particular” (1879); “Colégio de Valença” (1881); “Externato Progresso (1885): “Externato São Sebastiáo” (1885): “Colégio de Valença” (1885); “Colégio da Infância” (1885) e “Externato S. Pedro” (1885).

 

No local onde funciona atualmente o grupo escolar Casemiro de Abreu, construiu-se, em 1856, um grande edifício de três pavimentos, apresentando largas sacadas; êsse edifício era mais alto do que a antiga matriz que, naquela época, não tinha ainda tôrres. Era, então, o mais belo edifício da vila. Seu proprietário, o fazendeiro Antônio Vieira Machado, não podendo terminar a sua construção, em virtude de suas más condições financeiras, foi obrigado a vendê-lo ao Visconde do Rio Prêto, que o concluiu. Serviu êsse edifício quase que exclusivamente para estabelecimentos de ensino, destinados ao sexo masculino. Primeiramente, nêle funcionou, de 1867 a 1870, o colégio dirigido pelo Visconde de Lagelouse, substituido mais tarde pelo professor Zoroastro Augusto Pamplona que, por sua vez, foi substituido pelo educador Cirilo Dilermando da Silveira que, graças ao seu prestigio pessoal, conseguiu a frequência de mais de duzentos alunos, todos uniformizados. Êsse colégio desapareceu em 1874, com o falecimento do seu fundador.

 

Nêsse mesmo ano, o Barão do Rio Prêto, herdeiro de seu finado pai o Visconde mandava demolir o andar superior do edifício, dividindo-o em quatro alas. Funcionavam aí escritórios de advogados, consultórios médicos, coletoria e até mesmo residências. Numa de suas salas, dava aulas particulares ao sexo feminino a sra. Júlia Cardim, progenitora do valenciano dr. Elmano Cardim, atual proprietário do “Jornal do Comércio”, do Rio. Em virtude do falecimento do Barão do Rio Prêto, em 1883, passou o edifício a pertencer aos seus filhos menores Domingos e Maria. Em 1885, foi o edifício novamente ocupado por estabelecimento de ensino primário, dirigido por Valentim Magalhães e Luiz Irineu Pereira da Luz, vindos de Massambará, a convite do advogado Oliveira Figueiredo e do comerciante Vito Pentagna. Sucederam àquêles educadores, em 1891, transferindo o “Colégio Cruzeiro do Sul”, para o aludido edifício, o bacharel José Faceira Júnior e sua espôsa, sra. Leonor Guimarães Faceira, que já o dirigiam, na cidade, à praça Visconde do Rio Prêto. Estabelecimento modesto, constituido de internato e externato, para ambos os sexos, possuia uma banda de música, uniformizada, e gabinete de física e química. Teve vida até 1896. Como se vê, foi êsse o colégio de maior duração, naquela época, em que imperava o regime da palmatória terror dos alunos.

 

Em 1896, adquiriu o govêrno do Estado o prédio, pela quantia de CrS 25.000,00, contratando o construtor João Marques de Faria para reformá-lo pela importância de Cr$ 50.000,00. Idealizava-se, então, instalar ali o “Forum”, tendo sido adquirido o mobiliário necessário para as sessões do Júri. Mas, a Justiça ali nunca foi instalada, até que, em 1900, e pelo decreto N. 591. de 8 de fevereiro dêsse ano, criava o govêrno o grupo escolar “Alonso Adjuto”, que teve como diretor o professor Vital Pimentel de Barros Bittencourt que, depois de um ano, foi substituido pelo educador Ernesto Castro. Entre os professores que constituíam o corpo docente, figuravam os professores nomeados Alfredo Alves de Macedo Coutinho, João Cândido de Castro Leal, Augusto Falcão Duque Estrada e as sras. Jovina de Figueiredo e Silvina Borges Graciosa.

 

Entretanto, o edifício estava fadado a máus destinos. Foi numa noite festiva de S. Pedro, quando tôda a cidade acabava de comemorar a data religiosa. Os professores se reuniam no grupo escolar, em visita habitual à família do diretor e notavam, à noitinha, certo calor nas paredes internas do edifício, contíguas à cozinha. E os dias se passavam. . . quando, na madrugada de 29 de junho de 1901, tôda a cidade foi despertada assustadoramente pelos repiques dos sinos da igreja Matriz, anunciando um incêndio! Era o “Alonso Adjuto” que se achava em chamas, na sua parte superior, que se queimava em grande clarão ardente Desfazia-se assim cm cinzas o mais lindo prédio da cidade! . E tôda a população, sacudida de terror, estava estupefata diante de tal desgraça. Baldados todos os esforços, nada se conseguiu salvar. Apenas ficaram de pé as paredes de pedra do andar térreo.

 

Por ordem do govêrno do Estado, foi o grupo escolar, sob a direção de Epifânio Soares Martins, transferido para o sobrado, à rua Nila Peçanha, pertencente à Baronesa da Vista Alegre.

Em 1903, o govêrno fluminense, a título de economia, fechava todos os grupos escolares.

 

Mais tarde, fundavam-se, em Valença, outros colégios, como o “Colégio Fasciotti”, o “Colégio Marinoni”, o “Colégio Magalhães” e a “Escola Freiras”, que tiveram vida relativamente curta.

 

Por iniciativa particular, já em 1914. no “Instituto Escolar Operário”, fundado por Pedro da Silva Pontes, cooperava êste ativamente para a alfabetização de grande número de adultos valencianos, No período de 1914 a 1920 êle alfabetizou cêrca de 450 alunos pobres. O ensino era gratuito, mas alguns alunos que podiam concorriam com Cr$ 2,00 mensais para as despesas de aluguel do prédio e luz.

 

Com a extinção do grupo escolar “Alonso Adjuto”, ficou a cidade privada do ensino primário oficial durante cérca de 19 anos. Em nada adiantavam os esforços da política local perante as autoridades fluminenses, quando dominavam Nilo Peçanha, Alfredo Backer e Oliveira Botelho.

 

Sòmente em fins de 1919, quando o governo se propunha a difundir a instrução, é que o então presidente do Estado, Raul de Morais Veiga, mandou fazer o orçamento para a construção de um edifício para nele ser instalado o atual grupo escolar “Casemiro de Abreu”, obra essa que foi confiada a firma Antônio Jannuzzi & Cia., que a executou logo, graças ao interesse decisivo do secretário do govêrno, Domingos Mariano Barcelos de Almeida e de José Hipólito de Oliveira Ramos Filho que, nessa ocasião, exercia a presidência da Câmara Municipal.

      

Grupo Escolar “Casemiro de Abreu” 1921

A inauguração do grupo escolar “Casemiro de Abreu”, que se acha construído no mesmo local do extinto “Alonso Adjuto”, teve lugar em 23 de abril de 1921, presentes o presidente Raul Veiga e seu Secretário.

Nessa mesma ocasião, em homenagem ao dr. Domingos Mariano, foi inaugurada a placa com seu nome, na antiga rua da Polícia ou General Deodoro.

 

O grupo escolar “Casemiro de Abreu”, outrora dirigido pela sra. Marieta Lopes Ielpo, é de arquitetura moderna, em estilo clássico, saliantando-se as ordens jônicas e coríntias. Possui doze vastas salas, com perfeita ventilação, comportando cada uma 40 alunos, além de enorme páteo para exercícios e recreio das crianças. Até 1950 era regido pela professora sra. Emérita Silva de Souza Gomes.

 

Nêsse mesmo grupo, cm virtude da falta de prédio próprio, funcionava o extinto grupo escolar “Barão de Miracema”, bem como uma escola noturna destinada à instrução de operárias e domésticas. O referido grupo escolar “Barão de Miracema”, fundado em 1919, era, antes, uma simples escola mista, e teve sempre como sua diretora a sra. Silvina Borges Graciosa, hoje jubilada.

 

O edifício do novo grupo escolar “Saldanha Marinho”, cujas obras foram concluídas em 1950, para inaugurar-se em 1951, pertence ao grupo das construções modernas: higiênico, confortável e de linhas elegantes. O novo grupo escolar, situado no início da rua Nilo Peçanha, é bem a demonstração da sincera preocupação em favor do bem-estar do mestre e do aluno. A rigorosa técnica de sua construção, recomenda-o, sem dúvida, às exigências da pedagogia moderna. O edifício é constituído de 3 pavimentos. No primeiro, notam-se: 4 amplas salas de aulas, gabinete da diretora, secretaria, sala dos professores, gabinete dentário, gabinete médico, instalações sanitárias para adultos, cozinha e dispensa: no segundo, observam-se: sete salas de aulas. salão para trabalhos manuais e biblioteca e um depósito: e, finalmente, no terceiro, destacam-se: sete salas de au­las, salão amplo para trabalhos manuais e museu escolar. Tanto no segundo como no terceiro pavimentos encontram-se instalações para meninos e meninas, bem como bebedouros higiênicos. Uma dessas salas de aulas foi destinada ao Jardim da Infância “Emérita Gomes”, em homenagem à antiga educadora valenciana sra. Emérica Silva de Souza Gumes.

 

     Grupo Escolar “Saldanha Marinho” 1951  

 

             Pelo  decreto estadual N. 3.974, de 22 de junho de 1951, o governador do Estado do Rio, Comandante Ernani do Amaral Peixoto, transferiu, de Vassouras para Marquês de Valença, a sede da Inspetoria de Ensino da 1a Região Escolar, sendo, por êsse mesmo decreto, designado o técnico de educação sr. Geraldo Jannuzzi, para chefiar a referida Inspetoria.

 

A instalação, na cidade, das escolas primárias particulares “N. S. Aparecida” e “Santo Antônio do Carambita” — graças aos esforços do vigário padre Francisco de Luna — veio beneficiar uma grande população escolar, nos respectivos bairros. Tais escolas estão hoje incorporadas ao Estado.

 

Atualmente, o Estado e a Prefeitura Municipal mantêm várias escolas primárias, especialmente nas zunas rurais onde se faz mister a intensificação da instrução. Mantidas pelo Estado, além do grupo escolar “Barão de Juparanã”, na vila Barão de Juparanã, funcionam no interior do município as se­guintes escolas: “Escola Parapeúna, na vila de Parapeúna; “Escola do Asilo Agrícola Santa izabel”, na vila Barão de Juparanã; “Escola Cel. Cardoso”, no distrito de Parapeúna; “Escola de São Luiz”, no distrito de Parapeúna; “Escola de Pedro Carlos”, no distrito de Santa Izabel do Rio Prêto; “Escola de Santa Inácia”, no distrito de Pentagna; “Escola de Campo Alegre”, na fazenda de Campo Alegre, no distrito de Marquês de Valença; “Escola de Quirino”. no povoado de Quirino, no distrito de Barão de Juparanã; “Escola Santa Rosa”, na fazenda de Santa Rosa, no distrito de Marquês de Valença; “Escola de Pentagna”, na vila Pentagna; “Escola da Harmonia”, na fazenda da Harmonia, no distrito de Marquês de Valença; Escola de Alberto Furtado”, em Alberto Furtado, no distrito de Parapeúna; “Escola de Chacrinha”, no povoado dc Chacrinha, no distrito de Marquês de Valença e “Escolas Reunidas dc Santa Izabel do Rio Prêto”, na vila de Santa Izabel do Rio Prêto. O Estado ainda mantém professoras nomeadas nos cursos primários dos lares “José Fonseca” e “Balbina Fonseca”, na sede municipal além da Escola Típica Rural do Carambita, no bairro do Barroso.

 

Em 1937, a municipalidade mantinha, no interior do município, cêrca de 33 escolas primárias. Algumas foram desaparecendo, outras passaram para o contrôle direto do Estado, ficando atualmente as escolas municipais reduzidas a pequeno número.

 

A iniciativa particular, nas indústrias e associações de classe, bem como a alfabetização dos adultos são reveladas pela alta compreensão dos que se interessam pelo ensino primário ministrado aos filhos dos operários e de associados. Assim, as companhias “Têxtil Ferreira Guimarães” e “Fiação e Tecidos Sta. Rosa” mantêm cursos noturnos para os filhos de seus operánios, bem como o Sindicato dos Operánios na Indústria Têxtil de Valença, a Sociedade Beneficente 21 de Abril, a Sociedade União Operária Valenciana, o Centro Espírita de Valença, o Círculo Operário Marquês de Valença, e outras organizações sociais que se esforçam para a manutenção da instrução primária entre seus associados.

 

TRANSFERÊNCIA DO COLÉGIO D. PEDRO II PARA VALENÇA

Um dos fatos mais interessantes que empolgaram a questão do ensino primário e secundário entre os valencianos, foi o movimento que se fez, em 1870, em torno da mudança do antigo Colégio D. Pedro II, do Rio de Janeiro, para a cidade de Valença. Constava, nessa ocasião, que “o Govêrno projetava transferir para fora da Côrte o atual Colégio Pedro II, e, como Valença se caracterizava pelas suas excelentes condições climatéricas e facilidade de transporte, era, efetivamente, o lugar escolhido para a realização dessa medida governamental”. A Câmara Municipal, em sua sessão de 30 de maio de 1870, por proposta do vereador dr. Luiz Alves dc Souza Lobo, aprovou, unânimemente, um projeto de lei em que o governo municipal de Valença punha à disposição do sr. Ministro do Império um terreno para a construção do prédio, comprometendo-se, ainda, a dispor de todos os meios possíveis em favor da instalação, na cidade, do Colégio Pedro II. Eis a proposta apresentada pelo vereador Souza Lobo:

 

— “Constando que o Govêrno projeta mudar o Colégio Dom Pedro II para fora da Côrte e sendo Valença o lugar mais próprio por suas condições climatéricas e facilidade de transporte, proponho que esta Câmara se dirija ao Exmo. Ministro do Império e lhe ofereça não só o terreno para a edificação do prédio, como todos os meios de que puder dispor para levar a efeito êste projeto”.

 

O ENSINO SECUNDÁRIO E NORMAL

O ensino secundário foi inaugurado em Valença em 1908, por iniciativa dos srs. Vito Pentagna e comdor. Nicolau Pentagna, cujo colégio, instalado à rua Nilo Peçanha, no edifício então pertencente aos herdeiros da Baronesa da Vista Alegre, era dirigido pelos padres Carlos Maria Rossini, Alexandre Carozzi e Leopoldo Gerosa, da Congregação dos Barnabitas, com sede no Rio de Janeiro. Êsse curso, que se compunha de internato e externato, teve curta duração. Foi, apenas, uma tentativa que não logrou êxito em virtude da falta de regular número de alunos com que se pudesse manter.

 

Colégio Valenciano São José - Foto de 1952

 

Em 19 de agôsto de 1912, o comendador Antônio Jannuzzi adquiria a antiga chácara onde, atualmente, se acha instalado o Ginásio Valenciano S. José, em cujo prédio aquêle construtor empregara, em melhoramentos, cêrca de CrS 73.000,00, doando-o, em seguida, à Sociedade Igreja Presbiteriana de Valença, que ali instalou, em 5 de fevereiro de 1913, o curso secundário “Ateneu Valenciano”, diri­gido pelo professor Constâncio Homero Omegna. Mas, como o colégio ficava distante do centro urbano, dificultando assim o transporte dos alunos, o construtor Jannuzzi fazia doação, àquela Sociedade, do seu palacete “Vila Adélia”, antigo solar do Visconde do Rio Prêto, atual “Lar José Fonseca”, por êle adquirido à viúva José Joaquim Faceira, pela importância de Cr$ 11.000,00, para nêle funcionar o referido “Ateneu Valenciano”, Sua existência foi de pouca duração.

 

Mais tarde, com a compra feita, em 1924, pelo coronel Manoel Joaquim Cardoso, da antiga chácara do “Ateneu Valenciano” à Sociedade Igreja Presbiteriana de Valença”, tanto o edifício como as terras foram por êle doados, por escritura pública, à Mitra Diocesana, com a cláusula que marcava o prazo de dois anos, em que deveria a Diocese de Valença fundar um estabelecimento de ensino secundário, sob pena de reverter o imóvel à propriedade do doador ou de seus descendentes. D. André Arcoverde, então bispo diocesano, não vacilou: assumiu o encargo sòzinho, depois de baldados seus esforços na procura de quem quisesse tomar a responsabilidade de fundar o curso ginasial. Um ano e meio de diligências infrutíferas. Nada o desanimava. Ao contrário, lutou, com entusiasmo, vencendo, por fim.

 

Seu primeiro diretor. D. André instalou o Ginásio Diocesano S. José, inaugurando suas aulas em 7 de julho de 1927, com um pequeno grupo de alunos internos, todos gratuitos, aos quais não cobrava também a pensão. Era preciso iniciar o curso de qualquer maneira, para evitar prejuízo à Diocese, qual seja o de perder aquêle patrimônio.

 

A inauguração do ginásio, exclusivamente para meninos, com internato e externato, foi, sem dúvida, um acontecimento de marcante repercussão social. Pela manhã, missa campal, presentes as autoridades locais e grande número de pessoas. Em nome da cidade, usou da palavra o jornalista Leoni Iório, prestando homenagem ao grande benfeitor D. André Arcoverde, por sua contribuição patriótica à terra valenciana.

 

Em 1928, realizaram-se os primeiros exames de admissão ao ginásio, então sob fiscalização federal, do fiscal dr. Antônio da Costa Carvalho, nomeado pelo govêrno. Para efeito de inspeção preliminar, foi, em 4 de agôsto do mesmo ano, assinado, no gabinete do prefeito municipal, contrato de municipalização, de acôrdo com a deliberação N. 486, de 17 de julho de 1928, nos têrmos do capítulo 10o, do Decreto-lei federal N. 16.782-A, de 13 de janeiro de 1925, passando o estabelecimento a denominar-se “Ginásio Municipal Valenciano São José”. Por portaria de 13 de setembro de 1928, do Diretor do Departamento Nacional do Ensino, foi o sr. José Leoni Iório nomeado inspetor federal do ensino junto ao ginásio. Por deliberação estadual, de 31 de março de 1929, o govêrno fluminense equiparava o ginásio às Escolas Normais do Estado (secção feminina).

 

O regime de inspeção preliminar durou apenas dois anos, passando, graças à reforma Francisco Campos, em 1931, ao regime de inspeção permanente, sendo nomeado fiscal o sr. Luiz Moliterno.

 

O ginásio, durante o regime de inspeção preliminar, esteve sob a direção técnica dos padres Agostinianos Congregados, do Escurial, na Espanha.

 

Atualmente, sob a direção do padre Tomaz Tejerine, o colégio está passando por grandes reformas, graças aos seus esforços e à boa vontade de alguns capitalistas locais. Espera-se que, dentro em pouco, seja o ginásio enriquecido de novos melhoramentos.

 

D. André Arcoverde também via com elevado carinho a necessidade de dotar Valença de uma escola normal, e, com o mesmo entusiasmo de sempre. promoveu, em 1928, a inauguração de um curso normal, ocupando, para início de suas aulas, a secretaria do Palácio Episcopal, e, por fim, os seus próprios aposentos. No govêrno de Manuel Duarte, nêsse mesmo ano, o 1o Bispo de Valença cogitou da equiparação do Curso, o que, em virtude da exigência do prazo de dois anos de exercício para a equiparação de cursos particulares, só o conseguiu requerendo a equiparação do Ginásio Valenciano S. José às Escolas Normais do Estado. As aulas, porém, do curso normal continuaram no Palácio, cujo salão nobre fôra transformado em sala de aulas.

 

Progredia o ensino normal com o funcionamento dos 1o , 2o e 3o anos, e não havendo mais espaço no edifício, D. André Arcoverde transferiu o Curso para o palacete que pertencêra ao Visconde do Rio Prêto, pagando, por aluguel, Cr$ 500,00 mensais.

 

O benemérito comendador José Fonseca, considerando as dificuldades com que o Bispo lutava para manter o Curso Normal, doou o seu prédio, sito à rua Silveira Vargas, como contribuição ao ensino em Valença. Mais tarde, com o auxílio, sempre generoso, dos capitalistas locais, como Manoel Ferreira Guimarães e família Pentagna, foi adquirido o prédio à Praça D. Pedro II, de propriedade do sr. Francisco Ielpo, instalando aí, definitivamente, o Curso Normal Manuel Duarte, nome dado ao estabelecimento em homenagem ao então presidente do Estado do Rio, que muito se interessou pela equiparação, em 1939, do referido curso. Foi seu primeiro fiscal estadual o dr. Osvaldo Augusto Terra, que servia gratuitamente, devolvendo mensalmente à direção da Escola o dinheiro que recebia do govêrno pelos seus serviços.

 

Em 1936, a direção da Escola Normal passava às mãos das religiosas da Congregação do Sacre Coeur. Em 1o de setembro de 1940 começaram a funcionar as 1a  e 2a  séries ginasiais e mais o 4o ano normal.

 

No intuito de tornar a escola mais ampla e adaptável ao curso ginasial, dado o grande número de candidatas aos cursos, a atual direção adquiriu uma larga área de terrenos adjacentes para construção de novos departamentos que permitirão maior número de alunas internas.

 

Era pensamento da Congregação transformar a Escola Normal em Escola de Professoras, para o que, em setembro de 1940, foi dado inicio à construção de um dos departamentos com cinco salas destinadas às aulas. Além disso, foram adquiridos outros prédios circunvizinhos, indispensáveis às exigências do grande plano, elaborado para a instalação definitiva do Colégio Sagrado Coração de Jesus, atualmente sob a direção das religiosas da Congregação da Divina Providência.

 

Pelo decreto municipal N. 6, de 1o de setembro de 1952, o prefeito de Marquês de Valença, dr. Luiz de Almeida Pinto, criou um ginásio gratuito, exclusivamente destinado aos meninos pobres do município. Ao ginásio foi dado, oficialmente, pelo mesmo decreto, o nome de “Ginásio Municipal Teodorico Fonseca”. O terreno para a sua instalação, foi doado pelo construtor engenheiro Luiz Gioseffi Jannuzzi, tendo a Prefeitura levantado um empréstimo de Cr$2.000.000,00 para a construção do respectivo edifício, no bairro de Lourdes, antigo morro do Manduca.

 

CURSO COMERCIAL

A Escola Técnica de Comércio “Cândido Mendes” foi fundada em janeiro de 1943, anexa ao Ginásio Valenciano S. José, cujas primeiras aulas do curso de Admissão, tiveram lugar na residência do prof. Mário Nogueira Filho, realizando-se as provas no Ginásio, perante o Inspetor Geral do Ensino Comercial no Brasil. Foram aprovados 26 alunos, dos quais, apenas 5 se inscreveram no curso Comercial Básico, prosseguindo no curso Técnico de Contabilidade, ambos fundados nêsse mesmo ano, graças ao apôio e cooperação da Associação Comercial de Valença, em cujo edifício funciona a referida Escola. Os cinco alunos que passaram para o curso básico, concluindo o curso técnico de Contabilidade foram: Alcides André Pereira, Cristiano Alves Riccio, José Maria Valadares, Ubirajara da Silva Araujo e Walter Braga de Souza. A atual diretoria da escola é composta dos cidadãos: dr. José Garcia Lopes, Floriano Pellegrini e Mário Nogueira Filho.

 

BIBLIOTECAS

Biblioteca D. Pedro II — Valença sempre se interessou pelos livros. Em 1855 fundou-se, na então vila de Valença, a “Sociedade de Leitura, Recreio e Instrução”, a qual se propunha, pelos seus estatutos, a ter obras em português e em francês, destinadas, exclusivamente, aos seus associados contribuintes. Seu tempo de duração era limitado a dois anos. Foi seu presidente-diretor Alexandre Duarte de Lacerda.  

Na sessão da Câmara Municipal, de 24 de outubro de 1872, foi lido um ofício do govêrno da Província do Rio de Janeiro, pedindo informações sôbre se existia, no edifício da Câmara, uma sala com capacidade necessária à instalação de uma biblioteca. A Câmara informou afirmativamente, remetendo orçamento para a sua organização. Em 23 de março de 1873, a Câmara foi informada de que o govêrno lhe estava remetendo a importância de Cr$ 300,00 para o preparo da sala, e Cr$ 500,00 para a compra de livros. Em 16 de julho do mesmo ano, a Diretoria de Instrução Pública da Província comunicava acharem-se prontos os livros destinados à biblioteca municipal. Na sessão de 20 de abril de 1874, foi aprovada uma proposta do vereador dr. José de Resende Teixeira Guimarães, para que se instalasse a biblioteca e fosse nomeado bibliotecário o então secretário da Câmara, com a gratificação de Cr$ 400,00 mensais. A instalação da biblioteca, com a denominação de “Biblioteca Municipal D. PedroII” (deliberação municipal n.0 436, de 12-12-1 873), teve lugar no dia 5 de maio de 1874, quando foi franqueada ao público.  

Nas sessões da Câmara, em 14 de agôsto do mesmo ano, foi aprovada uma proposta do vereador dr. Manoel Benício Fontenelle, para que fosse nomeada uma comissão que se incumbiria de promover um movimento em prol da aquisição de maior quantidade de livros. Essa Comissão era constituída dos srs. Manoel B. Fontenelle e José Francisco de Araujo Silva, auxiliados pelos drs. Raimundo Furtado de A. Cavalcanti, então juiz de Direito da Comarca e Carlos de Oliveira Figueiredo. A quantia angariada atingiu a Cr$ 10.725.00.  

Em 1879, João Carlos Corrêa da Silva e Sá organizou um catálogo das obras existentes, fazendo-o, também, em 1895, o bacharel Dario Furtado de Mendonça.  

O Instituto Nacional do Livro, dependência do Ministério da Educação e Saúde, onde a biblioteca se acha registrada sob o N. 140, vem, desde 1941, fazendo-lhe remessas periódicas de livros de variados assuntos, enriquecendo, dêste modo, o patrimônio cultural da cidade.  

Possui atualmente, a biblioteca, mais de 5.000 volumes, muitos já catalogados. Entre as obras existentes, destacam-se: a coleção completa da Revue des deux mondes, com 330 volumes, que pertenceu a Guizot e que foi arrematada, em Paris, e depois oferecida à Câmara Municipal de Valença pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, dr. Carlos Augusto de Oliveira Figueiredo; coleção de Autores Latinos, com 27 volumes: Dicionário Larousse, 15 volumes; obras completas de Voltaire; Enciclopédia e Dicionário Internacional, 20 volumes; Revista de Cultura, 33 volumes; Cartas Chilenas; o Panorarna; a Ilustração Francesa; os Anais do Parlamento; Obras de Camões, 6 volumes; de Castilho, 14 volumes; de Camilo Castelo Branco, 25 volumes; de Alexandre Dumas, 29 volumes; de Garret, com 21 volumes; de Filinto Elísio, 16 volumes; de George Sand, 10 volumes; de Machado de Assis; de Daloz (Jurisprudence Generale), 75 volumes; Memórias Históricas do Rio de Janeiro, 8 volumes; Vitor Hugo, 10 volumes; Histoire de Consulat et L’Empire, 21 volumes; Histoire de la Revolution Francaise, 10 volumes; História Universal, de Cantu, 12 volumes; História de Portugal, de Pinheiro Chagas, 8 volumes; Revista do Instituto Histórico, 3 volumes; Missal (Missa de Requiem), precioso trabalho de arte, de Estêvão Gonçalves, avaliado em Cr$ 5.000,00, com um estudo feito por José Feliciano Castilho, além de muitas obras de assuntos gerais.

 

Biblioteca Popular José Fonseca — Por iniciativa do comendador José Fonseca, a cidade foi enriquecida com um edifício de três pavimentos, um dos quais se destina à instalação de uma grande bi­blioteca popular que recebeu o nome do seu patrono.

 

JORNAIS DE VALENÇA

Fac-simile do “O Valenciano”, o primeiro jornal que surgia na Vila de Valença, em 1832.  

 

Foi, no comêço de 1832, que a “Sociedade Defensora da Liberdade e Independência”, da Vila de Valença, fundou “O Valenciano”, jornal de formato pequeno (0,22 x 0,33), um dos mais antigos do pais. 

 

Era orientado pelo Marquês de Valença e pelo Visconde de Baependi e também pelo grande Evaristo da Veiga, amigo da terra valenciana e seu representante no Rio, em cujo escritório se tomavam assinaturas. Era seu secretário o comendador José da Silveira Vargas. Muito fez êsse jornal, em dois anos apenas de existência, em favor do progresso da antiga vila de Valença, pois, a Sociedade, no art. 2o, cap. 1, dos seus estatutos, assim se definia:  

 

“seos fins serão: sustentar por todos os meios legaes a Liberdade e Independência Nacional, auxiliando a ação das Autoridades Publicas, todas as vezes que se faça mistér a bem da ordem e tranquilidade publicas, usando do direito de petição para as medidas que não estiverem ao seo alcance e ainda quando se julguem necessarias medidas maiores, reclamando-as somente por meios legaes: promover a Agricultura, principal riqueza deste Termo; a Instrucção Publica, principal fundamento do Edifício Social, a Industria e Artes, bases da Felicidade Nacional”.  

Em 1834. apareceu “A Sentinela Valenciana”, dirigido por Anastácio Leite Ribeiro e Silveira Vargas. Em 1862, “O Merrimac”, impresso em prelo de madeira e dirigido pelos padres Joaquim de Paula Vasconcelos e Luiz Alves dos Santos, e João Rufino Furtado de Mendonça. Às campanhas désse jornal se deve a organizacáo da antiga Estrada de Ferro União Valenciana. Em 1864 registrou-se o aparecimento de outro semanário — “O Valenciano”, dirigido por João Rufino Furtado de Mendonça, e substituido, ao fim de um ano, pelo “A Phoenix”. sob a mesma direção. Em 1868, aparecia “O Alagoas” , dirigido pelo padre Joaquim de Paula Vasconcelos. Em 1871, publicava-se “O Regenerado”, de propriedade de Custódio Antônio da Silva. Em 1875, o “Echo Valenciano”, dirigido por Argerniro Castrioto da Fonscca. Vieram em 1876 “O Porvir” e “A Glória”, ambos de vida efêmera. Em 1881, O Phonographo”. dirigido por Guilherma Lopes. “O Tempo”, por Joaquim Cândido de Oliveira, em 1882. “A Gazeta de Valença”, por Custódio Antônio da Silva, em 1883. Em 1884, “O Conterrâneo”, de grande formato, dirigido por João Rodrigues Guião, o qual manteve agitada campanha com o seu colega “Gazeta de Valença”. Em 1887, reaparecia “O Valenciano”, com excelente colaboração, tendo à frente o dr. Lúcio dc Mendonça, então advogado em Valença, e outros. Em 1889, João Rodrigues Guião fundava o “Amigo do Povo”, órgão de propaganda republicana. Em comemoração à data de 14 de julho, apresentou-se êsse jornal com as três côres da bandeira francesa e com farta colaboração especial, destacando-se os artigos dos republicanos Joaquim Saldanha Marinho, o “chefe da Democracia” e amigo de Valença, e Lúcio de Mendonça, bem como de outras penas brilhantes. Batendo-se com denôdo pela causa republicana, o jornal empolgou a sociedade valenciana, não receiando ameaças, violências e ataques.

 

Em 1o de maio de 1893, aparece o “Primeiro de Maio”. órgão destinado a comemorar a grande data universal do Trabalho e suas edições eram vendidas em benefício da Santa Casa. Ainda, nêsse mesmo ano, “A Atualidade”, sob a direção de Custódio Antônio da Silva.

 

Em 1901, aparece o primeiro número do “Correio de Valença”, semanário de propriedade de Frederico de la Vega e dirigido pelo dr. Teodorico da Fonseca. A princípio não tinha côr política. Foi o jornal de maior existência que tem tido o município. Pela sua direção passaram Manoel da Rosa Garcia Junior, José Damasceno da Silveira Ferreira. Glicério de Almeida, Reinaldo Medeiros, Euticiano Ramos, Nicolau de Moura Neves e, por fim, Leoni Iório, que o dirigiu até 1927.

 

Em 1902, vem à luz da publicidade, na vila de Santa Izabel do Rio Prêto, “O Izabelense”, sob a direção de Dolfando Ferraz. Em Valença, no mesmo ano, aparece “O Santo Oficio”, de propriedade de uma associação. Em 1906, surgia o primeiro número de “A Comarca de Valença”, dirigido por Dario Furtado de Mendonça. Êsse semanário fez época nas lutas partidárias locais. Teve como seu auxiliar David Alves dos Santos e Manoel da Silva Gaspar, que foi, em 1950, diretor geral dos Correios e Telégrafos, como seu colaborador, cuja pena brilhante vem, ultimamente, atuando em vários jornais do Rio. Em 1909, o jornal de propaganda espírita “Aurora’, dirigido por Garcia Junior e Hermano Bruner. Nêsse mesmo ano, fundava-se “O Operário”, dirigido por David Alves dos Santos e Luiz Vieira Ferreira. Em 1910, “A Verdade”, de propaganda espírita, dirigido por Manoel Antônio Pinheiro Fernandes, Hermano Bruner e Américo Antônio de Oliveira. Em 1911, vem o “Amor à Arte”, o menor jornal da cidade, dirigido por Luiz Vieira Ferreira. Ainda, nêsse mesmo ano, ressurge O Valenciano”, de propriedade de David Alves dos Santos & Cia., tendo como redator Hermano Bruner. Em 1913, reaparece o “Aurora”, de propriedade do Centro Espírita de Valença, sob a direção de Raul Giesta. Ainda, em 1913, “O Colegial”, por Alfeu Machado e Agnelo de Oliveira; e “O Lutador”. órgão do Partido Republicano Conservador, dirigido por Dario da Paz Freire. Em 1914, “A Tribuna”, semanário dirigido por Hiram de Almeida Kirk. Em 1915, Leni Iório funda “O Lynce”, jornal de pequeno formato, que fez época com suas charges. Vem, em 1916, “O Prelúdio”, de Antônio Rodrigues e Raul de Moura Neves; “O Juvenil”, de J. Godinho; e “O Colibri”, dirigido por Maria José Pentagna, Zélia Lisboa e Eceltina Lopes. Em 1917, sob a direção de Raul Giesta, “A Evolução”, de grande formato. Em 1919, surgem os jornais “O Parnaso”, por Sebastião Vieira; “Phoenix”, pelos alunos do antigo Ateneu Valenciano, e “O Condor”, dirigido por Sebastiáo Vieira. Em 1921, Amauni Castro fundava “O Destemido”. Em 1923, na vila de Santa Izabel do Rio Prêto, editava-se a “Gazeta Izabelense”, dirigida por lsmar Tavares e Alvaro Braga, tendo como gerente Adolfo Loesck Junior; “O Izabelense”, “O Santa Izabei”, “O Colibrí”, “O Papagaio”, “O Pirilampo” e o “Candieiro” foram pequenos jornais publicados em Santa Izabel do Rio Prêto.  

 

Em 15 de agôsto de 1928, sob a direção de Leoni Iório, apareceu “Valença”, jornal de grande formato, o qual era impresso nas antigas oficinas d’“O País”, do Rio. Êsse jornal, que teve vida curta, era vendido na estação das barcas, em Niterói. Foi o maior jornal que apareceu em Valença. Em janeiro de 1929, mais uma vez tenta o jornalista Leoní Iório manter uma, imprensa digna das tradições valencianas, fundando Jornal de Valença”, órgáo noticioso, tendo como gerente João José Cosati. Êsse jornal manteve-se até meiados de 1946. Em 5 de agôsto de 1934, sob a direção do ginasiano José Pinheiro Fernandes, apareceu “O Ginasial”, de pequeno formato, com finalidades culturais, o qual em 1935, ressurge com o novo titulo “Cultura”, sob a mesma direção. Em dezembro de 1934, Floriano Mendes funda a pequena revista mensal “Gurya”. Em janeiro de 1935, sob a direção de Lindolfo Martins, ressurge “Gazeta de Valença”, que durou pouco tempo. Esse mesmo jornal reaparece, em 1915, sob a direção de Nilo Borges Graciosa.  

 

Circulam, atualmente, na cidade de Marquês de Valença, “O Valenciano”, de David Alves dos Santos, com oficinas próprias; “Gazeta de Valença”. de A. Castro e A. Magalhães; “Cultura”, sob a orientação da diretoria do Ginásio Municipal Valenciano São José e o “Circulista”, do Circulo Operário de Marquês de Valença, fundado em 1946. Na vila de Santa Izabel do Rio Prêto, desde 15 de novembro de 1946, vem circulando “O Clarim”, dirigido pelo dr. Atanagildo Leite Ferraz. Em 1947, os alunos da Escola Técnica de Comércio” Cândido Mendes” fundaram “O Mercúrio”, tendo como diretores Ubirajara S. Araujo e Cristiano A. Ríccio; “Os Coroados” (boletim interno), fundado, em 1950, pelo dr. Durval Passos de Meio: e “Jornal de Valença” (4a fase) que reaparece, em 1952, sob a direção do sr. Floriano Pellegrini, presidente da Associação Comercial de Valença.

 

RÁDIO-DIFUSÃO E RÁDIO-AMADOR

Em 24 de julho de 1948, inaugurou-se a “Rádio Clube de Valcnça” (ZYM-7), da Sociedade Rádio Clube de Valença, Ltda., cujo capital inicial era de Cr$ 120.000,00.  

 

Instalada a emissora, à rua Nilo Peçanha, 572, todo seu material é da “Sociedade Técnica Paulista”, apresentando as seguintes características: potência — 100 watts; frequência — 1.570 quilociclos e 191,7 metros.  

 

O auditório tem capacidade para cem pessoas. A sua discoteca, ao ser inaugurada a emissora, possuía 800 discos de música de classe e 1.253 de música popular.  

 

Em ondas curtas, acham-se em funcionamento as estações de rádio-amador, de propriedade do dr. Savério Vito Pentagna e de Custódio Rabelo Gonçalves.

 

ACADEMIA VALENCIANA DE LETRAS

Em 1949, a Rádio Clube de Valença fazia, semanalmente, um programa intitulado “mesa redonda”, onde se debatiam todos os problemas de interêsse da cidade de Marquês de Valença. Dai, o haver surgido a idéia da fundação da Academia Valenciana de Letras, sugestão apresentada pelo ouvinte sr. Arnaldo Pinheiro Bittencount (*) em carta dirigida ao sr. Geraldo Jannuzzi, que a leu naquêle programa.

(*) Falecido em 1952.

 

A idéia tornou-se vitoriosa com a fundação, em 14 de novembro dc 1949, da Academia Valenciana de Letras, cujo presidente de honra é D. Rodolfo Pena, bispo diocesano e seu patrono — o comdor. José Siqueira Silva da Fonseca. Foram seus fundadores: drs. Arnaldo Pinheiro Bittencourt, Durval Passos de MeIo, Osvaldo da Cunha Fonseca, Floriano Sobral Leite Pinto, João Fausto Magalhães, Antônio Siqueira, Carlos Luiz Jannuzzi, Franklin Silva Araujo, Osmar Carvalho Silva, Angelo Bittencourt. Vitor Bezerra e Manoel Souza Gomes, padres Natanael Alcântara e Francisco de Luna, Geraldo Jannuzzi, Nabor Fernandes, João José Cosati e prof.  Izabel Matos Costa.  

 

Eis a sua atual diretoria: 

dr. Osvaldo da Cunha Fonseca — presidente; 

dr. João Fausto de Magalhães — vice-presidente; 

dr. Franklin Silva Araujo — 1o secretário; 

Geraldo Jannuzzi — 2o secretário; 

dr. Hamilton Ramos tesoureiro 

João José Cosati — bibliotecário,

 

Atualmente, são os seguintes os acadêmicos:

Na classe das letras: João Fausto de Magalhães (patrono Pe. Júlio Maria); Franklin Silva Araujo (p. Alcindo Guanabara); Antônio Augusto de Siqueira (p. Alberto de Oliveira); Floriano Sobral Leite Pinto (p. Rui Barbosa); Vitor Bezerra (p. Alexandre de Gusmão) ; Nabor Fernandes (p. Casemiro de Abreu); Durval Passos de Mello (p. Fagundes Vareia) ; Pe. Francisco de Luna (p. D. Pedro Maria de Lacerda); Pe. Natanael de Veras Alcântara (p. Dom Frei Vital Maria); Pe. José Albuquerque (p. Domingos Albuquerque); Oscar de Carvalho Silva (p. José do Patrocínio); Alberto Furtado Portugal (p. Euclides da Cunha); Luiz Carlos da Costa Carvalho (p. Olavo Bilac); Mário Lopes Domingues (p. Alberto Tôrres); Arnaldo Nunes (p. Hermano Brunet); D. André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (p. Dom Silvério Gomes Pimenta) ; Desembargador Vieira Ferreira (p. padre João Batista Soares de Meireles) e Floriano Peixoto Tôrres Homem (p. Francisco de SaIes Tôrres Homem, Visconde de Inhomirim).

 

Na classe das ciências: Geraldo Jannuzzi (p. Carlos de Laet); Osvaldo da Cunha Fonseca (p. Saldanha da Gama); Luiz de Almeida Pinto (p. Fernando de Magalhães); Carlos Luiz Jannuzzi (p. Álvaro Alvim); Hamilton Ramos (p. Miguel Couto); Arnaldo Medeiros da Fonseca (p. Augusto Teixeira de Freitas) e Luiz Gioseffi Jannuzzi (p. Irineu Evangelista de Souza).

 

Na classe das artes: João José Cosati (p. José Joaquim Veloso Guimarães) Agnelo Franca (p. Alberto Nepomuceno); D. Rosita Antunes Fonseca (p. Carlos Gemes) e Silvio Jannuzzi (p. ainda não escoIhido) .

 

As cadeiras são: 22 para Letras; 12 para Ciências e 6 para Artes.

 

ESCOTEIRISMO

O escoteirismo em Marquês de Valença data de 1923, quando seu incentivador, João de Castro Lopes, fundava, na sede municipal, a Guarda Municipal, de que foi comandante. Tratou, imediatamente, de reunir elementos para a organização de uma associação de escoteiros, ficando constituída a sua primeira diretoria dos seguintes cidadãos: 

 

Padre Antônio Corrêa Lima - presidente; 

José Leoni Iório - secretário; 

Francisco Ielpo - tesoureiro;

João de Castro Lopes - instrutor.

 

O “Grupo de Escoteiros de Valença” era constituído de jovens entusiastas que tinham o apôio da sociedade valenciana. Suas atividades tiveram existência efêmera.

 

Mais tarde, Vicente Aléssio põe-se em campo e promove o reaparecimento do escoteirismo em Marquês de Valença, dando instrução a elevado número de jovens. Até 1934, a tropa se abrigava num pequeno barracão coberto de sapé, fazendo dêle a sua sala de instruções. Em 1935, o dr. Adalberto Lóssio, engenheiro da Central do Brasil, outro grande animador do escoteirismo em Marquês de Valença, dá o seu apôio valioso àquela organização que, mais tarde, passaria a denominar-se “Associação dos Escoteiros de Valença”.

 

                 

                           Diretoria do “Grupo de Escoteiros de Valença" - 1923 - componentes da diretoria da >

                         esquerda para a direita: Leoni Iório, Castro Lopes, Pe. Antonio Lima e Francisco Ielpo

Uma nova fase inaugura-se com o concurso direto do dr. Adalberto Lóssio que, junto à diretoria da E . F. Central do Brasil, conseguiu material de equipamento, tornando a tropa uma das mais bem organizadas em todo o Estado do Rio. Com o progresso dessa tropa, soleniza-se, oficialmente, em 19 de novembro de 1939, a fundação da “Associação dos Escoteiros de Valença”, aprovados seus estatutos, que foram registrados em 1940. Nêsse mesmo ano levas-se a efeito uma excursão a Niterói, onde se realizou o ajuri. Em 19 de julho de 1942, a Associação foi transferida para a Central do Brasil, incorporando-se aos escoteiros ferroviários, com a denominação de “Associação dos Escoteiros Ferroviários Mário Castilho”, cujo instrutor, Jerônimo Freitas Cosati, muito se esforçou pela sua organização técnica.

 

Em 1940, fundou-se, na Associação Balbina Fonseca”, a “Associação dos Escoteiros José Fonseca”, cuja tropa é constituida dos meninos do “Lar José Fonseca’. No dia 16 de dezembro de 1941, fizeram os escoteiros do “Lar José Fonseca” memorável excursão, indo em visita ao Chefe da Nação dr. Getúlio Vargas — e ao interventor federal no Estado do Rio — comandante Amaral Peixoto —excursionando, ainda, até à cidade de São João  d´EI-Rei, terra natal da senhora Balbina Mourão da Fonseca, inspiradora da Associação que lhe tem o nome. Ministra à referida tropa instrução técnica Jacy AI­mada Amorim.

 

Na vila Barão de Juparanã, o escoteirismo é ministrado aos meninos do “Asilo Agrícola Santa lzabel”.

              

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