Valença
de Ontem e de Hoje
Tema musical ao fundo: "Romance Para Violino e Orquestra" Parte 1
Com James Last & Orchestra
CAPÍTULO 6
ASPECTOS GERAIS
MUNICÍPIO DE MARQUÊS DE VALENÇA
(1823-1952)
Município de Valença – sua Criação e Instalação
Marquês de Valença - a nova denominação
Rios,
Ribeirões, Quedas d’água e Açudes
O Município de Valença foi criado por decisão
Imperial de 17 de outubro de 1823 e sua instalação teve lugar a 12 de novembro
de 1826, com a inauguração dos pelouros e posse das autoridades da Vila, pelo
Ouvidor da Comarca do Rio de Janeiro, Antônio Pereira Barreto Pedroso, que
presidiu, até 1829, as sessões da Câmara provisória.
Instalada
a vila de Valença, os primeiros vereadores eleitos da Câmara Municipal, no período
de 1829 a 1832, foram José da Silveira Vargas, João Pinheiro de Souza,
Domingos Martins Pereira, João Crisóstomo de Vargas, Miguel Joaquim
Bernardino, Francisco Antônio de Almeida Gama e José Joaquim da Luz, exercendo
o primeiro a presidência da Câmara.
Surpreendeu
a população valenciana a notícia da mudança da toponímia Valença,
por força do decreto-lei federal N. 3.599 de 6 de setembro de 1941,
que veda a existência, no país, de topônimos iguais. Ora, no Brasil, isto é,
nos Estados do Piauí e da Bahia, haviam municípios com o mesmo topônimo
Valença e, essa denominação só seria mantida em localidade que a possuísse
há mais tempo, como se verificou com o município de Valença, no Estado do
Piauí.
Em memorável conclave, presidido pelo então
prefeito, Dr. Oswaldo da Cunha Fonseca, realizado na sede provisória da
Sociedade Amigos de Valença (“Lar José Fonseca”), na cidade de Valença,
inúmeras indicações toponímicas foram propostas, destacando-se “Valência”,
“Valenciânia”, “Valencianópolis”, “Valença do Sul” etc., tendo,
por fim, o plenário decidido pelo topônimo
Valenciânia, um dos indicados pelo
extinto historiador fluminense José Matoso Maia Forte, então presidente da
Comissão de Divisão Administrativa do Estado do Rio de Janeiro.
Mas,
o “Jornal de Valença” coerente com as tradições históricas do município,
auscultando a opinião publica, em sua edição de 28 de novembro de 1943, e
considerando inexpressiva a toponímia “Valenciânia”,
inaugurou entusiástica
campanha em favor do novo topônimo Marquês
de Valença, indicado pelo seu então diretor José Leoni Iório, com o
fim de ser mantida, em sua origem, a
tradição, e inalterada a palavra “Valença”.
A indicação do topônimo Marquês
de Valença (*)
despertou em todo o município, certo interesse cívico, em face de sua evocação
histórica, que recorda o titular do Império, então Conde e, depois, Marquês
de Valença, que, em seu palacete, na antiga vila de Valença, recebera
festivamente por duas vezes, D. Pedro II; que fundara, no município as
primeiras fazendas de café, destacando-se a de “Coroas”;
que
fora, na política da lndependência, “um dos seus mais extrênuos campeões”
que fora o Ministro de todas as repartições no governo de D. Pedro I; que, por
amor à terra valenciana, elevara Valença a invejável situação de prestígio
junto à Côrte - não podia, pois, ser olvidado pelos valencianos que o
desejavam perpetuado no nome de Valença - nome que é passado histórico
“por
ser esse o da
casa
solarenga da estirpe do vice-rei de Portugal, por ordem de Luiz de Vasconcelos,
a lança lusitana dispersou mil e quatrocentos índios, dando à terra nascente
o nome de Valença”.
(*)
- Em homenagem ao Vice-Rei D. Fernando JJosé de Portugal e Castro, da casa dos
Marqueses de Valença, mais tarde – Marquês de Aguiar.
Datada
de 1 de dezembro da 1943, o saudoso, historiador fluminense José
Matoso
Maia Forte, quando presidente da Comissão de Divisão Administrativa do Estado
do Rio, escrevera ao diretor do “Jornal de Valença” a seguinte carta:
“Meu
caro Sr. Leoni lório. Meus cordiais cumprimentos. Li o seu artigo publicado a
28 de novembro findo, no “Jornal de Valença”, e o aplaudo sem reservas.
Ocorre-me, porém dizer-lhe que sugeri o topônimo Valenciânia’’ - para
manter,
tanto quanto possível, a tradição do nome, aproximadamente, uma vez que, em
virtude da lei então vigente, o novo topônimo não podia ser de mais de uma
palavra. Assim foram propostos esse e os topônimos de outras vilas, os quais
foram
aprovados pelo Conselho Nacional de Geografia, em consulta prévia.
Posteriormente,
veio um decreto-lei, permitindo o restabelecimento de nomes antigos, desde que não
fossem de mais de três palavras. Não era possível propor “Marquês de Valença”,
porque era certo que a cidade não tivera este nome. Além disso, em virtude do
prazo, o quadro já estava pronto.
Notamos, entretanto, que o Conselho, irredutível
no caso de nomes repetidos, facilitava além do restabelecimento do nome antigo,
a adição de outro que permitisse a conservação do atual. Por isso, com o
acordo da Comissão, pedi ao Sr. Dr. Hermes Cunha, que se comunicasse com o
Prefeito de Valença e sugerisse a este telegrafar ao Conselho, no sentido de
ser adotado para Valença o novo topônimo lembrado – “Marquês de Valença”.
Se o Conselho concordar, pois, com essa alteração, o meu amigo e os
valencianos serão satisfeitos nos seus justos desejos.
E a Comissão está, igualmente, pela alteração
indicada. Creia-me ser sempre seu
Admor.
e Obgdo. (a.) – José Matoso Maia
Forte”.
E, assim, segundo as normas da lei federal N.
311, de 2 de março de 1938, por força do decreto lei federal N. 3599, de 6 de
setembro de 1941 e, em face do que dispõe o decreto-lei estadual N. 1056, de 31
de dezembro de 1943, passou o município de Valença, em 1 de janeiro de 1944, a
denominar-se Marquês de Valença.
Os
antigos limites eram, de acordo com o decreto N. 230, de 6 de abril de 1841, os
seguintes: “o antigo município e freguesia de Valença e o município de
Paraíba
do Sul tiveram por divisas, a começar da margem esquerda do rio Paraíba, o
rumo
divisório da fazenda de Ubá, do falecido barão do mesmo titulo, com as
fazendas
da Boa Vista, do finado comendador
Manoel Joaquim de Azevedo e outros, até encontrar a linha de fundo da de Santa
Justa, do veador Braz Carneiro
Bellens; e pela dita linha seguindo o rumo da mesma fazenda com a de São
Fidélis, de Jacinto Alves Barboza até à margem direita do rio Preto.
Pelo
decreto N.1, de 8 de maio de 1892, ficou o antigo município de Valença com os
seguintes limites: ao norte, o Estado de Minas Gerais, pelo rio Prêto; a leste,
o município de Santa Teresa; ao sul, os municípios de Vassouras e Barra do
Pirai, pelo rio Paraíba e serra das Cruzes;
a oeste, os municípios de Barra do Piraí e Barra Mansa.
Os
limites do município de Valença com o Estado de Minas Gerais, de conformidade
com o decreto-lei N. 1056, de 31 de dezembro de 1943, obedecem à seguinte redação.
“Pelos limites estaduais pelo rio Preto, da foz do ribeirão Patricarca
ao ribeirão das Coroas.
As
atuais divisas intermunicipais são:
Com
o município de Rio das Flôres: (Decreto-lei estadual N. 1056, de 31-12-43,
anexo N. 2) - Começa na confluência do ribeirão das Corôas,
no rio Prêto, segue por este
ribeirão até à sua nascente principal; dai, em reta, até à confluência do
rio Bonito no rio das Flores; sobe
por êste até à confluência do córrego Boa Vista
e, por êste, até à sua nascente principal; deste ponto vai em reta ao
alto do morro situado próximo da primeira passagem de nível da estrada Tabôas-Valença;
daí continua noutra reta que vai até à garganta situada acêrca de 150m da
estrada de rodagem Tabôas-Comércio (Sebastião Lacerda); desce então, pelo
pequeno córrego, aí existente, até à ponte da estrada do Comércio;
segue por esta estrada (antiga
estrada de ferro), até alcançar um córrego próximo a localidade de Comércio,
e deste ponto desce pelo mesmo córrego até a sua confluência no rio Paraíba.
Com
o município de Vassouras: (Decr. Lei estad. N.1056 de 31-12-1943, anexo N. 2)
- Começa na confluência do córrego acimaa referido, na linha de limites dos
municípios de Marques de Valença e Rio das Flores e sobe pelo rio Paraíba
até a confluência do córrego Monte
Alegre.
Com
o município de Barra do Piraí:
Começa
na linha de cumiada da serra do Rio Bonito, divisor das águas do rio Prêto
e das do rio Paraíba e onde confinam
os municípios de Barra do Piraí, Marquês de Valença e Barra Mansa, no ponto
fronteiro e mais próximo da nascente principal do ribeirão Bonsucesso e
segue pela crista do divisor entre os rios Paraíba
e Prêto, passando
pelo ponto de interseção com a linha de cumiada da serra do Barroso,
indo atingir a cumiada da serra das Minhocas,
por ela continua, alcançando o morro denominado Alto da Serra das
Minhocas, de onde ainda pela cumiada da mesma serra e em uma linha reta de
direção aproximada de leste vai atingir um marco existente no divisor de onde
descem as águas para a margem direita do ribeirão das Minhocas,
denominado Serrote de Santa Teresa,
de cujo marco segue pelos serrotes de São Sebastião,
Palmeiras e São João, divisor de águas dos rios das Flôres
e Bonito, continuando pela cumiada da serra do Barreiro, até
alcançar ponto interseção com a linha idêntica da serra do Duboc, onde foi
colocado um marco. Segue pela linha de cumiada da serra do Duboc e desce pela
linha de vertentes do espigão principal desta, até alcançar o rio das Flores,
pelo qual sobe até à sua confluência com o córrego de Santo Antônio;
daí, sobe por este córrego até à sua nascente principal e pelo grotão acima
até alcançar um ponto fronteiro e mais próximo, na linha de cumiada da serra
de São Manuel, divisor entre os rios das Flôres e Paraíba;
acompanha o aludido divisor até um ponto fronteiro e mais próximo da
nascente
principal do córrego Monte Alegre, ganha
a dita nascente e desce esse córrego até à sua confluência com o rio Paraíba.
Com
o município de Barra Mansa –
(Decr.-lei estadual, N. 1056, de 31-12-I943, anexo N.2)
- Começa na linha de
cumiada do divisor de águas dos rios Paraíba
e Prêto, em um ponto fronteiro e mais próximo da nascente principal do
ribeirão Bonsucesso, na serra do Rio
Bonito; continua pelo divisor desta serra e, depois
pelo
espigão que nela tem origem até à confluência do ribeirão Patriarca, no rio
Prêto.
A
largura do Município, entre os rios Paraíba e Prêto,
é de 9 léguas, pelas atuais estradas, e o comprimento, entre os municípios
de Barra Mansa e Vassouras, é de cerca de 18 léguas.
São as seguintes as áreas estimadas para cada distrito de Marquês de Valença (*)
(*) –
Sujeitas a retificações
MARQUÊS DE VALENÇA | 286,780 KM2 |
BARÃO DE JUPARANÃ | 80,000 KM2 |
SANTA IZABEL DO RIO PRÊTO | 262,150 KM2 |
PENTAGNA | 153,000 KM2 |
PARAPEÚNA | 128,950 KM2 |
CONSERVATÓRIA | 320,580 KM2 |
A
situação geográfica do município de Marquês de Valença apresenta as seguintes
características: o Município está situado a N.O. do Estado do Rio de Janeiro,
entre os rios Paraíba e Prêto,
dando-nos as seguintes coordenadas geográficas: 0o 26´ 10´´
e 1o 01´ 00´´ longitude oeste (meridiano do Rio de Janeiro)
e 22o 03´ 40´´, latitude sul em seus extremos.
O
território valenciano é acidentado e muito irrigado. Acha-se, em parte,
situado no vale do Paraíba, apresentando
aí os seus pontos mais baixos. Suas maiores elevações encontram-se nos
divisores de águas dos rios Paraíba e
Prêto, constituídas pelas serras do Rio Bonito
e das Cruzes, e pelos divisores dos rios Prêto
e Bonito - a serra da Taquara. O Município oferece-nos, em
quase sua totalidade, uma série de longas e pequenas serras e serrotes que dão,
em certos pontos, aspectos interessantes e atraentes, como a serra do Barroso,
entre Santa Izabel do Rio Prêto e Pedro Carlos.
No
distrito de Conservatória estão as ramificações da serra da Mantiqueira, as
quais recebem as denominações seguintes: serra das
Minhocas,
serra dos
Velhacos
ou Seabra, destacando-se, nesta última, o pico das Sete Léguas,
na divisa de Pentagna com Parapeúna; serra do
Barrozo,
serra de Ipiabas,
serra do
Barreiro, esta na divisa de Marquês de VaIença
com Parapeúna; serra de
Cantagalo e
serra da Charneco, ambas entre Marquês de Valença, Pentagna
e
Parapeúna.
Uma
das maiores do Município é a serra
do Tunifel,
conhecida pelo nome de Duboc
que começa
nas terras da fazenda “Veneza”, em Santa Izabel do Rio Prêto, e que, em
Pentagna, atinge à altura de 900 ms., para terminar no distrito de Marquês de
Valença.
O
serrote da Boa
Vista confina
com Marquês de Valença: o serrote de Santa
Teresa,
tem início no sítio do Pego, seguindo a direção de Barra do Piraí, em
cujas divisas, ainda, encontram-se os serrotes São Sebastião
e
Palmeiras.
O serrote de
São João corta em grande parte o distrito de
Santa Izabel do Rio Prêto.
No
distrito de Desengano surgem os serrotes da Concórdia,
na divisa com o distrito de Marquês de Valença: de
Santana, da
Bacia
Bonita, também chamado serrote de
Santa
Mônica,
bem como o da
Estrela.
A
serra do Rio Bonito, que faz divisa entre os distritos de Pentagna e Parapeúna,
atinge, na fazenda de “São Domingos”, o seu ponto mais elevado - o pico de São
Domingos,
com cêrca de 1.007 ms.
acima do nível do mar.
A
serra das Coroas faz divisa com o
município de Rio das Flôres.
No
distrito de Pentagna encontram- se os serrotes
Paiolinho e
Vera
Cruz.
A
serra do Mondembo ou Luiz
Velho e o serrote Santa Luzia estão
na divisa de Parapeúna com Pentagna, e outros do menor relêvo constituem os
divisores de águas dos respectivos riachos.
A
serra de Quirino atravessa o povoado
do mesmo nome, no distrito de Barão de Juparanã; os serrotes Santo
Antonio,
São
Manuel
e
Conceição encontram-se nas
divisas do distrito de Marquês de Valença com o distrito de Barão de
Juparanã.
No
distrito de Marquês de Valença surge a imponente serra
Velha
ou dos Mascates, que confronta com a sede municipal, por onde, via
Quirino, os tropeiros de Minas Gerais se dirigiam para a Côrte. Do lado oposto
à serra dos Mascates, é vista, dominando a cidade, ao longe, a ondulante serra
das Cobras,
antigo refúgio dos índios
“Coroados”.
Em
geral, o clima do município de Marquês de Valença, que se recomenda por suas
condições favoráveis à vida humana, é temperado, sêco e salubre,
destacando-se
a sede municipal e as vilas de Conservatória e Pentagna, localidades reputadas
pelos veranistas.
A
fama de salubridade da cidade de Marquês de Valença é atribuída às suas
condições topográficas, assentada como se acha numa larga bacia ligeiramente
ondulante, cercada de serras que a resguardam contra as correntes demasiadamente
frias e úmidas. A vegetação abundante oferece permanente oxigenação do
ambiente urbano e suburbano.
No
verão, a temperatura máxima é de 30o durante o dia, enquanto que,
à tarde, cai sensivelmente para 18o; as noites são agradáveis.
No
inverno, a mínima costuma vir a 8o, e, raramente, a 5o
acima de zero.
O
Município de Marquês de valença não é sujeito a moléstias epidêmicas.
Os
meses de junho, julho e agôsto constituem, no município, o periodo da sêca.
De dezembro a fevereiro caem as chuvas com maior intensidade, sem que, no
entanto, produzam erosões consideráveis ou inundaçôes calamitosas. Não
ocorrem
tempestades de granlzo, geadas ou vendavais.
Damos,
a seguir, o quadro demonstrativo da média pluviométrica (chuvas e estiagem),
registada, em 1947, pelo pluviômetro instalado, no rio das Flôres, próximo à
sede municipal (matadouro público), pelo Ministério da Agricultura:
ALTURA MÉDIA DO RIO DAS FLORES (MS.) | ||||
MESES | ÀS 7 HORAS | ÀS 17 HORAS | ||
MÁXIMA | MÍNIMA | MÁXIMA | MÍNIMA | |
JANEIRO | 3,54 | 0,80 | 3,10 | 0,82 |
FEVEREIRO | 2,84 | 0,84 | 2,80 | 0,86 |
MARÇO | 2,98 | 1,34 | 2,82 | 1,32 |
ABRIL | 1,30 | 1,00 | 1,28 | 1,00 |
MAIO | 1,06 | 0,88 | 1,08 | 0,88 |
JUNHO | 1,02 | 0,84 | 1,00 | 0,84 |
JULHO | 1,16 | 0,78 | 1,16 | 0,78 |
AGOSTO | 1,16 | 0,72 | 1,10 | 0,74 |
SETEMBRO | 1,24 | 0,70 | 1,28 | 0,72 |
OUTUBRO | 1,26 | 0,70 | 1,38 | 0,74 |
NOVEMBRO | 1,28 | 0,68 | 1,30 | 0,70 |
DEZEMBRO | 1,92 | 0,72 | 1,80 | 0,72 |
Com
relação à umidade, verifica-se que a tensão do vapor é igual a 20,0 e a
relativa é de 83,8.
A altitude da sede municipal é de 541 ms, 215 acima do nível do mar.
RIOS,
RIBEIRÕES, QUEDAS D´ÁGUAS E AÇUDES
Rio Prêto:
Ao
norte do município de Marquês de Valença, separando-o, em tôda a sua extensão,
do Estado de Minas Gerais, corre o rio Prêto,
assinalando também a linha divisória entre Marquês de VaIença e os
municípios mineiros de Rio Prêto e Santa Rita do Jacutinga, pelos distritos de
Parapeúna e Santa Izabel do Rio Prêto. O rio Prêto passa pelo
distrito de Pentagna, Parapeúna e Santa Isabel do Rio Prêto,
atingindo ainda as localidades de Eng. Alberto Furtado, Coutinho, Parapeúna,
Fernandes Figueira, Glória, Cel. Cardoso e Santa Clara, no Município.
Rio Paraíba:
O
rio Paraíba constitui a linha divisória entre os municípios de Marquês
de Valença e Vassouras pelos distritos de Barão de Juparanã e Barão de
Vassouras, respectivamente, separando-os a ponte metálica denominada “Barão
de Juparanã” e os distritos de Barão de Juparanã e Sebastião Lacerda
(antiga Comércio), pela ponte metálica de nome “Barão de Vassouras”,
ambas da Central do Brasil.
Rio das Flôres:
O rio das Flôres, constituído de pequenas nascentes, oriundas do sítio da “Cachoeira” e das fazendas de “S. Sebastião” e “Palmeiras” toma aquela denominação, nas terras da fazenda de “S. Jerônimo”, onde suas águas se reunem, distante 3 kms da sede de Ipiabas. O rio das Flôres percorre ainda o território distrital de Marquês de Valença, de cuja sede se distancia mais de 2 quilômetros e deságua no rio Prêto.
Rio
Bonito:
O rio Bonito, nasce no local
denominado “Cavalo Russo”, na serra das Minhocas, no distrito de Conservatória
e corre na direção de sul para léste, banhando as terras de Conservatória,
numa extensão superior a 20 kms. Dentro da sede dêste distrito, o rio Bonito
atravessa os terrenos existentes ao fundo e segue para banhar as terras das
fazendas “Bonsucesso”, “Santa Rosa”, “Boa Esperança”, “São
Marcelo”, “São José”, Glória”, “Santa Rosa” e “Santa
Zelinda”, passando daí a penetrar no distrito de Pentagna, para desembocar no
rio das Flôres. E’ seu afluente, pelo lado direito, o ribeirão dos Indios,
que tem suas origens na serra de “Ipiabas”, nas proximidades da estação de
Paulo de Almeida; êsso ribeirão, com uma extensão superior a 72 kms, banhando
as terras das fazendas de
“São
Lourenço”, “Saudade” e “Florença”, deságua no rio Bonito
nos limites da situação suburbana de Conservatória.
Ribeirão Cantagalo tem suas nascentes na serra fazenda do mesmo nome e deságua no rio Bonito em terras da fazenda de “Santa Zelinda”.
Ribeirão Bonsucesso tem sua nascente principal na serra do “Rio Bonito”, nos limites de Marquês de Valença com Barra do Piraí e Barra Mansa.
Ribeirão Patriarca corre nas divisas de Marquês de VaIença com Barra Mansa e desemboca no rio Prêto.
Ribeirão São Fernando corre pela divisa dos distritos de Santa lzabel do Rio Prêto e Parapeúna e desemboca no rio Prêto.
Ribeirão das Cobras nasce na serra e fazenda de “Cantagalo”, no distrito de Marquês de VaIença, para atingir, depois de pequeno percurso, o distrito de Pentagna. Pelo lado esquerdo, o ribeirão do Prata, nasce na serra do “Barroso”, nas proximidades da estação de Pedro Carlos, numa extensão de cêrca de 6 kms, e atinge as fazendas “Boa Esperança” e “Boa Vista”, onde deságua no rio Bonito.
Ribeirão das Minhocas nasce na serra dos “Velhacos”, na fazenda das “Pedras Negras”, e atravessa as terras da fazenda “Santa Zelinda”, para ir desaguar no rio Bonito, próximo à divisa que separa o distrito de Conservatória do de Pentagna.
Ribeirão dos Rochedos é um sub-afluente do rio Prêto, que divide Conservatória com o Estado de Minas Gerais, numa extensão de cêrca de 5 kms.; nasce na serra do “Barroso”, próximo a estação de Pedro Carlos em sentido oposto ao do ribeirão da Prata; corre através das fazendas do “Paraíso”, “Rochedos” e “São Paulo”, onde deságua no ribeirão São Fernando, afluente do rio Prêto.
Ribeirão da Madalena que é afluente do rio Prêto, tem suas nascentes na serra dos “Velhacos” (“Seabra”) no distrito de Conservatória, e depois de pequeno percurso dentro dêsse distrito segue em direção ao distrito de Parapeúna.
Ribeirão dos Ubás que nasce no distrito de Conservatória, toma a direção sul-norte e percorre o distrito de Parapeúna, para, então, desaguar no rio Prêto.
Ribeirão do Macuco que nasce na serra de “Luiz Velho” (ou “Mondembo”) com os pequenos tributários, segue também a direção sul-norte e, igualmente desemboca no rio Prêto, depois de percorrer o distrito de Parapeúna, constituindo a divisa dêste com o distrito de Pentagna. O ribeirão de Quirino, que nasce no serrote da “Concórdia”, na fazenda do mesmo nome, abaixo da barragem do açude da Concórdia, percorre o distrito de Barão de Juparanã juntando-se-lhe vários pequenos córregos que formam o impropriamente chamado rio Quirino, cujo volume d’água em plena seca, dava para mover a antiga Usina Fluminense, produzindo a fôrça apreciável de 400 H.P. com uma queda de 125 ms., num percurso de cêrca de 1 km. Da barragem da antiga “Reprêsa” até sua foz no rio Paraíba, há aspectos que despertam curiosidade aos observadores: há trechos intransponíveis, tais os acidentes que o terreno apresenta; lugares há em que as águas dêsse ribeirão desaparecem em longo percurso para, de novo, surgir e precipitar-se, bruscamente, a uma altura de 10 ms., causando, a queda, um ruído estranho. Novamente deslisa em leito mais ou menos plano, fazendo alguns poços de espuma leitosa. Aí já há peixes como piáus, bagres, surubís, corvinas e outras variedades vindas do rio Paraíba. Dai por diante, sereno, o Quirino se dirige para o rio Paraíba, através de vasto arvoredo, em terras da fazenda do “Paraíso”, Calcula-se ser o seu percurso de 4 a 5 léguas.
Ribeirão de Santa Mônica nasce no serrote da “Babilônia”, na fazenda de “Santa Mônica”, e é formado pela junção de diversos córregos. Seu percurso é de cêrca de 4 kms. Desemboca no rio Paraíba; em terras da fazenda de “Santa Mônica”, a uns 400 ms. acima da ponte do “Barão de Juparanã”, que liga Vassouras a Marquês de Valença.
Ribeirão dos Macacos que atravessa o 2o distrito, apresenta lindas quedas.
Ribeirão das
Coroas
nasce na serra das “Coroas”, em Pentagna, e desemboca no rio Prêto,
na fazenda das “Coroas”, depois de um percurso de cêrca de 7 kms.; faz
divisa com o município de Rio das Flôres até à sua principal nascente.
Principais córregos:
Córrego Boa Vista, que nasce no serrote de “Ipiabas”, nas fazendas “Veneza” e “Boa Vista” e atravessa as de “S. José”, “Rio Bonito”, onde deságua no rio das Flôres, na divisa do município do Rio das Flôres.
Córrego da Estrêla, que nasce na serra da “Estrêla”, em terras da fazenda do mesmo nome, já foi outrora aproveitado para acionar urna pequena usina e atravessa as fazendas de “Santa Emília”, “Harmonia”, “União” e “Sossêgo”, nestas recebendo águas de vários córregos para formar o riacho S. João, cujo percurso é de 5 kms.
Córrego Marambará, que tem suas nascentes na fazenda da “Pedra Santa”, no distrito de Marquês de Valença, depois de receber águas de varios córregos, dentro do distrito de Barão de Juparanã, é um córrego de longo percurso e deságua no rio Paraíba, a poucos passos da estação de Sebastião Lacerda.
Córrego de São Domingos nasce no serrote do mesmo nome, no distrito de Parapeúna, para, depois de um percurso, de 12 kms., desaguar à margem esquerda do rio Bonito.
Córrego do Brandão nasce no serrote do “Brandão” (ramificação da serra do “Tunifel”), no distrito de Pentagna e deságua à margem direita do ribeirão das Cobras, depois de percorrer 10 kms.
Córrego Monte Alegre na divisa de Marquês de Valença com Barra do Piraí, desemboca no rio Paraíba.
Córrego Santo Antônio tem a sua principal nascente na divisa de Marquês de Valença com Barra do Piraí e desemboca no rio das Flôres.
Córrego dos Velhacos cuja confluência demarca a divisa entre os distritos de Santa Izabel do Rio Prêto e Parapeúna, desemboca no rio Prêto.
Córregos Alfa e Reta, aquêle desembocando no rio Bonito e êste desaguando no córrego do Prata, cujas confluências constituem pontos demarcadores da divisa intermunicipal entre Marquês de Valença e Barra do Piraí.
Córrego das Laranjeiras, na cidade de Marquês de Valença, nasce na serra “Velha” ou dos “Mascates”, depois de uma confluência de várias pequenas nascentes, atravessando-a em diversas direções, para juntar-se ao córrego do Barroso, que deságua no rio das Flôres, a 2 kms. do centro urbano.
Córrego do Benfica, que nasce nas imediações do bairro do mesmo nome, na cidade de Marquês de Valença, alcança o centro urbano para juntar-se e formar, em seguida, o córrego do Barroso.
Córrego da Misericórdia, pequeno córrego que atravessa a cidade, nasce nas terras da chácara Caetano Pentagna, e vai encontrar-se com o córrego das Laranjeiras, pouco antes da junção dêsse córrego com o do Barroso.
Córrego Santa Cruz nasce no
morro de “Santa Cruz”, atravessa a cidade e o leito da Central do Brasil,
passa pela Olaria e segue em direção ao bairro do Monte Douro, de onde
prossegue, por fim, para juntar-se, mais adiante, ao córrego do Barroso.
Os cursos fluviais do município de Marquês de Valença apresentam muitas quedas d’água, destacando-se as seguintes:
Pau d’Alho, no rio das Flôres, no distrito de Pentagna;
Pedro Carlos, no córrego do Prata, no distrito de Conservatória;
Boa Vista, no córrego da Boa Vista, na fazenda do mesmo nome, no distrito de Santa Izabel;
Rio Bonito, no rio Bonito, no distrito de Pentagna;
São Fernando, no ribeirão do mesmo nome, na fazenda de S. Fernando, em Coronel Cardoso;
Queda Grande, no rio das Flôres;
Paraíso, no rio das Flôres;
Cel. Cardoso, no ribeirão S. Fernando, em Coronel Cardoso.
Além destas, encontram-se as seguintes pequenas
cachoeiras: Santa
Rosa,
no córrego
do Indaiá, em Santa Izabel; Engenho
e
São Luiz, no ribeirão dos Ubás;
Santa
Zelinda,
na fazenda do mesmo nome e Pedras
Negras, na fazenda do mesmo nome, com cêrca de 30 ms. de altura e 20 H.P.
Outras pequenas quedas nos oferecem o ribeirão das Coroas; o córrego S.
Domingos; o ribeirão das Cobras, na fazenda da Cachoeira, com 20 ms. de altura,
o ribeirão do Macuco, no sítio dêsse nome, com cêrca de 25 ms. de altura; os
córregos do Espírito Santo e Madalena e outras quedas inaproveitáveis.
CARACTERÍSTICAS DAS QUEDAS D´ÁGUAS NO MUNICÍPIO DE MARQUÊS DE VALENÇA (*) |
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CACHOEIRAS |
CURSO DÁGUA |
CAPACIDADE (KW) |
NOME DA USINA E LOCAL |
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NOME | ALTURA | DESCARGA | APROVEIT. | BRUTA | ||
PAU D´ÁLHO | 25 mts | 5.000 m3/s | RIO DAS FLORES | 736 | 1.250 | HIDR. VITO PENTAGNA |
PEDRO CARLOS | 36 mts | 0,500 m3/s | CÓR. DO PRATA | 61 | 175 | N. S. DA LUZ |
BOA VISTA | 37 mts | 0,100 m3/s | CÓR. BOA VISTA | 26 | 40 | SANTA IZABEL |
RIO BONITO | - | - | RIO BONITO | 3 | - | PENTAGNA (distrito) |
S. FERNANDO | 18 mts | 2.800 m3/s | RIB. S. FERNANDO | 397 | 500 | S. FERNANDO (Fazenda) |
QUEDA GRANDE | 13 mts | 5.500 m3/s | RIO DAS FLORES | - | 526 | - |
PARAÍSO | 25 mts | 6.000 m3/s | RIO DAS FLORES | - | 1.106 | - |
CEL. CARDOSO | 15 mts | 2.000 m3/s | RIB. S FERNANDO | - | 221 | CEL. CARDOSO (povoado) |
(*) - Estudos feitos pela Divisão de Águas do Ministério da Agricultura
Principais
açudes: o açude da Concórdia, no
distrito de Barão de Juparanã, com mais de 4.000 ms. de contôrno, em linhas
irregulares, na fazenda da Concórdia, e o de Lage,
no distrito de Marquês de Valença.
O
município de Marquês de Valença sempre foi muito rico nas espécies variadas
com que se apresentam os remos mineral, vegetal e animal.
Reino
mineral
—
Destaca-se o distrito de Pentagna pelas suas antigas jazidas de mica
(malacacheta), cal, caolim e águas marinhas, algumas já exploradas. No
primeiro e segundo distritos são extraídas pedras calcáreas, sendo, nêste último,
acentuada a extração de dolomita. Na sede municipal, na zona urbana, em terras
da Chácara Castanheira, encontram-se fontes de águas minerais (sulfurosas e
magnesianas). A extração de pedras, para construção, paralelepípedos e
meio-fios, constitui regular indústria na sede do município.
Segundo
as análises oficiais efetuadas pelo Laboratório Central da Produção Mineral,
no distrito de Barão de Juparanã (sede), são encontradas pequenas massas de
calcita, cujo teor em cal viva (CaO) é de 27,73 e, em magnésia (MgO), é de
17,52, acentuando-se, ainda, nêsse distrito, na fazenda de Santa Mônica,
distante
1 km. da estação, a existência do calcáreo dolomítico, com uma cubagem provável
de 945.000 toneladas, apresentando o seguinte teor: em cal viva (CaO)
—
30,15 e em magnésia calcinada (MgO) — 23,89 — (“O Homem e a Serra”,
de
A.
Lamego — págs. 44 e 45).
Entre
alguns municípios fluminenses em que foi descoberto o berilo, que é um mineral
de grande valor, destaca-se o município de Marquês de Valença que, segundo
se lê na Rev. “Mineração e Metalurgia” (vol. VI, N. 33 —
1942 — págs. 183 e 184) apresenta, apreciàvelmente, êsse mineral, cuja
autorização de pesquiza concedida abrangia ainda a columbita, a mica
(malacacheta) e o caolim. A columbita, que é raro mineral, foi também
descoberta na vila de S. Sebastião do Rio Bonito (atual Pentagna).
Reino
vegetal
—
Atualmente, o município apresenta pequenas reservas florestais,
cujas derrubadas são reguladas pelo Conselho Florestal Municipal. Da antiga e
rica flora do sertão valenciano, encontram-se, entretanto, no município,
algumas espécies de vegetais remanescentes. As principais madeiras de lei que,
em reduzida quantidade, ainda enriquecem o solo, são: ipê-tabaco, ipê-meirinho,
peroba, cédro, cangerana, lucurana, cravo, orelha de macaco, angelim, piúna,
óleo pardo,
sapucaia,
louro, canela-parda, canela-saçafraz, vinháticô, garapa, pereira, gibatão,
etc. No campo das madeiras brancas, contam-se: muricí, guapeba, piuninha,
quaresma,
jacatirão, jacaré, farinha-sêca, sete-capas, unha de vaca, canela-espêto,
gabiroba,
sangue de adrague, imbaúba-assú, ingá branco, ingá verde, bico de pato,
timbuíba, batalha, capixinguí, cabiuninha, etc. Calcula-se que da área
absoluta do municipio, que, no período de 1939-1943, era de 1.297 km.2, 4%,
aproximadamente, fosse coberta de matas virgens e capoeiras. A extração de
lenha e a indústria de carvão e dormentes, bem como madeira para construção,
constituem, ainda, em alguns distritos, fontes econômicas de produção.
Reino
animal
—
Entre as espécies apreciáveis na fauna valenciana, relativamente a animais de
pêlo, encontram-se: caitetú (porco do mato), paca, capivara, jabutirica,
coaté, guaxiní, gato do mato, irara, preguiça, cachorro do mato, ariranha,
mão-pelada, macacos (tipo mignón, como o mico de topete, o sauá e o caxinguelê),
e coelhos diversos; entre as cobras, encontram-se: urutú, coral, víbora,
limpa-mato, que, raramente, chega a alcançar 13 palmos de comprimento. Com relação
às aves, encontram-se: jacú, nhambú, tucano, pomba-mineira, pomba do bando,
pomba-jurití, narceja, siriema, araponga, garça, capoeiras etc.
Os
rios e riachos que cortam o município de Marquês de Valença, em geral, são
piscosos, destacando-se os seguintes peixes: piáu doirado, bagre, pirapetinga,
traíra, acará dóirado, lambarí e, raramente, carpa.
A
caça e a pesca não são desenvolvidas no município, nem constituem comércio
ou indústria, mas, apenas, são praticadas por mero passa-tempo de reduzido número
de pessoas.