Valença de Ontem e de Hoje

CAPÍTULO 3 

VALENÇA VILA 

(1801-1857)

   Neste capítulo estão enunciados, em síntese, por ordem cronológica, os fatos e   empreendimentos mais importantes verificados em Valença, quando ainda Vila. 

PARTE 2 (1829 a 1836)

 CLICAR SOBRE OS ANOS:

1829  - ELEIÇÃO DA NOVA CÂMARA E SEU PRIMEIRO PRESIDENTE

         O ENSINO PRIMÁRIO

         ABASTECIMENTO D’ÁGUA

         O TOQUE DAS MATINAS

                         PROVIDÊNCIAS URBANISTICAS NA VILA

         ESTRADAS E CAMIMHOS

         FEIRA LIVRE

         TERRAS PARA PATRIMÔNIO DA VILA

         DENOMINAÇÃO DE LOGRADOUROS PÚBLICOS 

         O SERVIÇO POSTAL

         INCOMPATIBILIDADE DO PADRE JOAQUIM CLÁUDIO VIANA DAS CHAGAS PARA ADQUIRIR UM PRÉDIO                                      PARA A CÂMARA 

         CEMITÉRIO DA VILA

                         O ANIVERSÁRIO NATALÍCIO DO IMPERADOR

         CRUELDADE CONTRA OS ESCRAVOS 

                         FORMIGA SAÚVA

 

1830 - ESCOLA DE PRIMEIRAS LETRAS

                        A LAVOURA E OS PÁSSAROS PRETOS

                         CAMPANHA DE AQUISIÇÃO DE PRÉDIO PARA A CÂMARA

                        DOAÇÃO DAS TERRAS PARA A VILA

 

1831 - AQUISIÇÃO DE UM PRÉDIO PARA A CÂMARA MUNICIPAL 

                         O IMPOSTO DA DÉCIMA URBANA 

                         PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 

                         INSUBORDINAÇÃO DAS TROPAS

  SOCIEDADE DEFENSORA DA LIBERDADE E INDEPENDÊNCIA NACIONAL DA VILA DE VALENÇA

 

1832 - O PRIMEIRO JORNAL DA VILA 

                               FUNDAÇÃO DE UM COLÉGIO

                         CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ

                         INAUGURAÇÃO DE ESCOLA PRIMÁRIA

                         EPIDEMIA DE VARÍOLA

 

1833 - LOCAL PARA AUDIÊNCIA DOS JUÍZES 

               DISTRITO ELEITORAL DE VASSOURAS 

 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE DEFENSORA DA LIBERDADE E INDEPENDÊNCIA NACIONAL DA VILA DE                 VALENÇA 

                        FORMAÇÃO DE UM PARTIDO CONTRA OS HOMENS DE COR

 

1834 - DESPRENDIMENTO DO VEREADOR ANASTÁCIO LEITE RIBEIRO 

               ARRUAMENTO DA VILA DE VALENÇA

 

1835  - AS RENDAS DA CÂMARA MUNICIPAL 

                A CONSTRUÇÃO DO 2o CHAFARIZ DA VILA

                MEDIÇÃO DE TERRAS DESTINADAS À VALENÇA

                ASSISTÊNCIA SOCIAL

 

1836  - REGISTRO DOS POSSUIDORES DE TERRA

                NOMEAÇÃO DE PROMOTOR E SECRETÁRIO DA GUARDA NACIONAL 

                   FUNDAÇÃO DA IRMANDADE N. S. DA GLÓRIA DE VALENÇA 

                AUTO  DE MEDIÇÃO E TOMBO DOS TERRENOS DA VILA

                         PLANTA DA ANTIGA VALENÇA

 

1829 - Em princípio desse ano, verificou-se a eleição da nova Câmara, tendo sido eleito seu primeiro presidente o comendador José da Silveira Vargas, de nacionalidade portuguesa, figura de altos dotes de caráter e coração, cujo governo, que se estendeu até 1832, foi, sem dúvida, a fase inaugural de um vivo período de realizações e trabalhos intensos e de iniciativas de grande valimento para a vida político-social da Vila.

                                       

Comendador José da Silveira Vargas

                                                      

 

Um surto de progresso animava o ambiente da Vila de Valença. Inúmeras foram as obras de caráter administrativo e social, que abriram caminho a novos cometimentos.

 

Em 27 de janeiro, a Câmara proibia expressamente o levantamento de prédios, na Vila, sem prévia licença, obedecida a exigência municipal do alinhamento dos edifícios que deviam ter, pelo menos, 18 palmos de pé direito.

 

— Para prevenir qualquer perturbação da ordem interna da Câmara, em sessão do dia seguinte, ficou deliberado que os cidadãos, espectadores das sessões, só podiam assistí-las sem armas.

 

— Deve-se, indubitàvelmente, a José da Silveira Vargas o primeiro passo em favor do ensino primário, pois, como se verifica da ata da sessão do dia 28 de janeiro, a Câmara oficiara ao Governo, fazendo-lhe ver a necessidade, na Vila, de mestres de primeiras letras que até então não havia.

 

— A esse tempo tomavam-se as primeiras medidas com relação ao abastecimento d’água da Vila.

 

Na sessão de 29 de janeiro, o presidente Vargas punha em discussão a matéria relativa a um “ôlho d’água” existente em terreno pertencente a Ana Izabel da Conceição, para o fim de servir a população, tendo-se, no dia seguinte, discutido a construção de um chafariz.

 

Preliminarmente, em 30 de janeiro, a Câmara decidia se fizesse no local da nascente uma caixa coberta e fechada à chave, com um ralo, e daí a água seria recolhida em bicame de madeira até chegar à via pública.

 

— Entre as muitas medidas tomadas pela Câmara, destaca-se a que, em 3 de fevereiro, mandava se oficiasse ao vigário da Vila, solicitando-lhe providências no sentido de que, de acordo com as posturas municipais, fosse ordenado o toque de matinas, no sino grande da igreja, de manhã, ao meio-dia e às oito horas da noite.

 

— Na sessão de 4 de fevereiro, tomaram-se providências sôbre o imediato início das obras de aformoseamento e alinhamento das ruas da Vila, tendo-se, ainda, no dia 13 do mesmo mês e ano, tratado do patrimônio municipal, com relação às terras em que se assentava a Vila de Valença, sabendo-se que elas tinham sido doadas aos índios, mas que êstes já tinham sido recompensados com uma légua de terras em quadra em Rio Bonito (Conservatória).

 

— Relativamente às vias de comunicação, a Câmara tomava, em sua sessão de 14 de fevereiro, radicais medidas sobre a abertura de estradas e caminhos, em benefício da serventia pública, obrigando a todos os fazendeiros da Vila e proprietários moradores à margem das estradas, por onde devia transitar a procissão do Santíssimo Sacramento, a conservá-las.

 

— Nesse mesmo ano, tomava vulto e interesse o assunto do abastecimento d’água da Vila. Na sessão de 17 de fevereiro, o vereador Domingos Martins Moreira que se prontificara a construir, por sua conta própria, o chafariz, fazia declaração de que, desistindo da construção, concorria com a importância de 260$000 para a compra da casa da Câmara. A Câmara é que teve, afinal de contas, de custear a obra dêsse chafariz, que foi levantado no cruzamento das ruas Conde de Valença e atual D. André Arcoverde, conforme consta da primeira planta da Vila, feita em 1835, pelo engenheiro Luiz Abrahão de Jumot.

 

— Criou-se, nesse ano, sob os auspícios de Silveira Vargas, a feira livre, inaugurada em 1 de março, no largo em frente à Câmara, logradouro que, nessa ocasião, passou a ter a denominação de Praça do Comércio, hoje Praça D. Pedro II.

 

— Por proposta do presidente Vargas, na sessão de 8 de julho, ficou assentado oficiar à Sua Majestade para que cedesse, para patrimônio da Vila, as terras  em que esta se achava fundada.

 

— Na sessão de 14 de julho, foi aprovado o projeto de denominação de ruas, nomes que passariam a figurar no Tombo.

 

— A questão do serviço postal foi também outro importante assunto da época. Na sessão da Câmara, de 15 de julho, lia-se um ofício do Diretor Geral dos Correios, declarando que Sua Majestade ordenava o estabelecimento, na Vila, de uma “casa de correio”, para a qual fora nomeado agente João Batista Reis Mota, o primeiro funcionário postal da Vila de Valença. Exercendo, gratuitamente, o cargo, instalara-a em sua própria residência, comprando, à sua custa, os utensílios e objetos indispensáveis ao seu funcionamento.

 

— Na sessão de 25 de agôsto, a Câmara foi cientificada, em ofício do vigário da Vila, padre Joaquim Cláudio Viana das Chagas, de este achar-se incompatibilizado em promover a subscrição em favor da aquisição de um prédio para a Câmara e Cadeia, por estar vivamente empenhado na obtenção de esmolas para a continuação das obras da igreja Matriz; mas que, uma vez terminadas, punha à disposição da Câmara o serviço de seus escravos, além da quantia já subscrita.

 

— Preocupava-se também o presidente Vargas com o problema do cemitério da Vila. Da existência do primitivo cemitério, isto é, do cemitério dos índios, sabe-se que, por ter sido construido perto da igreja, fora ele o primeiro a ser aproveitado para enterramento dos indígenas, como — mais tarde de posse das Irmandades de N. S. da Glória e do Santíssimo Sacramento — para o sepultamento dos respectivos irmãos.

 

Verifica-se que, pelos documentos existentes, o segundo cemitério da Vila foi o da antiga rua da Misericórdia, atual Cel. Leite Pinto, próximo à Santa Casa. Sabe-se que, mais tarde, foram postos em leilão os materiais de construção desse cemitério, arrematando-os o comendador Silveira Vargas, pela importância de 250$000, e deles fazendo doação àquela instituição de caridade, de que era, então, provedor. Entretanto, formou-se a idéia, e até chegou a ser discutido na Câmara, em sessão de 3 de outubro, o local apropriado para a instalação do cemitério, se seria ou não na elevação do terreno que ficava por detrás da casa do presidente Silveira Vargas, considerando-se que, nas imediações, estava localizada a igreja. A casa do comendador Silveira Vargas era a mesma hoje existente na rua Vito Pentagna, esquina com a Praça D. Pedro II. E o terreno que seria aproveitado era o da chácara outrora pertencente à finada dona Carolina Maria da Silveira Ferreira, filha do presidente Vargas.

 

Nesse ínterim, surgia e fracassava, ao mesmo tempo, a idéia de se construir um novo cemitério no terreno, onde hoje se encontra o cemitério do Riachuelo.

 

— A data de 12 de outubro era um dos dias de maior regozijo para a Nação, por ser a data do aniversário natalício do Imperador D. Pedro I. O presidente Vargas, na sessão de 1 de outubro, propôs que, em comemoração, se pusessem luminárias nas ruas da Vila, por três noites consecutivas; deliberou, também, que se reunissem, naquele dia, na praça da Vila, todas as tropas dos corpos militares, para a cerimônia de descargas do estilo, em homenagem à Sua Majestade. Mas, a comissão encarregada de dar parecer à proposta do presidente foi contrária à tal idéia, pois considerava “mais importantes as datas nacionais de 13 de maio, em que à Sua Majestade foi conferido o título de Defensor Perpétuo do Brasil; de 7 de setembro, em que Sua Majestade proclamava a Independência do Brasil; e, finalmente, o de 25 de março, dia em que se jurou o sagrado Código das nossas liberdades”, O presidente Vargas, combatendo a oposição, em defesa do seu ponto de vista, teve a oportunidade de pronunciar as seguintes palavras: — “Não posso, senhores, deixar de analisar o parecer da ilustre comissário, sobre a minha proposta, em que eu indico aos Povos desta Vila, porem luminárias, por três noites, por ocasião do memorável dia 12 de outubro.” E continuando, entre apartes: — “Porventura não foi aquele que faz anos no dia 12 de outubro, como confessa a ilustre comissão, que prometeu defender nossos direitos, não foi aquele que, nas margens do Ipiranga, proclamou a independência do Brasil e não é aquele que nos ofereceu uma Constituição liberal, enfim, de escravos nos tornou livres ? Não, senhores, nem se diga que os dias 13 de maio, 7 de setembro e bem assim o dia 25 de março são, pelo menos, de igual regozijo. Senhores, quando na minha proposta indiquei, como obrigação, aos Povos desta Vila, porem luminárias, por três noites, em intenção ao dia 12 de outubro, não foi por ser amigo do despotismo, antes, pelo contrário, sempre lhe tive horror, mas é que talvez, por acaso, haja entre nós algum brasileiro ingrato que, esquecido do autor de suas liberdades, por um pequeno dispêndio, não queira ajudar a louvar o maior dos dias do Brasil; portanto, voto que os moradores desta Vila ponham luminárias, por três noites, tendo princípio na noite do dia 10 de outubro e terminando na noite do dito dia 12 de outubro, para o que ofereço a seguinte proposta: — A Câmara Municipal desta Vila de Valença resolve que os moradores desta mesma Vila ponham luminárias por três noites, no ano, tendo princípio na noite do dia 10 de outubro pelas 7 horas, terminando no dia 12, por ser o dia em que faz anos Sua Majestade, o Imperador, e quando haja algum morador que se recuse, o que não é de esperar, será multado em 2$000, para as obras do Conselho.”

 

Depois de alguns debates, a proposta do presidente Vargas foi aprovada, tendo sido, no entanto, rejeitada a proposta sobre postura.

 

— Naquele tempo era impressionante o hábito de maus tratamentos e atitudes de crueldade praticados contra os escravos, chegando mesmo à prática de crimes bárbaros. Eleutério Delfim da Silva, então fiscal da Vila, não se conformando com essa situação, fez uma representação à Câmara, expondo tais barbaridades, e apelava para os sentimentos de humanidade das autoridades, no sentido de por-se cobro a cenas tão brutais, para o que pedia severa punição.

 

Em 5 de dezembro, Sua Majestade, por intermédio do Ministro do Império, ciente das crueldades contra os escravos, e considerando a delicadeza do assunto, autorizava a Câmara a tomar medidas acauteladoras, a fim de que fosse evitada qualquer insubordinação dos escravos.

 

— Formiga saúva, sempre o velho mal! A Câmara se preocupava seriamente com a luta contra a formiga. A convite oficial, o coronel José Inácio Nogueira da Gama mandou para a Vila todo o instrumental necessário e exímios matadores de formigas, a fim de proceder-se ao combate intenso.

 

Sabe-se que, mais tarde, a Câmara contratava o cidadão Nicoláu de Abreu Campelo, conhecido “especulador” em matéria de matar formigas, com o ordenado de 6$400 por mês, além da gratificação por parte dos fazendeiros.

 

1830 - Na sessão de 1 de abril, foi lida uma portaria do Ministro do Império, na qual Sua Majestade mandava pedir informações exatas sôbre a existência, na Vila, de escolas de primeiras letras e do ensino da gramática latina. O assunto despertara interesse entre as autoridades locais e tudo fizeram para que, dentro em pouco, a Vila fosse servida com o ensino de latim e com um estabelecimento de ensino primário para meninos.

 

— Voltava, a esse tempo, a administração pública, suas vistas, com especial carinho, para a lavoura, que sofria, então, danos causados pelos pássaros pretos. Assim é que, em 6 de abril, foi imposta uma postura obrigando a todos os moradores da Vila a apresentarem, anualmente, no mês de setembro, ao fiscal, doze cabeças de pássaros pretos, saracuras e de “animais de bico redondo”, conhecidos por daninhos às plantações, sob pena de multa e 30 dias de prisão.

 

— Para a aquisição do prédio destinado à instalação da Câmara, nomeava-se, em 6 de abril, uma comissão incumbida de angariar donativos, pois a subscrição existente só tinha atingido à importância de 200$000.

 

— Em 15 de maio, a Câmara resolveu fazer uma nova representação ao Governo Imperial, pedindo confirmação da doação do terreno em que estava assentada a Vila. Em 12 de dezembro, foi lida na Câmara uma portaria do Ministro, em resposta a essa representação, na qual Sua Majestade ordenava que só competia resolver o caso a Assembléia Legislativa, ao ser tratado o plano geral relativo às sesmarias.

 

1831 – O segundo prédio em que funcionou, em 1831, a Câmara Municipal, era um velho casarão, assobradado, mal assoalhado, pintado de oca amarela, que se erguia num dos ângulos da atual Praça Visconde do Rio Preto (jardim de cima), justamente em frente à igreja de N. S. do Rosário. No pavimento superior tinham lugar as sessões da Câmara, bem como as audiências dos diferentes juízos. As sessões de júri se realizavam no pavimento térreo. Esse prédio foi adquirido ao capitão-mor Manoel do Vale Amado e sua mulher, pela importância de 3:200$000, cuja escritura só foi passada em 30 de agosto de 1836 pelo então presidente da Câmara, Visconde de Baependí. Não obstante o seu estado de quase ruína, serviu essa casa para as sessões da Câmara até 7 de janeiro de 1849, tendo aí funcionado, também, a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, da Vila de Valença. No andar térreo, adaptado às expensas da referida Sociedade, funcionava a Cadeia.

 

— Sôbre o imposto da Décima Urbana, o presidente Vargas fez, em sessão de 21 de janeiro, ponderadas advertêncías, mostrando que, no momento, não se podia impor nenhum tributo aos moradores e proprietários de prédios, à vista das circunstâncias de que nenhuma melhoria tinha se verificado na Vila, desde 1815, e, ainda, em face da “existência dos mesmos prédios de bicas e palhas”.

 

— Por ocasião da promulgação da Constituição, isto é, em 25 de março de 1831, a Câmara, suspendendo suas sessões, promoveu grandes festividades comemorativas. Pela manhã, toda a população assistira à missa solene na igreja Matriz, onde, à noite, entoou-se o Te Deum em regozijo ao grande acontecimento nacional. A Vila, profusamente iluminada, regorgitava de povo que dava, sem cessar, vivas entusiásticos à Sua Majestade, à Constituição e à Nação Brasileira.

 

— Teve grande repercussão na Câmara a insubordinação de algumas tropas que, no Rio de Janeiro, ao lado de anarquistas, pretendiam, no dia 15 de julho, derrubar o Governo e a Assembléia que, unidos, sufocaram logo o levante, fazendo voltar a tranqüilidade na capital do Império.

 

Na sessão da Câmara de 9 de agôsto, retumbante proclamação fez ao povo valenciano o presidente Vargas, recomendando todo apoio de que necessitasse o governo constituido.

 

— Pelos cidadãos desejosos de bem servir à Pátria, reunidos na Câmara, no dia 28 de setembro, foi fundada a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, da Vila de Valença, tendo sido eleito, por aclamação, seu presidente, o comendador José da Silveira Vargas, que providenciou, desde logo, sôbre a feitura de seus estatutos. O fim da Sociedade era auxiliar a ação das auto­ridades, bem como estimular a agricultura, a indústria, a instrução pública e as artes.

 

Em 16 de novembro ficou deliberado que se adotassem, em caráter provisório, os mesmos estatutos da Sociedade Defensora, do Rio. A Sociedade realizava suas sessões na sala da Câmara, e verificou-se, no dia 7 de setembro, a solene instalação, ocupando a tribuna o Visconde de Baependí, que pronunciou eloqüente oração cívica alusiva ao ato. Por escrutínio secreto, constituiu-se, em definitivo, a diretoria da Sociedade, assim composta: presidente — Visconde de Baependí; secretários — José da Silveira Vargas, Ciaudionor Antônio de Azeredo, Francisco Antônio de Almeida e Gama, e Nicolau Antônio Nogueira Vale da Gama. Nessa mesma sessão elegeu-se o Conselho. Em 18 de novembro, o Visconde de Baependí elaborou um projeto de regimento interno da Sociedade.

 

1832 - O projeto do Regimento só foi aprovado em 8 de janeiro, com ligeiras alterações. A Sociedade Defensora, de Valença, fundou, nesse ano, para sua propaganda, o jornal “O Valenciano”, impresso na Tipografia Nacional, no Rio. Seu formato era pequeno, medindo 0,32 X 0,22, isto é, do tamanho de uma fôlha de papel almaço. Era o primeiro jornal que aparecia na Vila. Foram seus redatores os revmos. padres João Batista Soares de Meireles, e, depois, João Joa­quim Ferreira de Aguiar. Era seu gerente o comendador Silveira Vargas, e tinha como seu representante, na capital do Império, o grande e sempre lembrado Evaristo da Veiga, o ardoroso jornalista da Regência.

 

   Sob os auspícios dessa Sociedade, fundou-se, na Vila, um colégio, a cuja matrícula foram admitidos 40 pensionistas, à razão de 200$000 anuais, incluidos, neste número, gratuitamente, alguns índios. Muito contribuiu a Sociedade para a instalação desse colégio, promovendo subscrições, que chegaram a alcançar a magnífica importância de 8:000$000, tendo o cidadão Eliseu Ribeiro doado um terreno, no bairro do Barroso, para a sua edificação. Esse terreno passou a pertencer, mais tarde, à Santa Casa da Misericórdia de Valença. A planta do edifício foi oferecida pelo Barão de Aiuruoca.

 

   Novas tentativas foram postas em prática em favor do prosseguimento da construção da Matriz. Nesse ano, deu-se início à construção do corpo da igreja, por meio de uma subscrição promovida pelo paroquiano Joaquim Pinheiro de Souza, que se tornou um grande protetor da igreja, adiantando, e mesmo contribuindo, generosamente, para a realização dessa obra.

 

   Na sessão de 6 de agosto, o presidente Vargas propôs, e foi aprovado, que, no dia 7 de setembro, se inaugurasse a escola primária. Nessa ocasião, foram convocados, por edital, todos os pais de família, com o fim de matricularem seus filhos.

 

   Nessa época, a varíola começava a ceifar vidas. Uma postura municipal, aprovada na sessão da Câmara de 8 de outubro, tornava obrigatória a vacina, que a população recebia sem repulsa. Era mais um relevante serviço que prestava à coletividade valenciana, em sua fecunda administração, o comendador José da Silveira Vargas. E’ curioso realçar a magnífica visão dos valencianos em 1832, quando a comparamos com o movimento armado contra a vacina obrigatória, no Rio de Janeiro, em 1906.

 

1833 - Preocupavam-se as autoridades em conseguir um local onde pudessem realizar comodamente as audiências dos juízes. A Câmara, na sessão de 8 de ja­neiro, resolveu, então, que, para isso, fosse desocupada a parte baixa do edifício onde funcionava a Cadeia.

 

— Em 1 de março, a Câmara tomava conhecimento dos termos da portaria do Ministro do Império, que participava ter a Regência elevado à cabeça de distrito a Vila de Vassouras, compreendendo os eleitores de Valença.

 

— A Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, de Valença, depois de ter prestado relevantes serviços à causa pública do Município, foi dissolvida em 7 de setembro desse ano. Todos os seus bens móveis e imóveis passaram a pertencer à Câmara, tendo sido doado, mais tarde, à Santa Casa, o terreno.

 

— O vereador vigário Joaquim Cláudio Víana das Chagas, à vista de uma proclamação afixada à porta da igreja Matriz, anunciando ao povo a criação de um partido, que tinha por fim escravizar os homens de cor, decidiu combater veementemente essa medida, resolvendo, então, a Câmara — que se dirigisse ao povo outra proclamação, em contrário, o que foi aprovado na sessão de 28 de outubro.

 

1834 - Era notável o desprendimento dos homens daquela época! O vereador Anastácio Leite Ribeiro propôs à Câmara, em 9 de abril, que se publicasse, no jornal “A Sentinela”, o resumo das atas das sessões da Câmara, cujas despesas corriam por conta do proponente.

 

— A administração municipal não descurava do arruamento da Vila. Era, sem dúvida, uma necessidade. Na sessão de 17 de fevereiro, o presidente da Câmara, Visconde de Baependí, propôs se encarregasse ao engenheiro Luíz Abrabão Jumot de apresentar, com urgência, um plano de arruamento da Vila, serviço que ele realizou gratuitamente.

 

1835 - As rendas da Câmara começavam a aumentar. Era preciso ter em lugar seguro para guardar os dinheiros públicos. Não demorou o presidente Baependí a adquirir um cofre de ferro.

 

— Em 17 de agosto desse ano, o vereador Anastácio Leite Ribeiro comunicava à Câmara o fracasso da tentativa da construção do 2o chafariz, à vista da divergência de idéias.

 

— Em 10 de dezembro, Baependí apresentava aos vereadores uma pública-forma da Carta Régia, na qual se confirmava a medição das terras destinadas à Vila, e se tomavam providências para que fosse feito, imediatamente, o tombo das referidas terras, legalizando, deste modo, a medição entre os confrontantes e a divisa dos terrenos aforados.

 

— A assistência social, a esse tempo, já era uma preocupação da administração, a par de iniciativas particulares que empolgavam o ambiente valenciano. Uma enfermaria, para doentes pobres, fora improvisada, tendo à frente de sua direção o comendador João Batista de Araujo Leite, que a mantinha à sua custa, auxiliado pelos fazendeiros Joaquim Pinheiro de Souza, Manoel do Nascimento de Jesus e Francisco Martins Pimentel. Essa enfermaria estava instalada em dois prédios contíguos, à rua Voluntários da Pátria (atual D. André Arcoverde), próximos à Cadeia Pública, os quais foram, posteriormente, adquiridos pela Irmandade da Santa Casa.

 

1836 - Em março dêsse ano, por meio de editais, foram os moradores da Vila, então possuidores de terras, convidados a apresentar seus títulos de propriedade, para o devido registro.

 

Pela Lei Provincial No 34, de 6 de maio de 1836, em seu art. 10, foi consignado à Câmara Municipal de Valença, “como rendas especiais, o produto da taxa ou foro anual sobre as terras doadas pelo Decr. de 26 de maio de 1819, aos índios Coroados, que foram depois consignadas à dita Câmara, devendo preferir para foreiros os que nela se acham estabelecidos “.

 

— Em 7 de março, teve a Câmara conhecimento, pelo engenheiro Jumot, de que se tinha dado início aos trabalhos do tombo dos terrenos da Vila.

 

— O presidente Baependí propôs, na sessão de 9 de março, que se nomeasse um promotor e um secretário da Guarda Nacional, tendo a escolha recaído em José Ildefonso de Souza Ramos e Herculano Furtado de Mendonça, respectivamente.

 

Irmandade de Nossa Senhora da Glória. E’ do teor seguinte a ata de fundação e instalação da Irmandade: “Aos vinte dias do mês de abril do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e seis, reunidos na Igreja Paroquial de Valença, os devotos abaixo assinados, sob a presidência do revmo. pároco da Freguezia, Joaquim Cláudio Viana das Chagas, deliberaram criar e instalar a Irmandade de Nossa Senhora da Gló­ria, Padroeira desta Igreja Paroquial, e sendo lido o Compromisso da mesma Ir­mandade, foi êle aprovado e adotado, deliberando-se que, sendo pôsto em limpo e assinado pela Mesa, subisse à aprovação do Govêrno Imperial e do Ordinário. Foram eleitos para comporem a Mesa, que serviu no ano de 1836: Juiz — Visconde de Baependí; secretário — dr. José Ildefonso de Souza Ramos; tesoureiro — José da Silveira Vargas; procurador — dr. João Antônio da Silva Peres”. O corpo de consultores e áias era constituido de cidadãos ilustres e das mais distintas damas da sociedade da Vila. A posse da Mesa Administrativa teve lugar, no dia seguinte, com toda a pompa.

 

— Nesse ano, pela primeira vez, a 15 de agôsto, realizou-se, com grande imponência, a festividade em honra à Padroeira de Valença cujas despesas importaram em 1:200$000.

 

— O coronel Conrado Jacob de Niemeyer comunicava à Câmara, em 10 de setembro, a vinda de um engenheiro incumbido de levantar a planta da Vila.

 

O primeiro mapa da Vila de Valença, datado de 1836, é da autoria de Francisco Carneiro de Campos (baiano), ilustre engenheiro militar, aprisionado pelos paraguaios, mesmo antes de declarada a guerra, a bordo do vapor “Olinda”, quando se dirigia para Cuiabá, a fim de assumir o governo de Mato Grosso. Carneiro de Campos, nome de larga projeção, intimamente ligado à Velha Província, teve também as suas honrosas atenções voltadas para Valença, como nô-lo prova a referida planta, que se vê adiante e cujo original se encontra no Arquivo do Estado do Rio de Janeiro.

 

— No Livro de auto de medição e tombo do terreno da Vila de Valença, livro esse que é uma certidão autêntica do processo judicial, extraída em 6 de junho de 1836, pelo segundo tabelião do Termo, — constam as peças seguintes (Fls. 2 —2o Ofício — 1836):

 

“Juizo Municipal da Vila de Valença — Escrivão Chagas — A Câmara Municipal — A. Ação de Medição e Tombo — Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e trinta e seis: Decimo quinto da Independência, e do Imperio, aos vinte e nove dias do mez de Janeiro do dito ano, nesta vila de Valença da Comarca de Vassouras em o cartorio de mim escrivão adiante nomeado ahy por Christíano Martins da Costa, Procurador da Camara Municipal me foi entregue huma sua Petição Díspachada pelo atual Juiz Municipal desta Vila e seu Termo o cidadão Casemiro Lucio de Azevedo Coutinho Rangel, em a qual por ordem da Camara Municipal pedia, ao dito Juiz para fazer o Tombamento do Terreno desta. Vilp, me pediu a aceitasse, e anothasse para ter o seu devido effeíto, a qual Petição por me ser distribuida aceitei, e anotei o quanto devo posso, e sou obrigado em razão de meu officio, e authoridade judicial, e hé a que se segue acompanhada de hum Documento de que faço este Termo, para constar Eu Jeronimo Maximo das Chagas Vianna, Escrivão o escrevy “Distribuído ao Segundo 0fficio” Chagas. Valença, 23~ de janeiro — vinte e trez de Janeiro de mil oitocentos e trinta e seis” Rangel.

— Illustrissimo Senhor Juiz Municipal — Dr. Christíano Martins da Costa, Presidente da Camara Municipal desta Vila — que para bem se executar o que aver feito das rendas da mesma Camara tem determinado o artigo quinto da Lei Provincial Numero vinte e trez, de catorze de abril de mil oitocentos e trinta e sinco se faz necessario proceder ao Tombo das Terras que sendo por decreto de vinte e seis de Maio de mil oitocentos e dezenove doadas. aos Indios Coroados foram depois consignadas a Camara Municipal nos termos da citada Lei Providencial para o que apresenta em Publica Forma a Carta Regia de treze de Janeiro de mil oitocentos e vinte que confirmando a doação feita aos Indios aprovou tão bem a medição e demarcação judicial feita por Eleutherio Delfim Silva a quem havião sido concedidas estas terras: afim de que o Tombo que se requer se fassa na conformidade desta Carta Regia que tem por isso designado os limites confins e extremos, não cumprindo sinão aviventa-las e demarca-las de maneira a ficarem patentes e conhecidas não só para evitar-se duvidas com os confrontantes: mas também para nenhum protesto de execução ao foro tivessem os que se comprehendessem na linha de demarcação. E sendo Vossa Excelência pela Lei de vinte e dois de Setembro de mil oitocentos e vinte e oito o competente para fazer tombos requer o Suplicante de ordem da Camara Municipal haja de proceder ao tombo requerido assignando dia para esse fim mandando sejão citadas Hareas confrontantes designadas pelo rol junto expedindo as necessárias cartas Precatorias as que se acharem fora do Termo ou nelle não forem moradores, executando-se assim todas as deligencias necessarias; e uteis afim de que se fassa com toda a regularidade o Tombo requerido. Pede a Vossa Senhoria sirva-se deferir na forma requerida. E. Ribeira Morais” — Destribuida e Authoada
preparado o Juízo volte. Valença, vinte e trez de Janeiro de mil oitocentos e trinta e seis
— “Rangel”. Termo de Segurança do Juizo “Aos vinte e nove dias do mez de Janeiro
de mil oitocentos e trinta e seis nesta Villa da Valença da Comarca de Vaçouras em o cartorio de mim Escrivão adeante nomeado compareceu o prezente Cbristiano Martíns da Costa Procurador da Camara Municipal desta Villa e por elle foi dito que pelo presente Termo, essa forma do Despacho retro se obrigava a apresentar em Juizo a qualquer ocasião que lhe for ordenado a quantia de trezentos mil réis em que foi orçada para o Tombamento do terreno desta Villa em consequência das ordens recebidas a semelhante respeito pela Camara Municipal: e de como afirmo de que fiz este Termo que assigno. E eu Jeronimo Maximo das Chagas Vianna, Escrivão o escrevy Christiano Martins da Costa. Publica forma do documento abaixo copiado “Registro da Carta por onde Sua Magestade confirmou a concessão dos Indios da Aldeia de Valença e anulla a sysmaria consedida a Eleutherio Delfim Silva. D. João por Graça de Deos Rei do Reino Unido de Portugal e do Brazíl e Algarves de Aquen e d’Alem mar em Africa Senhor da Guiné e da Conquista e Navegação e comercio da Ithiopia Arabia Persia e da India etc. Fasso saber aos que esta minha Carta de
Sesmaria virem que sendo ahy prezente que Aldeia de Valença dos Indios Coroados estando destinada para Villa dos mesmos Indios por ordem minha de vinte e cinco de agosto de mil oitocentos e hum, fora pedida huma sesmaria com o terreno devoluto por Florisbello Augusto de Macedo, e depois por Eleutherio Delfim Silva e concedida com noctoría obrepção, pois não se devia conciderar devoluto hum terreno marcado para aldeia de lndios com Igreja já edificada e alguns moradores na mesma aldeia dos índios: Hei por bem de outras providencias declarar nulla a sobre dita concessão feita a Eleutherio Delfim Silva e que o sobre dito terreno pela demarcação atual que tem de hum quarto de legua de testada e meia legua de fundos seja restituido aos ditos Índios para nelle se aldearem, e cultivarem os terrenos que lhes destinarem o qual sendo visto os propríos Autos de medição e de marcação feita e julgada por Sentença a vinte e cinco de Janeiro de mil oitocentos e dezoito o requerimento do sobre dito Eleutherio pelo Juiz comissario e Baixarel Joaquim Gaspar de Almeida sobre a qual foi ouvido o Desembargador Procurador da minha Real Coroa e Fazenda, forma trapesio cuja testada confrontando com as terras de Dona Joaquina Rodrigues da Cruz constam correndo pelo angulo de quarenta e seis graos e trinta minutos no quadrante de Sueste segundo apresenta avariação d’agulha oitocentas braças contadas pela denota com que confronta a sesmaria de Hypolito Pímentel e de Joanna Maria da Conceição, pelo angulo de quarenta e hum graos e trinta minutos do quadrante de Sueste mil novecentas e vinte braças; e outro lado paralello que confronta com a sesmaria do falecido Padre Manoel Gomes tem mil novecentos e dezoito braças contadas pela derrota (caminho, trecho); no lado perpendicular a esta que confronta com o Conselheiro Manoel Jacintbo Nogueira da Gama correndo pelo rumo de Este contem setecentos e oitenta bracas: nas referidas terras não se poderá fazer mais alienação alguma e os moradores que ahy se achão com casa, ou culturas serão conservados e pagarão o foro que se harbitrar para Camara de Villa dos mesmos Índios os quaes serão obrigados a cultivar dentro do tempo da Ley e conservar os Tapinhoans Perobas não as cortando para fim diverso do da construção de minhas Naos e cuidando nas plantações delles nos lugares em que já florescerão ou mais proprias forem reservando tão bem os páus reais, fazendo e consertando com estivas e pontes onde necessario for os caminhos publicos e particulares que serão obrigados a darem por cada dacta a qual não comprehenderá Minas ou viveiros de qualquer metal que se descobrir e não possuhírá o domínio de pessoas Eclesiasticas ou Religiosa e caso possua será com o encargo de pagar Decimas ou outro qualquer que eu lhe impuzer de novo: chamado Rio Caudaloso que necessite de Barco para atravessar-se ficará de huma das margens reservado o terreno que for suficiente para comodidade publica, e faltando a qualquer das ditas clausulas por serem conforme as minhas ordens, e o mais digam a Ley e foral das sesmarias ficam privado desta; pelo que mando aos Ministros da Justiça e mais pessoas a quem tocar o cumpram e goardem esta minha carta como nella se contem, e fação cumprir e goardar sem duvida alguma. Pagar de Novos Direitos cinco mil e quatrocentos reis que se carregarão ao Thezoureiro delles no Livro Sesto de sua scrita a folhas sesenta e sete verso e registrado o seu conhecimento no Livro catorze do Registro Geral a folhas sesenta e trez verso. Dada no Rio de Janeiro em treze de Janeiro de mil oitocentos e vinte” El Rei; com a rubrica de El Rei’. Nada mais contem o reto Documento. o qual se achava assignado pelo Escrivão da Ouvidoria da Comarca da Corte do Rio de Janeiro José Leite Pereira Campos, de onde fielmente extrahi em publica forma por me ser pedida e ao próprio original me reporto em mão, e poder de quem mo apresentou e por se achar conforme assignei em publico e razo nesta Villa de Valença da Comarca de Vaçouras aos dez dias do mez de Dezembro de mil oitocentos a trinta e cinco. E eu Jeronímo Maxímo das Chagas Vianna, Primeiro Tabelião que o escrevi e conferi e assignei em publico e razo. Em testemunho da verdade estava o signal publico. Jeronimo Maxímo das Chagas Vianna” Excelentíssimo Senhor Visconde de Baependi e sua mulher. Senhor Manoel do Nascimento de Jesus e sua mulher. Senhor Joaquim Pi­nheiro de Souza e sua mulher. Senhor João Rodrigues de Magalhães e sua mulher. Se­nhor Ignacio de Souza Werneck e sua mulher. Senhor Vicente Pereira de Macedo e sua mulher. Senhor Manoel Francisco de Mello. Senhor Manoel de Avellar e sua mulher. Senhor José Antonio da Silveira e sua mulher. Senhor Antonio ,losé Lopes e sua mulher. Scnhor Manoel José da Costa Vianna e sua mulher. Senhor Bonavato José Godinho e sua mulher. Valença vinte e dois de Janeiro de mil oitocentos e trinta e seis” Chrystiano Martins da Costa” Procurador da Camara Municipal. —. Fls. 21 — Termo de configuração do terreno cedido. “Aos doze dias do mez de Março de mil oitocentos e trinta e seis nesta Vila de Valença da Comarca de Vaçouras em o cartório de mim Escrivão onde se achava presente o Cidadão Casemiro Lucio de Azevedo Coutinho Rangel Juiz Municipal interino desta Vila e da presente medição, e bem assim os mais oficiais da medição e sendo ahy foi pelo dito Juiz ordenado ao Piloto que declarasse a configuração deste Termo, suas confrontantes e extensão das Linhas, e ventos; e logo pelo Piloto foi declarado que a Linha primordial tem de longemetria oitocentas e dezoito braças, e corre de Suduoeste a Nordeste angulo sesenta e dois gráus, confrontando com a Sesmaria da Passagem; e que a Linha de Noroeste a Sueste anguIo trinta e oito graus tem de longemetria mil oitocentos e dezenove braças, e confronta com as Sesmarias do finado Padre Manoel Gomes e de Manoel de Avelar e que a Linha de Suduoeste a Nordeste angulo cincoenta e hum graus tem de longemetria oitocentas e duas braças e confronta com o Excelentíssimo Visconde de Baependy; e a linha de Sueste a Noroeste angulo trinta e oito graus tem de longemetria mil seiscentas e secenta e nove braças, tendo o rochedo constante dos termos retros sido calculados ter cento e quarenta braças e confronta com as sesmarias de Manoel do Nascimento de Jesus e Joaquim Pinheiro de Souza, e que as Linhas aqui declaradas formam pelo seu reporte exato um trapezio que tem de superficie planimetrica hum canto trezentos e noventa e oito mil seiscentos e oitenta e oito braças superficies como mostra o mapa junto ficando dentro deste terreno situada esta vila e mais não declarou, do que para constar mandou o dito Juiz fazer este Termo que assigno com os Officiaes da Medição. E Eu Jeronimo Maxímo das Chagas Vianna escrivão o escrevy e assígno. “Rangel — Jeronimo Maximo das Chagas Vianna” — Luiz Abrão Jumot” — João Rodrigues” Christiano Martins da Costa “Francisco Apolinario de Almeida”. fls. 23v — Julgo o tombo por Sentença a qual se cumprirá na forma que nella se contem. Paguem-se as custas pelo cofre da Municipalidade. Valença vinte e cinco de Abril de mil oitocentos e trinta e seis. D. Manoel de Assis Mascarenhas. Aos vinte nove dias do mez de Abril de mil oitocentos e trinta e seis, nesta Villa de Valença da Comarca de Vaçouras, em publica audíencía que aos feitos partes e seus procuradores fazendo estava o Doctor Juiz de Direito da Comarca Dom Manoel de Assis Mascaranhas; ahy foi publicada a sua sentença supra e mandou que se cumprissem como nella se contem e declara daqui para constar faço este Termo. E eu Jeronimo Maximo das Chagas Vianna Escrivão que o escrivy. “Certifico que intimei a sentença supra ao Procurador da Camara Municipal desta Villa Christiano Martins da Costa, de que ficou sciente. O referido he verdade. Valença trinta de Abril de mil oitocentos e trinta e seis. O Escrivão Jeronimo das Chagas Vianna”.

        Planta da antiga Valença – 1836

 

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