Às vezes fico pensando e até me ponho a rir diante de algumas idéias absurdas e divertidas que me vê à mente.
                 Passando, hoje, em frente a uma loja, olhei distraída para os objetos expostos na vitrine. Eram peças de reposição, de todos os tipos.
                 Não parei para olhar, mas à passagem percebi que havia uma infinidade delas. Na maioria, de equipamentos eletrônicos. Todas arrumadinhas, com cartazes e etiquetas de preços e ofertas, em displays convidativos.
                 Não consegui deixar de rir diante do pensamento: bem que poderia existir uma loja assim, para a reposição de “peças” que não funcionam bem no corpo humano. Uma loja atraente, colorida, bem decorada, com vários departamentos e solícitos atendentes prontos a te colocar nas mãos a “oferta do dia”.
                 Acho que eu me divertiria muito passeando entre as estantes e expositores de uma loja assim. Adoraria visitar todas as sessões, mas, com certeza, me sentiria atraída especialmente para uma delas.
                 Procuraria a sessão “coração”. Os de verdade.
                 E os veria aos montes, de todos os tamanhos e tipos e para todas as necessidades. Estariam cuidadosamente organizados em seqüência, alguns embrulhados em papel celofane, outros pendurados em móbiles atrativos, ou acomodados em caixinhas decoradas para presente.
                 Eu pararia diante dessa diversidade e escolheria um.
                 Primeiro, observaria atentamente se ele passou por um rigoroso controle de qualidade, que comprovasse e garantisse seu perfeito funcionamento.
                 Depois, testaria sua durabilidade e capacidade de resistir a impactos.
                 O próximo passo seria perceber-lhe a densidade. Teria que ser resistente, mas deveria ser também suave e macio. Obrigatoriamente pequeno para caber no peito, mas suficientemente grande para guardar uma infinidade de sentimentos bons. Um filtro seria um opcional importante, para permitir que se livrasse brevemente das coisas que entrassem nele e que poderiam insistir em permanecer lá dentro.
                 Seria ótimo que, além de tudo, também tivesse uma versão com alarme, para avisar com um sonoro “bip” quando estivesse exposto a situações de perigo que pudessem vir a comprometer irremediavelmente a sua integridade.
                 Iria exigir, por fim, um certificado de garantia. A qualquer falha, poderia ser imediatamente substituído por um modelo novinho em folha.
                 Nem perguntaria o preço, porque pagaria seu peso em ouro.
                 Na hora de embrulhar, o atendente perguntaria: para presente?
                 Eu responderia: Não. É para uso próprio. Mas, por gentileza, coloque-o em uma embalagem longa vida... E à prova de furtos...


                 Julho/2008
Coração... Peça de reposição?
Helena C. de Araujo

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