“Dá-me lírios lírios e rosas também

Mas se não tens lírios nem rosas a dar-me

Tem vontade ao menos   de me dar os lírios

E também as rosas ...

Basta-me a vontade que tens, se a tiveres,

De me dar os lírios ...

E as rosas também ...

E tereis os lírios _ os melhores lírios_

e as melhores rosas ...

sem receber nada,

a não ser a prenda da tua vontade de me dares lírios

e rosas também.

Usas um vestido que é uma lembrança para o meu coração.

Usou-o outrora alguém que ficou

Lembrada sem vista.

Tudo na vida se faz por recordações

Ama-se por memória.

(...)

tudo é assim mais ou menos

o coração anda aos trambulhões

viver é desencontrar-se consigo mesmo.

No fim de tudo, se tiver sono, dormirei.

Mas gostava de te encontrar e que falássemos.

Estou certo de que simpatizaríamos um com o outro.

Mas se não nos encontramos, guardarei o momento

Em que pensei que nos poderíamos encontrar.

Guardo tudo.

Guardo as cartas que me escrevem.

Guardo até as cartas que não me escrevem.

Santo Deus! A gente guarda tudo mesmo que não queira!

E o teu vestido azulinho, meu Deus, se eu te pudesse atrair

Através dele até mim!

Enfim tudo pode ser...

És tão nova  - tão jovem, como diria o Ricardo Reis –

E a minha visão de ti explode literariamente...”

(ÁLVARO DE CAMPOS)


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