PATO NEGRO

Imponente e nadando a distantes vinte metros.
Locomovendo-se de forma rápida, passa a impressão de flutuar macio na água que abraça e usa. Precisa dela para a sua vida. Sempre.
Um homem, parado com cuia na mão, observa a tudo de forma silenciosa.
Sua respiração é compassada e não emite barulho algum.
Naquele instante, esqueceu-se de até mesmo dispensar a fumaça presente nos seus pulmões. Em alguns minutos deixaria o cigarro cair no chão e disso sequer se daria por conta.
O pato negro chamara toda a sua atenção.
Ao cruzar por um facho de luz que o poste emitia n’água, pareceu querer se mostrar, e começou a seguir o facho, tornando-se um bicho iluminado.
Mesma velocidade, nenhuma mudança, apenas saíra da penumbra.
O movimento da sua mão, indo de encontro ao seu nariz com o propósito de retirar uma pequena gotícula d’água que havia acabado de aparecer sob ele, fizeram-no notar que pingos d’água esparsos caiam do céu. Quem sabe a muito estivessem caindo. Discretos, passaram até então desapercebidos.
Um pigarro momentâneo, mais um gole do mate. O pato ainda mais distante, ininterrupto no seu exercício mecânico, porém, ao que parece, absolutamente racional.
Não saiu dali até que o pato fugiu completamente do seu raio de visão. Não saiu nem após dez minutos passados disso. Saiu apenas quando suas pernas, instintivamente o fizeram notar que não suportavam mais o peso que em cima de ambos os dois pés eram descarregados.
O pato encarregou-se de se abrigar; instalando-se confortavelmente embaixo de das folhagens secas de uma imensa planta.
De água, ele não gostava muito quando essa vinha de cima.
A chuva foi breve.

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