Como foi o Campeonato                                                                                                                                                                       VOLTAR

 

Num regulamento confuso, como era de praxe nos anos 70, o Campeonato Nacional de 1974 reuniu 40 equipes divididas em dois grupos de 20. Os clubes jogariam entre si dentro dos grupos e, ao final dessa fase, os 22 de melhor pontuação mais os dois de melhor renda (!) se classificariam para a etapa seguinte. Na segunda fase, os 24 clubes restantes eram separados em quatro grupos de seis dentro dos quais jogariam entre si. Os vencedores de cada grupo decidiriam o campeonato nacional num quadrangular final.

 

Chegaram a esse quadrangular Cruzeiro, Internacional, Santos e Vasco. Dos quatro, o Vasco era o mais desacreditado, pois enquanto seus adversários tinham craques do gabarito de Pelé, Dirceu Lopes, Piazza, Falcão e Valdomiro, o Vasco era considerado apenas uma equipe aguerrida, sem nenhum grande destaque a não ser Roberto, o artilheiro do campeonato, mas que ainda era jovem e não tinha o status que conquistaria nos anos seguintes. Vale lembrar que esse quadrangular decisivo era em turno único. Tudo seria decidido no espaço de uma semana. Assim, no domingo dia 21/07, Internacional x Cruzeiro, no Beira-Rio, e Vasco x Santos, no Maracanã, abriram a fase decisiva do Campeonato Nacional.

 

A batalha contra o Santos de Pelé

 

Enquanto gaúchos e mineiros empatavam em 1 x 1, com acusações por parte dos colorados de violência do zagueiro cruzeirense Perfumo, o Vasco derrotava o Santos por 2 x 1 num combate suado, sofrido, como seriam todos os jogos naquela fase final. O Vasco vencia por 1 x 0 quando, numa falta duvidosa de Joel, Pelé empatou cobrando a infração magistralmente no ângulo de Andrada. O jogo estava perto do fim e o empate parecia consolidado. Já passava dos 40 minutos do segundo tempo quando, num cruzamento para a área santista, Luis Carlos desviou, matando a zaga, e Roberto emendou para as redes do Peixe. A vitória poderia ter sido mais tranqüila se o árbitro gaúcho Agomar Martins tivesse assinalado pênalti claro a favor do Vasco, sofrido por Peres, no início do segundo tempo, quando o jogo ainda estava 1 x 0.

 

A origem da polêmica: invasão de campo no Mineirão

 

Lutando contra contusões de alguns jogadores, o Vasco era um azarão no duelo de quarta-feira à noite, 24/07, contra o poderoso Cruzeiro, no Mineirão. Os mineiros eram apontados pelos cronistas como a equipe de melhor qualidade técnica do campeonato.

 

No Pacaembu, o Santos manteve-se vivo na disputa do título ao bater o Internacional por 2 x 1. No mesmo horário, no Mineirão, o Cruzeiro dominava amplamente o Vasco, perdendo inúmeras chances. O placar só seria inaugurado no finzinho da primeira etapa, gol de cabeça de Zé Carlos. No intervalo a sensação era de que os cruzmaltinos tinham dado sorte de não saírem goleados, mas que a vitória cruzeirense seria fácil.

 

Porém, os cem mil torcedores presentes ao estádio viram um Vasco aguerrido voltar ao segundo tempo. Na base da raça, característica principal da equipe, o lateral Alfinete empatou o jogo. Foi um susto para os mineiros, que esperavam apenas fechar o caixão vascaíno no segundo tempo. Demoraram para reagir, e a pressão só veio nos minutos finais. Foi quando aconteceu lance polêmico na área do Vasco: os cruzeirenses pediram pênalti de Alcir em Palhinha. O árbitro pernambucano Sebastião Rufino não marcou. Foi a senha para uma invasão de campo por parte de dirigentes e comissão técnica do Cruzeiro. O vice-presidente do clube mineiro, Carmine Furletti, agrediu o árbitro da partida, fato relatado na súmula pelo próprio Rufino. O resultado da partida permaneceu 1 x 1 e a confusão só teria conseqüências mais sérias uma semana depois.

 

Tinha tudo para ser a festa do título

 

Com os resultados, o Vasco chegava à última rodada do Quadrangular precisando de uma simples vitória sobre o Internacional para se sagrar Campeão Nacional de 74. O jogo seria no Maracanã, logo a confiança da torcida vascaína era de que o título seria conquistado naquela partida. Era um domingo, 28/07, e o estádio estava lotado. Mais de cem mil vascaínos empurrando o Vasco que veio arrasador. Com 25 minutos do primeiro tempo já vencia por 2 x 0, um gol de Roberto de cabeça e outro de Zanata, num chute despretensioso que culminou num frango do experiente goleiro Manga. A primeira etapa terminou com esse placar e o título parecia assegurado.

 

Parecia. Recuado e displicente, o Vasco começou a dar espaços ao Internacional. Os colorados diminuíram a 20 minutos do fim. O gol desestabilizou de vez a equipe cruzmaltina que viu o título escorrer pelos dedos quando o Inter empatou em 2 x 2. Roberto ainda tentou fazer alguma coisa, mas a atuação apática do segundo tempo fez com que a conquista do Campeonato Nacional fosse adiada.

 

Com o empate entre Vasco e Internacional, o vencedor do confronto entre Santos e Cruzeiro, no Morumbi, chegaria aos mesmos 4 pontos ganhos do Vasco. Segundo o regulamento do Campeonato, caso duas equipes terminassem o Quadrangular Final empatadas em número de pontos, haveria um jogo extra entre elas, na casa do clube de melhor campanha em todo o torneio.

 

Pois eis que o Cruzeiro mostrou sua força e sapecou 3 x 1 no Santos em pleno Morumbi. Estavam então mineiros e cariocas empatados com 4 pontos (uma vitória e dois empates) e teriam que decidir o campeonato em um jogo extra, já na quarta-feira seguinte, dia 31/07. O local do jogo? O Mineirão, pois o Cruzeiro tinha a melhor campanha até então.

 

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