Visões da Arte

Maria da Graça Almeida

 
(primeira visão) 



A arte é uma viga, 
sustenta e desobriga, 
não se impõe, pede licença, 
é expressão de pura crença! 

Perdoem-me os pintores de rua, 
que rimam cenas tão nuas, 
aos meus olhos se pintam de cinza, 
se os versos carregam na tinta. 

Ainda que muito se empenhem 
é imprópria na rua sua dança, 
atreve-se a arte imposta, 
obriga-nos e desgosta! 

A arte que pede licença, 
com magia se compõe, 
a arte que pede licença, 
de muita arte dispõe. 


(segunda visão)


A arte dispensa licença, 
simples, apresenta-se, 
vem chegando e afiança, 
irrestrita, a confiança. 

Reverencio os pintores de rua, 
que pintam rimas tão cruas, 
retratando o irreparável, 
expõem sua força notável! 

Ainda que nos embruteçam 
e com eles os sonhos feneçam, 
essa arte intensa e dura, 
redimensiona loucuras. 

A arte que crê em sua crença, 
naturalmente se impõe, 
a arte que pede licença, 
à submissão se dispõe! 

                                     

 

LUIZ DELFINO DE BITTENCOURT MIRANDA

26082002

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