Tua 

Maria da Graça Almeida

Tardia, quero ser tua metade. 
Posso ser a brisa leve 
a esvair tuas tempestades.

Posso ser fresca aragem 
e, com sopro tênue, breve, 
amainar tuas ventanias! 

Posso ser luz que alumia 
as dormentes paisagens,
renovando as imagens,
das tuas telas mais sombrias.

Posso ser a branda chama, 
a lamber-te as noites frias, 
sem que te esfrie a cama, 
sem que a queime em demasia. 

Posso atar-te em justos nós, 
na medida do carinho, 
pra que não te sintas só, 
nem, acorrentado ao ninho. 

Derrama, assim, uma lágrima 
sobre teu rosto de cera, 
que, talvez depois das mágoas
teu sorriso eu nem mais queira.

Pois que inda és o primeiro 
arredio caçador,
a zombar, no cativeiro, 
das delícias do amor.

 

LUIZ DELFINO DE BITTENCOURT MIRANDA

26082002

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