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Show Ac�stico no ATL Hall - 2003
Elogio a beleza e voz da Paula - 2002
Lan�amento do Ac�stico MTV - 2002
Grava��o do Ac�stico MTV - 2002
Cr�tica do disco Surf - 2001
Show do Kid no Rock In Rio - 2001
Lan�amento do Cole��o - 2000
Cr�tica do disco Cole��o - 2000
Cr�tica do disco Tudo � Permitido - 91
Cr�tica do disco Kid - 89 
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Kid Abelha desplugado
Banda apresenta show ac�stico no Rio

        Paula Toller j� vai logo avisando que, desta vez, nada de Kelly Key. "S� se fala dela. Chega, n�?", sentencia a vocalista do Kid Abelha, por email. Na grava��o do Ac�stico MTV da banda - show que ser� apresentado nesta sexta e quinta-feira pela primeira vez para os cariocas, no ATL Hall - Paula cantou Baba, maior sucesso da pop teen brasileira, imitando at� o jeitinho ing�nuo-sensual da ex de Latino.

        A brincadeira entrou at� no DVD do Ac�stico, que j� chegou a boa marca de 25 mil c�pias vendidas. Comemorando 20 anos de carreira, o Kid desfruta do caracter�stico momento vivido pelas bandas que fazem um CD ac�stico, enfileirando os velhos sucessos. Os do Kid Abelha j� levaram 250 mil pessoas �s lojas. "Estamos muito felizes. Esse sucesso � um pr�mio para n�s, n�o s� pelo ac�stico como tamb�m pelo trabalho que fizemos nos discos Surf e Autolove, que n�o tiveram a merecida exposi��o", diz Paula.

        Neste show, os f�s poder�o conferir os arranjos desplugados feitos especialmente para o disco, com direito � violino e cello - ainda que a cantora admita que Bruno (Fortunato) deve tocar guitarra el�trica no final. "Ele n�o ag�enta!". Na sexta, o grupo receber� o pernambucano Lenine, que no ac�stico cantou com Paula o cl�ssico de Hyldon, Na rua, na chuva, na fazenda. Al�m deste, outro dueto poder� rolar: "Estamos pensando em tocar uma can��o dele, mas s� vamos resolver na hora. Conto, para isso, com uma banda de 'feras'. Eles j� est�o acostumados - eu sempre puxo m�sicas fora do roteiro", conta Paula.

        E � contando com suas 'feras' que a vocalista do Kid promete cantar uma m�sica pedida pela plat�ia: "� um momento divertido, pois tocamos as m�sicas escolhidas mesmo sem ter ensaiado", diz. Al�m de tocar sucessos do disco, como Fixa��o, Pintura �ntima, Como eu quero, Amanh� � 23 e Eu tive um sonho, a banda vai relembrar m�sicas do �lbum Meio desligado, aproveitando os arranjos deste disco tamb�m desplugado.

        O repert�rio do show tamb�m dever� contar com Gilmarley song, uma das tr�s in�ditas do novo trabalho. Curiosamente, a faixa homenageia, al�m do Rei do Reggae Bob Marley, o agora ministro da Cultura Gilberto Gil. Paula Toller continua uma admiradora do baiano: "Da ind�stria cultural brasileira, a m�sica � o elemento que d� mais lucro, mesmo em crise. A escolha de Lula foi sensata e ousada. Boto a maior f�", entrega. Paula admite que o desempenho do baiano em seu novo cargo ainda � uma inc�gnita. "Gil merece homenagens por sua vida art�stica, mas a ministerial ainda � uma hist�ria a ser contada". De qualquer forma, ela j� faz o primeiro pedido. "Gostaria que ele promovesse uma maior exporta��o da nossa m�sica". Paulinha, s� nos resta torcer.

Sobe


Paula Toller e sua voz l�quida

        Antes, uma considera��o preliminar. A maior cantora do Brasil � N� Ozzetti e isso n�o est� em quest�o. Limpidez, modula��o, timbre, balan�o, a nota exata. N�, que soe s�. N� � mais do que todas s�o, mesmo quando s�o todas juntas, e n�o � esse o ponto. Fim da preliminar.

        O ponto � outro, ou, melhor, o ponto � outra, digo, o ponto � a outra, a voz feminina que escorre l�quida para dentro dos ouvidos da gente e transporta o corpo ao lugar que a imagina��o n�o conhecia, uma terra clara e abrasiva onde se fica de joelhos em sinal de s�plica para que ela, a dona da voz que escorre, nos acolha com os dedos de seu p�, os dedos que se deixam ver de longe, l� no palco. O ponto, enfim, � Paula Toller, � o jeito que ela tem de cantar.

        Quando eu soube que tinha sa�do o ac�stico da MTV com o Kid Abelha, h� coisa de uns dois meses, sa� pelas lojas de discos feito um pedinte. Mendigava com os olhos para que os balconistas reconsiderassem sua frase horr�vel: ''Ainda n�o chegou.'' Fui a uma, a duas, a tr�s, at� que achei. Mal conferi o troco e sa� correndo para o carro. Fiquei ouvindo sem parar, repetidamente, por uma semana inteira. Que del�cia.

        As melodias que soavam nos alto-falantes das portas do autom�vel se misturavam �s melodias que eu trago na mem�ria. Ela cantava no CD e tamb�m cantava em minhas lembran�as. Dentro do meu carro, indo pra l� e pra c�, eu vivi muitas vidas outra vez. Nunca amei tanto os congestionamentos, a chuva na cidade, o olhar das mo�as nos carros ao lado. Eu ouvia e reouvia tudo, ouvia o que ela gravou ou regravou agora e tamb�m o que ela n�o regravou. Eu ouvia tudo perfeitamente. Por exemplo: ''Eu tenho pressa, tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim.'' Isso ela n�o regravou, oh, dor. Mas era como se ela estivesse cantando a mesma can��o outra vez, ali, s� para mim, como se ela estivesse no banco de tr�s, o queixo colado ao meu ouvido. Paula Toller sabe o sentido da minha vida. Ela prosseguia, na minha mem�ria: ''Eu sei de quase tudo um pouco, e quase tudo mal.'' Versos como esses deveriam estar inscritos em m�rmore, em letras formid�veis, no alto dos portais de todas as faculdades de jornalismo. Deveriam estar escritos na minha testa. Se eu n�o fosse t�o covarde, mandava tatuar.

        Acho que ela existe como cantora h� 20 anos. Mais, talvez. E � sempre a mesma: uma loira cujos olhos se divertem enquanto v�em o que quer que seja. No CD que eu comprei vem um caderninho de fotos, gra�as a Deus. Ela aparece com um jeans que lhe deixa a barriga aparente e, �s vezes, de cabe�a baixa, olhos protegidos pelos fios met�licos de seus cabelos sobrenaturais, ela sorri, muito perto do microfone. Agora, enquanto escrevo, ponho o CD na sala de casa. Ela canta uma can��o chamada Nada sei. Que ironia po�tica: Paula Toller sabe tudo. ''Nada sei dessa vida, vivo sem saber, nunca soube, nunca saberei, sigo sem saber.'' Eu come�o a me desmiling�ir. A� vem o refr�o: ''Sou errada, sou errante, sempre na estrada, sempre distante.'' Penso que as cordas vocais dessa mulher s�o fibras hipersens�veis que se estendem do avesso dos seios, do cora��o, do sexo, penso que elas s�o l�nguas que tocam e amolecem as ondas sonoras transformando-as em fios de um melado viscoso e sensual, tecendo redes em uma atmosfera irreal que me captura a alma pu�da. Ela sabe tudo de mim porque diz que n�o sabe nada, e diz que vive sem saber. Em outra can��o, ela volta ao tema do saber e n�o saber: ''Desde que estamos aqui, eu n�o quero saber, eu n�o quero saber quem est� por cima, quem est� por baixo.'' Ela trina e eu tremo. Minha cabe�a trepida, entregue. ''Eu n�o quero saber'', ela repete, e eu quase entro em transe.

        (Pausa para respira��o. Acho que estou exagerando.)

        (Melhor prosseguir entre par�nteses. Ultimamente, para ser franco, tenho notado que cometo alguns excessos estil�sticos e, �s vezes, excessos demenciais pura e simplesmente. No caso de Paula Toller, contudo, ao dizer que quase entro em transe, eu n�o falto com a verdade dos fatos. O transe, aqui, n�o se refere a um efeito m�gico, mas a um efeito estritamente psiqui�trico. � muito simples. Escute, por exemplo, um CD de Jorge Benjor. Deixe-se levar por aquele ritmo, aquele balan�o que poderia ser transcrito do seguinte modo: ''Jacutinga, jacutinga/ jacuti-cuti-cutinga''. Todas as letras e todas as melodias de Benjor cabem dentro da m�trica dessas palavras seq�enciais, com sua musicalidade e suas t�nicas distribu�das pelas s�labas preestabelecidas: ''Jacutinga, jacutinga/ jacuti-cuti-cutinga''. A repeti��o exaustiva desse ritmo certamente ativa mecanismos neuronais de excita��o e relaxamento de uma �nica vez. Jorge Benjor faz bem para a sa�de mental. Lulu Santos � diferente, embora seja um fator an�logo. Alguns discos de Lulu Santos em breve passar�o a ser vendidos em farm�cias como substitutos de Prozac, com a vantagem de n�o ter efeitos colaterais. Ou�a Lulu Santos e ganhe uma dose de autoconfian�a que dura de seis a oito horas. Enfim, o que estou tentando dizer � que h� de haver alguma explica��o psiqui�trica para o efeito f�sico que alguns cantores provocam em n�s. Paula Toller exerce em mim esse moto gerador de amor tresloucado, admito, mas � um fen�meno psiquiatricamente plaus�vel. Ela me eleva o esp�rito a um gozo inigual�vel, mas � um efeito cl�nico, n�o � fetiche, eu juro. Fecho par�nteses.)

        Essa mulher, sua voz l�quida, suas letras ing�nuas. Ela me tira o ar e me devolve a vida.

Sobe


Baba, Kelly Key
Paula Toller reconhece que melhorou e se identifica com a cantora de Baba

        O tempo n�o passa para as belas curvas de Paula Toller, a musa do rock brasileiro. Mas os 20 anos de estrada visivelmente deram novas cores para a voz que est� � frente do Kid Abelha durante todo este per�odo. Olhando para tr�s, depois de juntar os peda�os e sucessos da hist�ria do grupo para as grava��es do Ac�stico MTV do Kid, que chega agora �s lojas em CD (o DVD sai em dezembro e o programa estr�ia nesta sexta-feira na MTV), a cantora reconhece: "Eu n�o era uma cantora. Eu era uma garota que fazia parte de uma turma", analisa, em entrevista coletiva.

        Para celebrar os novos tempos, e o anivers�rio de duas d�cadas, Paula, George Israel e Bruno Fortunato receberam, no P�lo de Cine e Video de Jacarepagu�, no Rio, em setembro passado, dois convidados ilustres e com perfis distintos do pop radiof�nico do grupo: o pernambucano Lenine e o guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra. "N�o quer�amos ir no �bvio e por isso chamamos o Lenine, que � mais MPB, e o Edgard, que � mais roqueiro", explica Paula.

        Mas o que chocou mesmo, ainda mais do que a inclus�o do hit de Claudinho e Buchecha Quero te encontrar - que, num toque de paranormalidade, eles ensaiaram pela primeira vez no mesmo dia em que Claudinho morreu - foi a interpreta��o de Paula para Baba, sucesso de Kelly Key.

        "N�o � uma ironia. Acho (Baba) uma m�sica legal, super divertida, pop e engra�ada. Temos uma liga��o com esse tipo de som, do tempo que come�amos nos anos 80 e faz�amos muitos bailes e shows de playback. Todo mundo que tava estourado fazia e s� alguns n�o, porque n�o gostavam de ir ao sub�rbio", relembra.

        A tal brincadeira parecia fadada a existir apenas na mem�ria dos seletos presentes nas grava��es, mas algum espertinho da MTV resolveu incluir a cena nos extras do DVD. Uma atra��o a mais para alavancar as vendas do projeto ac�stico, cujas vendas costumam atingir bons patamares, para felicidade da diva: "Espero vender muito! Se eu n�o fizesse disco para vender eu ficaria em casa e n�o entraria para uma gravadora". Vender, Kelly Key j� vende. Agora o resto... se bem que, se Paula Toller p�de ir melhorando ao longo da carreira, por que Kelly Key n�o pode?

Sobe


Kid Abelha grava seu Ac�stico MTV

        Foi-se o tempo em que a voz de Paula Toller suscitava cr�ticas nem sempre respeitosas: em portugu�s claro, desafinada era o termo recorrente associado � cantora. A bela quarentona provou nesta quarta e quinta-feira que n�o precisou do Pro Tools (o salvador programa de computador que conserta escorreg�es de gente que n�o sabe nada do riscado) para dar a volta por cima. Os vinte anos de carreira do Kid Abelha, completados neste ano, fizeram bem � diva, que comemorou o anivers�rio da banda (e o seu, agora em agosto), sua excelente forma f�sica e sua linda voz no Ac�stico MTV do grupo, gravado no P�lo de Cine e Video de Jacarepagu�, no Rio.

        No repert�rio do programa, que vai virar tamb�m CD e DVD (nas lojas em novembro), vingou a receita de sempre do formato: um punhado de in�ditas, duas ou tr�s esquecidas e v�rios sucessos. As novidades s�o Nada sei, Meu v�cio agora e Gilmarley song, esta �ltima uma homenagem � Gilberto Gil e Bob Marley, idealizada quando Paula assistiu o �ltimo show do baiano, que lan�ou este ano um CD com m�sicas do rei do reggae. A nova safra marca um amadurecimento (especialmente nas letras) do conjunto, menos aficcionados nos temas amorosos e com uma amplitude quase pol�tica.

        Das velhas conhecidas estavam l� Fixa��o, Pintura �ntima, Como eu quero, Amanh� � 23 e Eu tive um sonho, devidamente acompanhadas pelo coro da plat�ia, sempre escolhidas � dedo com integrantes de f�-clubes capazes de cantar todas as letras de cabo � rabo. Al�m do p�blico, participou de Como eu quero o guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra, que exibiu sua habilidade em um belo solo de viol�o que lhe rendeu elogios: "Seus solos de guitarra me conquistaram", se derreteu com sensualidade a vocalista, fazendo alus�o aos versos de Fixa��o.

        O Kid aproveitou tamb�m para regravar Na rua, na chuva, na fazenda, sucesso de Hyldon que a banda j� havia revisitado no disco Meu mundo gira em torno de voc� (1996). O conjunto contou com o habitual talento do pernambucano Lenine para dar maior beleza � can��o, que teve de ser repetida quatro vezes (dentro da m�dia, em se tratando de ac�sticos). Outro momento alto do ac�stico foi a interpreta��o do sucesso na voz de Cazuza, Brasil, em que George Israel (co-autor da m�sica ao lado de Nilo Romeiro) teve seus minutos de gl�ria, ao cantar o hit junto com Paula.

        Kelly Key - Mas curioso mesmo foi poder conferir as impag�veis imita��es e performances da cantora, feitas entre uma piada e outra (umas engra�adas, outras nem tanto) que n�o entrar�o no CD (nem no programa), mas que foram devidamente registradas pelas c�meras da MTV. Em uma delas, Paula Toller cantarolava uma can��o dos Beatles quando se tocou: "Gravar Roberto Carlos j� est� dif�cil, imagina Beatles!", disse, arrancando as risadas de quem est� por dentro das sucessivas tentativas frustradas de artistas que tentam regravar m�sicas do Rei.

        Paula emendou em seguida O Port�o - aquela em que Roberto Carlos solta a voz nos versos eu voltei/e agora � pra ficar/porque aqui/ aqui � o meu lugar -, pouco se lixando para as recusas do cantor. Neste esquema quase de avacalha��o, Paula avisou: "P�, tinha prometido que hoje eu n�o ia cantar Baba (sucesso da Kelly Key)", brincou. A vocalista fez quest�o de elogiar a menina: "Me lembra o nosso come�o", disse, s�ria, antes de come�ar sua hil�ria interpreta��o da m�sica, em que abusou dos trejeitos sexy-infantis de Kelly Key.

        Vale lembrar que a sess�o vers�es proibidas teve a participa��o intensa da banda, formada pelos ex-Ab�boras Selvagens George Israel e Bruno Fortunato, acompanhados por Jefferson Vitor (trompete), Kadu Menezes (bateria), Rodrigo Santos (baixo), Humberto Barros (piano), Nani Dias (viol�o), Ramiro Musotto (percuss�o). Neste pacote teve ainda A festa, de Ivete Sangalo, e Smoke on the waters, o maior sucesso do Deep Purple, j� gravado pelo Kid Abelha em discos anteriores.

        Paula Toller cantou ainda Quero te encontar (aquela que diz: voc� pra mim � tudo/minha terra meu c�u meu mar), uma homenagem � dupla Claudinho e Buchecha. Claudinho faleceu recentemente, v�tima de um acidente de autom�vel. Esta faixa sim, vai entrar no CD Ac�stico, mas chegou a confundir: ser� que n�o fazia parte do script fake? N�o fazia.

Sobe


Kid faz 'surf music' de brincadeirinha

        Quer chamar algu�m de man� � s� dizer que essa pessoa ''soltou pipa no ventilador'' ou ''jogou bola de gude no tapete da sala''. Quando a gente ouve Surf, o novo disco do Kid Abelha, e v� que de surf music n�o tem nada, a impress�o que se tem � de que eles est�o no time de quem pega onda na grama. Mas n�o � o caso. Eles conseguem fazer isso sem correr o risco de serem tachados de man�s, de rid�culos. A bela Paula Toller, o sempre-com-cara-de-sono George Israel e o sisudo Bruno Fortunato n�o est�o querendo disputar nada com um Dick Dale da vida - esse, sim, um �cone da surf music de verdade. Depois de 19 anos de estrada e a bordo de nova gravadora (Universal Music, a maior do mercado), o trio carioca est� apenas dando a seus f�s aquilo a que eles se acostumaram: can��ezinhas de amor, uma pitada de cr�nica do cotidiano da Zona Sul, coisas inofensivas que a gente pode ouvir no r�dio, enfim.

        Surf, o esporte, tem a hist�ria de que uma onda nunca � igual a outra. � parte do que seduz quem acorda cedo e encara a �gua fria para ver a praia de cima de uma prancha e de um �ngulo diferente. Em Surf, o disco, diferentes ondas n�o ser�o o maior pr�mio de quem decidir compr�-lo. A m�xima das praias n�o foi aproveitada no conceito da bolacha. Em "Eu contra a noite", "3 garotas na cal�ada" e "O rei do sal�o", as tr�s primeiras faixas, uma certa sensa��o de repeti��o incomoda o ouvinte. Parece haver palavras-chaves que se repetem nos versos escritos por Paula Toller. Ela compensa isso dando certa gra�a e sensualidade � interpreta��o das historinhas.

        O fato de o produtor da moda, Max de Castro, ter cuidado de duas faixas, dando a elas um climinha black, at� garante, v� l�, certa diferen�a. Mas "10 minutos" e "Solid�o, bom dia!" s�o s� duas num mar de 11. A primeira tem quatro minutos e meio de dualidade: � melanc�lica e animada; a outra, mais curta, segue a linha em que a letrista parece querer tornar-se mais �ntima de seu ouvinte/f�. Ela conta que ''Deu formiga em minha cama'' e que ''N�o h� 1 novo amor''. � uma m�sica sobre solid�o, como diz o t�tulo. Tem um toque de intimidade - mais convidativo, at� - tamb�m em "Da lama � pista", esta produzida por George Israel e Kadu Menezes. Nela, canta Paula: ''Mesmo vestida/ Estou sempre nua/ Sou de nenhuma pessoa/ A vida � bela, a vida � boa/ Da lama � pista...'' Na festa dos produtores, h� ainda o hitmaker Mem� cuidando dos bot�es em "Eu contra a noite" e na passa-que-a-gente-nem-sente "G�vea- Posto 6". Essa � a �nica letra do disco que Paula Toller n�o escreveu sozinha, tendo preferido dividir com Cris Braun.

        A �nica que ela n�o canta sozinha � "Ressaca 99". George Israel, que tamb�m produziu esta com Kadu, empresta o gog� a uma faixa que tem um dos mais poderosos refr�es do CD: ''Vale a pena esperar/ Todos v�o � praia pra ver o mar''. S� n�o vai pegar se houver praga de m�e na hist�ria, de t�o grudento que �. Candidata a sucesso, � uma das que melhor traduzem a inten��o de fazer cr�nica, pelas cita��es que traz: ''Hora de ir no Posto 6 e pensar no Hava�/ De comprar p�o franc�s e passar no a�a�/ De tirar xerox, de lanchar no Bobs/ Ver as ma�aroca de Copa subir.''

        Ainda bem que George n�o quis cantar com ela "Eu n�o esque�o nada". A faixa � melaaaada mas, por ser tamb�m mais complexa, d� � cantora chance de se/nos entreter. O CD tem ainda "Pelas ruas da cidade" e "Quando eu te amo". Esta �ltima escapa de ser s� mais uma ondazinha gra�as ao jeito como Paula canta o verso-t�tulo: ''quando eu te amo''. Referindo-se a esse detalhe, diria um surfista: ''show, fil�.''

Sobe


Kid Abelha detona na Cidade do Rock

        O Kid Abelha entrou na Cidade do Rock ontem �s 20h55 com o jogo ganho . No show de uma hora que terminou com um " obrigado por esses 18 anos " dito por Paula Toller , o p�blico pulou , cantou todas as m�sicas junto com a banda e foi muito mais animado do que os m�sicos no palco . Como n�o precisava se esfor�ar para ganhar o p�blico , que j� estava no bolso , o Kid deu uma certa burocratizada no show . O melhor par�metro para isso foi a hora da apresenta��o dos m�sicos , quando alguns deles , como Dunga (baixo) , Kadu Menezes (bateria) e Cezinha (percuss�o) mostraram , que tinham muito mais na manga do que estavam mostrando .

        O Kid entrou no Palco Mundo quando a dupla Tour� , Tour� , do Senegal , estava encerrando um dos melhores shows deste festival na subestimada Tenda Ra�zes , a maior novidade do Rock in Rio . O ronco do poderoso P.A. tocou uma vers�o eletr�nica de Deus , com Paula cantando Deus apare�a na televis�o , enquanto o tel�o mostrava o nome da banda e ilustra��es coloridas ao estilo dos quadrinhos . A banda entrou com "Eu tive um sonho" , com Paula Toller esplendorosa num mini vestido prateado aberto dos lados com um shortinho por baixo e botas de cano alto , puxando o primeiro coro da noite .

        As 14 can��es foram todas radiof�nicas por serem sucesso e por terem dura��o inferior a tr�s minutos , com exce��o da dan�ante "Fixa��o" e de "Pintura �ntima", estendida para a apresenta��o dos m�sicos. "Alice" teve um solo inaud�vel do sax de George Israel, com um visual i�-i�-i� total. A identifica��o do Kid com a Jovem Guarda continua forte como nunca nas levadas de v�rias m�sicas como "Te amo pra sempre", sem falar, claro, na cover que banda gravou de "Pare o casamento", da Wanderl�ia . Ali�s, Paula est� com cabeleira loura farta como a da Vandeca.

        No meio do show Paula reclamou que tinha "um cara falando em ingl�s no meu ouvido o tempo todo" , referindo-se a problemas no retorno de ouvido que ela j� vinha acusado desde o come�o. O povo n�o negou fogo em can��es como "Na rua, na chuva, na fazenda" e na volta aos anos 80, como ela disse, com "L�grimas e chuva", sucesso do segundo LP, de 1985, ano em que tocaram no primeiro Rock in Rio .

        Um bom momento semi-ac�stico com George ao viol�o e Bruno Fortunato fazendo interven��es criativas na guitarra teve as can��es "Amanh� � 23", "Grand' Hotel" e "Desculpe o au�", de Rita Lee , homenageada por Paula com um "viva Rita Lee, deusa do rock brasileiro e mundial". Depois do hit "Como eu quero", Paula puxou "Fixa��o" e os marmanjos vibraram quando ela dan�ou de costas e a c�mera fechou no derri�re com as bochechinhas de fora.

        Para encerrar, "Pintura �ntima". "Cantei essa no videok� e tirei 97, vamos ver que nota voc�s tiram", provocou ela . E todo mundo foi atr�s berrando a letra inteira. Um 100 com louvor. O Kid est� gravando seu primeiro CD por uma nova gravadora, a Universal, num importante momento de redefini��o de sua sonoridade pop. A bagagem acumulada lhes garante um lastro confort�vel junto ao p�blico , mas eles tem diante de si um futuro desafiador.

Sobe


 Kid Abelha voa no tempo
Grupo rel� cl�ssicos em seu novo CD, indo de Ben Jor a Wanderl�a

        No fim deste ano, o Kid Abelha completa 18 anos de bzzzz nos nossos ouvidos. Animada com a maioridade na carreira, que coincide com o lan�amento do CD-com-jeito-de-vinil Cole��o, a bonita Paula Toller aproveita para confessar que ela e seus companheiros de banda, Bruno Fortunato e George Israel, nunca foram santos. "Na verdade, esse disco fecha um ciclo de cercas que a gente pulou. Coisas que a gente fez por fora. Estamos reconhecendo esses filhos", diz, referindo-se ao repert�rio, todo pescado de discos n�o de carreira mas dos quais participaram, como o tributo a Roberto Carlos produzido por Roberto Frejat. H� apenas tr�s in�ditas na bolacha, o resto � tudo regrava��o. Tem por exemplo a animad�ssima Pare o casamento (em duas vers�es), uma homenagem a Wanderl�a.

        "Gosto muito dela. Wanderl�a � o m�ximo", elogia Paula Toller, para quem o disco � como uma reuni�o de singles e "n�o est� vintage". A abelha rainha prossegue: "A gente queria gravar uma m�sica que fosse bastante animada, bem rock. T�nhamos mais op��es, mas "Pare o casamento" atropelou todas as outras. Era a preferida dos t�cnicos, dos m�sicos, virou a preferida da gravadora tamb�m... E os arranjos n�o ficaram nost�lgicos."

        Com a mesma aura aparece "As curvas da estrada de Santos", de Roberto e Erasmo Carlos, al�m de duas de Jorge Ben Jor: "Mas, que nada" (esta com participa��o especial do autor) e "O telefone tocou novamente". Sem falar de "Teletema", que tem at� um barulhinho no in�cio da faixa, algo como que simulando um vinil que come�a a ser tocado. Mas n�o pegue isso para incluir o trio em qualquer clubinho de revival do formato fonogr�fico de nossos av�s. Eles dizem n�o estar aqui para isso. Dizem tamb�m ser dif�cil acreditar que essa faixa, "Teletema", foi produzida pelo DJ Mem�. "� que ele � todo modernoso", brinca a cantora do grupo.

        George Israel tem uma explica��o para o bom casamento entre as faixas: "Quando escolhemos participar de songbooks ou projetos que homenageiam algu�m, n�o � s� aceitar. A gente escolhe a m�sica que quer fazer. Ent�o, juntando todas essas m�sicas, elas t�m a ver umas com as outras."

        Para eles, nem a meio brega (o que n�o quer dizer que seja ruim) "Pingos de amor", originalmente do CD Rider hits (de 1997), quebra essa unidade. Pecado que tamb�m n�o cometem as tr�s in�ditas: "Deve ser amor", "Eu sei voar" e "Um momento s�".

Sobe


Cr�tica - Cole��o
Mel de boa qualidade

        Deu bom resultado a preocupa��o do Kid Abelha na hora de reler cl�ssicos como os que eles inclu�ram em Cole��o. Ponha o som em volume de festa, reforce os graves no seu equalizador e ou�a a doce "Pare o casamento" para conferir. Talvez n�o fosse preciso ter duas vers�es da mesma m�sica, uma abrindo e outra fechando o disco, j� que, como voc� vai poder conferir no seu som (ent�o num volume que n�o incomode os vizinhos), h� apenas sete segundos de diferen�a entre as duas. Bem que poderia ser uma daquelas extended mix, para aproveitarmos mais o contrabaixo e a voz da nova Wanderl�a.

        A primeira impress�o que se tem vendo as cores desbotadas da capa, sem falar nas diversas refer�ncias aos compactos no miolo do encarte, � mesmo a de que se trata de algo com clima de antigamente. Mas n�o � bem assim. Na hora da audi��o, esse clima n�o vai al�m do fato de a maioria das m�sicas ter sido composta numa �poca em que nem se sonhava com CD. Tirassem o chiado de "Teletema" e o som n�o teria nada de "antigo".

        Se no disco anterior, Autolove, Paula Toller se mostrava mais segura nas composi��es, com esse n�o vamos poder saber se a abelha est� voando ainda mais alto. Como s�o antigas as tr�s in�ditas que est�o no trabalho, elas retratam uma outra compositora. Sem contar que s�o parcerias, �s vezes com George Israel ("Um momento s�"), �s vezes incluindo uma terceira pessoa (Cris Braun em "Deve ser amor", ou o outro Kid, Bruno Fortunato, em "Eu sei voar"). Mas d� para "ver" que ela est� se divertindo catando esse repert�rio. A voz da abelha est� um mel, doce mesmo. Leve um pote.

Sobe


Kid Abelha chega a fase adulta

        O Kid Abelha deixou definitivamente de ser a banda do pop a�ucarado do Rock Brasil. O LP anterior, Kid, de agosto de 1989, mostrou uma virada do trio depois do insosso Tomate. O novo LP, Tudo � Permitido, consolida caminhos de uma banda pop adulta e muito profissional. Ao contr�rio de grupos como o Bar�o Vermelho, sempre elogiado pela cr�tica, o Kid Abelha cresceu debaixo de pau, obtendo na aceita��o popular a compensa��o pela enxurrada de picha��es dos cr�ticos.

        Na abertura de Kid, Paula anunciava o fim da puberdade e a efici�ncia demonstrada ent�o comprovou suas palavras. Desta vez, a mudan�a mais acentuada ficou por conta dos dotes po�ticos de Paula Toller, revelando-se de uma crueldade insuspeitada por tr�s do visual platinum blonde que insiste em manter. Tudo � Permitido mostra Paula como autora de versos (brancos) mais inspirados aqui, menos ali, mas a m�dia se mant�m em alta. Bruno Fortunato (guitarra) se apresenta como um instrumentista sofisticado, pilotando duas a tr�s guitarras e viol�es por faixa com timbres diferentes e de bom gosto. George Israel continua a ser um m�sico passional, que toca com arranjos fren�ticos, dobrados e multiplicados por efeitos. Al�m de Nilo no baixo, o Kid convocou para a bateria Kadu, um dos melhores instrumentistas brasileiros.

        Que o Kid n�o � mais o mesmo ficou explicito em "Grand’ Hotel", a primeira m�sica de trabalho estourada nas r�dios. Uma balada trabalhada em cima de viol�o, v�rias guitarras, piano e uma letra eficiente sobre um amor que se transformou em "bom dia". Mas o disco abre com tr�s faixas que servem para Paula mostrar seu lado de sexo, crueldade e pop’n’roll. Um viol�o com acordes que lembram "Pinball wizard" (The Who) abre "A palavra forte", uma balada onde brilha o baixo de Nilo Romero, tamb�m produtor do disco.

        Um mantra abre a faixa seguinte, "Lolita", mais standard, com sax e guitarra anunciando uma Paula encarnando a Lolita de Nabokov: "Toda menina j� foi Lolita na vida/ N�o por amor mas por desejo de poder/ Praticar a crueldade e se satisfazer/ Sexo f�cil, companhia e prazer," destila Paula com uma interpreta��o sensual, sussurrada e ir�nica ao final: "Voc� pensou que me ensinava/ bebia na fonte da juventude/ mas era eu que bancava o jogo/ Mas era eu que possu�a o seu corpo."

        Encerrando a trilogia, "A indec�ncia", inspirada no poema er�tico de D.H.Lawrence A indec�ncia pode ser saud�vel: "Tudo � permitido/ Se o sentimento for verdadeiro/ Mas se o c�rebro vier primeiro/ � tudo proibido", proclama o refr�o que calca versos tipo "A indec�ncia pode ser saud�vel/ A indec�ncia pode ser normal/ Um pouco de indec�ncia � sempre necess�rio/ Para manter uma vida normal".

        A surpresa do disco fica por conta de duas covers - "N�o vou ficar" e "Fuga n� II" - e de "Eletricidade", a estr�ia de George Israel no vocal. "N�o vou ficar", de Tim Maia, gravado por Roberto Carlos nos tempos da Jovem Guarda, recebe aqui uma vers�o que deve ganhar as r�dios e pistas de dan�a com um naipe que tem os convidados Sena (trombone) e Dem�trio Bezerra (saxofone), al�m do �rg�o de William Magalh�es. "Fuga n� II" recebeu uma boa vers�o mais � dificil superar a grava��o original dos Mutantes, uma banda at� hoje insuperada no rock brasileiro.

        Para estrear no vocal, Israel recebeu um santo de Otis Redding como acontece quando ele canta na Midnight Blues Band. "Eletricidade" � dele, do Nilo e de Cazuza e o arranjo � Sitting on the dock of the bay total. Israel se esgoela e os metais suingam numa faixa bem adrenalina. "Eletricidade" � uma gata que "n�o presta e nem quer prestar" como dizem os versos de Cazuza.

        Um f� do Kid Abelha assina um dos releases do LP, Renato Russo (o outro � de Tom Le�o), definindo o Kid numa boa frase: "Sem pretender desvendar os grandes mist�rios da psiqu� humana ou tentar um registro destes tempos conturbados, o Kid acaba fazendo exatamente isso e de maneira ao mesmo tempo incisiva, bem-humorada e extremamente dan�ante."

        Para embalar Tudo � Permitido, o Kid convocou o talento de Fl�vio Colker, o fot�grafo-m�r do Rock Brasil, que bolou uma linda capa e encarte em preto e branco, deixando o colorido para uma foto do encarte duplo, onde os Kids brincam de guarda-chuva numa praia. Gravado com apuro t�cnico por Paulo Junqueiro, Antoine Midani e Mauro Bianchi, Kid Abelha entrega um disco capaz de vencer o retraimento de um mercado assolado pela recess�o.

Sobe


Vida longa aos Abelhas

        Na primeira faixa de trabalho do novo LP, "Agora sei", Paula Toller anuncia o fim da puberdade, com a ressalva de quem nem se lembra mais da primeira vez que deu. Essas lembran�as sexuais perdidas no passado se juntam �s lembran�as das cr�ticas virulentas arremessadas contra o Kid Abelha ao longo de sua carreira. Cazuza, autor da letra "De quem � o poder", lembra numa mensagem anexada ao disco que, nos prim�rdios do Kid e do Bar�o Vermelho sob a lona do Circo Voador, n�o gostava dos Abelhas "nem daquela garota t�mida miando no microfone" (hoje, ele se considera um Abelha honor�rio).

        Esse tipo de picha��o sempre perseguiu Paula Toller mas, agora, ela d� o troco em grande estilo, brilhando de ponta a ponta no quarto LP de est�dio da banda, batizado simplesmente de Kid. Reduzido no nome, com o abandono de Os Ab�boras Selvagens, e na forma��o, agora mero trio, com George Israel (sopros), Bruno Fortunato (guitarras) e La Toller (vozes). O Kid Abelha lan�a um disco quase impec�vel, produzido por eles com o Abelha honor�rio Nilo Romero, respons�vel pelo baixo encorpado e quase solo de todas as faixas, mais a indispens�vel assessoria t�cnica de Paulo Junqueiro.

        A embalagem do LP � forte concorrente a melhor do ano, um quebra-cabe�a a cores montado por Gringo Cardia, da Bela Arte, o designer que fazia a programa��o visual da Blitz com Luiz Stein. Um trabalho apurado, com cortes na capa para que apare�am figuras e montagens do envelope e, na contracapa, dois Kids e meio, com a cara do Bruno partida pela metade. O click � do fot�grafo-m�r do Rock Brasil, Fl�vio Colker.

        Os Abelhas sempre foram desafiadoramente pop, conquistando o aplauso do p�blico e a ira dos cr�ticos mas, desta vez, conseguiram dobrar at� a cr�tica paulista, que os elegera como representantes m�ximos do descart�vel rock do balne�rio, em contraposi��o � densa produ��o das bandas de Sampa, principalmente as do circuito independente.

        As m�sicas do Kid t�m melodias f�ceis, uma levada limpa e pouco agressiva mas a sonoridade � absolutamente pessoal. Ao longo das nove faixas do disco, George Israel busca timbres diferentes para seu sax. Bruno se alterna entre os timbres limpos na levada das m�sicas e os solos distorcidos, que d�o um toque rock e uma leve sujada no som limpo da banda, num contraste bem interessante.

        No ano passado, Paula Toller causou verdadeiro frisson nos shows do saudoso Alternativa Nativa. Um ventilador que devia apenas fazer a saia dela esvoa�ar numa m�sica, acabou detonando um furac�o que lhe deixou � mostra as calcinhas, al�ando-a ao pedestal de sex symbol, algo que j� vinha sendo ensaiado com os cabelos lour�ssimos e as roupas provocantes. A vis�o das calcinhas embotou o fato de o Kid estar ali oferecendo um show hiperprofissional, com nove m�sicos no palco e uma produ��o ousada para os nossos eternos tempos de crise.

        Neste LP, Paula brilha por um aspecto in�dito, o apuro t�cnico. Al�m de estar cantando melhor do que j� cantou, faz todos os vocais do disco fazendo a primeira, segunda, 15� e 28� vozes com timbres inusitados. Como letrista, Paula melhora cada vez mais, numa progress�o do aprendizado de poeta a que teve que se submeter pela necessidade de suprir o v�cuo deixado pela sa�da de Leoni.

        Como s�i acontecer com o Kid Abelha, quase todas as faixas t�m cara de hit. O quase a� fica por conta de "Paris Paris" (que � capaz de estourar s� pra me desmentir). Trata-se de uma incurs�o pelo cool jazz, uma �rea totalmente estranha para o Kid. Se tivesse sido gravada com o Nouvelle Cuisine, provavelmente a banda teria uma m�sica hors concours no repert�rio. E a letra tem sacadas �timas da Paula: "Em Paris, Paris/ a nova luz da Tour Eiffel/ no c�u, no c�u/ iluminando um quarto de aluguel/ gente de aluguel/ desfilando pelos trottoirs de Paris". Outras boas sacadas est�o na faixa final "Cantar em ingl�s", um sarro com essa fixa��o (fantasmas no meu quarto) que anda tomando conta das bandas nacionais: "Cansei de ser famosa no Oiapoque/ quero ser algu�m em Nova Iorque."

        No resto do disco est�o letras bem feitas ou nem tanto sobre os temas amorosos que consagraram o Kid Abelha mais a faixa-hit com a letra de Cazuza, "De quem � o poder?", que podia se chamar Burguesia II, tal a identidade com a primeira m�sica de trabalho do novo LP do Caju: "De quem � o poder? Quem manda na minha vida?/ Uns dizem que ele � de Deus/ Outros, do guarda da esquina/ Uns dizem que � do presidente/ E outros, que vem mais de cima/ � do ativo ou do passivo/ De quem �?". No pop nacional, o poder � do Kid Abelha. Long live the Kid...

Sobe

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