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reta3.gif (762 bytes) Show do Kid em Taubat� - 2001
reta3.gif (762 bytes) Lan�amento do Surf - 2001
reta3.gif (762 bytes) Cr�tica do disco Surf - 2001
reta3.gif (762 bytes) Show no Rock In Rio 3 - 2001
reta3.gif (762 bytes) Estr�ia do show Cole��o no Palace - 2000
reta3.gif (762 bytes) Lan�amento do Cole��o - 2000
reta3.gif (762 bytes) Cr�tica do disco Cole��o - 2000
reta3.gif (762 bytes) Sites favoritos da Paula - 99
reta3.gif (762 bytes) Lan�amento do disco solo de Paula Toller - 98
reta3.gif (762 bytes) Show Meu Mundo no Palace - 96
reta3.gif (762 bytes) Cr�tica do discos Kid - 89
reta3.gif (762 bytes) Entrevista com o Kid Abelha sobre o show Tomate - 87
reta3.gif (762 bytes) Cr�tica do disco Tomate - 87
reta3.gif (762 bytes) Cr�tica do disco Educa��o Sentimental - 85
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Free-lance para a Folha Vale

        Em sua estr�ia pela Universal Music, o Kid Abelha vem com o CD "Surf", que apresenta no Sesc, em Taubat�, hoje, �s 22h. As novas m�sicas foram inspiradas em sentimentos comuns relacionados � vida de quem � surfista e m�sico.

        O trabalho � o primeiro do grupo pela gravadora, que terminou uma parceria de 18 anos com a Warner, o que significa toda a sua carreira. A banda est� tentando recuperar o ritmo dos shows ao vivo, o que n�o conseguiu com o CD de m�sicas eletr�nicas "Autolove".

        A banda saiu da gravadora deixando como �ltimos produtos o disco "Cole��o", do ano passado, e a colet�nea "E-Collection", para a qual gravou tr�s faixas adicionais.

        O CD "Meio Desligado", de 95, pela Warner, atingiu a marca de 600 mil c�pias vendidas e foi o maior sucesso da banda, mantendo a m�dia de 100 mil c�pias por ano, mesmo sem ser divulgado.

        A banda espera um trabalho mais eficiente de promo��o da Universal Music que, principalmente, fa�a seus discos venderem mais.

        Considerado pela banda um recome�o para a carreira, o novo trabalho faz uma met�fora entre a vida dos surfistas, que buscam a onda perfeita, e os m�sicos, que buscam a can��o perfeita. Nesse recome�o, o trio tamb�m renovou sua lista de colaboradores. Quem estr�ia em trabalhos com a banda no CD "Surf" � Max de Castro.

        A maioria das m�sicas do �lbum foi composta na segunda metade do ano 2000, num momento em que a vocalista Paula Toller abandonou tudo que havia escrito por considerar ultrapassado. S� foram salvas as can��es "Solid�o, Bom Dia!" e "Eu n�o Esque�o Nada".

        A m�sica "Pelas Ruas da Cidade (A Vida Continua)" � a tradu��o de uma inspira��o da cantora, que comp�s a can��o ap�s uma s�rie de "passeios", em que observou pessoas e ouviu v�rios estilos de m�sica.

        "Eu contra a Noite" abre o CD. A faixa, com seis minutos de dura��o, foi produzida por Mem�, que fez a mixagem. Al�m de descrever um trajeto comum num dia incomum, a letra revela o h�bito da vocalista de ouvir r�dio, especialmente no carro, como uma companhia para horas solit�rias.

        As demais m�sicas de "Surf" foram produzidas por George Israel e Kadu Menezes. � um show que vai conquistar e cativar n�o s� os f�s da banda, mas todos aqueles que reconhecem e respeitam o trio, que tem quase 20 anos de estrada dedicados ao pop rock nacional.

Sobe


HelpSurfe domina novo CD do Kid Abelha

        Os quarent�es (ou quase) do Kid Abelha iniciam nova etapa de sua carreira (mudaram de gravadora pela primeira vez em 19 anos de trabalho) fazendo do surfe o tema circular de seu novo �lbum. N�o � adolesc�ncia tardia, dizem. "Surf" fala de aventuras praieiras cariocas, mas as letras de Paula Toller, 38, v�m impregnadas de melancolia.

        A cantora e compositora do grupo explica: ""Eu contra a Noite" e "Da Lama � Pista", por exemplo, s�o opostas uma da outra. Uma � alegre, a outra � amarga, � "dia de gente" versus "dia de c�o". � tudo muito pessoal, veio de um per�odo recente em que passei por muita coisa complicada, por perdas na fam�lia. Tive que me dividir para fazer essas can��es".

Ela adota o surfista como s�mbolo da divis�o: "O surfista � um ser que passa a impress�o de estar sempre alegre. E � solit�rio, passa a impress�o ilus�ria de ser feliz sozinho, da qual sinto inveja". ""O Rei do Sal�o" � sobre surfe, mas � uma m�sica introspectiva. O que se espera de surf music � o contr�rio dessa m�sica, que � surfe em preto-e-branco. A ressaca tamb�m � um tema, em "Ressaca 99'", completa o saxofonista e compositor George Israel, 40.

        "� quando a paisagem, que � t�o bonita, passa a amea�ar voc�, o mar e as montanhas parecem amea�adores", divaga Paula, negando qualquer rela��o com o acidente do amigo e ex-marido Herbert Vianna. "N�o, o acidente foi bem depois", diz. Algu�m no trio ainda pega onda? "Eu at� pego onda de brincadeira, meio devagarzinho. Tenho um filho pequeno que est� aprendendo. Bruno (Fortunato, 42, o guitarrista) pegou onda na adolesc�ncia", diz George.

        H� a� um qu� de saudosismo? "N�o, porque ao longo da nossa vida sempre houve isso. Os caras do rock est�o fazendo 60 anos e ainda tocando guitarra, rock � um estilo de vida", compara.

        Em "Surf", os produtores habituais do Kid (George e Kadu Menezes, esp�cie de coringa do grupo) deram lambuja a Mem� e a Max de Castro, em duas faixas cada um. Diz George: "Temos certa resist�ncia em colocar algu�m de fora, medo de sermos enquadrados em produ��o de s�rie. Somos ca�ticos e de certa forma artesanais. Para a gera��o do Max, est�dio � natural, para n�s, no come�o era meio uma nave espacial".

        Paula fala sobre o convite a Max: "Quer�amos ter algu�m novo, e sua presen�a nos ajudou no departamento soul, que sempre gostamos". Bruno ajuda a explicar: "Contornamos uma coisa mais acomodada. Se dizemos "vamos levar um funk" sai algo �bvio, comum, clich� do clich�. Com Max pudemos aprofundar nosso contato com esse lado".

        Sobre Mem�: "Ele tem essa id�ia eletr�nica, que nos interessa, mas n�o quer�amos colocar no disco inteiro". Ela despista o dado de Mem� vir da recente produ��o do disco de "funk" do � o Tchan: "� um servi�o que ele faz. A gente puxa a orelha dele".

Sobe


Trio faz pop com "p" mai�sculo, mas deve um tantinho

      Se � para falar em estrelinhas, "Surf" engasga como um disco que � mais que regular, mas n�o chega a ser classific�vel como um "bom" disco. Duas estrelas e meia, ou algo assim. Bem, a vida � mais complicada que estrelinhas, no que o Kid Abelha at� sai ganhando. O trio pop certeiro faz de "Surf" mais um CD agrad�vel, macio, cheio de levadas gostosinhas, manso como um mar sem onda.

        De cara, os tr�s demarcam territ�rio: "Eu contra a Noite" pode at� come�ar tortuosa e pontuda, mas o sax de George Israel logo avisa que Kid Abelha � Kid Abelha e pronto. Vem "As Garotas na Cal�ada", de divertida letra feminista/"rockista". Paula Toller fisga a Rita Lee dos anos 70 no verso "mas uma coisa eu n�o posso negar", empacota a homenagem e queima, bem cedo, o melhor cartucho do �lbum.

        Alternam-se fofas baladas ("G�vea-Posto 6"), surf music propriamente dita ("O Rei do Sal�o") e o habitual alfinete sexy de Paula Toller ("Quando Eu te Amo"). Max de Castro produz as duas faixas que beliscam certa atmosfera black -"Dez Minutos" e "Solid��o,, Bom-Dia!"- j� constante na carreira do Kid. S�o pl�cidas como o geral do �lbum, mas nem a interfer�ncia de Max fica t�o evidente, nem o Kid soa t�o porreta quanto em incurs�es anteriores por soul e funk. O trio n�o parece, at� hoje, disposto a apostar de fato em v�os alien�genas de produ��o.

        Tudo redondinho, "Surf" parece ficar devendo um tantinho por um bocado de raz�es. A estr�ia em gravadora nova n�o parece vir pisada no acelerador, nem na crista da onda. Sendo o primeiro �lbum de in�ditas ap�s o inspirado (e ousado) "Autolove" (98), vai na calmaria e n�o dissipa a impress�o de freio puxado.

        Surfe como tema recorrente � legal, principalmente adaptado a "surfe com solid�o", mas n�o deixa de ser antiquado, saudosista. Enfim, o Kid Abelha � daquelas bandas que fazem pop com "p" mai�sculo, mas um refor�o de ousadia n�o faz mal a ningu�m. Duas ou tr�s estrelinhas? Ah, tanto faz, n�?

Sobe


 Paula Toller e Kid Abelha "revivem" anos 80 no Rock in Rio

        Entre o p�blico que veio hoje � Cidade do Rock h� pessoas de todas as idades, mas os que est�o na casa dos trinta certamente tiveram um motivo especial para dan�ar junto com Paula Toller e o Kid Abelha.

        Paula Toller subiu ao Palco Mundo do Rock in Rio com um vestido dourado curt�ssimo e botas que iam at� os joelhos. No alto de seus 36 anos ela mostrou estar em forma e fez quest�o de dividir isso com o p�blico. Ela brincou no palco e cantou m�sicas da �poca em que o Kid Abelha tamb�m era Ab�boras Selvagens. Lembra disso? Pois os que eram teens no primeiro Rock in Rio, em 1985, n�o esqueceram.

        Paula Toller e o Kid Abelha "reviveram" o primeiro festival com m�sicas como "Fixa��o", "Como Eu Quero" e "Pintura �ntima". Mas o Kid Abelha tamb�m foi Rita Lee. Paula Toller cantou uma m�sica de Rita e aproveitou para render homenagens � "av�" do rock brasileiro. "Viva Rita Lee, deusa do rock brasileiro e mundial". O show tamb�m teve o momento jovem guarda quando Paula Toller cantou "Pare o Casamento".

        Com ares de moleca, Paula Toller escorregou no palco, mas n�o no show. No final, um tel�o mostrou imagens de v�rios momentos da carreira do grupo. "Obrigada por esses 18 anos", disse Paula. Os teens dos anos 80 certamente tamb�m agradeceram por ela ter feito eles reviverem o rock despretensioso e brincalh�o daquela �poca.

Sobe


Kid Abelha exibe sua "Cole��o" em SP

        Depois de apresentar-se no Rio de Janeiro, em Natal e em Recife, o Kid Abelha pousa em S�o Paulo para apresentar seu mais novo show, que � baseado no �ltimo CD do grupo, "Cole��o".

        "Cole��o" traz can��es antigas, "As curvas da estrada de Santos" (de Roberto e Erasmo), "Quem tem medo de brincar de amor" (Mutantes), "Esot�rico" (Gilberto Gil) e "Mam�e natureza" (Rita Lee). Todas j� gravadas pelo grupo, mas que estavam espalhadas por discos diferentes.

        Al�m dessas can��es, o show deve contar ainda com as in�ditas "Pare o casamento" (sucesso de Wnderl�a na Jovem Guarda) e o "Telefone tocou novamente" (Jorge Benjor), entre outras. Os hits originais do Kid Abelha, como "Eu tive um sonho", "Fixa��o" e "Te amo pra sempre", tamb�m n�o poder�o faltar.

        O CD marca a despedida da gravadora WEA - o grupo carioca j� assinou contrato com a Universal. "Ficamos descontentes com o trabalho de divulga��o de nosso �ltimo CD", diz Paula Toller, 37m vocalista e l�der da banda. De acordo com a cantora, "Autolove" nem chegou a ser apresentado oficialmente na capital paulista. "Apesar de ser nosso melhor disco, a divulga��o foi fraca", diz.

        Al�m das novas m�sicas, as principais novidades do espet�culo s�o um cen�rio que inclui 17 km de tubos pl�sticos transparentes (como efeito luminoso) e uma esp�cie de "buqu� interativo" que, ao fim do show d� direito 'a pessoa que o pegar escolher uma m�sica. Mas n�o pode ser qualquer m�sica, apenas uma das dez de uma lista distribu�da na entrada. "Era pra ser uma roleta de programa de audit�rio, mas n�o foi poss�vel devido a problemas t�cnicos", diz George Israel, 39, um dos integrantes do trio.

Sobe


Kid Abelha tenta o "novo" mais uma vez

        Se voc� der uma olhadela debaixo do tapete, certamente vai perceber. "Cole��o", o "novo" disco do trio carioca Kid Abelha, com 16 anos de estrada, conta um pouco sobre os meandros de bastidor da ind�stria fonogr�fica. As aspas no "novo" v�o por conta de "Cole��o" n�o ser, na maior parte de sua dura��o, um disco in�dito. Mesmo assim, veste a fantasia do ineditismo, ao reunir interpreta��es anos 90 dos kids para can��es de Roberto e Erasmo ("As Curvas da Estrada de Santos"), Mutantes ("Quem Tem Medo de Brincar de Amor"), Gilberto Gil ("Esot�rico"), Rita Lee ("Mam�e Natureza") e outros, que andavam perdidas por discos mais ou menos obscuros. Dando uma olhadela debaixo do tapete, v�-se que "Cole��o" � um disco de encerramento de contrato.

        Com ele os kids fecham mais uma jornada com a Warner, e por enquanto eles n�o dizem se v�o ou se ficam ("n�s estamos realmente solteiros, n�o renovamos contrato nem trocamos de gravadora ainda"). Dizem-se sondados por v�rias gravadoras, e l� de dentro j� se ouve dizer que est�o na Universal - o que negam com veem�ncia, mas n�o sem deixar claro o desapontamento com a divulga��o do CD anterior, "Autolove", pela Warner, que julgaram insuficiente ("ficou um pouco secreto, foi considerado um disco sofisticado demais"). S�o os tr�mites, n�o h� que culpar ningu�m. A banda n�o gasta suas fichas in�ditas num disco que pode ser visto com desinteresse pela gravadora (se optar por ir embora), a gravadora fica desconfiada sobre o amor que a banda anda lhe devotando...

        Fichas  - � assim mesmo. O que � bom saber � que &"Cole��o" � um discos desses, e que discos desses h� aos montes no mercado - algu�m est� sempre encerrando contrato com algu�m, e guardando fichas para o pr�ximo degrau. Dentro do normal, o Kid se esmera e se dedica, como lhe cabe, a defender "Cole��o" como se fosse um disco novinho em folha. "Havia essas m�sicas espalhadas por v�rios discos, quer�amos fazer uma homenagem a esses autores todos, que conta a hist�ria das nossas influ�ncias", martela George Israel, 39, sax e v�rios outros instrumentos.

        Unidade - "No come�o achamos que ia ser uma ssalada, mas depois vimos que tudo tinha uma unidade", pinga Paula Toller, 37, voz e co-composi��o nas tr�s in�ditas interpoladas �s releituras de, entre os j� citados, Ant�nio Adolfo e Tib�rio Gaspar ("Teletema"), Jorge Ben (o cl�ssico

        "Mas Que Nada"), Paulo Diniz e Odibar ("Pingos de Amor"). "Vimos que seria legal reunir essas m�sicas num disco de material de f�-clube, como se fossem lados B, discos fora de cat�logo", pontua Bruno Fortunato, 40, guitarras e alguns viol�es.

        Desfiam mais raz�es de ser para "Cole��o". "Eles queriam fazer uma colet�nea, daquelas s�ries de v�rios artistas, com a mesma capa. Estamos escaldados com esse tipo de coisa, tivemos essa id�ia de reunir coisas que j� hav�amos gravado por a� e eles gostaram. Fica como um piloto, que pode continuar", diz Paula.

        "Outra coisa legal foi que pudemos dar uma mexidinha em algumas dessas m�sicas, Paula gravou algumas vozes novas", completa Bruno. Nessa brincadeira -que, segundo eles, consumiu quatro meses de trabalho - apenas "Teletema" e "Esot�rico" permaneceram como eram, sem modifica��es.

        In�ditas e rec�m-gravadas s�o, tamb�m, duas das releituras, a de "O Telefone Tocou Novamente", de Jorge Ben, e "Pare o Casamento", o hit-vers�o de Wanderl�a no auge da jovem guarda, em 1966. "� o que gostar�amos de ter gravado num tributo a Wanderl�a. � nosso tributo imagin�rio a ela", explica Paula. Ela se inflama: "Todo mundo fala de Roberto e Erasmo, s�o os compositores, os homens, e se esquecem muito da import�ncia e da gra�a de a Wanderl�a estar com eles na jovem guarda. Como ela n�o foi aceita pela intelectualidade, ficou como se n�o houvesse existido e n�o tivesse sido muito legal. P�, eu tamb�m venho dali", afirma.

        Quanto � de Jorge Ben (Jor), j� havia "Mas Que Nada" -que fora abortada do disco de duetos do autor, "M�sicas para Tocar em Elevador" (97)-, mas resolveram colocar "O Telefone Tocou Novamente" mesmo assim. "Foi uma das primeiras m�sicas que aprendi a tocar no viol�o. Essa � o nosso xodozinho no disco", fecha a quest�o o saxofonista George.

        O que ia entrar e n�o entrou? Uma vers�o de "A Noite do Meu Bem", de Dolores Duran, que Paula pensava em gravar e n�o gravou. Bem, essa ia ficar � parte no projeto, que Paula define como "um mapinha sobre quem influenciou a gente".

Sobe


Cr�tica
Um tapa-buraco com unidade

        Disco tapa-buraco � disco tapa-buraco, n�o h� conversa. Mas, como de praxe, o Kid Abelha � bem mais descarado que seus pares na admiss�o da picaretagem.

        Enquanto dez entre dez pop-roqueiros nacionais dos 80 compensam as esquinas criativas com discos "conceituais" de releituras (nove entre dez criativamente malsucedidos), o Kid mais uma vez bate o taco na despretens�o: faz a pescaria, a colagem, a colcha de retalhos, o tapa-buraco.

        O pior (o melhor?) � que, como eles mesmos remendam em justificativa, "Cole��o" (aten��o para as sensacionais artes de capa e encarte) � pleno de sentido e unidade. O mapa de influ�ncias (n�o completo, j� que faltam Tim Maia, Cassiano e Hyldon, Celly Campello, entre tantos muitos outros) d� de fato um close no rosto do Kid Abelha, e o rosto mant�m-se vi�oso.

        Se nada � mais �bvio que esses neo-jovem-guardistas regravarem "Pare o Casamento", o bombom mais doce de Wanderl�a, nem assim a vers�o deixa de ser deliciosa. Muito jovem guarda, cheia de sax anos 80 e de fundo entre Mutantes e B-52's, "Pare o Casamento" 2000 � uma declara��o de amor a quem merece muito amor. Dez.

        � o mesmo com "O Telefone Tocou Novamente" (Jorge Ben), regrava��o de uma das colossais obras-primas de um cara que, merecedor de muito amor, coleciona dezenas de obras-primas. � parte o fundo meio reggae, ficou muito bonitinha. Nove.

        "Quem Tem Medo de Brincar de Amor" aparece aqui, ador�vel, em contexto mais macio que o do tributo aos Mutantes, lan�ado em 96. Quem j� ouviu Kid Abelha retomar Roberto soul Carlos e Hyldon n�o pode perd�-los reempacotando o rascante Paulo Diniz ("Pingos de Amor") e a dupla d'ouro da pilantragem (al�, Simonal!) Ant�nio Adolfo & Tib�rio Gaspar ("Teletema"). Mas essas todas existiam por a�. Oito.

        Que mais? As in�ditas do Kid s�o daquelas m�dias, de quem n�o quer queimar cartucho em produto incerto. Sete.

        Essas nem fazem jus ao que o Kid Abelha prova ser nesta reuni�o de gatos pingados que deixara desmamados por a�: o �ltimo dos moicanos no bel�ssimo panorama do "popsambalan�o" nacional, ou, para ser mais claro (ou n�o), da soul music (ainda que branquinha) � brasileira. S�o Tim Maia deve aben�o�-los l� do c�u.

Sobe


Paula Toller busca informa��es e p�ginas de turismo na rede

        Para Paula Toller, do grupo carioca Kid Abelha, o grande barato da Internet � a possibilidade de buscar informa��es com apenas alguns cliques de mouse.

        Os jornais do Rio de Janeiro e de S�o Paulo s�o paradas obrigat�rias. A cantora tamb�m costuma visitar sites de ag�ncias de not�cias, em www.agestado.com.br e www.reuters.com. Mas, para se manter informada sobre as oscila��es no mercado financeiro, Paula prefere o site Arras Online (www.arras.com.br/e/�ndice), que, na sua opini�o, consegue ser mais �gil que as p�ginas especializadas dos jornais.

        A cantora tamb�m usa a rede mundial para planejar viagens, entrando em p�ginas de companhias a�reas e de hot�is. Uma de suas �ltimas descobertas foi uma pousada no Pantanal, onde passou uma semana pescando. O endere�o www.geocities.com/RainForest/1820/acomoda.htm apresenta v�rias op��es pra quem deseja visitar a regi�o.

        J� a sua experi�ncia com o com�rcio eletr�nico foi frustrante. "Uma vez tentei fazer supermercado, mas demorou mais do que se eu tivesse ido de carro at� l�", diz. Os papos virtuais tamb�m n�o a atraem. "Nunca entrei num chat."

        Outro dos seus favoritos, o www.lyrics.ch, usado para buscar letras de m�sicas, est� sendo acusado de viola��o de direitos autorais. Apesar de n�o poder pesquisar no banco de dados do site, o internauta encontra informa��es sobre o processo e links para outras p�ginas com letras de m�sicas.

Sobe


  Embora possua a voz mais "virtuosa" entre os seus, tamb�m ela vinha sendo displicente nas t�cnicas de interpreta��o.

        "Paula Toller" dissolve em parte esse clich�. Sua voz est� mais grave, modulada, l�nguida, melodiosa -"Fly Me to the Moon" � exemplo de morna despretens�o.

        Dona de timbre que ronda perigosamente o irritante, afasta mais que sempre o perigo n�o se pode compar�-la � s�sia Vanessa Rangel, que atormenta ouvidos "com saudade de voc� debaixo do meu cobertor".

        Bem, mas a baladeira pop despreocupada agora tem que escolher repert�rio e a� se faz mais desastrada.

        H� acertos em sua sele��o -a doce leitura de "1.800 Colinas" � antol�gica. A de "E o Mundo N�o Se Acabou" n�o faz vexame (tem a presen�a de esp�rito de atualizar a letra, trocando "peguei na m�o de quem n�o conhecia" por "peguei no pau de quem n�o conhecia").

        H� erros, tamb�m. "Eu S� Quero um Xod�" �, como ela diz, muito manjada -a vers�o, mais ainda. Mas nada se compara a "Patience".

        Ela n�o disp�e de sutileza capaz de apagar o ran�o reacion�rio dos Guns n'Roses - era lixo, continua sendo.

        Acostumada � inconsequ�ncia pop, Paula parece ainda n�o saber bem o que fazer com material "adulto" -mas disso a produ��o padr�o de Guto Gra�a Mello � tamb�m bem culpada.

        Ganham nessa as can��es pr�prias -a hiperexpl�cita "Derretendo Sat�lites" ("abro com as m�os, te deixo olhar/ te levo pra dentro devagar", diz, falando voc� sabe bem de qu�) e "Oito Anos". Contextualizada, a letra boba dessa vira um achado: � um relat�rio de perguntas feitas por seu filho Gabriel, 8 ("por que a lua � branca?", "por que a gente espirra?", ao que ela responde, parva: "Well, well, well, Gabriel...").

        Paula Toller continua h�bil no que passou d�cada e meia aprendendo a fazer e titubeante diante do novo. �, seja como for, mais uma a enfrentar o novo. A hist�ria segue seu curso.

Sobe


Kid volta a tocar em S�o Paulo

        H� quatro anos afastado dos palcos paulistas, o Kid Abelha prepara sua volta � S�o Paulo em grande estilo. O grupo armou uma superprodu��o para a estr�ia nacional da turn� (hoje, �s 22 horas, no Palace) de lan�amento do novo disco, Meu Mundo (Gira em Torno de Voc�), com direito a desenho animado antes do show, figurino inspirado na Jovem Guarda e coreografia de D�bora Colker. "J� fizemos shows em Belo Horizonte e algumas cidades do interior de S�o Paulo, mas esse na Capital ser� o mais completo em termos de produ��o", avisa George Israel. "Ser� um reencontro com o p�blico paulista que deve ter mudado bastante nos �ltimos anos", afirma Paula Toller.

        Quem for ao Palace pode esperar um show cheio de novidades. As roupas que o trio vestir�, criadas pela estilista Yam� Reis, ser�o em tons azuis, inspiradas no filme Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa, de Roberto Farias. "� uma homenagem � Jovem Guarda, foi nessa �poca que a gente se apaixonou por m�sica", conta Paula Toller.

        Al�m de estar acompanhados por uma superbanda, Paula, George e Bruno prometem muita desenvoltura no palco. A banda ensaiou durante um m�s com a core�grafa D�bora Colker. "A coreografia � engra�ada e divertida, o p�blico vai gostar", garante a vocalista.

        Mas nem tudo � novo no show da banda. S� quatro m�sicas de Meu Mundo (Gira em Torno de Voc�) est�o inclu�das no repert�rio, que � baseado nos sucessos do grupo nos �ltimos anos, como No Seu Lugar, Grand' Hotel e N�o Vou Ficar.

        A banda promete um set ac�stico durante o espet�culo. As m�sicas Alice, Seu Espi�o, Fixa��o e Gosto de Ser Cruel ganharam novas vers�es. "N�s fizemos um show ac�stico no Rio que acabou n�o indo para S�o Paulo porque n�o conseguimos arrumar um teatro", lembra Paula Toller, que n�o descarta a hip�tese de cantar As Curvas da Estrada de Santos, de Roberto Carlos, que a banda gravou no ano passado.

        Bruno Fortunato confessa que o grupo se surpreendeu com o sucesso de Na Rua, na Chuva, na Fazenda em S�o Paulo. "Essa m�sica tem a cara do Rio, mas est� tocando muito mais nas r�dios paulistanas.

Sobe


Kid Abelha recupera alquimia dos primeiros trabalhos do grupo

        A mais pop das bandas pop brasileiras est� de volta. Kid, quinto LP em sete anos de carreira do Kid Abelha, remete a seus primeiros trabalhos, Seu Espi�o e Educa��o Sentimental. A alquimia que garantiu 11 hits radiof�nicos extra�dos desses dois �lbuns foi retomada pelo grupo.

        A tentativa de um trabalho mais "elaborado" feita no disco Tomate esbarrou na pretens�o de elevar as letras da banda acima do dia-a-dia adolescente. O que era engra�ado acabou ficando chato. Dessa vez, a textura musical de sax, viol�es e guitarras continua tentando apontar uma nova dimens�o instrumental para o grupo, mas deixou de ser o foco principal do trabalho. Serve apenas de discreta moldura para as boas letras, simples e diretas.

        Oficialmente um trio - Paula Toller, vocais, Bruno Fortunato, guitarra, e George Israel, sax, teclados e guitarras -, o grupo utiliza uma batelada de m�sicos no est�dio, numa lista que inclui os paralamas Barone e Herbert Vianna. Bruno Fortunato continua t�mido - s� consegue destaque em "Todo meu ouro" - e Paula Toller canta cada vez melhor. A locomotiva musical da banda � assumida por George Israel, que escreveu todas as musicas e produziu o LP.

        "De quem � o poder?", com letra de Cazuza, abre o disco. A mistura da poesia liter�ria que marca o trabalho mais recente do compositor casa de modo surpreendente com o estilo pop da banda. Tem toda a cara de um futuro hit. "A hist�ria �nica de todo amor", swingada, segura o pique ajudada por uma boa interven��o de metais. O melhor do Kid Abelha s� vai aparecer mesmo na faixa seguinte, "Dizer n�o � dizer sim", pequena p�rola pop que gruda no ouvido na primeira audi��o.

        "Sexo e d�lares" � o bom funk que o grupo fez para o filme Lili, a Estrela do Crime, de Lui Farias. Vest�gios de som negro americano p�s-Prince s�o detect�veis em toda a faixa. Depois desse momento dan�ante o pique cai completamente com "Paris, Paris". N�o d� para entender a presen�a dessa musica. Soa falsa a tentativa de clima "cool jazz" atrav�s de pianinho e voz rouca. N�o funciona nem como contraponto das demais musicas, parecendo um elemento estranho dentro do �lbum. "Todo meu ouro" e "Promessas de ganhar" s�o boas can��es de instrumental pesado.

        Duas musicas s�o impec�veis: "Agora sei", que j� est� sendo executada nas r�dios - e gerando coment�rios por causa dos pudicos versos "eu j� nem me lembro bem/ da primeira vez que eu dei" - e "Cantar em ingl�s", uma brincadeira com o sonho do sucesso no exterior. Sem d�vida, os melhores momentos de um disco no qual o Kid Abelha deixa de lado pretens�es audaciosas.

Sobe


Paula Toller detesta imagem de Sex Symbol

        Nunca uma calcinha havia provocado tanta como��o no Show Biz nacional. Trajada por Paula Toller, 25, vocalista do Kid Abelha e os Ab�boras Selvagem, ela foi vista em fevereiro �ltimo, num Show para 20 mil pessoas no Maracan�zinho, no Rio. Com o cabelo descolorido, � Madonna, suti� � mostra, a min�scula minissaia branca que Paula vestia — de "uns 27 cent�metros", segundo a pr�pria — foi insuficiente para encobrir a calcinha de mesma cor. "N�o foi proposital", explica Paula Toller. Para os shows que come�am hoje e v�o at� domingo no Palace, ela prefere fazer mist�rio:

"Quem sabe eu apare�o com uma cueca samba-can��o". Contrariando sua performance de palco ela diz "detestar" a imagem sex symbol.

        Deixando o ar de mist�rio de lado, Paula diz que n�o aceitaria posar nua para a revista "Playboy". "N�o gosto do trabalho que se faz na Playboy e me incomodaria a id�ia de que estou passando na rua e as pessoas est�o me vendo pelada". Junto ao saxofonista do Kid Abelha, George Israel, 27, Paula Toller falou � Folha, anteontem, at� sobre as m�sicas que gosta de cantar no banheiro.

Folha - A pr�pria Paula Toller afirmou que o �ltimo LP do Kid Abelha � o mais fraco dos quatro que o grupo gravou at� agora. Que tipo de problema voc�s v�m no disco?
Paula Toller - Foi uma declara��o que n�o foi compreendida. Talvez eu n�o tenha conseguido explicar direito. Eu n�o quis dizer que era o mais fraco ou o pior. Eu disse que era o disco que incorporava mais defeitos. Como a gente tinha produzido esse disco praticamente entre n�s e o Paulo Junqueiro, que � o co-produtor junto com o Liminha, esse disco n�o tinha muito aquela m�o do Liminha de perfei��o, porque o Liminha participou mais da mixagem . Nos outros discos, a gente fez junto com o Liminha, como se ele fosse um Kid Abelha. Neste �ltimo ele estava mais ausente e a gente teve que aprender a fazer. As formas de algumas m�sicas do �ltimo LP s�o meio ca�ticas, sem aquela forma normal de m�sica pop, que � primeira estrofe, segundo estrofe, refr�o, solo, de novo segunda estrofe, refr�o de novo.

Isso, significa que voc�s abandonaram uma certa f�rmula de fazer hit?
Paula
- N�o. Significa que a gente resolveu ver como fica sem uma forma t�o organizada, que era muito uma caracter�stica do Leoni, de fechar a m�sica j� no v�ol�o.

O Leoni tinha a f�rmula de fazer hlts?
Paula
- N�o, n�o h� essa f�rmula. Esse disco a gente fez de todas as formas que iam aparecendo. Fazendo primeiro a m�sica, depois botava a letra; fazia primeiro a letra, depois botava a m�sica. "Tomate" � uma m�sica que a gente fez no est�dio, a Ia Talking Heads. Fizemos assim: vamos l�, um, dois, tr�s... que � a m�sica mais esquisita.

Voc� concorda, George Israel, que � o disco mais imperfeito do Kid Abelha?
George Israel
- Os dois primeiros discos a gente fez sem saber o que era est�dio. Fomos muito pela m�o do produtor, que era o Liminha. Depois, entre o segundo e o quarto disco, que o terceiro � ao vivo, a gente tocou muito, teve muita id�ia, fez experimentos em estudios de quatro e oito canais. Com isso, a gente assumiu o lado de produtor. Tinha o Liminha, tinha o Paulo, mas a gente estava superparticipando. Quando a Paula falou que era o disco mais imperfeito, era isso que ela queria dizer: a participa��o de todos.

Incomoda a voc�s a banda ter um prestigio de p�blico e, em contrapartida, ser desprezada por boa parcela dos cr�ticos?
George
- Incomodou mais. Na �poca de transi��o a gente tinha uma certa inseguran�a e estava muito exposto a esse tipo de critica. Depois desse �ltimo show, que teve uma receptividade �tima, a gente ficou mais relax. A gente esta acostumado a levar porrada. N�o que a gente goste, mas o trabalho est� sendo mais importante que isso. A gente abriu uma expectativa mais tranquila para o pr�ximo disco.

Agora, voc�s n�o tem mais obriga��o de fazer hits? Seria isso?
George
- O tipo de m�sica que a gente faz n�o tem a preocupa��o de vender ou tocar. Desde o come�o n�o tivemos nenhuma Imposi��o de gravadora ou de produtor. N�o s�o f�rmulas de fazer sucesso, � o acaso.

Como � que voc�s fazem para criar m�sicas que come�am a ser executadas e as pessoas j� saem assoviando? � casual?
Paula
- Casual � uma palavra perigosa. Vejo isso como uma consequ�ncia de quem ouve muito r�dio. Eu gosto muito de r�dio. Hoje em dia eu n�o ou�o muito, mas cresci muito ouvindo r�dio. Talvez essas melodias que entram sem voc� saber, porque eu estava estudando, s�o as coisas que ficaram. Eu n�o sou capaz de fazer uma melodia pensando: Essa fica, essa n�o. Eu n�o sei isso. � uma coisa simples. N�o s�o melodias de bossa nova, que tem uma coisa de melodia, sem falar no resto, que � muito dif�cil para quem cantarola no banheiro.

Voc� faz m�sicas para as pessoas cantarolarem no banheiro?
Paula
- Eu n�o, mas eu adoro cantarolar no banheiro. Eu fa�o muita m�sica no banheiro.

Que m�sica voc� criou no banheiro?
Paula - "Me Deixa Falar" foi uma m�sica de banheiro. Eu me lembro que estava tomando banho e comecei a pensar algumas frases e cantar e cantar e cantar. Eu estou seduzida pela id�ia de um dia fazer um disco de m�sicas de banheiro, aquelas imortais do seu banheiro. � uma id�ia que eu tenho vontade de fazer nem que seja em casa, em quatro canais, um disco dom�stico.

Quais s�o as Imortais do seu banheiro?
Paula
- Vai desde Carmen Miranda at� �ria de �pera.

Voc� canta �ria de �pera? Voc� tem planos de aprender a cantar?
Paula
- Sua pergunta foi genial. Faz quatro anos que venho tomando aulas de canto. No come�o, eu nem sabia pra que servia. Disseram para mim que era legal e tal. Quatro anos depois eu come�o a entender, mais ou menos, o que � isso, que � super a minha cara, de ser lenta pras coisas, pra aprender as coisas, pra mastigar. Estou fazendo coisas nas minhas aulas que s�o completamente fora desse tempo. Parece que estou em outro s�culo. Vou para uma casa com a professora tocando piano, me ensinando Schumann. E eu que nem sei falar alem�o, tendo que entender, a falar, a interpretar, ler m�sica. � uma loucura, mas me tira dessa coisinha de sempre, que � fazer m�sicas.

Voc� acha que sabe cantar?
Paula
- Eu sei cantar.

Voc� percebe que desafina em algumas m�sicas?
Paula
- Percebo totalmente. O problema de desafinar � o seguinte: voc� est� no palco com um cara que toca atr�s de voc� uma bateria, que � um trator, uma britadeira; tem quatro amplificadores de guitarra do seu lado, mais metais, � um problema de retorno. Eu n�o consigo me escutar na maioria dos shows. Vira uma coisa perdida. Pra mim, afina��o � eu me escutar. Se n�o me escutar, fica um pouco dif�cil. Isso prejudica o show. D� para corrigir, mas a ac�stica dos lugares em que a gente toca � infame.

O Chuck Berry declarou numa entrevista que sempre comp�s para ganhar dinheiro e que todo m�sico faz isso s� que n�o tem coragem de dizer. Voc�s t�m coragem?
Paula
- Ele diz isso porque ganha dinheiro. Aqui, a gente n�o ganha. Quando, a Gente come�ou havia poucos ind�cios de que aquilo seria uma coisa vi�vel. A gente era uma banda pop e ningu�m conhecia a gente. Essa coisa de ganhar dinheiro � hil�rio. Se fosse para ganhar dinheiro, ent�o eu queria mais.

Quanto custa um show do Kid Abelha, anunciado como superperprodu��o e quantos voc�s ganham por apresenta��o?
George
- � dif�cil calcular porque a gente vai fazendo sbows e tendo gastos. At� hoje estamos pagando para o diretor, parcelado. N�o sei o quanto sobra.

Paula - N�o tenho id�ia porque as coisas v�o se acumulando. Mas, para se ter uma id�ia, n�s fizemos tr�s dias no Canec�o e n�o ganhamos um tost�o. Foi deficit�rio. Aqui no Palace a gente n�o ganha um tost�o. Show em cidade grande � deficit�rio, por princ�pio. � um show que serve para divulga��o.n

Voc�s dizem que n�o comp�em para ganhar dinheiro. Ent�o, para que voc�s fazem m�sica?
Paula
- Pra se divertir.

George - Arrecada��o no Brasil � totalmente imoral, indecente. N�o quero nem pensar muito que voc� fica irritado. No caso da gente, a composi��o � a forma de expressar tudo que a sente t� sentindo. Tem tamb�m a cria�ao.

Paula - N�o � uma coisa t�o solene assim. As vezes � divers�o, a coisa que d� prazer s�. N�o � uma coisa que voc� acha que vai mudar o mundo, vai falar coisas impressionantes.

N�o Incomoda ao grupo o fato de a Paula ser a imagem p�blica do Kid Abelha, a sex symbol dos adolescentes?
George
- � l�gico que existe ci�me. E n�o � s� da Paula; tenho dos outros membros tamb�m. Acho que � uma coisa natural, compreens�vel. � ela que canta, leva a palavra. E nos grupos do Brasil n�o tem muita mulher.

Voc� concorda, Paula, em explorar sua imagem de menina bonita?
Paula
- Eu tenho muita no��o do que eu quero fazer. At� o ponto em que eu posso influir nisso, eu influo para ter o resultado que eu quero. Se me disserem para tirar foto na capa da "Manchete" com o bonit�o do momento, eu n�o vou fazer, mesmo que isso signifique menos pessoas no nosso show, menos titit�, Tenho meus princ�pios. Por exemplo: n�o fa�o propaganda com a minha vida particular.

A id�ia de encurtar suas roupas no �ltimo show acabou redundando num aumento de venda de discos?
Paula
- Ah! Ah! Ah! Ah! (rindo) N�o sei se acabou. N�o acredito nisso, n�o. Acho que deu mais o que falar.

Foi planejado o encurtamento de suas roupas?
Paula
- N�o, n�o foi proposital, n�o. Foi parte de um show inteiro em que eu quis ficar mais � vontade. O que eu uso n�o � nenhum strip-tease. At� um amigo meu tava comentando que ele ia ver o show pensando que eu ia tirar a roupa. Viu e falou assim: "Achei t�o recatado". Eu achei interessante. A maioria das roupas que as pessoas usam no ver�o � menor do que a roupa que eu uso no show. Talvez porque antes eu usava roupas grandes, agora as pessoas fiquem achando, uau!, olha como ela �, e tal. Porque se eu me cobria antes, eu era terr�vel, p�ssima, um bagulho. Acho que as pessoas achavam isso.

Voc� quer se tornar sex symbol?
Paula
- Acontecem tantos acasos que estou come�ando a duvidar deles. Essa coisa do cabelo. Eu fui cortar meu cabelo em Londres, que tava enorme, e estragaram meu cabelo. AI eu resolvi descolorir meu cabelo.

Voc� gosta do cabelo da Madonna?
Paula
- Eu acho �timo o cabelo dela. Todo mundo fica achando que � a Madonna, como se isso n�o fosse supercomum na Europa. N�o teve nenhum tipo de planejamento.

Mas voc� quer ser sex symbol?
Paula
- Eu detesto isso. Esse tipo de vis�o que as pessoas t�m, fica todo mundo olhando assim... � legal no show as pessoas gostarem, d� um certo prazer. Mas n�o tenho vontade de ficar investindo nisso.

� planejado o momento em que voc� mostra a calcinha no show?
Paula
- Voc� vai achar que eu estou de sacanagem, mas foi uma bobagem. Aquilo aconteceu no Maracan�zinho e de repente eu falei: caramba, estou de calcinha aqui, no Maracan�zinho, 20 mil pessoas. Vou fazer o qu�? Me esconder? N�o d�...

Voc� vai mostrar a calcinha nos sbows de S�o Paulo?
Paula
- Ah! Ah! Ah! Tem coisas que voc� incorpora e tem coisas que n�o.

Voc� incorporou esse momento do show?
Paula
- Assim, como a gente fez um disco ao vivo, que ia incorporando improvisos no dia-a-dia, de repente, quem sabe... quem sabe eu apare�o com uma cueca samba-can��o.

Voc� vai posar nua para a "Playboy"?
Paula
- S�o eles que falam isso. Uma vez saiu at� publicado que eu j� tava contratada. Eu falei: puxa, legal. Depois houve at� uma retrata��o deles.

Voc� j� conversou com algu�m da "Playboy" sobre esse assunto?
Paula
- J�, mas nunca cheguei a entrar em detalhes. Recebi propostas a esmo, mas n�o levei adiante porque n�o tenho vontade de fazer.

Voc� n�o quer posar?
Paula
- N�o. N�o tenho vontado,e n�o gosto do tipo de trabalho que se faz na "Playboy". N�o � nada contra os fot�grafos, em particular. Eu acho que a linha da revista, que n�o depende muito do fot�grafo, � uma linha de igualar. Os pr�prios corpos das mulheres ficam todos parecidos. N�o gosto disso. Fora raras exce��es, � champanhe, len�ol de seda, camisola, salto alto, que � isso que � a sensualidade.

Como voc� gostaria de posar nua?
Paula
- Eu n�o gostaria de posar nua porque me incomodaria a id�ia de que eu estou passando na rua e as pessoas est�o me vendo pelada. Eu gosto de manter um certo mist�rio. As pessoas com que estou merecem isso com exclusividade. E acho o n�vel muito pequeno, muito padr�o. N�o � uma coisa que diferencia as pessoas.

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Sem Leoni, o Kid Abelha derrapa no ‘Tomate’

        Quem gosta de jogar tomates no Kid Abelha n�o vai ter trabalho desta vez. Merecidamente, o tomate j� est� na capa do novo disco da banda. O baixista Leoni, que fundou o grupo e criou os seus maiores sucessos, saiu fora no ano passado para formar a banda Her�is da Resist�ncia. No primeiro LP de est�dio sem o seu principal compositor, o Kid Abelha abandonou seu estilo, partiu para uma incurs�o no funk e perdeu o rumo por completo.

        Desde 83 o Kid Abelha cantou sempre "abobrinhas" adolescentes e parecia n�o ter pretens�o de ir al�m disso. Se n�o foi respons�vel por nenhum grande momento da m�sica brasileira, pelo menos produziu algumas tolices simp�ticas, como as m�sicas "Nada Tanto Assim", de 84, ou "Uniformes" e "Garotos", de 85. Mas essas can��es simpl�rias com refr�es que grudavam no ouvido foram quase totalmente descartadas em "Tomate", um LP mixado em Londres. O disco deixa claro que o grupo tentou uma maior sofistica��o sonora. Ficou na tentativa. � mais f�cil tirar leite de pedra.

        "Tomate" tem apenas oito faixas, sete delas escritas pela vocalista Paula Toller e o saxofonista George Israel - uma dupla preocupada em fazer as pessoas dan�arem, mesmo que para isso tenha de apelar para todos os clich�s do funk. O saxofonista praticamente domina o disco, mas suas interven��es soam chatas e repetitivas.

        O resto do grupo tamb�m n�o ajuda. N�o h� nada que destaque a participa��o do guitarrista Bruno Fortunato; e o baterista Cl�udio Infante j� mostrou melhor servi�o acompanhando Lulu Santos. Quanto a Paula Toller, n�o h� muito o que dizer. Ela tem voz pequena e desafina, � verdade, mas a garota parece ter f�s e depreciadores na mesma propor��o.

        Duas faixas lembram o pop inicial do grupo. "No Meio da Rua" e "Amanh� � 23". Essa �ltima, que est� na trilha da novela global "O Outro", j� � sucesso radiof�nico, apesar de ser um pouco arrastada. "Eu Preciso", "Dan�a" e "Mais Louco" s�o m�sicas dan�antes que at� servem para animar uma festa. Quer dizer, se os convidados n�o forem exigentes. "Me Deixa Falar" e "Le�o" n�o t�m atenuantes, s�o chatices sem rem�dio. J� a faixa-t�tulo � um cap�tulo � parte. Paula Toller disse que escreveu a m�sica inspirada num poema de Murilo Mendes. Pois a letra mais parece de um garoto de gin�sio que tenta imitar o Caetano Veloso do disco "Vel�". � pretens�o demais.

        Se a sonoridade funk do Kid Abelha n�o convence, � nas letras que o Kid Abelha realmente sente a falta de Leoni. Longe de ser um �timo trabalho, suas letras conseguem ter gra�a (pouca, � verdade). Agora, nem isso o Kid Abelha tem. Versos t�o d�beis quanto "a solid�o � meu passatempo e o sol despertador/ eu moro mesmo no meio da rua/ pr� mim a vida � dura" (da faixa "No Meio da Rua") est�o espalhadas por todas as letras. No final das contas, um disco bem fraco. Tomate que n�o serve para fazer bom molho.

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A consagra��o de um imagin�rio careta

        O Kid Abelha est� de volta com suas abobrinhas domesticadas. A forma��o � a mesma que come�ou a fazer sucesso debaixo de um edredon, h� dois anos, com o compacto "Pintura �ntima", e estourou tirando a bermuda, ano passado, com o LP "Seu Espi�o": nas guitarras, Bruno Fortunato, 28; no sax, George Israel, 25; no baixo e vocal, Leoni, 24; e no vocal, Paula Toller, 22. Em "Educa��o Sentimental", a bateria � de Cl�udio Infante. E h� as j� rotineiras "participa��es especiais": um piano de Roberto de Carvalho na faixa "Garotos" e dois vocais de L�o Jaime em "Um dia em cem" e "Conspira��o internacional" s�o as mais fortes – em apelo para o mercado. Em termos de concep��o de som, contudo, a presen�a de Jorj�o Barreto nos teclados � a mais not�vel, pela marca que imprime. Outra participa��o, at� certo ponto surpreendente, � a de Caetano Veloso, no realise. Com a generosidade de seu cora��o "velho, forte, infantil", diz que o fato do som do grupo ser interpretado como "neocareta � um engano muito f�cil para n�o ser suspeito".

        Poderia dizer que a observa��o de Caetano � de uma intelig�ncia muito esperta para n�o ser suspeita. � claro que n�o h� nada mais f�cil do que dizer de qualquer coisa aquilo que o senso-comum "bem informado" j� decidiu. Assim, dizer do Kid Abelha que suas can��es s�o descart�veis, embaladas para o gosto m�dio da adolesc�ncia, limpinhas e ing�nuas, seria o �bvio desnecess�rio, o �bvio burro, uma esp�cie de idiotice da objetividade. Mas como acho que este despudor como o descart�vel, esta apropria��o alegre da bobagem j� est� virando fetiche, prefiro ver no Kid Abelha – entre tantas coisas poss�veis – a consagra��o de um imagin�rio docinho e careta, sem for�a sem�ntica, sem ousadia sint�tica, onde os sinais da inadapta��o s� confirmam um cotidiano adaptado e meloso. N�o gosto das entrevistas de Roger, mas n�o troco o seu "Mim quer tocar" por dez "F�rmulas do amor". Da mesma forma o "Massacre" dos Tit�s – que representa a vertente mais radical do grupo – mostra que, sem for�ar o p� nunca atitude mais "selvagem", ser� dif�cil ao rock brasileiro escapar do mero abastecimento do circuito indiferenciado dos Chacrinhas, Barros de Alencar e FMs da vida.

        Quem gosta, contudo, n�o precisa se preocupar: o Kid Abelha continua o mesmo. O tema do namoro-que-n�o-vai-bem ou eu-n�o-entendo-nada-da-vida continuam ocupando as letras. O som pasteurizado, meio Fleetwood Big Mac, tamb�m est� em forma. E Paulinha, a musa da gera��o PUC da periferia, n�o pega fogo. Continua cantando com um ar muito aristocraticamente despreocupado para n�o ser suspeito.

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