Não serei mais




"...Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo
Pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar..."

Raul Seixas¹










Acontecerá num vôo qualquer,
automóvel,
guiando ou guiado,
pedestre
numa desatenção,
pensando no primeiro movimento
"Trois Gymnopedies" de Satie?...

Numa explosão no mar,
batida brusca,
um leve desaparecer,
lendo, escrevendo
um livro, cujas linhas sumirão
feito névoa?...

Não serei mais
nada
quando ela chegar;
não será mais
nada
quando eu me for.

Contudo, estarei além do rio
em ruas de ouro
para sempre.




(1) Trecho da letra "Canto para minha morte" de Raul Seixas e Paulo Coelho.



Direitos reservados. Para citar este texto:

Mendes, Juscelino V. – Não serei mais. Página de Juscelino Vieira Mendes, seção "Poesia & Teatro". Sítio http://planeta.terra.com.br/arte/juscelinomendes/, Internet, Campinas, 2003.











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