João Paulo Cursino
Ontem, houve aquela série de explosões no metrô de Londres. Sem dúvida, isso é muito desagradável e pouco civilizado. O noticiário mostrou milhares de cidadãos que, confrontados com a perspectiva de terem de deslocar-se a pé, não sabiam o caminho para seu local de trabalho através da superfície. É que estavam habituados a trafegar pela seqüência conhecida, mas abstrata, de nomes de estações em um mapa, sem correspondência com as ruas acima, no mundo real. Noticiava-se, ainda, que ansiavam pelo alívio de voltarem ao sistema, o que indicaria o confortável retorno à normalidade.
Mas que ironia. Estavam ansiosos por retornar aos subterrâneos, onde, compactados uns de encontro aos outros em condições insalubres sem renovação de ar, não vêem a luz do Sol. Trabalhadores marchando ao compasso de tambores, desapaixonadamente, desinteressadamente, disciplinadamente nos intestinos metálicos e impessoais de Metropolis.
8 de junho de 2005