ANO III  Nº 27  JUNHO 2000
Director : Armando Moreira Fernandes

 


 

 

Crónica Desportiva
Hélio Fernandes

 

São tantos e variados os assuntos sobre os quais nos podíamos debruçar para preencher este espaço, que se instalou o embaraço da escolha. Podíamos pegar, por exemplo ,no ainda muito discutido caso João Pinto, cuja história não estará totalmente contada, e colocar em reflexão os muitos milhões que um profissional de futebol pode auferir, os muitos mais milhões movimentados pelo futebol, independentemente de saber se o atleta rende ou não rende em função do que recebe, se o clube fez ou não um bom negócio, se um atleta, por mais ídolo que seja justifica a histeria de uns tantos. Tudo isso num país como o nosso onde as carências, e vamos cingir-nos só ao âmbito desportivo, são ainda tão evidentes, nomeadamente no que concerne a estruturas, e continuar a constatar a  filosofia dos clubes profissionais em termos de investimento a ser quase exclusivamente para enriquecimento dos planteis , segundo eles, no dos jogadores, segundo nós. Bom, mas tudo isso é esquecido quando os resultados desportivos superam essas questões menores, e a alegria que proporcionam fazem deitar tudo para trás das costas. Então não foi uma emoção colectiva, de todo o país, a espectacular  vitória sobre os ingleses no Europeu? Alguém se lembrou de evocar quanto os nossos heróis ganham ou deixam de ganhar? Obvio que não, nem nós, estonteados com tão categórica exibição. O sentimento nacional aqui falou mais alto, e só se espera que a equipa de todos nós consiga repetir a façanha mais vezes e por consequência trazer o caneco para cá. Depois do que todos assistimos tudo será de esperar. Pelo menos a passagem á fase seguinte já foi conquistada. 

Ainda futebolisticamente falando, podíamos referir o momento do nosso F.C. Penafiel, registando ainda não haver fumo branco quanto á continuidade ou não do elenco directivo, pois a assembleia geral acabou por ser adiada por falta de  argumentos suficientes para que essa continuidade se efective . Não obstante, a preparação da nova época parece estar em fase de conclusão, pois que está assegurada a constituição da equipa técnica, que transita da anterior, e o plantel es- tará também quase completo, uma vez que para colmatar as 10 saídas estão já concretizadas 9 aquisições ,estando definida a data,10 de Julho, para a sua apresentação. 

Podíamos ainda evocar o 1º Torneio Internacional de Basquetebol, acontecimento relevante no panorama desportivo local, a envolver cerca de duas centenas de jovens atletas, numa organização conjunta da Câmara Municipal e do Clube de Basquetebol de Penafiel a merecer os maiores encómios.

Como se depreende são muitos os assuntos a versar , todavia um nos chamou particular atenção, quando lemos que o Governo iria dar alguns milhões ao Vitória de Setúbal para a a construção de um novo estádio. Sabendo que o clube do Sado tem um belo estádio, relativamente novo em termos de construção, que Setúbal não está incluída no lote de cidades que vão acolher o Euro 2004,que o clube sadino até desceu de escalão, enfim, indagamo-nos das razões para tal decisão. Da indagação resultou quase a indignação, quando consta que por trás de tudo isso estará um caso de mera especulação imobiliária, pois é um empreiteiro que cede os terrenos para a implantação do novo estádio por troca do espaço do actual, quiçá melhor localizado, logo mais rentável. A ser assim, nada de anormal, não há qualquer ilegalidade, clube e empreiteiro que se entendam quanto ao negócio . Agora o que não se entende e seja  para perguntar é o que tem o Estado a ver com isso? Vai agora o erário público contribuir para a construção de um novo estádio só porque o clube setubalense vai vender o seu? Sinceramente, ou a história também não estará bem contada, ou há de facto lugar á indignação. Como pode esbanjar-se mais dinheiro, para além do que já estava destinado por força da realização do Euro 2004,com o futebol profissional, se essas verbas davam para construir uns quantos, bastantes com toda a certeza, pavilhões gimnodesportivos e beneficiar milhares de jovens praticantes e fomentar verdadeiramente o desporto na juventude. Que bom seria, por exemplo, para o Clube de Basquetebol de Penafiel, dispor de meios para a construção do seu próprio pavilhão, já que o municipal Fernanda Ribeiro está a rebentar pelas costuras, e ainda bem, com tanta actividade e outro recinto descongestionava-o sobremaneira. Ou então investir nos muitos estádios existentes a carecer de melhoramentos e aí o nosso municipal 25 de Abril podia ser muito bem um dos contemplados, agora que se fala novamente num projecto para a sua reconstrução, e tão carente disso está ele, depois de vinte anos, desde que subiu á 1ª divisão, sem mais beneficiação sensível.

Todavia não tenhamos ilusões, tudo nos leva a concluir que não há uma verdadeira política de distribuição de verbas para a promoção desportiva e que outro desporto, o dos jogos de interesses ou conveniências, vai continua a ditar as suas leis .

 

 


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Penafiel - Junho 2000

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