ANO III  Nº 26  MAIO 2000
Director : Armando Moreira Fernandes

 


 

 

Conversa com o meu amigo Tino

 NOSTALGIA ENTRE ANGOLA E O "PUTO"

Angelino Pereira


Parir é dor, criar é amor!

 Cinco séculos criaram um amor tão forte que o cordão umbilical gerado jamais poderá ser cortado!

 Foram projectos e mais projectos que produziram trabalhos comuns, na construção de grandes obras de engenharia e força humana.

 Apesar da luta entre os povos inocentes, que serviram de mártires aos interesses materialistas, houvera sempre um grande sentimento nos mais humildes, Homens de Bem, que souberam manter o abraço na fraternidade entre irmãos!

 Sou testemunha do que vi! Vi muita coisa que me desagradou, mas vi, na maior parte das vezes, uma grande solidariedade humana, irmanada por um grande espírito de ajuda, entre a dor e a fome!

 Aquelas visitas a sanzalas, chamadas de "psico", conduziam até àquele povo: assistência médica, religiosa e cultural. Eu próprio curei grandes feridas para alívio da dor em muitos angolanos. O gesto, a grande atitude gerou grandes amizades que conduziram à nostalgia entre Angola e o "Puto".

 As relações entre irmãos devem ter, pela sua natural ligação, outro tratamento que não o de fechar a porta, por uma qualquer birra sem explicação possível para negar a amizade que os une!

 A amizade deve falar sempre mais alto, para que o diálogo seja a melhor forma de resolver os problemas entre irmãos.

 As recentes atitudes de impedimento, na entrada de cidadãos nos dois países, vieram mostrar, que existem ressentimentos que dificultam as diplomacias entre os dois Estados.

 O povo angolano continua a sofrer!

 O texto do acordo de Alvor, assinado em 15 de Janeiro de 1975, entre o Estado Português e os três movimentos de libertação de Angola (F.N.L.A., M.P.L.A. e U.N.I.T.A.), seria o início de uma nova Era de esperança para a paz e prosperidade. Todos partiram com igualdade de direitos para a construção de um grande Estado. Mas hoje, passados 25 anos, a guerra continua ainda mais mortífera! Porque afinal, a vontade de fazer guerra é maior do que o desejo da paz!

 A guerra não é dos angolanos, mas pertencem aos angolanos os diamantes e o petróleo que pagam a guerra!

 Fechar as portas aos portugueses é negar o progresso e a paz!

 O verdadeiro povo português tem dado provas ao mundo de grande amizade e solidariedade entre irmãos que falam a mesma língua. Basta recordar os movimentos gerados para a independência e ajuda de Timor, para as vítimas das cheias em Moçambique e para ajuda ao povo angolano.

 A paz ainda não chegou a Angola, porque a guerra sustenta muita gente!

 Enquanto a riqueza natural de Angola é desperdiçada em máquinas de morte, as crianças angolanas choram de fome e a ajuda internacional tem que chegar!

 Os altos responsáveis em Angola devem fechar definitivamente todas as portas que têm servido de entrada no território de máquinas de morte e destruição e permitido a saída da riqueza do seu povo. Devem abrir as portas ao mundo para que entre a paz e o progresso que o povo angolano espera.

 O recente calar de um jornalista angolano, por desafiar o poder com a verdade, é exemplo de que algo parece estar escondido para desgraça dos angolanos. O castelo de interesses construído sobre areia angolana vai decerto ruir um dia para que a paz e prosperidade chegue definitivamente a Angola e então não seja mais necessário fechar a porta a irmãos!

 


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Penafiel - Maio 2000

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