Conversa
com o meu amigo Tino
NOSTALGIA
ENTRE ANGOLA E O "PUTO"
Angelino Pereira
Parir
é dor, criar é amor!
Cinco
séculos criaram um amor tão forte que o cordão umbilical gerado jamais poderá
ser cortado!
Foram
projectos e mais projectos que produziram trabalhos comuns, na construção de
grandes obras de engenharia e força humana.
Apesar
da luta entre os povos inocentes, que serviram de mártires aos interesses
materialistas, houvera sempre um grande sentimento nos mais humildes, Homens de
Bem, que souberam manter o abraço na fraternidade entre irmãos!
Sou
testemunha do que vi! Vi muita coisa que me desagradou, mas vi, na maior parte
das vezes, uma grande solidariedade humana, irmanada por um grande espírito de
ajuda, entre a dor e a fome!
Aquelas
visitas a sanzalas, chamadas de "psico", conduziam até àquele povo:
assistência médica, religiosa e cultural. Eu próprio curei grandes feridas
para alívio da dor em muitos angolanos. O gesto, a grande atitude gerou grandes
amizades que conduziram à nostalgia entre Angola e o "Puto".
As
relações entre irmãos devem ter, pela sua natural ligação, outro tratamento
que não o de fechar a porta, por uma qualquer birra sem explicação possível
para negar a amizade que os une!
A
amizade deve falar sempre mais alto, para que o diálogo seja a melhor forma de
resolver os problemas entre irmãos.
As
recentes atitudes de impedimento, na entrada de cidadãos nos dois países,
vieram mostrar, que existem ressentimentos que dificultam as diplomacias entre
os dois Estados.
O
povo angolano continua a sofrer!
O
texto do acordo de Alvor, assinado em 15 de Janeiro de 1975, entre o Estado
Português e os três movimentos de libertação de Angola (F.N.L.A., M.P.L.A. e
U.N.I.T.A.), seria o início de uma nova Era de esperança para a paz e
prosperidade. Todos partiram com igualdade de direitos para a construção de um
grande Estado. Mas hoje, passados 25 anos, a guerra continua ainda mais mortífera!
Porque afinal, a vontade de fazer guerra é maior do que o desejo da paz!
A
guerra não é dos angolanos, mas pertencem aos angolanos os diamantes e o petróleo
que pagam a guerra!
Fechar
as portas aos portugueses é negar o progresso e a paz!
O
verdadeiro povo português tem dado provas ao mundo de grande amizade e
solidariedade entre irmãos que falam a mesma língua. Basta recordar os
movimentos gerados para a independência e ajuda de Timor, para as vítimas das
cheias em Moçambique e para ajuda ao povo angolano.
A
paz ainda não chegou a Angola, porque a guerra sustenta muita gente!
Enquanto
a riqueza natural de Angola é desperdiçada em máquinas de morte, as crianças
angolanas choram de fome e a ajuda internacional tem que chegar!
Os
altos responsáveis em Angola devem fechar definitivamente todas as portas que têm
servido de entrada no território de máquinas de morte e destruição e
permitido a saída da riqueza do seu povo. Devem abrir as portas ao mundo para
que entre a paz e o progresso que o povo angolano espera.
O
recente calar de um jornalista angolano, por desafiar o poder com a verdade, é
exemplo de que algo parece estar escondido para desgraça dos angolanos. O
castelo de interesses construído sobre areia angolana vai decerto ruir um dia
para que a paz e prosperidade chegue definitivamente a Angola e então não seja
mais necessário fechar a porta a irmãos!
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