ANO III  Nº 26  MAIO 2000
Director : Armando Moreira Fernandes

 


 

 

 UM POTENCIAL BARRIL DE PÓLVORA
D. Fayão
 

Se por acaso, passarem um dia destes na Rua das Lages, em Irivo, vão  por certo reparar na existência, ao fundo, de um barracão coberto de zinco, com uma placa à porta anunciando, Perigo de explosão.

 Escassos metros à sua frente, três ou quatro casas de habitação, e nas traseiras tapando-lhe a retaguarda, um pequeno terreno arborícola. O que me leva a desejar, sinceramente, que o risco anunciado na placa de entrada, não se venha nunca a efectivar porque a acontecer, em especial nesta época em que o Verão se aproxima, ele poderia ter consequências trágicas tanto para os moradores da rua, como para as plácidas árvores, que nem sequer têm qualquer possibilidade de fuga, nem escolheram o local para viverem.

 Para quem não saiba, aquele barracão é uma oficina rudimentar de pirotecnia. A meu ver, sem condições. Não só pelo local onde está situado - é absurdo colocar um potencial barril de pólvora junto a casas de habitação - como por outro lado, a fraca estrutura que o reveste, não parece capaz de conter qualquer explosão que se registe no seu interior, nem limitar a sua deflagração. Antes pelo contrário, se ela ocorrer a oficina converter-se-á numa espécie de granada de mão, espalhando os estilhaços das suas paredes muitos metros em redor.

 Nos últimos anos temos lido nos jornais, a existência de vários acidentes mortais em oficinas similares. Há cerca de dois anos para impedir esta situação, a Câmara de Montalegre numa atitude drástica, proibiu a instalação de tais indústrias no seu concelho. Há quatro anos, Penafiel acordou com a explosão de um paiol de pólvora pertencente a uma pedreira em Marecos, que causou estragos de monta na cidade, apesar da distância da sua localização, e só por sorte não matou ninguém. E por se ter chegado à conclusão que no que  respeita a este tipo de materiais, o seguro morreu de velho, há uns cinco anos que se interditou a instalação de postos de abastecimento de combustíveis por baixo de prédios residenciais, como era frequente fazer, e se determinou a transferência dos já instalados para outros locais, embora infelizmente esta medida não tenha sido nunca posta em prática.

 Penso que algo do género deveria ser imposto pelas autoridades em relação à oficina da Rua das Lages. É inadmissível a tolerância com que os poderes locais têm encarado a sua permanência no local, que é quanto a mim, perfeitamente absurda e surrealista. Será que alguém está à espera de que um dia, o potencial barril rebente, para se começar a olhar com outros olhos para casos como este, que parecem não merecer o cuidado de ninguém ?


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Penafiel - Maio 2000

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