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UM
POTENCIAL BARRIL DE PÓLVORA
D. Fayão
Se
por acaso, passarem um dia destes na Rua das Lages, em Irivo, vão
por certo reparar na existência, ao fundo, de um barracão coberto de
zinco, com uma placa à porta anunciando, Perigo de explosão.
Escassos metros à sua frente, três ou quatro casas de
habitação, e nas traseiras tapando-lhe a retaguarda, um pequeno terreno arborícola.
O que me leva a desejar, sinceramente, que o risco anunciado na placa de
entrada, não se venha nunca a efectivar porque a acontecer, em especial nesta
época em que o Verão se aproxima, ele poderia ter consequências trágicas
tanto para os moradores da rua, como para as plácidas árvores, que nem sequer
têm qualquer possibilidade de fuga, nem escolheram o local para viverem.
Para
quem não saiba, aquele barracão é uma oficina rudimentar de pirotecnia. A meu
ver, sem condições. Não só pelo local onde está situado - é absurdo
colocar um potencial barril de pólvora junto a casas de habitação - como por
outro lado, a fraca estrutura que o reveste, não parece capaz de conter
qualquer explosão que se registe no seu interior, nem limitar a sua deflagração.
Antes pelo contrário, se ela ocorrer a oficina converter-se-á numa espécie de
granada de mão, espalhando os estilhaços das suas paredes muitos metros em
redor.
Nos
últimos anos temos lido nos jornais, a existência de vários acidentes mortais
em oficinas similares. Há cerca de dois anos para impedir esta situação, a Câmara
de Montalegre numa atitude drástica, proibiu a instalação de tais indústrias
no seu concelho. Há quatro anos, Penafiel acordou com a explosão de um paiol
de pólvora pertencente a uma pedreira em Marecos, que causou estragos de monta
na cidade, apesar da distância da sua localização, e só por sorte não matou
ninguém. E por se ter chegado à conclusão que no que
respeita a este tipo de materiais, o seguro morreu de velho, há uns
cinco anos que se interditou a instalação de postos de abastecimento de
combustíveis por baixo de prédios residenciais, como era frequente fazer, e se
determinou a transferência dos já instalados para outros locais, embora
infelizmente esta medida não tenha sido nunca posta em prática.
Penso
que algo do género deveria ser imposto pelas autoridades em relação à
oficina da Rua das Lages. É inadmissível a tolerância com que os poderes
locais têm encarado a sua permanência no local, que é quanto a mim,
perfeitamente absurda e surrealista. Será que alguém está à espera de que um
dia, o potencial barril rebente, para se começar a olhar com outros olhos para
casos como este, que parecem não merecer o cuidado de ninguém ?
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