ANO III  Nº 25  ABRIL 2000
Director : Armando Moreira Fernandes

 


 

 

POESIA


 

É POR TI QUE ESPERO  / É PARA TI QUE CANTO

António Joaquim

  

Não te conheço
e é por ti que espero

não te conheço
e eis que te quero

e canto

e enquanto espero 
escrevo de memória
nas verdes paredes do silêncio

e espero

não te conheço 
e é por ti que espero

e canto

e percorro as ruas da cidade
gritando no íntimo 
contra os nós roxos do medo
teu rubro nome

não te conheço
e eis que te quero

                            LIBERDADE


 

A UMA AMIGA

Jorge Nunes Pereira

  

Teus olhos dois monges orando
São parecidos com a negra morte
Duas pérolas finíssimas rolando
Pelas vertentes dum rosto de fino recorte

Tuas pernas ao princípio insignificantes
Depois de apreciadas ressurgem belíssimas
Dá a impressão de serem antes
Um complemento do próprio corpo
                 - Pois são elegantíssimas

Teu umbigo nasce como um vale estreito e fundo
E não é para menosprezar por nada deste mundo

Ah! O teu ser todo o teu ser está vivo
E depois o que eu quero de ti só de ti

-          É ser teu amigo.

 


PARTIDA

Angelino Pereira

 

Já faço o que faço sem saber
Já sinto mesmo sem sentir
Já sofro mesmo sem querer
Nesta saudade de te ver partir

Já vejo o horizonte no além
Já sinto o vento frio que vem do mar
E neste corropio sem parar
Vejo sem sentido o que nada tem

E na tua partida fica o meu abraço
Em alma fria não sei mais que faço
Neste anoitecer tão rapidamente
No vento da mágoa que gera em mim
Vem este corroer eternamente
Já sinto que perto está o meu fim

 


 AQUI

Fernando Madureira

  

Aqui
com o tempo e o espaço
um rio dentro do corpo
o corpo dentro dum laço
faço desfaço
os dedos, as mãos, os olhos
o dia, o tempo a hora
e fica-me ainda espaço
margens a tocar o céu 
para a pátria que me habita
mas não traço.

 

 


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