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De pequenino se lê o livrinho
Alfredo de Sousa
No
primeiro domingo deste mês foi comemorado mais um Dia Internacional do Livro
Infantil. Efectivamente, é sempre no dia 2 de Abril de cada ano que em todo o
mundo civilizado se comemora esta data, que corresponde exactamente à data de
nascimento, em 1805, do escritor dinamarquês Hans Chistian Andersen, que se
viria a tornar o mais famoso escritor de crianças, que em todo o mundo o
conhecem através dos livros maravilhosos que para elas escreveu e que ainda
hoje são lidos com sofreguidão.
Como
escreveu Ilse Losa, uma conhecida escritora de literatura infantil, alemã de
nascimento, mas portuguesa de adopção, O segredo da perenidade e da força
dos contos do escritor dinamarquês é, indubitavelmente, essa autenticidade do
olhar sobre a vida e os sentimentos do homem, onde nada se esconde a pretexto de
que as crianças não entendem... O génio de Andersen está nesse (re)nascer de
todas as coisas ao longo das histórias, como um mostrar a vida no tempo em que
tudo se apreende: a vida irrepetível onde não há lugar para a mentira de
querer mostrar um mundo que, efectivamente, não existe. No fundo, é
apreender a vida com naturalidade e com alegria; com amizade e com afectos; com
beleza e com imaginação; com a natureza e com os animais, sendo, precisamente,
nestes temas que vamos encontrar em Hans Chistian Andersen todo o encanto dos
seus livros.
Na
mensagem deste ano para o Dia Internacional do Livro Infantil, a cargo da
escritora finlandesa Hannele Huovi, divulgada em todo o mundo no domingo
passado, permito-me ressaltar da história que escreveu o último parágrafo,
por o achar verdadeiramente lapidar: O
segredo está no livro, no livro está o segredo.
Efectivamente,
se mesmo para os adulto um livro encerra sempre um mundo de segredos, e se os
queremos conhecer temos de os procurar no próprio livro, porque é lendo que
violamos os seus segredos, é lendo que os conhecemos, muitíssimo mais para as
crianças o livro representa um mundo de segredos a desvendar, fruto não só da
sua natural curiosidade, mas também da sua insuperável capacidade de
transformar em puro encanto e magia a matéria prima que isto mesmo lhe permite:
as palavras. Por isso, as crianças tanto se comprazem em violar os livros com
sofreguidão, tão própria da idade e da imaginação de que são possuidoras.
Um
pouco por todo o lado, comemorou-se em Portugal mais este Dia Internacional do
Livro Infantil, cujo alcance terá com certeza os seus frutos a médio e longo
prazos. Assim, o livro de António Torrado " Ler, Ouvir e Contar " foi
distribuído graciosamente a milhares de crianças de todo o país, dado que a
Associação Portuguesa de Editores e Livreiros procedeu a uma edição
gigantesca de 470.000 exemplares, precisamente com esse propósito:
distribui-los por todas as crianças de Portugal.
O
que tudo isto significa é a optimista crença de que o futuro demonstrará que
as crianças de hoje irão ser uns adultos diferentes do que são os seus pais e
os seus avós, que, de livros, quando muito, apenas lhes apreciaram o sabor, por
vezes amargo, quando foram para a escola primária. Certamente, para muitos pais
e avós de hoje o primeiro contacto com o livro começou precisamente assim. Não
admira, pois, que os livros sejam ainda, para muitos, objectos não necessários
e, tirando a sua função escolar obrigatória, não faltará quem pense que os
livros serão mesmo objectos dispensáveis, isto é, que se pode viver bem sem
livros. Não pode, como todos sabemos, e muito mais aqueles que são pais e avós
deste tempo.
PS: 5000
exemplares do livro de António Torrado, "Ler, Ouvir e Contar",
chegaram a Penafiel em 5 de Abril, começando, neste dia, a ser distribuídos
pelas crianças do concelho, em cerimónia alusiva e simbólica efectuada na
Escola Nº1 de Guilhufe.
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