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Crónica
Desportiva
Hélio Fernandes
Esfumou-se
mais uma vez a hipótese de vermos o F.C. de Penafiel a ascender novamente ao
primeiro escalão do futebol nascional, essa pretensão sempre renovada e
sucessivamente adiada, como se confirma agora com outra desilusão, pois não é
crível que tal desiderato possa ser atingido, tal a diferença que o separa de
um lugar de eleição e a escassas jornadas do fim da prova. Curiosamente foi
uma época em que mais se acreditou que desta feita seria conseguido o regresso
ao convívio dos grandes, aquela 1ª divisão onde durante uma década os
penafidelenses deixaram a sua marca. Pois não vai ser na viragem do século e
milénio que tal se verificará e a festa do cinquentenário, o meio século de
existência do clube, vai ser comemorada com o clube ainda na divisão secundária.
Muitos
farão a mesma interrogação: o que falhou ou porque foi que o clube tendo um
dos melhores planteis dos últimos anos não conseguiu a promoção?
Naturalmente que não temos a resposta e duvidamos que alguém a tenha. Uns,
mais resignados, dirão que são as
chamadas contingências do futebol, outros, menos conformados, e precisando de
arranjar bodes expiatórios, que o técnico não teve arte ou engenho para levar
a equipa a fazer mais ou melhor, ou que a direcção não fez isto ou aquilo,
enfim, procura-se sempre encontrar razões que no caso nem a razão pode
conhecer. A exemplo da temporada passada, parece-nos apenas que voltou a faltar
À equipa um pouco mais de auto confiança quando joga no seu estádio, de outra
maneira não se compreende como é possível falhar tanto nos jogos intramuros
ao ponto de não conseguir vencer em 9 dos 15 que disputou até agora frente ao
seu público, e com isso esbanjar 20 pontos, quando, pasme-se, metade dos quais
já lhe davam para ir em primeiro na tabela!. Pensamos ser este o cerne da questão,
tudo o resto são meras conjecturas a carecer de fundamentação. O Penafiel
"só" falhou no seu terreno, pois fora teve um bom aproveitamente,
mesmo descontando aqueles jogos em que foi por demais evidente tido como vítima
de duvidosos trabalhos de arbitragem. E basta aqui apenas recordarmos os mais
recentes, como em Leça, de má memória para o responsável mor do clube, ou Paços
de Ferreira. Será caso para perguntar, que síndroma é este que afecta o
Penafiel?, lembrando que já o ano passado o insucesso se ficou a dever
precisamente à mesma causa, não se ganhar os jogos caseiros e hipotecar a
subida perante os seus próprios apoiantes. Não será caso para ir à bruxa? Não,
claro, só que é tempo de repensar que motivação, ou ausência dela, afecta a
equipa ao ponto de ser tão perdulária no Municipal 25 de Abril. Veja-se
quantos golos ficou a dever a si própria no jogo com o Chaves, em que de uma
possível goleada, mal conseguiu livrar-se da derrota que já parecia irremediável.
Este apenas um exemplo entre tantos que nos foi dado presenciar, sem que se
encontre uma explicação plausível que o justifique. Vamos agora arranjar
culpados? Quem?, os jogadores, os técnicos, os dirigentes, os árbitros? E
porque não incluir a própria massa adepta que tão pouco incita os seus
atletas, a sua equipa?. Naturalmente que é muito fácil esgrimir argumentos
para comprometer alguém, duvidamos é da razão moral para o poder fazer. Não
há, pelo menos de uma forma evidente, razões de culpa a assacar a quem quer
que seja, apenas prevalece um factor algo inexplicável a que nos vimos a
referir.
Mais importante agora será o futuro próximo, saber
como o clube vai reagir a mais este insucesso. De forma aligeirada dir-se-á que
para o ano há mais, nova tentativa será fieta, pode ser que na próxima tudo
corra melhor. Só que nos entretantos, muita água passará por baixo das
pontes, e vai ter de saber-se, entre outras coisas, se vai haver ou não
continuidade directiva, já que pela negativa o cenário ficará bastante mais
nublado, que convulsões perante isso se produzirão na equipa técnica e no
plantel, enfim, todo um manancial de questões em que tem de assentar uma nova
aposta para a época seguinte. Resta aguardar mais algumas semanas, mas não
deixará de ser oportuno começar a planear o futuro antes que o presente se
esgote.
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