ANO III  Nº 24  MARÇO 2000
Director : Armando Moreira Fernandes

 


 

 

Crónica Desportiva
Hélio Fernandes

 

Voluntariamente, ou talvez  não, temos vindo progressivamente a afastar-nos do futebol, provavelmente  por  saturação de uma ambiência que de todo em todo já não corresponde aos pressupostos que fizeram com que desde os tempos da infância nos tivéssemos apaixonado pelo considerado desporto rei. De facto já não vibramos como noutros tempos, a satisfação pelas vitórias ou a tristeza pelas derrotas já não acusam um tão elevado desnível no estado emocional, e já nos confunde se é a devoção ou a obrigação que nos leva até ao Municipal 25 de Abril nos dias de jogo, sendo que a segunda hipótese várias vezes se revela como mais provável, por força do compromisso que há mais de um quarto de século nos liga a órgãos da informação escrita.

Evidentemente que quando se fala de futebol se está a fazer uma referência global, em todas as vertentes, e então aí vamos encontrar as possíveis razões porque muitos, como nós, se vão desencantando com esse mundo tão peculiar, não obstante continuar a alimentar muitas mais paixões, a dar origem às mais desencontradas polémicas, a ser tema para encher diariamente toneladas de papel de jornal. Enquanto espectáculo, dentro das 4 linhas, ainda se pode considerar o mal menor, apesar de invariavelmente se assistir a jogos de fraco nível, pouco emotivos, onde o chamado amor à camisola há muito que deu lugar ao amor ao cifrão. Isto, obviamente, em termos de profissionais, porquanto ao nível da formação as coisas são naturalmente diferentes, basta atentar no que se passa com o Penafiel, onde centenas de jovens se entregam de corpo e alma à prática do seu desporto favorito e veja-se com que excelentes resultados. Ainda dentro do espaço de jogo temos as arbitragens, também invariavelmente com actuações muito discutíveis, ficando sempre a incógnita se apenas por incompetência. Ora o mundo futebolístico nacional torna-se também e fundamentalmente menos atractivo quando se observa o que se passa à margem do jogo, os bastidores, onde se manipulam todos os interesses, quantos inconfessáveis, que toldam a verdade desportiva, e daí o descrédito, e o contribuir para que cada vez se veja menos público nos estádios.

Para além de tudo isso, a nossa menor ligação ao futebol terá também como causa próxima o basquetebol, com o surgimento do Clube de Basquetebol de Penafiel de que somos, orgulhosamente, um dos fundadores. É um projecto altamente aliciante, que tem sido por demais absorvente, mas felizmente com todos os indicadores  para o sucesso. Um pouco em relação ao que do futebol foi dito, e num arremedo de paralelismo, deve dizer-se que no basquetebol as coisas são um pouco melhores, ainda que nem tudo é inocente, e também aqui algumas notas críticas se podem assacar ao sistema. Como o C.B. Penafiel apenas comporta os escalões de formação, não tem sido agradável constatar que a esse nível seja possível, por exemplo, haver arbitragens tão incompetentes, para não dizer tendenciosas, a desvirtuar a verdade do jogo, e por consequência alguma frustração nos jovens atletas. Basta referir o que se passou com a equipa de Cadetes, a de maior poder competitivo, altamente prejudicada em vários jogos, o bastante para não se qualificar entre os 3 primeiros lugares, com direito a disputar a prova inter-associações, deixando antever que esses lugares já tinham ocupantes cativos. Se atentarmos que isso se passa com  jovens de 13/15 anos, não deixa de ser preocupante que a esse nível já se " trabalhe " nos bastidores para que uns saiam beneficiados em detrimento de outros. Há também alguma permissividade no sistema, quando se observa que é possível utilizar impunemente um atleta de escalão superior em jogo de escalão inferior, já que não existe efectiva fiscalização para o evitar. Poderão ser situações menores comparativamente ao que se passa no futebol, apenas confirmam que muito ainda se terá de fazer para uma verdadeira forma de saber ser e estar no desporto.

 


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Penafiel - Março 2000

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