CONFISSÕES
A
abstenção dos CDS-PP sobre o despejo
de
uma oficina clandestina
Armando Moreira Fernandes
Há artes e artistas, acrobatas e trapezistas.
Cada um na sua arte, cada macaco no seu galho. Mas há uma certa
classe de macacos, os que gostam de saltar de galho em galho.
Defendem os seus clientes com leis supostamente irreversíveis.
Fundamentam a sua prepotência, assente num clientismo elitista subdesenvolvido.
Saídos do nada, amealham noutras paragens para aqui se mostrarem
embrutecidos e pobres na educação.
Fiquei extremamente grato pela qualidade e objectividade do artigo escrito
há uns meses pelo Sr. Eng.º. António Barreto no jornal
Público com o título Condomínios Fechados. Diz que
em Portugal há alguns condomínios fechados, mas que irão
aumentar rapidamente. Dentro desses condomínios vivem uns milhares.
Eles são banqueiros, empresários, estrelas de cinema, músicos
de rock, profissionais liberais e políticos. Dizem que as pessoas
da mafia e do narcotráfico vivem todas assim, em condomínios
deles ou misturados com gente bem.
Com um país tão pequeno e um desequilíbrio de igualdades
confrangedora, como se consegue obter, já não digo boa, mas
umas, condições de vida média? Claro que não
é possível, porque as injustiças aumentam e o crime
compensa.
A mudança de Presidente será que vai dar frutos e bons?
Estou optimista. A ver vamos.
Penso ver um certo esforço em repor alguma verdade nesta justiça
podre. Uma das razões que me leva a acreditar foi a espontaneidade
com que pôs em reunião de Câmara e aprovado por uma
quase unanimidade, a resolução de uma das injustiças
que se arrastam há dois anos. A coragem do Sr. Presidente Dr. Rui
Silva foi determinada e determinante para que ordenasse o despejo da oficina
que ainda se mantém em funcionamento. Como é possível
o C.D.S.-P.P., representado pelo seu vereador, um advogado, abster-se?
É no mínimo irresponsável, insensível à,
e pela qualidade de vida!...
Confesso ver a pouco e pouco desmoronar-se uma barreira que parecia
intransponível.
Confesso ver macacos e trapezistas falhados, e com os dias contados.
Confesso que ainda me hei-de um dia rir quando este povo souber que
lhes andais a mentir.
Confesso ver partidos a ter que desparasitar os parasitas que corroem
a sociedade.
Confesso que nunca vi tanta lata...
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