28ª Edição
12 a 19
Setembro 2001
Salvador
Bahia - Brasil

home | apresentação | organização | filmes e vídeos | programa | locais | notas | jornadas anteriores | galeria | links | e-mail
Jorge Amado UMA JORNADA PARA JORGE AMADO
Maria do Rosário Caetano
(Especial para O Estado de S. Paulo)


A Jornada Internacional de Cinema de Salvador dedicará sua edição de 2001 a Jorge Amado, autor do livro que deu origem ao maior sucesso comercial do cinema brasileiro, Dona Flor e Seus Dois Maridos, visto por 12 mihões de espectadores. Além de escritor reconhecido nacional e internacionalmente, Amado é amigo histórico do festival baiano (criado em 1972) e divide com Nelson Rodrigues a condição de maior fornecedor de narrativas adaptadas pela televisão e cinema brasileiros.

A 28ª Jornada ocorrerá na capital baiana, no período de 12 a 19 de setembro do próximo ano. Um mês antes da inauguração do evento, Jorge Amado completará 89 anos. Guido Araújo, criador e diretor-geral do festival, anunciou a novidade na noite de domingo, quando foram entregues os prêmios Tatu e o Grande Prêmio Glauber Rocha aos vencedores da 27ª edição.

"Em quase três décadas de existência, contamos com o apoio discreto de Jorge e de seus amigos; há quatro anos, exibimos Capeta Caribé, de Agnaldo Siri Azevedo, um curta-metragem sobre o artista plástico argentino-brasileiro, amigo inseparável de Jorge, e o texto do filme era dele, que não cobrou um centavo de direito autoral", pondera Araújo.

"Agora, quando Jorge está recolhido em casa, com a saúde fragilizada, acreditamos ter chegado a hora de homengeá-lo, compilando toda sua rica colaboração com o cinema e a TV", afirma. "Afinal, houve um momento na história cinematográfica brasileira (meados dos anos 70) em que Salvador foi cenário de três longas-metragens baseados em sua obra: um deles, Dona Flor..., foi o recordista brasileiro de bilheteria; os outros dois Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos, e Otália da Bahia, baseado em Os Pastores da Noite, do francês Marcel Camus, também mantiveram bom diálogo com o público."

Guido lembra que a relação de Jorge Amado com o cinema vem do final do início dos anos 50. "Ele era muito amigo do cineasta e fotógrafo Ruy Santos e também do crítico e cineasta Alex Vianny", conta. "Quando deixei Salvador, rumo ao Rio, levei duas cartas de apresentação, uma para ele, outra para Vianny; nem precisei entregar a destinada a ele, pois Alex me encaixou logo no grupo de Nelson Pereira e fomos fazer Rio 40 Graus." Guido acrescenta:

"Quando o filme ficou pronto e foi interditado pela censura, Jorge participou ativamente da luta por sua liberação; tornou-se fraterno amigo de Nelson, que depois faria Tendas dos Milagres e Jubiabá".

O diretor da Jornada e sua mulher, a checa Mila Araújo, são personagens de dois livros de Zélia Gatai, companheira de Jorge há cinco décadas. "Antes de decidirmos pela homenagem, conversamos com sua família, em especial com Zélia e o escritor James Amado; os dois ficaram satisfeitos e prometeram ajudar e o apoio virá, em especial, da Fundação Jorge Amado, dirigida por Miriam Fraga."

Guido Araújo sabe que o desafio será grande. Ele já vai começar os trabalhos para que a Jornada 2001-Especial Jorge Amado seja um sucesso. "Temos que obter recursos para conseguir cópia nova de todos os longas-metragens baseados na obra dele", comenta. "Também de documentários (como Jorjamado no Cinema, de Glauber Rocha), programas de TV feitos no Brasil e no exterior, trechos de novelas, minisséries e especiais, pois queremos exibir o mais completo e exaustivo levantamento audiovisual de sua obra."

Interesse

O primeiro cineasta a se interessar pela obra de Jorge Amado foi o norte-americano Eddie Bernoudy. Em 1948, ele dirigiu, para a Atlântida Cinematográfica, o longa-metragem Terra Violenta, baseado no livro Terras do Sem Fim.

Passaram-se 15 anos sem que um realizador brasileiro se interessasse pela obra do escritor. Foi outro estrangeiro, o italiano Alberto D'Aversa que chegara ao Brasil em 1956, o autor da segunda adaptação de Jorge Amado (Seara Vermelha, 1963). A terceira adaptação também seria de um estrangeiro, o norte-americano Hall Bartlett (o mesmo da versão de Fernão Capelo Gaivota). Em 1970, ele rodou no Brasil o filme The Wild Pack, baseado em Capitães de Areia. À frente do elenco, Eliana Pittman. Numa participação especial, Dorival Caymmi. O filme teve esparsas exibições nas madrugadas da TV brasileira com o nome de Stella.

Em 1975, o cinema brasileiro descobriu Jorge Amado, na esteira do colossal sucesso da telenovela Gabriela, de Walter George Durst, que transformou Sônia Braga em estrela da noite para o dia. Em 76, Bruno Barreto realizou, com a mesma atriz, Dona Flor e Seus Dois Maridos.

Na mesma época, o francês Marcel Camus (Palma de Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro com Orfeu Negro, 1959) produziu, em Salvador, Otália da Bahia. Em seguida, Nelson Pereira recriaria, com Macalé e Juarez Paraíso, a história do negro Pedro Arcanjo, defensor da miscigenação racial.

Nos anos 80, mais duas adaptações de Amado chegariam às telas: Gabriela, de Bruno Barreto, e Jubiabá, de Nelson. Nos anos 90, Sônia Braga regressou ao Brasil para protagonizar Tieta (Cacá Diegues, 1996), projeto que a italiana Lina Wertmüller acalentou, durante anos, para a star Sophia Loren. Agora, o diretor Ricardo Bravo planeja, com Anthony Quinn, a adaptação cinematográfica da novela Os Velhos Marinheiros.

Como o cinema brasileiro, com saldo de nove longas, a maior parte deles citada no documentário Jorjamado no Cinema, de Glauber Rocha, a TV contribuiu enormemente para a valorização de Jorge Amado. Em 1961, a extinta Tupi fez a primeira adaptação de Gabriela Cravo e Canela. Depois veio a versão da Globo, adaptada por Walter George Durst. O mesmo Durst escreveu Terras do Sem Fim, novela exibida pela Globo (1981). A mesma emissora mostrou Tenda dos Milagres, em 1985, com adaptação de Aguinaldo Silva. Ele também assinou outro sucesso baseado em Jorge Amado: a novela Tieta (1989).

Agora prepara adaptação de Mar Morto para 2001.

No mesmo ano de 1989, Capitães da Areia virou minissérie na Bandeirantes, sob direção de Walter Lima Jr. Em 1992, Vicente Sesso adaptou o romance Teresa Batista Cansada de Guerra, dirigida por Paulo Afonso Grisoli e que revelou a jovem atriz Patrícia França. Em 95, a Manchete conseguiu significativa audiência com Tocaia Grande, adaptação de Duca Rachid para o épico crepuscular do escritor.

Há dois anos e meio, a Globo recriou, com a assinatura de Dias Gomes, outro baiano ilustre, Dona Flor... em minissérie estrelada por Edson Celulari, Giulia Gam e Marco Nanini. Agora, Aguinaldo Silva prepara adaptação de Mar Morto para 2001.
proxima notícia
Colóquio Internacional de Cinema e Literatura
 

home | apresentação | organização | regulamento | inscrição | notas | depoimentos | jornadas anteriores | galeria | links | e-mail

webmaster: microinformatica
Copyright © 1999-2001 microinformatica - Todos os direitos reservados.

 

Hosted by www.Geocities.ws

1