JORGE ELVIS

A História de Elvis Presley

"Elvis Presley é um maníaco sexual de 21 anos com o cabelo cheio de gomalina canções imorais e sem nenhum futuro... "

Sim: é isso que eles estão dizendo - os pregadores, professores, banqueiros, líderes da comunidade e outras pessoas respeitáveis. Todos eles dizem que Elvis é o Mal - uma desgraça ambulante para a raça humana. Eles estão protestando contra todas essas coisas chocantes - o jeito que Elvis canta, seus anéis, seus lábios, seus quadris. Meu Deus! Imaginem só! Elvis é mais uma conspiração comunista! Reparem que ele tem um Cadillac cor de rosa! Para a geração mais velha, na década dos 50, Elvis era isso. Desde o começo, ele parecia ser bem mais do que apenas um cantor: parecia uma verdadeira ameaça para a juventude americana.

 

AWOP- BOP-A- LOO-BOP-A- LOP BAM-BOOM!!! Elvis explodia por todos os lados, para euforia da garotada e desespero dos mais velhos. Aquele garotão de cabelo cheio de gomalina, blusão vermelho, requebros selvagens e sensuais começavam a sacudir a juventude, animando-a a jogar para o alto os velhos padrões impostos pelos adultos.

Clique na imagem acima e veja em formato MOV um trecho do filme "JAILHOUSE ROCK"

A Fórmula Mágica

Elvis iniciou sua carreira trazendo para as casas da classe média branca, músicas que, antes, só eram ouvidas tarde da noite, em pequenas emissoras e discos especiais para negros. Gemendo, grunhindo escarnecendo, ele cantava versos que definiam bem sua maneira de ser: lf you´re looking for trouble you came to the ríght place lf you,re looking for troubles just look right ín my face.

Enquanto ele cantava, com sua petulância característica, apareciam cartazes com dizeres do tipo: "Atenção! Pare: ajude a salvar a juventude americana. Não compre discos de música negra. Os gritos roucos, as palavras imbecis e a música selvagem desses discos estão minando o moral de nossa juventude branca!".

Mas já era tarde demais. A "música selvagem" soava por toda parte e EIvis também, mostrando que a juventude branca podia ser parte ativa da nova música. Os quadrados podiam protestar à vontade.

Elvis tinha com ele a fórmula do rock: nascera e crescera ouvindo blues e country music. Nascido no sul dos Estados Unidos, em Tupelo, Mississipi, mudou-se com a família para Memphis, Tennessee, quando estava na difícil idade de treze anos. Chamava-se Elvis Aaron Presley e viera ao mundo no dia oito de janeiro de 1935. Era filho de Vernon e Gladys Presley, trabalhadores rurais muito pobres e amparados pelo Serviço Social. A mãe morreria em 1958, quando Elvis chegava ao auge do sucesso.

As apresentações ao vivo de Elvis simplesmente botavam fogo na platéia. Nunca havia se visto nada parecido. Também em matéria de comportamento no palco, ele foi um inovador. Seu famoso rebolado de quadris tornou-se um marco na história do show business.

Um Menino Pobre

Como foi que aquele caipira chegou a uma posição dessas? Começou tocando guitarra o dia inteiro, rondando os clubes noturnos onde os músicos negros de gospel se apresentavam, ouvindo cantores de blues como Junior, Parker e Arthur "Big Boy" Crudup, em programas de rádio. Elvis sempre quis algo mais do que ganhar 35 dólares semanais para dirigir um caminhão. Queria ter o cabelo sempre bem penteado e sonhava com muitas admiradoras. Finalmente dois homens decisivos entraram em sua vida: Sam Phillips e o "Coronel" Tom Parker.

Sam Phiilips também era sulista: nascera no Alabama e, como Elvis, era um branco interessado em música negra. Antigo dísc-jockey, formara sua própria companhia de gravações, a Sun Records, que começara a editar, discos de 78 rotações em Memphis, por volta de 1950.

O Caminho do Sucesso

Numa de suas raras entrevistas a respeito de sua música, Elvis disse ao Hit Parade Magazine, em janeiro de 1957, explicando como Sam Philiips o ajudara: "Você quer fazer um blues? - ele me perguntou, ao telefone, sabendo que eu era vidrado na coisa. Mencionou o nome de Big Boy Crudup e talvez de outros cantores, não me lembro. Corri quinze quarteirões até o escritório de Mr. Phiilips. Conversamos sobre as gravações de Crudup, principalmente All Right Mama, um dos meus favoritos."

Na Sun Records, Elvis gravou cinco discos, todos com uma canção parecida com blues, de um lado, e um número country do outro. Na época, ele já havia se apresentado em toda a área de Memphis e chamou a atenção de um homem com o mesmo amor, à música mas com sonhos maiores e muito mais ambição do que Sam Phillips: era o "Coronel" Tom Parker, antigo divulgador, com um olho infalível para negócios, que predizia um futuro sem limites para Elvis.

O "Coronel" tornou-se empresário do garotão e a RCA Victor comprou as gravações de Elvis feitas na Sun. O preço incluía um Cadilac, que era extremamente caro naquela época: 35 mil dólares. A fama do rapaz de Tupelo já havia se espalhado. Ele aparecia em programas de TV, quebrava recordes de bilheteria nos concertos que fazia por todo o país e conquistara uma legião de fãs no mundo inteiro. Atrás de tudo, estava o "Coronel" Parker, prevendo, cuidando - e faturando.

Nos dois primeiros anos, após a assinatura do contrato, Elvis deu à RCA o primeiro lugar na venda de avulsos na América, durante 55 semanas - o que representa 70% do mercado mundial de discos. Teve 12 gravações em primeiro lugar, todas Disco de Ouro, antes de ingressar no Exército, depois do filme King Creole, em 1958. Entre as doze, estavam Heartbrake Hotel, Hound Dog, Love me Tender, Jailhouse Rock e Hard Headed Woman.

Soldado Elvis

Então, veio o serviço militar. Apesar de encarnar a rebeldia, Elvis submeteu-se, como bom americano, às exigências da lei. Foi parar na Alemanha, onde serviu nas tropas lá até 1968. O retiro não abalou a sua fama. Mesmo enterrado em alguma obscura cidade germânica, manteve o carisma e o magnetismo de um grande ídolo. Durante este período, a RCA utilizou matrizes antigas e conseguiu um novo Disco de Ouro, com Old Shíp.

O Momento da Traição

Na volta, porém, as coisas não estavam muito boas. Outros ídolos haviam surgido, na ausência de Elvis, tomando-lhe o primeiro lugar sem muita cerimônia. Apesar da concorrência, um disco avulso de Elvis ainda vendia um milhão de cópias em seis dias, mas tudo parecia definitivamente mudado.

Sim: algo estava acontecendo. Elvis reaparecia num especial de TV ao lado de um homem que parecia ter desaparecido com a explosão do rock'n'roll: Frank Sinatra. E Sinatra era considerado o inimigo número um, pelos rockeiros da época.

Péssima mudança. Uma traição bem planejada, isso sim. Além do mais, haviam todas aquelas histórias do Serviço Militar, de como ele era bom rapaz e do orgulho dos oficiais pelo soldado Elvis, toda aquela conversa de como ele era um sujeito humilde, bonzinho. Agora, na volta, lá estava ele, sem costeletas, dando tapinhas nas costas de Frank Sinatra e trocando seu uniforme militar por outro um traje a rigor! Elvis Presley metido num traje a rigor!

Não havia jeito. O sumo sacerdote do rock´n´roll estava enquadrado. O "Coronel" Parker estava lá, segurando os controles, pois havia muito dinheiro a ganhar. Assim, Elvis mergulhou na onda de baladas e filmes água com açúcar. Sua carreira cinematográfica começara em 1958 com Love Me Tender, seguindo-se Loving You e Jailhouse Rock. A crítica, em geral, via os filmes de Presley como argumentos banais, alinhavados por números musicais e interpretados de maneira medíocre.

Os anos sessenta trouxeram o Beatles, tornando Elvis uma coisa do passado. Mas, por volta de 1967, o tempo pareceu colocar-se ao lado do ídolo esquecido. Os fãs amadurecidos sentiram saudades dos dias da adolescência. De repente, as antigas canções tornaram-se novas e as pessoas começaram a reencontrar as virtudes daquelas velhas músicas e o interesse nas origens do rock.

Elvis sentiu que aí estava a sua chance. Deixou de lado o "Coronel", ligando-se a Chris Moran, um do homens que viam a possibilidade de um retorno do moço de Tupelo ao sucesso. Moran levou Elvis de volta a Memphís, o que resultou num bom disco: From Elvis in Memphis. Seguiram-se Suspicious Minds, lf I Can Dream, e Burning Love. Em 1971, foi lançado Elvis country.

A Tentação do Luxo

O sucesso abriu novamente as portas para Elvis e ele não resistiu tentação do luxo e do dinheiro oferecidos pelos cassinos de Las Vegas. Suas casas, seus carros, os guarda-roupa (capaz de encabular muita estrela) revelam um estilo vida de potentado árabe. Provam também seu fascínio pelo glamour e seu desprezo pelo talento. Mas tem de escolher: ou ceder ao peso máquina comercial americana ou toma consciência de suas possibilidades, passando à História como um dos grandes valores da música popular do século.

O Novo Recado

Qualidades não lhe faltam para isso; a extensão de sua influência também é imensa. Ele parece ter sido o primeiro cantor branco, americano a encarar o sexo de uma maneira totalmente franca e natural. Não usava eufemismos - e era quase tão direto quanto um cantor negro, de blues. Essa franqueza é a base da mensagem com que Elvis incendiou a consciência dos adolescentes na década dos cinqüenta. Era um ataque frontal contra as convenções hipócritas que os adultos impunham à juventude da América Branca.

A maneira de enunciar as letras e interpretar as melodias dava a Elvis uma autoridade e um estilo que evidentemente faltava aos outros cantores de rock da época. Não era apenas os seus recursos cênicos - o famoso rebolado dos quadris - que faziam a diferença. Eram principalmente as qualidades novas de sua vocalização, com sons guturais misturados a timbres suaves; contrastes súbitos de registros, etc., que davam aos jovens o novo recado

Elemento Erótico

Muito antes que se falasse de "sociedade permissiva" ou que os Beatles manifestassem desejo de segurar a sua mão, Elvis Presley estava insinuando que o amor é sexo o sexo é prazer. Sua música era feita para dançar - e a dança é uma expressão aberta da sexualidade. No rock´n´roll, há um elemento erótico muito claro nos movimentos de corpo dos dançarinos. O rapaz joga a moça entre suas pernas, dobra-a para trás levanta-a junto da cintura. As insinuações são tão evidentes que alguns afirmam que o rock´n´roll era, na verdade um substituto para o sexo de verdade

É verdade que Elvis suavizou esses aspectos de suas apresentações, na medida em que foi se tornando parte das instituições americanas. Nesse sentido, ele é um exemplo típico de como estruturas da sociedade são capazes de absorver, assimilar e domesticar as expressões de rebeldia até ajustá-las a seus próprios padrões. O seu enquadramento nas tradições do show bussíness americano, obra realizada principalmente pelo "Coronel" Parker, é o exemplo típico de um processo que iria se repetir, naturalmente em outros items, com muitos outros astros de rock, nos anos sessenta. O próprio rock, como fenômeno global, seria submetido a esse processo, afastando-se cada vez mais de suas raízes negras e evoluindo até o glam rock de um David Bowie, por exemplo fenômeno típico do rock dos anos setenta.

A importância histórica de Elvis, entretanto, é inegável. Ele foi o grande pioneiro, o primeiro a ousar expressar, com a voz e o corpo, as sensações provocadas pela nova música. Todos os rockeiros têm um débito com ele que não pode ser pago - e esse débito é mais importante do que todos os sintomas de decadência.

fonte: Revista Rock Espetacular nº 1, 1976/77, Rio Gráfica e Editora SA

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