ANEDOTA DO GUARDA DE TRÂNSITO

J.O . Nascimento

E tem aquela do guarda de trânsito que viu um carro entrando na rua, quase  colidindo com outros que vinham em direção contrária. Perseguiu o carro com sua moto e fez sinal para que o motorista parasse o veículo.

– Você está na contramão – vociferou o policial, tirando do bolso da camisa um talão.

– Como assim ? – perguntou o motorista. – Eu estou no sentido correto. Olha lá a placa. A rua é de mão única há muitos anos. Houve alterações no Regulamento de Trânsito em dezembro do ano passado, mas a mão única desta rua foi confirmada. Olha o Regulamento aqui no porta-luvas.

O guarda olhou a placa, deu uma olhadela rápida num trecho indicado pela unha impecavelmente limpa do dedo indicador daquele motorista rigorosamente documentado, cintado e emplacado. Tirou o quepe, coçou a cabeça enbranquecida pelos longos anos de serviço e refutou, fazendo um esforço desmedido para manter-se calmo e mostrar-se educado (a imagem da Polícia estava desgastada demais):

– Olha aqui, meu senhor, deixe de ser radical. Não está vendo que todo o mundo está invertendo a mão, para não ter que dar uma volta longa ? Você, por acaso, está querendo ser diferente ? Vai levar uma multa pra deixar de ser burro !

E o motorista foi multado.

*   *   *

Muitas vezes,  a autoridade, no âmbito do sistema governamental ou no âmbito do sistema escolar,  apegada à comodidade do ensino tradicional,  age assim como esse  guarda de trânsito.

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