DECOREBA É COISA DO PASSADO
Em 1998, 91% dos alunos das escolas municipais foram aprovados, e apenas 4,53% abandonaram os colégios. Uma das razões que contribuíram para o aumento da aprovação e a queda no índice de evasão foi o critério de avaliação adotado pela rede.

Questões do tipo decoreba não entram mais nas provas. 0 que se cobra, agora, é a capacidade de o aluno estabelecer relações com o conteúdo que foi ensinado. Além disso, o desempenho do estudante é acompanhado atentamente pelos professores.

Comportamento, relação com os colegas e com o professor, participação nas aulas, entrega de

trabalhos propostos etc, tudo isso é avaliado. "Dessa forma", argumenta Antônio Augusto Alves Mateus, supervisor do projeto Avaliação Desempenho Escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME), "podemos fazer uma análise mais abrangente do desempenho escolar."

Os professores da rede municipal lançam mão de três conceitos, para qualificar o nível de desenvolvimento de seus alunos: Plenamente satisfatório (PS); Satisfatório (S); e Em processo (ER) A criança, cujo desempenho escolar é qualificado corno PS, não precisa recorrer ao professor ou a um colega para resolver problemas e organizar suas idéias em um texto.

Quando isso acontece, o nível de desenvolvimento do aluno é conceituado como S. Se, mesmo com a intervenção do mestre ou de um outro aluno, o estudante não conseguir um mínimo de organização para redigir e resolver questões, ele é classificado como EP.

0 supervisor ressalta, porém, que é errado achar que a criança EP não aprendeu nada -"significa que ela está em processo de aprendizagem".

Muitos professores ainda têm, segundo Antônio Augusto Alves, dificuldades de colocar em prática o novo sistema de avaliação. Alguns deles associam a idéia de conceito à nota e estabelecem tabelas do tipo: de 0 a 4,0 na prova - ER . "Não adianta o professor avaliar em nota e depois transferir para conceito. Repito para eles que nós queremos saber se sabem lidar com o conhecimento, e isso não pode ser medido através de nota", diz Alves.

Um outro problema que ocorre em algumas escolas é o professor que tem uma prática de sala de aula moderna, mas, na hora de avaliar o aluno, usa o velho instrumento de cobrança de conteúdo. "Existe ainda uma visão de que a escola boa é a que reprova, daí a resistência para se adotar o critério de avaliação continuada, que não foi criada para reprovar ninguém. Ao contrário, os alunos se sentem estimulados a aprender mais."

Alves diz que o processo de avaliação adotado pelas escolas da Prefeitura não foram feitos para classificar o aluno, mas para aferir o trabalho de professores, funcionários, alunos, enfim, da escola como um todo.

GUADALUPE TEM COLÉGIO MODELO EM AVALIAÇÃO

Das 1.029 escolas da rede municipal, a Ernani Cardoso, em Guadalupe, é uma das que melhor aplicam o novo processo de avaliação. Lá, toda a comunidade escolar, do servente do refeitório ao diretor, está comprometida com a melhoria da qualidade do ensino, que só é possível, segundo a diretora Gláucia Taboca, com uma análise permanente do trabalho que está sendo feito.

A rotina de avaliação na Ernani Cardoso inclui reuniões periódicas com a Comunidade escolar, para apontar o que pode ser aperfeiçoado. Quando se avalia o aluno, observa-se, principalmente, como ele está usando o que aprendeu no dia-a-dia. Provas dão lugar a atividades em grupos, e notas, aos conceitos. "Não estamos aqui para apontar os erros dos alunos. Nosso objetivo é ajudar no desenvolvimento de suas habilidades", afirma Gláucia.

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