Fim das dúvidas sobre os ciclos

Professores da rede municipal no Rio de Janeiro
recebem orientação sobre novo sistema de ensino


E aí? Passou de ano? Esse papo entre alunos não vai mais existir.    Nas  escolas da rede municipal do Rio não há mais CA, 1ª série e 2ª série. Com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
essas três divisões do antigo sistema seriado compõem, agora, o primeiro ciclo de formação do Ensino Fundamental. Só não se pode confundir o novo sistema com a antiga aprovação automática, que não avaliava o aluno. Agora, há uma avaliação sistemática.

Para trabalhar esses novos conceitos, a secretaria de Educação está distribuindo aos professores
dois mil exemplares do primeiro fascículo de um documento preliminar, de 54 páginas, que formula diretrizes teóricas, pedagógicas e metodológicas. Os professores vão avaliar a apostila e registrar suas impressões numa ficha, que deverá ser entregue à Secretaria até fim de junho. Receberão, então, um segundo fascículo, mais detalhado, com questões práticas e a matriz curricular. Enviarão suas críticas finais até julho para, em agosto, terem uma versão final do documento sobre ciclos, com uma edição cuidadosa e apurada.

A diretora do Departamento-geral de Educação, Lígia Portes, explica que os ciclos são uma nova maneira de pensar o ensino:

 “As pessoas se desenvolvem sempre, em vários lugares, formando estruturas mentais cada vez mais complexas.” Ela acredita que a atividade escolar era baseada na repetência: no fim do ano percebia-se que o aluno não havia aprendido, e ele voltava a estágio de um ano antes. “Mas aquela criança não é mais a mesma, o seu desenvolvimento não parou, não regrediu um ano.”

Lígia nega que o novo sistema dê espaço a alunos de 10 ou 11 anos que não saibam ler. “O aprendizado frágil não está no regime adotado, mas no trabalho desenvolvido pela escola. Parece que a grande preocupação ainda é aprovação-reprovação. Temos que desconstruir    isso e passar a questão para como se ensina e como se aprende.”

Em 2001, será implantado o segundo ciclo (as antigas 3ª e 4ª séries) e, em 2002, o terceiro (5ª e 6ª séries) e o quarto ciclos (7ª e 8ª séries). É uma tendência nacional, já utilizada com sucesso  em outros municípios.  Não existirão mais notas e conceitos para alunos.

Os alunos da rede municipal começarão o primeiro ciclo com 6 anos de idade. O ideal é que fiquem os três anos correspondentes ao ciclo com o mesmo professor, que vai observar o seu desenvolvimento constantemente e preencher dois documentos de avaliação em abril, agosto e dezembro. Um é o relatório individual do aluno; o outro, o relatório-síntese da turma.  Esses relatórios, porém, não trarão  as velhas notas de 0 a 10 ou os conceitos A, B, C, D, E, nem mesmo os atuais PS, S e EP.

Depois de responder a perguntas sobre a capacidade do aluno perante o Núcleo Curricular Básico do Multieducação, o professor vai optar por um dos quatro indicadores que melhor  represente a avaliação global do aluno: 1) Autonomia de trabalho e compreensão dos conceitos; 2) Relativa autonomia e eventual necessidade de ajuda; 3) Necessidade constante de ajuda para construir conceitos; e 4) Dificuldades, mesmo com ajuda  constante.

Se o aluno obtiver avaliação 4, não repete o ciclo. Faz um projeto de recuperação paralela e, em casos de diferença de idade, é encaminhado a uma turma que garanta a progressão escolar – que, atualmente, pode até ser a turma de aceleração. O mesmo processo valerá para os ciclos seguintes.

(Jornal O Dia, de  30 Mai 2000)

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