O colono alemão, ao se estabelecer no Rio Grande do Sul, adotou esse lugar como sendo sua nova pátria. Num misto de perplexidade e nostalgia, buscou retratar seus sentimentos nas mais variadas formas de expressão artística e também em seu trabalho diário. O poema a seguir, escrito pela Sra. Clara Maria Sauer (Lomba Grande, São Leopoldo, RS) em 13 de julho de 1934, foi publicado pela primeira vez no livro de Telmo Lauro Müller: Colônia Alemã - 160 anos de história, EDUSC, 1984. Clara Sauer é alemã de Elberfeld, Wuppertal, e veio para o Brasil em 1921.

Rio-grandenser Heimatlied
(Clara Sauer)

Wo die Palmen noch rauschen,
der Sabiá singt,
vom Kirchlein am Berge
die Glocke erklingt,
wo der Bauer noch pflanzet
und egget und pflügt,
aus dunelem Laub
die Laranja uns glüht,
wo im Schatten der Palmen die Wiege mir stand,
da ist meine Heimat, Rio-grandenser Land.

Wo die Dois Irmão grüssen
vom Norden uns zu,
Quilombo, Sapucaia
uns leuchtend zur Ruh,
wo auf sonnigem Hügel
die Strasse entlang
dir Häuser uns winken
so sauber und blank,
wo der Garten umschlingt sie als blühendes Band,
da ist meine Haimat, Rio-grandenser Land.

Wo der Kamp sich weit dehnet
so einsam und grün,
im dichtestem Urwald
Orchideen erblühn,
wo die Ströme stolz rauschen
um felsiges Gestein,
Picadas sich schlängeln
am blumigen Rain,
wo das südliche Kreuz am Himmel mir stand,
da ist meine Haimat, Rio-grandenser Land.

Wo die Deutschen bewahrten
der Väter Gut,
in Sprache und Sitten,
im Geist und im Blut,
wo die Ehre der Frauen
gilt heilig und hehr,
die Lieder erschallen
dem Höchsten zur Ehr,
von Uruguaistrom bis zum Ozeanstrand,
da ist meine Haimat, Rio-grandenser Land.

Canção ao Torrão Rio-grandense
(Clara Sauer)

Onde as palmeiras farfalham,
onde o sabiá canta,
onde, da capelinha na colina,
o sino soa,
onde o colono planta,
ara e gradeia,
onde entre folhas verde-escuras
a laranja aparece madura,
onde à sombra das palmeiras colocava o berço,
ali é minha pátria, meu torrão rio-grandense.

Onde o Dois Irmãos nos saúda
(olhando) do norte para nós,
o Quilombo e o Sapucaia
resplandescentes nos induziam ao descanso,
onde uma colina ensolarada
ao longo da estrada
as casas nos acenam
tão limpas e brilhantes,
onde o jardim as cercas como faixa florida,
ali é a minha pátria, meu torrão rio-grandense.

Onde o campo se espraia
tão solitário e verde,
onde no mato fechado
as orquídeas florescem,
onde os arroios murmuram orgulhosos
entre as pedrs,
onde picadas serpenteiam
ao longo de áreas cultivadas,
onde o Cruzeiro do Sul indica o firmamento,
ali é minha pátria, meu torrão rio-grandense.

Onde os alemães guardaram
a herança dos antepassados,
na língua e nos costumes,
em espírito e no sangue,
onde a honra feminina
é santa e sublime,
onde os cantos soam
em honra do Altíssimo,
do rio Uruguai ao oceano,
ali é minha pátria, meu torrão rio-grandense.


Retorna
1