A comunicação entre as pessoas sempre foi uma necessidade, mas a comunicação à distância apresentou problemas durante muito tempo. Na Antiguidade utilizavam-se métodos naturais, como acender fogueiras no cimo dos montes, para comunicar à distância.

 

É também muito conhecida a utilização de um código de fumos pelos índios americanos, com a mesma finalidade de transmitir mensagens.

 

Outros processos usados durante muito tempo utilizavam animais, como as carruagens a cavalo ou os cavaleiros, assim como navios e mais tarde o comboio.

 

 

Rectângulo arredondado: JCCabrita 2001

 

 

 

Outro processo visual foi desenvolvido nos princípios da década de 1790 pelo engenheiro francês Claude Chappe, que inventou a palavra telégrafo (do grego, “escrever à distância”).

 

Consistia em transmitir letras, palavras e frases através de um código visualizado a partir de 3 réguas de madeira articuladas colocadas na parte alta de um poste ou edifício.

A primeira linha de semáforos data de 1794 e ligava Paris a Lille, distantes de 225 quilómetros.

 

Este sistema teve larga difusão no século XVIII e princípios do século XIX em França e noutros países.

 

Um destes telégrafos óticos de semáforos esteve instalado no alto das Torres de São Sulpício em Paris e foi usado para transmitir as notícias das campanhas napoleónicas.

 

Estes processos óticos de comunicação estavam obviamente dependentes das condições naturais de visibilidade.

 

Só os processos elétricos vieram impulsionar de forma ímpar a velocidade e o alcance da transmissão de mensagens à distância.

 

Um dos pioneiros foi o médico espanhol Francisco Salvá, de Barcelona. Em 1795 transmitiu mensagens por meio da descarga de um condensador.

 

Em 1804, o mesmo Salvá criou outro tipo de telégrafo elétrico constituído por fios (cada um correspondendo a uma letra), por vasos de água nas extremidades e por uma pilha de Volta. A letra transmitida era detetada pela formação de bolhas gasosas formadas no vaso correspondente à letra. As bolhas eram obtidas por eletrólise da água. Com este sistema conseguiu enviar mensagens até 1 quilómetro de distância.

 

Em 1812, o Dr. Samuel von Sömmering de Munique, na Alemanha, atingiu 3 quilómetros de distância com um telégrafo do mesmo tipo. O seu sistema era constituído por 24 fios ligados a 24 voltâmetros que correspondiam às 24 letras do alfabeto e mais 10 para algarismos.

 

Em 1832, o diplomata e barão russo Pawel Schilling inventou um sistema de telégrafo elétrico com a inovação de necessitar apenas de 6 fios, ao contrário dos anteriores. As letras transmitidas eram detetadas pelo movimento de agulhas magnéticas colocadas sobre bobinas. Ao serem percorridas por corrente, as bobinas produziam campos magnéticos que faziam desviar as agulhas.

 

Também os físicos alemães Gauss e Weber fizeram funcionar um telégrafo em 1833, baseado nos movimentos da agulha magnética.

 

O inglês William Cook viu uma demonstração do telégrafo de Schilling em 1836 em Heidelgerg e construiu vários aparelhos semelhantes, associando-se a Charles Wheatstone, professor do King’s College de Londres.

 

 

 

 

O primeiro telégrafo por eles desenvolvido foi patenteado em 1837. Tinha 6 fios e 5 agulhas magnéticas, donde lhe veio o nome de telégrafo de 5 agulhas.

 

As agulhas eram acionadas por eletroímanes. Eram acionadas duas agulhas de cada vez, pois cada letra era definida por duas agulhas. Por exemplo, a letra H era definida pelas primeira e segunda agulhas.

 

Este sistema foi usado em 1839 em Inglaterra, entre Paddington e West Drayton, numa distância de 21 quilómetros, servindo para informar as posições dos comboios. Tornou-se o primeiro serviço telegráfico comercial e foi também o primeiro uso comercial da eletricidade. Para chegar a este ponto foi necessário o desenvolvimento de várias técnicas, nomeadamente das pilhas elétricas, dos eletroímanes e do fabrico de fios de cobre em lugar dos fios de ferro.

 

 

 

Rectângulo arredondado: JCCabrita 2001

 

Mais tarde, em 1839, Cook e Wheatstone criaram um telégrafo mais simples, o telégrafo de 2 agulhas. Podia transmitir vinte e duas palavras por minuto.

 

Nos Estados Unidos, o pintor Samuel Morse inventou um sistema mais prático, com um interrutor, um eletroíman e apenas um fio. Em 1838, Morse registou uma patente com a descrição do seu telégrafo. Visto usar apenas um fio foi necessário utilizar um código para cada letra constituído por pontos, traços e espaços. Os pontos correspondiam a uma ação breve sobre o eletroíman, o traço a uma ação mais longa e o espaço a uma pausa. Assim era a base do código Morse. Em 1844 este sistema foi experimentado entre Baltimore e Washington, numa distância de 64 quilómetros, utilizando aquele código. Este sistema de Morse permitiu um grande desenvolvimento do telégrafo. Em 1852 já haviam 64 000 quilómetros de linhas telegráficas no mundo.

 

 

 

 

 

 

                   CÓDIGO MORSE

 

 

U

.._

 

A

._

 

F

.._.

 

K

_._

 

P

._ _.

 

V

..._

 

B

_...

 

G

_ _.

 

L

._..

 

Q

_ _._

 

W

._ _

 

C

_._.

 

H

....

 

M

_ _

 

R

._.

 

X

_.._

 

D

_..

 

I

..

 

N

_.

 

S

...

 

Y

_._ _

 

E

.

 

J

._ _ _

 

O

_ _ _

 

T

_

 

Z

_ _..

 

 

 

 

 

 

Rectângulo arredondado: JCCabrita 2001

 

 

 

 

 

Em 1848 Wheatstone construiu o primeiro telégrafo ABC, com um só fio e um eletroíman. Possuía um disco que indicava as letras recebidas.

 

Em 1851 Wheatstone modificou o modelo para imprimir as letras numa tira de papel.

 

Verificou-se que os operadores de Morse facilmente decifravam o código por audição dos eletroímanes, sem recorrer à leitura do papel, o que levou à adatação do aparelho de forma a produzir um estalido. Com este processo a transmissão atingia as trinta palavras por minuto.

 

Em 1855, o professor inglês Davis Hughes inventou na América o telégrafo impressor, constituído por um teclado no lado emissor, em que cada tecla correspondia a uma letra e por uma máquina impressora no lado recetor.

 

Wheatstone continuou a melhorar os telégrafos, nomeadamente o de Morse. Um dos aperfeiçoamentos foi a inclusão, em 1858, de uma perfuradora de fita de papel, o que permitiu atingir quase seiscentas palavras por minuto, pois as mensagens eram perfuradas na fita antes de serem enviadas.

 

O aumento do tráfego telegráfico trazia grandes problemas técnicos e económicos às empresas telegráficas que ansiavam por aumentar a capacidade de tráfego das suas linhas. As próximas invenções vieram nesse sentido.

 

Em 1872, o americano Joseph B. Stearns inventou o telégrafo duplex que permitia a transmissão de duas mensagens simultâneas pela mesma linha, uma em cada sentido.

 

Em 1872 o francês Jean-Maurice-Émile Baudot inventou o telégrafo multiplex, que veio permitir a transmissão de duas ou mais mensagens simultaneamente, pela mesma linha e no mesmo sentido.

 

Edison também desenvolveu um telégrafo duplex, aperfeicoando o de Stearns e em 1874 demonstrou o seu telégrafo quadruplex capaz de transmitir simultaneamente quatro mensagens pelo mesmo fio, duas num sentido e duas no outro.

 

Cerca de 1915, foi inventado um sistema em que a máquina perfuradora de fita tinha um teclado acoplado, havendo na recepção um sistema perfurador de fita também com teclado. Este sistema, desenvolvido por Creed na Inglaterra e por Kleinschmidt nos Estados Unidos, dispensava a intervenção do operador e, além disso, a fita era lida por uma decifradora que imprimia a mensagem numa fita de papel gomada. Esta fita era depois colada num papel e entregue ao destinatário.

 

Em 1931, a empresa americana ATT (American Telephone and Telegraph) criou um sistema de comunicação utilizando uma máquina de escrever telegráfica (TWX) ou teleimpressora, permitindo escrever em folha de papel. Além disso, passou a ser possível a instalação e a exploração dos equipamentos pelos assinantes.

 

Em 1932 os ingleses criaram o telex, um sistema semelhante ao americano.

 

Na década de 1980 desenvolveu-se um telex de alta velocidade capaz de transmitir informação a partir de processadores de texto e denominado de teletexto, podendo aquela ser visualizada num écran de televisão.

 

 

 

 

Bibliografia

 

Pequena história das invenções – Abril

História dos grandes inventos – Selecções do Reader’s Digest

Como funciona – Abril

 

 

 

 

 

 

Voltar

 

 

 

Hosted by www.Geocities.ws

1