Faraday era filho de um
ferreiro. Foi encadernador, o que lhe permitiu ler muito. Em 1810 teve
oportunidade de fazer cursos científicos gerais organizados por uma sociedade filantrópica.
Um dia foi entregar uns livros a um membro da Royal Society. Esta sociedade
apresentava sessões como num teatro, onde os cientistas davam palestras ao
público. Tendo alguns convites a mais, aquele membro ofereceu um a Faraday.
Este não perdeu a oportunidade e foi assistir a uma sessão, ficando sentado no
último balcão em frente ao "palco" onde dissertava o orador. Nessa
época a "estrela" era o cientista Humphry Davy.
Faraday ficou fascinado com
o que ouviu, pois era muito grande a sua vontade de conhecer o mundo que Deus
criara e de quem ele era muito crente. Tinha grande vontade de trabalhar nos
assuntos da Ciência e continuou a assistir às sessões, começando a registar
tudo quanto Davy dizia. Com estes registos fez um livro com que presenteou
Davy, acabando por conseguir um emprego como seu ajudante, sendo incumbido de
tarefas simples.
Nessa época (1820), os
cientistas estavam intrigados com um fenómeno descoberto pelo físico
dinamarquês Oersted e que não sabiam interpretar. Aproximando de uma agulha
magnética um fio elétrico percorrido por corrente, aquela desviava-se da sua
posição normal, ficando numa posição perpendicular ao fio. Nessa altura não se
sabia o que era uma corrente elétrica. Apenas eram conhecidos os fenómenos eletrostáticos
e Volta tinha inventado em 1800 a pilha com o seu nome e que foi o primeiro
aparelho capaz de fornecer uma corrente elétrica de forma contínua.
Faraday sugeriu que a
corrente no fio devia produzir uma força circular que fazia desviar a agulha.
Os cientistas acharam sem sentido a ideia de uma força circular em torno do fio,
pois as forças até aí conhecidas tinham uma direção que incluía os objetos
causador da ação e o que sofria o efeito desta ação.
Faraday pensou em conceber
uma experiência que lhe permitisse verificar a sua hipótese.
Para isso, arranjou um copo
de vidro com um íman no seu centro.
Encheu o copo com mercúrio
(condutor metálico líquido).
Junto ao copo colocou um
suporte de cobre e, suspenso deste, uma haste de cobre.
O conjunto foi colocado de
forma que a haste mergulhava no mercúrio e podia deslocar-se à volta do íman
dentro do copo. Para completar o aparelho faltava só um fio de cobre com uma
extremidade mergulhada no mercúrio e a outra ligada a um pólo de uma bateria
química. O outro pólo desta era ligado ao suporte de cobre. Desta forma, o
circuito elétrico ficava fechado : pólo da bateria (+, por exemplo), fio de
cobre, mercúrio, haste de cobre, suporte de cobre, fio de cobre, pólo - da
bateria. Com esta ligação estabelecida, Faraday observou que após fechar o
circuito com o interrutor, a haste começou a rodar em volta do íman no centro
do copo, o que veio confirmar a sua ideia original de que uma corrente elétrica
produz uma força circular.
Faraday criara o primeiro motor eletromagnético, em que uma corrente elétrica associada a um fluxo magnético, produzia uma força de forma continuada.