A BALANÇA DE
COULOMB
As primeiras experiências com a
eletricidade eram puramente qualitativas, não havendo unidades nem aparelhos
de medida para quantificar os fenómenos elétricos. Com o avanço dos estudos começaram a ser dados passos no
sentido da sua medida com a construção de vários aparelhos que permitiam
visualizar vários níveis de eletrização, mas não havia unidades de medida
normalizadas. Na segunda metade do século XIX
alguns cientistas determinaram experimental ou matematicamente a relação da
diminuição da força entre cargas elétricas com o quadrado da distância entre
elas ( 1 / d2 ). Coulomb era engenheiro militar
e também estudioso. Nesta última ocupação alguns trabalhos que realizou
conduziram-no à balança de torção. Em 1777 Coulomb participou num
concurso proposto pela Academia de Ciências francesa para o melhoramento das
bússolas magnéticas, de grande importância para o uso em navios. Para
melhorar a precisão da bússola, Coulomb suspendeu-a dum fio em vez de a assentar
sobre um suporte e realizou um estudo minucioso sobre o magnetismo terrestre
e sobre o aparelho que pretendia construir, nomeadamente sobre a torção do
fio. Coulomb partilhou o prémio da Academia com outro concorrente. Em 1779 a Academia propôs um
estudo sobre as leis do atrito, de importância em diversas atividades ligadas
à construção e exploração de navios. Coulomb ganhou o prémio pelo seu
trabalho apresentado em 1781, sendo eleito nesse ano para a Academia, o que
vinha desejando há anos. Entre as diversas atividades
que continuou a desenvolver, em 1784 apresentou um estudo sobre torção e
elasticidade (na continuação de estudos anteriores) e construção de balanças
de torção para medidas de precisão. Sobre este assunto, Coulomb leu
na Academia em 1785 uma Memória, apenas publicada em 1788, que denominou
“Primeira memória sobre a eletricidade e o magnetismo” com os seguintes
sub-títulos, que são esclarecedores : - “Construção duma Balança
elétrica, baseada na propriedade que têm os Fios de metal, de ter uma força
de reacção de Torção proporcional ao ângulo de Torção” ; - “Determinação experimental da
lei segundo a qual os elementos dos Corpos eletrizados com o mesmo tipo de
Eletricidade se repelem mutuamente”. |
A balança de Coulomb tem 1 metro de altura e é constituída por um tubo cilíndrico assente noutro cilindro oco mais largo, ambos em vidro. |
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No topo existe um micrómetro e um sistema de fixação do fio de prata. O fio passa pelo interior do tubo mais estreito e sustenta na extremidade um peso e um braço horizontal. Numa das extremidades deste braço está uma bola de medula de sabugueiro com 5 mm de diâmetro e na outra um disco de papel com funções de equilíbrio do braço e de redução de oscilações. Outro fio suportando outra bola idêntica está introduzido no cilindro inferior (esta bola ficará “fixa”). |
No interior e a meio da parede do cilindro inferior existe um papel com uma escala graduada. O “zero” do aparelho obtém-se alinhando visualmente o primeiro fio com o zero da escala graduada, rodando o micrómetro. As duas esferas devem ficar em contato. |
Eletrizando um alfinete e
tocando momentaneamente a bola fixa, as duas bolas ficam eletrizadas com o
mesmo tipo de carga e a bola móvel afasta-se da fixa de um determinado
ângulo. Dá-se uma torção do fio. Aumentando a força de torção do
fio, com o micrómetro, reduz-se o ângulo de desvio entre as bolas.
Comparando-se as forças de torção com o ângulo de desvio, determina-se a lei
de repulsão. Coulomb descreveu os ensaios
que fez. 1º - Eletrizou as bolas e a
bola móvel afastou-se 36º da fixa (a força de torção do fio equilibra a força
elétrica entre as bolas). 2º - Diminuiu o ângulo para
metade (18º), rodando o micrómetro 126º. Concluiu que para diminuir o ângulo
de metade teve que aumentar a força de torção 4 vezes (126º + 18º = 144º =
36º x 4). 3º - Diminuiu o ângulo para
(próximo de) metade (8,5º Destas experiências concluiu
que a força elétrica de repulsão varia na função inversa do quadrado das
distâncias ( 1 / d2 ). A balança parece ser de difícil
manuseamento para dela obter resultados. Ao longo dos anos experiências
diversas com esta e com outras balanças foram feitas e os resultados
apresentados por Coulomb foram questionados, inclusivamente por Volta, mas a
lei de Coulomb acabou por ser reconhecida. A balança, por seu lado, foi sendo
cada vez menos referida e hoje praticamente não se fala dela. Bibliografia : “La mesure de la force
életrique “ (Les Cahiers de Science et Vie) |