Taoísmo

 

  

 

Fundação do Taoísmo

 

A religião Taoísta « Tao Kiao », foi fundada, por volta do final do século II A.D., por Tchang Tao-ling. Tchang subiu ao Céu e recebeu o título de « Senhor Celeste » ( t'ien shih ). Instaurou numa província chamada Sseu-tch'uan uma taocracia na qual se destacavam os poderes temporal e espiritual.

Há uma esperança de regeneração do Tao que caracteriza um movimento Taoísta, é a seita de T'ai-p'ing « A Grande Paz ». Por volta de 184, o líder de uma seita que se chamava Chang Chuen, anunciou a iminência da renovatio e diz que o « Céu Azul » devia ser « Céu Amarelo » ( era precisamente por esse motivo, que os fiéis usavam turbantes amarelos). Como era de esperar , desencadeou-se uma revolta que quase derrubou a dinastia. Esta foi sufocada pela intervenção das tropas imperiais, no entanto, a febre messiânica prolongou-se durante toda a Idade Média. O último líder dos « Turbantes Amarelos » foi executado em 1112.

Podemos dizer, que foi precisamente a partir do século II que se desenvolveu uma vasta gama de tradições religiosas na China. O Taoísmo baseia-se no sistema politeísta e filosófico de crenças que assimilam os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como o culto aos ancestrais, os rituais do exorcismo, a alquimia e a magia.

O conjunto de elementos do Budismo contribuiu para o enriquecimento dessas tradições. Tinha sido introduzido no nosso país há pouco tempo, associado à escola filosófica do Dao formando assim, o Neotaísmo.

 

O significado do Tao

 

O vocábulo Tao tem um sentido muito próprio que é « Caminho, via », mas ele significa também « dizer », donde deriva o sentido de « doutrina ».O Tao « evoca antes de tudo a imagem de um caminho que se há a seguir e a ideia de direcção de conduta, de regra moral », mas também « a arte de pôr em comunicação o Céu e a Terra, as forças sagradas e os homens».

Para o pensamento filosófico e religioso comum, Tao é o princípio de ordem em todos os domínios correspondentes ao real, fala-se do Tao Celeste e do Tao da Terra como também do Tao do Homem. Entre Entre o Tao Celeste e o Tao da Terra existe uma oposição mais ou menos como o yang e o yin. O yang sugere a ideia de exposição ao sol e de calor, por seu lado o yin evoca a ideia de frio e encoberto, é aplicado ao que é interior. O Tao do Homem exerce a função de intermediário entre o Céu e a Terra.

Segundo um fragmento cosmogónico, o Tao é designado como sendo um ser indiferenciado e perfeito, nascido antes do Céu e da Terra. O ser « indiferenciado e perfeito » é interpretado por um hermeneuta do século II a.C. como « a misteriosa unidade do Céu e da Terra, que constitui de uma forma caótica ( huen-tuen ), a condição do bloco de pedra não trabalhado ».

Sendo assim, o Tao poderá ser considerado como a totalidade primordial, viva e criadora, mas sem nome e sem forma.

« O que não tem nome é origem do Céu e da Terra, e o que tem nome é Mãe dos dez mil seres », isto está escrito noutro fragmento cosmogónico.

O Tao expressa nocões que prolongam a imagem cosmogónica. É importante referir alguns como: O caos ( huen-tuen ), o vazio (hsu ), o nada ( wu ), o grande ( ta ), e o um ( i ).

 

As Fontes Clássicas do Taoísmo

 

As fontes clássicas do taoísmo são o Tao- te king e o Lao- tsé. A lenda situa o nascimento de Lao-tsé entre 571 e 604 a.C. No entanto, em relação ao nascimento do Tao -te king « Clássico do caminho da virtude », as opiniões já são mais divergentes, há autores que preferem a versão tradicional, mas, existem outros que centram o seu nascimento numa data de composição bastante recente, 240 a.C.

O Tao-te king proclama a supremacia do nada sobre o ser, do vazio sobre o cheio, isto não deve ser entendido como uma negação de vida, uma vez que os objectivos mais recentes do Taoísmo é a obtenção da imortalidade. O ser humano é a imagem do universo, animado por um sopro primordial dividido da seguinte forma: Em yin e yang, masculino e femenino, e Terra e Céu. Estas são as manifestações que estão por trás de um sopro que se encontra escondido.

« Lao-tsé cultivava o Tao e o Te, segundo uma doutrina, o homem deve procurar viver escondido no anonimato ». O viver distante da via pública e desprezar honrarias seria precisamente o contrário do homem proposto por Confúcio. No que diz respeito à existência « escondida e anónima » de Lao- tsé explica a falta de qualquer informação em relação à sua respectiva biografia.

Conforme diz a tradição, ele foi durante algum tempo arquivista da corte dos Tcheu, encontrava-se em grande desânimo em relação à casa real , por esse motivo fez renúncia ao cargo e partiu para Oeste. Quando estava prestes a atravessar o passo Hien -Ku, redigiu, a pedido do Guarda, « uma obra de duas partes, na qual expunha as suas ideias sobre o Tao e o Te e que continha mais de 5500 palavras, depois partiu e ninguém sabe o que foi feito dele ».

O livro que continha mais de 5 mil palavras era o famoso Tao- te king, o texto mais profundo e o mais enigmático de toda a literatura chinesa, mas não sabemos quem foi o seu autor nem a data que foi escrito, as opiniões são contraditórias. O Tao-te king exprime um pensamento coerente e também original, contém uma quantidade de conceitos dirigidos aos soberanos e aos chefes políticos e militares.

Lao- Tsé afirma que os negócios do Estado só podem ser administrados com sucesso se o princípe seguir o caminho do Tao, ou seja, se praticar o método wu- wei, o « não fazer » ou o « não obrar ». Porque « Tao permanece sempre inactivo e não existe nada que ele faça ». É por esse motivo que o Taoísta jamais intervém no curso das coisas.

 

Idéias de Lao- tsé

Em Confúcio Lao-tsé convida os chefes políticos e militares a comportarem-se como Taoístas, é claro que o que ele quis dizer foi, para eles seguirem o modelo do Tao como exemplar. Lao-tsé critíca e rejeita o sistema confuciano, isto é, a importância dos Ritos, o respeito dos valores sociais e o racionalismo. « Renunciemos à Caridade, rejeitemos a Justiça, o povo reencontrará as verdadeiras virtudes familiais ».Para os confucionistas, a Caridade e a Justiça são as maiores virtudes, mas Lao-tsé pensa de maneira diferente, vê nessas virtudes atitudes artificiais que são inúteis e perigosas. Segundo ele, quando se abandona o Tao, recorre-se à Caridade, quando se abandona a Justiça recorre-se aos Ritos. Lao-tsé diz que os valores sociais são ilusórios e nocivos, e que a ciência discursiva leva à distribuição do ser e estimula a confusão, atribuindo assim, um valor às noções relativas. « É por esse motivo que o Santo se refugia na inacção ( wu-we ) e distribui generosamente um ensino sem palavra ».

Apesar do Taoísmo originalmente ignorar um Deus Criador, os princípios do Tao, eventualmente tem o conceito de Deus. Lao-tsé escreveu: « Antes do Céu e da Terra existirem, havia algo de nebuloso... Eu não sei o seu nome, eu chamo-o de Tao ».

 

Pensamento dos Filósofos Taoístas

É importante mencionar que tanta os filósofos Taoístas como os eremitas e os iniciados têm como objectivo a busca da longevidade e a imortalidade, procuram restabelecer uma condição paradisíaca, particularmente em busca da perfeição e da espontaneiadade original.

O elemento essencial, comum a todas as escolas Taoístas, era a exaltação da condição humana primitiva, já existente antes do triunfo da civilização.

Era precisamente, contra esse retorno à natureza que se levantavam todos os problemas pois queriam instaurar uma sociedade justa e policiada, governada pelas normas e inspirada em certos exemplos de reis que contribuiram de forma fabulosa para a nossa sociedade e os heróis- civilizadores.

No início os Taoístas pensavam que uma existência que fosse desenvolvida sob o signo do Tao era somente possível no começo. No entanto, haviam outros que diziam que este tipo de existência só era possível numa sociedade justa e civilizada.

Os taoístas conhecem várias técnicas capazes de prolongar indefinidamente a vida até obter uma « imortalidade física ». A busca de longa vida faz parte da busca do Tao. Segundo aquilo que li parece-me que Lao-tsé acreditou muito na imortalidade física nem na sobrevivência da personalidade humana, relativamente a esse aspecto o Tao-te king não é muito explicíto.

A técnica taoísta do êxtase é origem e estrutura xamânica. Durante o transe, a alma do xamã liberta-se do tempo e do espaço: voa para o « Centro do Mundo », regressando assim à época paradisíaca de antes da « queda », quando os homens podiam subir ao Céu e conversavam com os Deuses. A viagem de Lao-tsé à origem das coisas constitui uma experiência mística de outra ordem, pois transcende os condicionamentos que caracterizam a condição humana e, por conseguinte, altera radicalmente o seu regime ontológico.

 

O Segundo Grande Mestre do Taoísmo

 

Tchuang-tsé viveu provavelmente no século a.C., como Lao-tsé, Tchuang rejeita não só as opiniões correntes como também a ciência discursiva. Para ele o único conhecimento perfeito é o conhecimento de ordem extática uma vez que não envolve dualidade do real, é por esse motivo que Tchuang-tsé identifica a vida como a morte, elas são duas modalidades, ou dois aspectos da realidade última.

Tchuang-tsé, desenvolveu e proliferou os ensinamentos de seu mestre, escreveu em média 33 livros sobre a filosofia de Lao-tsé, que resultou na composição de 1120 volumes, os quais formam o cânon Taoísta.

 

Taoísmo na Atualidade

 

O Taoísmo na actualidade está dividido em dois ramos: o filosófico e o religioso.

O Taoísmo filosófico é ateísta e diz ser politeísta . Ele quer levar o homem a uma harmonia com a natureza através de livre exercício dos instintos e imaginações.

O Taoísmo religioso é politeísta e idólatra e exotérico, pois consulta os mortos. Ele teve início no segundo século, quando o imperador Han edificou um templo em honra de Lao-tsé, e o próprio imperador ofereceu sacrifícios a ele. Somente a partir do século VII é que o Taoísmo veio ser aceito como religião formal.

 ref: http://www.uni.pt/homepages/alunos/cc960359/tao.htm

 

         

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